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Miguel (admin)Mestre
Concordo que exista uma crise de paradigma na teoria das ciências políticas: teórica.
Na prática, a crise se reflete de outra maneira. É preciso não misturar, a situação mundial. Não se pode passar por cima da China comunista, do neo-liberalismo e da nossa situação.
Uma pesquisa recente mostrou a não aprovação da democracia pela grande maioria do povo brasileiro. Nós temos democracia? Formal? Concreta? Existe manipulação nas eleições? Fraude?
Nossos vereadores, deputados, nos representam? O governo está atento para implementar as políticas públicas que os movimentos sociais reclamam? Os sem terra, sem teto, sem emprego, estão sendo ouvidos? O sistema judiciário não é corrupto, burocrático, pune só os pobres? E a corrupção não tomou conta de todo o tecido social? Existe cidadania? Ou será que não temos nem mesmo democracia formal no nosso país, é tudo jogo de ilusões?
Não esquecer também a experiência do PT no RGS: é uma alternativa válida? Não esquecer que São Paulo não representa o Brasil, embora pense que sim…Miguel (admin)MestreCaras Amigas: Gostaria de avisar que o fórum tem uma estrtura própria e rígida de tópicos de mensagens, para que as discussões fiquem organizadas e rendam mais. Para sugerir um tema mande um email para [email protected] com o subject sugestão de tema para o fórum. Para Temas que não se enquadram na proposta deste fórum, usar o fórum geral aqui Obrigado
Miguel (admin)MestreCaro Anderson: Realmente, acredito que injustamente as teorias socialistas derivadas do pensamento de Marx encontraram um enterro precoce pelos pelos intelectuais da situação, e sobrevivem de forma inútil nas academias ou de forma radical em grupos localizados, sendo os mais notáveis as guerrilhas, como a zapatista- que se auto denomina “marxista-leninista”. Mas após este enterro, a esquerda não encontrou nenhum pensador ou tendência à altura para se estruturar ideologicamente.
É interessante sua colocação da crise de paradigmas, pois esta crise de paradigmas é uma situação contemporânea, não só da política, mas que se estende a diversas áreas, inclusive a física.Realmente não vejo como um governo pode ser de esquerda, visto que a esquerda faz justamente a oposição, e ao chegar ao poder torna-se situação. Assim, penso que o PT não fez jus à sua tradição nos últimos anos, se perdendo em meios às estruturas de poder e tradições burocráticas, e pouco oferecendo de palpável ao povo.
13/06/2000 às 0:19 em resposta a: Computadores inteligentes, podem ser considerados seres humanos? #71510Miguel (admin)MestreCara Ana: Realmente não conheço nenhuma tendência contemporânea que identifique computadores como seres humanos, sejam elas filosóficas, cinetíficas ou do cinema, como Matrix
Miguel (admin)MestreCaro anônimo: existem certas páginas da internet que tratam desse assunto, embora de forma incompleta. O Ideal seria pegar um bom livro ou consultar algum site estrangeiros (que são mais completos). Todavia separei um link em português que trata bem do tema.
Miguel (admin)MestreCreio que não. O contexto desta frase de Descartes é particular e exegético, e a frase não deve ser tomada separadamente
Miguel (admin)MestreRetornando à discussão sobre a questão do método em Descartes e Kant, gostaria de, após ter exposto a posição de Descartes, de agora expor a posição de Kant para concluir minha contribuição a essa discussão.
Usando a Kant-Konkordanz descobri que ele trata dessa questão em três diferentes obras, as quais cito segundo a edição da Academia Real de Ciências da Prússia (a qual será abrevida pela sigla AA = Akademieausgabe).
1.Prolegomena zu jeden künftigen Metaphysik, die als Wissenschaft wird auftreten können: AA IV: 263
(a passagem citada por Onofre Veiga: um texto que não apenas a linguagem barroca mas também o estilo prolixo, tão típico, mormente, de Kant, tornam difícil sua leitura e compreensão).
2. Immanuel Kant's Logik: Ein Handbuch zu Vorlesung : AA IX (um compêndio que Kant pediu a Gottlob Benjamin Jäsche escrever e publicar para os estudantes de Lógica, baseando-se em sua exposição e em anotações dos estudantes. Um texto no qual as idéias de Kant são expostas numa linguagem clara, metódica e direta já que era para uso didático).
