Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › Você acredita na justiça? › A ambiguidade da pergunta
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10/06/2005 às 14:19 #71855Miguel (admin)Mestre
O justo é por demais relativo e subjetivo…
Há muitas diferenças de concepções de aquilo que seria justo conforme as vivências, a filosofia, a cultura, de forma que seja impossível se postular uma fórmula estanque em que se encontre “tal coisa é justa, tal coisa é injusta”, isto constitui um absurdo.
O que se tem chamado até hoje de justiça pelas legislações nada mais é do que vingança!10/06/2005 às 16:57 #71856nahuinaMembro(O justo é por demais relativo e subjetivo…
Há muitas diferenças de concepções de aquilo que seria justo conforme as vivências, a filosofia, a cultura, de forma que seja impossível se postular uma fórmula estanque em que se encontre “tal coisa é justa, tal coisa é injusta”, isto constitui um absurdo.
O que se tem chamado até hoje de justiça pelas legislações nada mais é do que vingança!) Tradução: “A justiça é uma utopia.”..rsrsrsrrhah…
…ha07/07/2005 às 7:25 #71857Miguel (admin)Mestre“Quem acredita na inviabilidade de um mundo justo, é porque está agindo de má fé”
O inverso também pode ser verdade:
-quem age de má fé, acredita na inviabilidade…
ou
-quem age de boa fé, acredita na viabilidade…Todas essas conlcusões não me parecem lógicas e sim normativas. Não concordo com nehuma dessas conclusões.
“A justiça é uma utopia.”
Depende da justiça a que vcs se referem. No caso aqui, entendo que seja aquela justiça ideal, igualitária, extensiva a todos. Essa realmente é utópica. Sendo assim, concordo com vcs.
“se todos lutarmos para conseguir o mais justo possível então teremos, dentro do possível, o melhor para nos e para os outros…”
Nahuina! não! Esse é um equívoco comum…
Isso vai contra todo seu texto anterior.Observe: se todos lutarmos para conseguir o mais justo possível, cada um luta para conseguir o que ELE (cada um) entende como justo para ELE PRÓPRIO.
“HOMO HOMINI LUPUS”.
O justo é padrão humano subjetivo, logo não há justo ideal, não há justiça igual etc…como você mesmo disse.
Acho que não preciso explicar mais, você já entendeu. Quaquer coisa, eu tento me justificar/explicar melhor outra hora (se houver necessidade)07/07/2005 às 17:49 #71858nahuinaMembroEu não entendi, ou não concordo.
Você diz que a idéia de que “Quem acredita na inviabilidade de um mundo justo, é porque está agindo de má fé” é uma conclusão não lógica.
Concordo.E diz que “se todos lutarmos para conseguir o mais justo possível, cada um luta para conseguir o que ELE (cada um) entende como justo para ELE PRÓPRIO.”
Eu diria que essa também não é uma conclusão lógica.
Sim é verdade e é justificável que cada um “lutaria” pela sua própria idéia de justiça mas não há nada de errado nisso (ou não mais do que na “justiça” imposta pelo Estado, e neste aspecto eu sei que você concorda pois já discutimos sobre a questão do Estado) e de forma alguma implica em que as pessoas comecem a agir de forma egoísta como você caracterizou “entende como justo para ELE PRÓPRIO.”Se a justiça plena não existe cada um deve lutar pelo que acredita que seja justo, vou tentar explicar: Eu já disse anteriormente que “quem seria o juiz que definiria o que é justo ou injusto se este juiz sendo humano e imperfeito, poderia facilmente ser também um ser injusto?”