3. Über eine Entdeckung nach der alle neue Kritik der reinen Vernunf durch eine ältere entbehrlich gemacht werden soll (=Sobre uma descoberta segundo a qual a nova Crítica da Razão Pura torna-se obsoleta devido a uma crítica mais antiga): AA VIII (um pequeno texto onde Kant, como já se pode ver pelo nome, rebate com um “Streitschrift” (hoje diríamos com uma _flame_) as críticas do wolffiano John.Aug.Eberhard contra a sua KrV)Crendo que “… Jaesche im ganzen die Gedanken Kants unverfälscht mit der erforderlich Klarheit dargestellt hat.” como diz o editor da Academia (AA IX: 505), podemos nos basear na clareza e fidelidade da exposição dos pensamentos de Kant por Jäsche e passar a analisar o que foi dito sobre os métodos no cap. II, ressaltando que todas as traduções são de minha inteira responsabilidade.
Nesse capítulo, intitulado barrocamente como “Beförderung der Vollkommenheit des Erkenntnisses durch logische Eintheilung der Begriffe” (Promoção à perfeição do conhecimento através da estruturação lógica dos conceitos)
ele define no §117 o “Analytische oder synthetische Methode” como:
“Die analytische Methode ist der synthetische entgegengesetzt. Jene fängt von dem Bedingten und Begründeten an und geht zu den Principien fort (_a pincipiatis ad principia_), diese hingegen geht von dem Principien zu den folgen oder vom Einfachen zum Zusammengesetzten. Die estere könnte man auch die regressive, so wie die letztere die progressive nennen”
“O método analítico se opõe ao sintético. Aquele começa pelo que é derivado e provado e prossegue até aos princípios (_a principiatis ad principia_), esse, ao contrário, vai dos princípios ao que lhes segue ou do simples ao composto. O primeiro podemos chamar de regressivo assim como o segundo de progressivo”.
Bem, o texto é tão claro que dispensa qualquer comentário! Apenas poder-se-ia incluir que enquanto o método analítico se aplica à dedução, o sintético à previsão.Nesse parágrafo há uma nota de rodapé:
“Anmerkung: Die analytische Methode heißt auch sonst die Methode des Erfindens. Für den Zweck der Popularität ist die analytische,für die Zweck der wissenschaftlichen und systematischen Bearbeitung des Erkenntnisses aber ist die synthetische Mehtode angemessener”.
“Nota: O método analítico pode ser chamado também de método de descoberta. Para a popularização (das idéias) é mais recomendável o método analítico, para se trabalhar científica e metodicamente os conhecimentos, o sintético”.
Notem, por favor, a palavra: “Erfinden” (que vem de _er_ (particula a indicar o aspecto perfeito de uma ação) e de _finden_ (descobrir, achar)) …
Pois bem: caso alguém não concorde com a tradução e procure essa palavra num dicionário, achará “inventar”, o que parece ser correlato à “inventée”, que encontramos no texto de Descartes. Mas, e agora vem um grande “mas”….
_inventée_ NÂO tem lá o sentido de inventar mas sim de in-venir (chegar à) e por isso se relaciona ao contexto de exposição e não ao contexto de descoberta, como expliquei.
Voltando ao texto e notando-se que Kant está se referindo ininterruptamente ao contexto de descoberta, vê-se que qui está se dizendo que o método analítico é usado para se descobrir (eu diria deduzir) um fato e encontra assim sua aplicação na popularização do conhecimento pois torna as deduções mais compreensíveis.À essa conclusão ele pode chegar pois em toda esta argumentação há uma idéia implícita, há um argumento ex-silentio: que os princípios são poucos e simples enquanto as suas conseqüências, múltiplas e complexas. Levando isso em conta pode-se entender que sempre é mais fácil ir-se das conseqüências às causas pois assim reduzem-se a cada passo, paulatinamente, os caminhos possíveis. Partido dos princípios para chegar-se às conseqüências (o que seria o método sintético) ter-se-ia que explicar porque essa causa gerou tal conseqüência e não uma outra qualquer, o que tornaria a compreensão da dedução extremamente laboriosa mas mas que é imprescindível e necessário ao tratar-se de uma exposição científica. Por isso o método sintético é o mais adequado a essa tarefa.
Mas leiamos o parágrafo seguinte:
§118 “Syllogistische – Tabellarische Methode” – antes de chegarmos a uma conclusão quanto à comparação entre o que Descartes e Kant entendem por método analítico e sintético.
“Die syllogistische Methode ist diejenige, nach welcher in einer Kette von Schlüssen eine Wissenschaft vorgetragen wird.
Tabellarisch heißt diejenige Methode, nach welcher ein schon fertiges Lehrgebäude in seinem ganzen Zusammenhange dargestellt wird”
“O método silogístico é aquele segundo o qual uma ciência é exposta através de uma cadeia de deduções. Tabelar chama-se aquele método pelo qual um ramo do conhecimento, quando completamente pesquisado, é exposto em todos as suas relações.”
Outra passagem de clareza exemplar. Apenas resta-me ressaltar que agora, e finalmente agora, Kant está se referindo ao contexto de exposição.Agora sim podemos comparar os textos de Descartes e de Kant e tirar as nossas conclusões:
No contexto de descoberta, Descartes se refere ao método sintético enquanto aqui Kant fala do analítico e do sintético. Comparemos ambas as posições: Considerando que Descartes, em suas Meditações, parte do composto: de seu corpo, da câmara onde se encontra, do papel e da cera em sua frente, de todos estes topoi que nos são tão conhecidos para a partir deles deduzir a existência da alma e de Deus: i.e. os princípios, podemos dizer que Descartes está usando aqui o método analítico de Kant (naquele pelo qual se segue do complexo ao simples) e chamando-o de método sintético .
No contexto de exposição, Descartes se refere ao método analítico enquanto aqui Kant fala do silogístico e do tabelar. Como Descartes nos expõe as suas deduções de um ramo de conhecimento, após tê-lo completamente pesquisado, esclarecendo todas as suas implicações, ele usa o método que Kant chama de tabelar.Creio com isso ter respondido a questão plenamente de forma que basta-me agradecer ao fórum essa dica para mais uma aula e devolver aqueles vetustos livros à biblioteca do Instituto.
12/06/2000 às 5:17 em resposta a: Na sociedade atual, devemos optar por valores morais/espirituais ou… #71435Miguel (admin)MestreRealmente o meu comentário acima,se traduz em uma só coisa: o egoísmo,conforme sugerido por Onofre.Como podemos reverter este quadro?
12/06/2000 às 5:13 em resposta a: Na sociedade atual, devemos optar por valores morais/espirituais ou… #71434Miguel (admin)MestreInfelizmente,o que prevalece na sociedade atual é: aquele que possui o “poder”, sempre pensa “o mundo está a seus pés” e que pode comprar ou até mesmo destruir quem e o que,estiver a seu redor.Concordo com Aristóteles na questão das formas da felicidade,desde que aplicadas com responsabilidade,respeitando nossos semelhantes.Falta aos homens enxergar o que é verdadeiro.Volto a afirmar que o sentido de nossas vidas não está em miseros pedaços de papel.
10/06/2000 às 17:08 em resposta a: Na sociedade atual, devemos optar por valores morais/espirituais ou… #71433Miguel (admin)MestreUma coisa não interfere na outra. É possível sim ter uma sensação de bem estar tanto material quanto espiritual. Não estou dizendo que seja fácil administrar essas duas formas de felicidade juntas, muito pelo contrario.
Aristóteles acreditava que existiam três formas de felicidade: a primeira é a vida de prazeres e satisfações. A segunda é a vida como cidadão livre e responsável. E a terceira é a vida como pesquisador e filósofo. Ele dizia também que só se era feliz de verdade, quando se unia as três formas de felicidade. Quem sabe ele não esteja certo?10/06/2000 às 14:07 em resposta a: Na sociedade atual, devemos optar por valores morais/espirituais ou… #71432Miguel (admin)Mestrecaius: é uma comparação interessante entre os dias de hoje e a Idade Média. Será que mesmo proporcionalmente, esta estatística seria confirmada? Só podemos nos basear em hipóteses e relatos, pois não há dados seguros sobre os assassinatos na Idade Média.