Não “sei” se você concorda com isso, mas “creio” que sim, aceitando essa afirmação como verdadeira; a existência de uma justiça imposta como acontece em todos os Estados seria essencialmente injusta ao não existir ninguém completamente justo para criá-la e fazê-la cumprir (neste caso estou me referindo às leis e à “justiça” de cada nação).Desta forma não há nada mais “justo”(rsrsr)do que a “justiça de cada um dentro das suas limitações, pois a idéia de impor alguma coisa (mesmo que esta “coisa” seja a “justiça”) é injusta por si só pois isso traz uma questão de poder, o poder para decidir o que é justo e o que não é e como fazer com que as pessoas cumpram essa justiça (tudo isso é injusto!) E o poder também é injusto e opressor!O que eu disse foi que pela impossibilidade de um mundo totalmente justo (a justiça é uma utopia) o que resta seria a tentativa de conseguirmos o mais justo possível, com isto quis transmitir a mensagem que só porque a justiça é uma utopia não devemos deixar de procurá-la o tempo todo.
07/07/2005 às 18:09 #71859nahuinaMembroE com relação a minha afirmação anterior acabo de lembrar de um poema de Jose Paulo Paes que se encontra no livro Convite à Filosofia – Marilena Chaui, direcionado à questão da liberdade com o intuito de explicar que mesmo que não tenhamos a possibilidade de alcançar a liberdade plena, não devemos deixar de buscá-la o tempo todo:
a torneira seca
(mas pior: a falta
de sede)a luz apagada
(mas pior: o gosto
do escuro)a porta fechada
(mas pior: a chave
por dentro)Com relação à liberdade e à questão levantada por Marilena Chaui a seguinte estrofe poderia ser assim:
A liberdade (plena) é inalcançável
(mas pior: a renuncia
à liberdade)E com relação à justiça e à idéia (que você, Renan, disse que concordava) a “justiça é uma utopia” uma possível estrofe conseqüente seria assim:
A justiça é uma utopia
(mas pior: a renuncia
à justiça)Foi exatamente essa idéia que eu tive quando afirmei que :” se todos lutarmos para conseguir o mais justo possível então teremos, dentro do possível, o melhor para nós e para os outros…”
07/07/2005 às 22:15 #71860Miguel (admin)MestreEu vou mais além. A justiça é uma utopia ainda mais porque, em certos casos, muy dificilmente reparará os danos causados aos indivíduos…
08/07/2005 às 6:47 #71861Miguel (admin)MestreNahuina, muito legal isso aí. O poema ilustrou muito bem o que vc disse. Adorei mesmo.
Mas por outro lado, continuo achando que o homem é intrissecamente ligado ao poder. O homem quer governar e ser governado. Acho que isso vai além de sua cultura. Acho que isso pode fazer parte de sua natureza, por mais absurdo que isso possa parecer.
Exemplo: se não houvesse Estado (poder institucional), o poder do mais forte iria imperar:
Cada homem (individualmente) seria um Estado em si (para si próprio)- Haveria disputas por poder.
Os homens se organizariam em grupos para ficar mais fortes- Haveria guerras.
Os grupos mais fortes dominariam os mais fracos- haveria um sistema político social.
Os dominados se revoltariam- haveria repressão e um Estado forte para reprimir.
Os Estados mais fortes formariam impérios e tentariam dominar os Estados subdesenvoldidos.
No fim, somos formigas, intríssecamente necessitados de organização política, de Estado, de poder para dominar e sermos dominados.
Espero que você ou alguém possa mostrar que eu estou errado, e assim inverter esse quadro (muito triste na minha opinião).08/07/2005 às 11:30 #71862Miguel (admin)MestreEu achei interessante que você fala no futuro do pretérito como se já não houvesse acontecido todas essas guerras e dominações.
Há um porém: o homem não quer ser governado, ele deve achar preferível existir um governo, ao qual tenha que se submeter, a levar uma vida caótica sem segurança, em que possa vir a tornar-se vítima de seus semelhantes mal-intencionados fora da lei. Não é um querer, é sentir a necessidade de…
08/07/2005 às 18:00 #71863Miguel (admin)MestreMileto,
O “futuro do pretérito”, como você disse, foi proposital. Isso que expus, na verdade é a leitura de Marx sobre a história. Eu quis dizer com isso é que se hoje nós destruirmos o Estado, amanhã reconstruiremos outo. É uma constatação triste, mas acho que é intrísseco ao homem a sua organização política (como as formigas e abelhas, mas de forma diferente).