Acho que você mesmo responde a sua pergunta: desde o início da civilização, em todos os tempos, o homem mata e destróis (é de sua natureza?), e para restringir este comportamento são criadas as leis. Atualmente, embora haja um grande desenvolvimento dos aparatos de repressão ao crime e manutenção da lei, temos este aumento também devido ao grande número de pessoas, e da aglomeração em centros urbanos. Além dos motivos óbvios, como a pobreza e a desesperança, que não permite que todos tenham a disposição estes fatores que você aponta, vejo no egoísmo no indivíduo uma das causas que o levam a destruir, pois de acordo com sua perspectiva, seu eu é muito mais importante do que está ao redor.
10/06/2000 às 4:04 em resposta a: Na sociedade atual, devemos optar por valores morais/espirituais ou… #71431Miguel (admin)MestreOnofre Veiga:infelizmente penso que essa “guerra” já foi deflagrada.Se compararmos o grau de violência que ocorria na idade média com os números de hoje, veremos que talvez naquela época fosse pior.Naquele Período matava-se indiscriminadamente,e não haviam tantas leis e pessoas que punissem essas transgressões, principalmente o conhecimento da vida e o que era certo ou errado.Precisamos sim e levar em consideração que na idade média o homem não possuía todos os conhecimentos e avanços que hoje dispomos.A pergunta chave dessa questão é:Hoje temos tudo a nossa disposição, leis, tecnologia,etc.E porque continuamos a matar,destruir,etc?.A única resposta que encontro é a troca de Valores….
Gostaria dos seus comentários.
05/06/2000 às 7:18 em resposta a: Na sociedade atual, devemos optar por valores morais/espirituais ou… #71430Miguel (admin)MestreCaius: A questão dos valores é importantíssima, porém não vejo como todos os nossos valores possam instigar a esses tipos de violência que você diz. Tradicionalmente, desde o “não matarás”, a violência e assassinato são condenados na sociedade, tanto é que são crimes. Mas é claro, outra gama de “valores” humanos, como a ganância, a crueldade fazem com o valor abstrato de um pedaço de papel possa valer mais que o valor máximo: a vida. O que eu digo é que os verdadeiros valores humanos (os que colocam a violência como condenável) estão valendo muito pouco na sociedade atual, aonde a desigualdade social, por exemplo, faz com que a vida humana não valha quase nada. É uma questão a pensar se a decadência desses valores possa levar o homem a uma guerra de todos contra todos, como você diz
Miguel (admin)MestreCaro Schweirig:
Creio que o método de exposição analítico de Descartes fica assim bem explicado. Também consultei o texto de Descartes, mas na tradução de Gilles Gaston Granger (que é francês) para português ele achou mais adequado traduzir “uma coisa é metodicamente descoberta) e não inventada. Também na edição citada do dicionário John Cottigam, a tradução do inglês prefere este termo.
Pouco tenho a acrescentar a tua explanação. Cumpre lembrar que Descartes está tratando especificamente da maneira de demonstrar, pois ele diz “no modo de escrever dos geômetras, distingo duas coisas, a saber, a ordem e a maneira de demonstrar”. A ordem consiste que as coisas propostas primeiras devem ser conhecidas sem a ajuda das seguintes, e as seguintes devem ser conhecidas pelas coisas que precedem. Na maneira de demonstrar está a nossa distinção entre o método analítico e o método sintético. As notas de Gérard Lebrun salientam que a “análise ou resolução de Descartes” não se trata da Análise como disciplina grega. Lébrun fala ainda que a análise oferece o risco de tornar o leitor desatento à ordem, e, em Metafísica levá-lo a esquecer que se trata de demonstrações. A diferença entre análise e síntese, é uma diferença na maneira de demonstrar, ou a maneira pela qual a demonstração se impõe ao espírito do leitor. Lébrun cita dois comentadores que tratam desse assunto, Buillemin e Louis Mayler.Achei interessante a sua conexão desta maneira de demonstrar de Descartes com um dos três gêneros da retórica, o judiciário. Pois nesse gênero, a persuasão procura convencer através do ensino. Acho que o que você fala é particularmente importante para entender porque o método asnalítico é mais adequado, visto que Descartes apenas afirma ser este o método melhor para descobrir a verdade sem explicar melhor.