Concordo com “sentir necessidade de…” porém a linha divisória entre isso e “querer ser governado” é muito tênue.Nahuina,
Sei que você gosta de anarquismo.
espero que você esteja certo, e não eu, pois a minha constatação é muito triste. A sua constatação é tão coerente quanto a minha, só não sei se é provável, pois não há meio de averiguar. Apenas esperar para ver.Obs:
1- A linha divisória entre “justiça” e “vingança” é tênue. Alguém saberia definir o que é o que?2-Na opinião de vocês, privar um criminoso da liberdade física é uma punição para ele ou uma medida de segurança para a sociedade?
3- “A prisão é uma violência justificável pela necessidade de assegurar o bem estar da coletividade”. Comentem sobre essa afirmação.
4- O que dizer da pena de morte (eu sou contra, e vocês)???
08/07/2005 às 18:29 #71864nahuinaMembroRenan o tema era a justiça, não o poder.
Eu disse que “o poder para decidir o que é justo e o que não é e como fazer com que as pessoas cumpram essa justiça (tudo isso é injusto!)”
Essa divagação sobre poder e opressao, sei lá, podemos abrir um outro tópico com esse tema.Mas não encontro relação disso com o debate sobre a justiça.E Mileto: Eu acho que não sei se é um “querer” ou um “sentir necessidade de”
eu não acredito que exista uma “natureza humana”, e isto serve como resposta para vocês dois; acho que não é possível afirmar coisas como:
“O homem quer governar e ser governado”
“No fim, somos formigas, intrinsecamente necessitados de organização política, de Estado, de poder para dominar e sermos dominados.”
“o homem sente a necessidade de ser governado”Mesmo que isso aconteça isso não é inerente à realidade dos homens, em alguns casos sim mas em outros não.
Eu não sou humanista, mas acredito na POSSIBILIDADE (não que isso venha a acontecer com certeza) de que estas “características” possam deixar de existir, eu entendo o porque das afirmações que vocês fazem, mas não concordo em que funcione necessariamente dessa forma.(Mensagem editada por nahuina em Julho 08, 2005)
08/07/2005 às 21:13 #71865Miguel (admin)Mestre.
Eu não acredito que exista uma “natureza humana”, e isto serve como resposta para vocês dois; acho que não é possível afirmar coisas como: “O homem quer governar e ser governado”
Eu concordo com você que certos predicados são atribuídos ao ser humano como se fossem essencias, quando, na verdade, são apenas acidentes.
Não se pode sufocar a diversidade individual em conclusões generalizantes e precipitadas baseadas nas tendências mundiais…
…A MAIORIA NÃO É O UNIVERSAL!
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09/07/2005 às 3:43 #71866Miguel (admin)MestrePara mim, justiça é uma forma de poder (dentro do conceito de justiça discutido nesse fórum). Quase não há diferença entre justiça e poder. Mas pode ser que eu esteja exagerando, pois esse tema me deixa meio revoltado (risos)
“Não se pode sufocar a diversidade individual em conclusões generalizantes e precipitadas baseadas nas tendências mundiais… ”
– Concordo com vc, minha conclusão foi um pouco radical e precipitada.09/07/2005 às 16:37 #71867nahuinaMembro“1- A linha divisória entre 'justiça' e 'vingança' é tênue. Alguém saberia definir o que é o que? ”
Na verdade justiça e vingança não têm relação alguma, afirmando isso você esta fazendo o mesmo que as pessoas que criticam Marx pelos feitos de pessoas que “seguiam” (na verdade não) coisas que ele escreveu….Essas criticas não são justificáveis…E da mesma forma…
Se existem pessoas que “fazem justiça” através da vingança, isso não significa que justiça SEJA equivalente ou semelhante à vingança isso.2-Na opinião de vocês, privar um criminoso da liberdade física é uma punição para ele ou uma medida de segurança para a sociedade?