Quando você diz que …”Para isso, ele segue a via sintética ” …, entendo que você deve estar falando da demonstração pela via geométrico-sintética que Descartes empreende logo depois do nosso trecho. Ele fez isso para atender um pedido dos filósofos e teológos nas objeções.
Agora, o real motivo desse tópico é saber se Kant tinha essa noção cartesiana quando a mencionou nos prolegômenos. Digo cartesiana, porque, embora se trate dos geômetras, Descartes diz distingui. como grifei no texto. O trecho de Kant nada tem a ver com os juízos sintéticos a priori ou a posteriori ou o juízo analítico. Aliás, também não entendi seu grifo a dizer que sintético é a posteriori, sendo que isso já está explicíto no próprio conceito de sintético.
O trecho de Kant que trata disso já expliquei, está no prefácio dos prolegómenos a toda metafísica futura que queria se apresentar como ciência” (Prolegomena zu einer jeden künftigen Metaphysik). É o último parágrafo da introdução, ou como indiquei, as páginas A20, 21 da edição original de 1783.
Miguel (admin)MestreConsultando o texto original de Descartes, vemos que nesta passagem (os últimos parágrafos de sua “Réponses aux secondes Objections) ele nota que a “análise mostra o caminho pelo qual uma coisa foi 'méthodiquement inventée'. Resta-nos perguntar: o que é “une chose” e quando pode ela ser metodicamente inventada? uma coisa inventada?
Descartes está usando conceitos da retórica medival, tratando sua argumentação como a exposição de um acontecido (_res_ traduzido por coisa), de acordo com as regaras do genus judicale, no qual se deveria inventar (_inventio_: chegar à) sua argumentação, i.e. construi-la paulatina e racionalmente a fim de convencer a sua audiência.
Imaginemos no caso geral: o orador compreendeu o caso (a coisa) clara e distintamente. Agora (posteriormente) ele deve reorganizar a apresentação dos fatos, não apenas para expôr o desenrolar verídico do acontecimento, como também para convencer seus ouvintes de que o sucedido se deu de tal forma. Mostrar que se está dizendo de que é, que é; e de que não é, que não é. A forma da exposição deve permitir aos ouvintes ver também a verdade do fato, clara e distintamente.
Porisso ele seguiu a via analítica nas Meditações, pois ela é “la plus propre pour enseigner” mas não dá, por reestruturar os fatos, uma satisfação completa àqueles que desejam saber como que tais proposições foram deduzidas.
Para isso, ele segue a via sintética e vai por uma longa cadeia de “axiomes, de théorèmes e problèmes”, deduzindo as conseqüências das causas, chegando ao resultado pretendido.Para o leitor moderno pode surgir uma dificuldade para a compreensão do texto quando ele explica que: “Synthesis e contra per viam oppositam et tanquam a posteriori quaesitam (etsi saepa ipsa probatio sit in hac magis a priori quam in illa)…”: a síntese é a posteriori!
Ele pode afirmar que a síntese é ao contrário um caminho oposto e a posteriori, pois, ele está usando este termo dentro da acepção que ele tinha na escolástica: indo dos fatos (pela via reversa) às causas. Isto vale tanto para o orador, pois ele terá que proceder assim para deduzir o caso, como também para os ouvintes pois estes, apenas depois de terem sido ouvidos e compreendidos os argumentos, conseguem apreender o sucedido.Descartes, mas, não se esquece, entre parênteses, de nos alertar que a prova, a dedução (ipsa probatio) do acontecido é na verdade anterior (magis a priori) que a exposição desse, através da via analítica. Apenas isso.
E isto não me parece ter nada em comum com os julgamentos a priori e a posteriori de Kant. Eu posso estar enganado mas para que concluamos que “Kant nos Prolegômenos, menciona a mesma distinção. Esta obra utilizaria o método analítico, já a Crítica da Razão Pura, o sintético.” teríamos de ter indicações mais precisas sobre quais passagens foram usadas para se chegar a tal conclusão sobre o pensamento de Kant. Sem acesso aos textos não há discussão! -
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