Na verdade é uma incompetência, um ato de má fé ou até mesmo de maldade ….
Se o Estado “cria” estes criminosos; elaborando e instituindo um sistema de desigualdade e caos, um sistema de alienação e fustigação inúteis, ao privá-los da “liberdade física”(muito boa essa sua distinção, pois se você dissesse liberdade e só, eu discordaria pois, ao meu ver, a pessoa continua livre mesmo aprisionada) não está solucionado o problema esta simplesmente livrando-se de um incomodo momentâneo e satisfazendo a opinião publica (a qual também é dominada/condicionada pelo próprio Estado e pelo poder).Desta forma a “segurança”(ou a falta dela) para com os indivíduos continuaria a mesma, pois a causa do problema continua.3- “A prisão é uma violência justificável pela necessidade de assegurar o bem estar da coletividade”. Comentem sobre essa afirmação.
Não! Pelo mesmo motivo da questão anterior, ela não “assegura” nada.Sobre a pena de morte: sou totalmente contra; mas prefiro não argumentar a respeito, causaria uma polemica desnecessária.
Eu concordo com você, Renan, quando você diz que justiça (na nossa sociedade) é poder, ou melhor, um meio para conservar o poder. Mas penso que podemos discutir a justiça como o que ela é em si ou o que ele deveria ser, e não o que ela é na prática, pois isso é um tanto quanto obvio, você já sabe a minha opinião com relação a isso“A Justiça é uma Utopia”…
09/07/2005 às 18:12 #71868Miguel (admin)MestreConcordo com tudo isso.
Mas, se “Justiça é uma utopia”, logo devemos discuti-la como deve ser aplicada na prática, e não especular sobre uma justiça ideal que não existe.
Discutir sobre uma justiça do mundo das idéias não resolve os problemas. Acho que devemos discutir a justiça de forma materialista, e levar em consideração suas imperfeições reais e os fatores imprevisíveis.
Quando digo “levar em conta fatores imprevisíveis” (parece uma contradição) não quero dizer que temos que “prever o imprevisível”. Quero dizer que sempre haverá fatores imprevisíveis na singularidade de cada caso, e deve-se aceitar isso, saber disso, para concluir que perfeição não existe e que justiça ideal não existe.
Falar de justiça real é falar de Direito. Aí podem dizer: “a lei não funciona na prática”. Isso porque o Direito também não considera fatores imprevisíveis dentro dele próprio, tais como: juízes corruptos, advogados corruptos, promotores corruptos etc. Mas a idéia da lei é perfeita, a organização da Justiça é perfeita (na idéia).
Obs: se você se espantar porque estou dizendo isso, não se espante, talvez eu só não tenha explicado bem. Vou tentar justificar porque o Direito é perfeito (na idéia).
O Direito leva em consideração quase todas as probabilidades, julga os casos segundo sua singularidade e com base no que foi previamente estabelecido na lei, permite a participação popular atrávés de juri(do contrário a lei seria feita apenas por uma elite intelectual do ramo) e as leis são feitas por representantes do povo eleitos pelo voto direto (do contrário, as leis seriam feitas por jurístas apenas, e eles seriam os únicos benefeciados).
Apesar dessa “perfeição” há casos de impunidade. Por que? porque a Justiça não é oniciente. E ainda há casos de impunidade porque há corrupção. Como prever a corrupção? fazer uma lei que prevê punição a juristas corruptos? não adianta, isso já existe, mas a corrupção é um fator “imprevisível”, logo, por mais que se preveja a punição dos corruptos, os corruptos vão corromper a lei que prevê a punição da corrupção.
Expliquei bem?09/07/2005 às 18:42 #71869nahuinaMembroNão! você entendeu o oposto do que eu disse, ao meu ver são todos esse fatores que fazem com que a justiça NA PRATICA seja impossível (utópica) e não na teoria, eu quis dizer que discutir sobre justiça na pratica é perda de tempo pois a justiça na pratica é utópica, mas posemos discutir (em teoria) o que é a justiça isso sim é viável, porem, não real.
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