Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › A ciência › "Filosofia oriental" ,"filosofia de vida"…
- Este tópico está vazio.
-
AutorPosts
-
09/07/2005 às 11:58 #80028Miguel (admin)Mestre
“Filosofia de vida” é um não-senso. Qual filosofia não se relaciona com a nossa vida?
O que chamam de filosofia-de-vida é, senso-comum, a doxa, opinião, os paradigmas pessoais.
Na cultura oriental existem bons filósofos: Confúcio, Lao Tsé, Sun Tzu.
09/07/2005 às 16:41 #80029nahuinaMembroMas é justamente isso que eu questiono:
Eles eram filósofos ou sábios?09/07/2005 às 17:00 #80030Miguel (admin)MestreMas é justamente isso que eu questiono:
Eles eram filósofos ou sábios?Aí vai depender de como alguém define filósofo e sábio. Eu, como disse anteriormente, não faço distinção entre eles, desde que se entenda “sábio” como alguém que sempre busca conhecer a sabedoria…
09/07/2005 às 18:40 #80031Miguel (admin)MestreA priori, acho que Sócrates pode ser considerado tanto filósofo como sábio. O mesmo vale para Confúcio e todos os sábios orientais.
Acho que o termo “filosofia de vida” não é senso comum nem não-senso. Pois, se você estuda Sócrates e aplica esse estudo em sua vida prática, e segue o exemplo de Sócrates, você tem uma filosofia de vida.
Todos temos filosofias de vida. TODOS, mesmo aqueles que não estudam filosofia. O caso é que nós não seguimos esse ou aquele filósofo, seguimos um pouco de cada, e ao mesmo tempo nenhum, e ao mesmo tempo, seguimos nossa própria distinção de ética, baseado na ideologia e outros fatores que nos cercam.
A filosofia e a sabedoria são coisas pragmáticas, aplicáveis na vida, e não apenas no papel, ou no fórum, ou no pensamento.
Mesmo Platão, que contemplava as idéias (e a priori não agia) tinha uma filosofia de vida, que era justamente ficar contemplando as idéias.
O que todos nós fazemos é baseado em várias filosofias, ideologias, etc. Isso é a filosofia de vida (e cada um tem a sua).
Se entendermos que a filosofia não pode ser algo pragmático e que não existe filosofia de vida, então não adianta filosofia nenhuma, é perda de tempo.
A filosofia (distinção do que é ético, estudo da moral, da estética, da política etc) é algo prático. Não importa se nós não seguimos 100% uma única filosofia. Nós possuímos uma hierarquia de valores, e quando temos um dilema entre a filosofia que acreditamos ser boa e a situação da vida real, nós escolhemos de acordo com a hierarquia dos nossos valores (que também são filosóficos).
Exemplo: os hippies tinham uma filosofia de vida: paz, amor, liberdade, naturismo, drogas, etc.
Exemplo: A etiqueta é uma “ética pequena”. A etiqueta estuda as boas maneiras, enquanto a ética estuda a moral e faz juízo de valor, de bom, de mau, de correto, de errado, segundo uma ótica filosófica.09/07/2005 às 19:06 #80032nahuinaMembroRenan! Acho que hoje você esta um pouco Confúcio, não! quero dizer, confuso! rrsrrss….
“Acho que o termo “filosofia de vida” não é senso comum nem não-senso. Pois, se você estuda Sócrates e aplica esse estudo em sua vida prática, e segue o exemplo de Sócrates, você tem uma filosofia de vida.”
Ok, então você diz que existe uma “filosofia de vida”, ótimo!! Eu não questionei isso, o que eu questiono é o termo empregado “filosofia” de vida; acho que a filosofia é uma coisa muito diferente de uma busca da justiça, e felicidade (ou não é só isso!), Quando você diz “Filosofia de vida” você deixa subentendido que a filosofia é um método um regra uma “ideologia” e a filosofia (ou o que eu entendo por filosofia) não é só isso , não mesmo, a filosofia é uma busca por conhecimento e “entendimento” das “coisas” no mundo…
…e quando “Mileto” diz que é um não-senso ele esta querendo explicar (pelo menos foi isso que eu entendi) que toda filosofia (idéias e conhecimentos) possui uma relação intrínseca com a vida de quem a elabora, e o exemplo do Platão é válido mas isso não é a mesma coisa que dizer que existem filosofias de vida, a recíproca não é verdadeira….
Que os filósofos levem a filosofia para as suas vidas, isto é, façam das suas idéias ação, não significa que a maneira de agir das pessoas e as regras que seguem para viver possam ser consideradas filosofia, você entende?Os filósofos (aqueles que criam teorias filosóficas) vivem as suas teorias e as utilizam (entre outras coisas) como busca de felicidade, justiça, sabedoria, etc…
Mas os recursos que as pessoas (pessoas em geral, não filósofos) utilizam com estes mesmos propósitos (felicidade, justiça …) é necessariamente filosofia?
O senso comum diz que sim chamando-a de “filosofia-de-vida”, mas eu definitivamente não concordo(Mensagem editada por nahuina em Julho 09, 2005)
09/07/2005 às 23:25 #80033Miguel (admin)MestreEntendi você e concordo.
Vou arriscar uma definição minha de filosofia, lá vai:
“Filosofia é todo conhecimento que temos, seja matemático, ético, metafísico, biológico, histórico, religioso etc”.Agora vou reformular o que disse antes:
A busca da felicidade (por pessoas não-filósofas) é uma filosofia de vida, porém filosofia não se resume nisso.
Exemplo disso: A religião pode funcionar como consolo espiritual e busca da felicidade. A filosofia é religião também (pois religião é um tipo de conhecimento). Porém, se inverter a sentença seguinte: “filosofia é religião(também)” para “religião é filosofia” essa última é falsa. Religião não é filosofia, a filosofia é que pode ser religião também, pois filosofia é toda forma de conhecimento (inclusive conhecimento religioso).
Outro exemplo: Dizer que “filosofia é psicologia (também)” é verdadeiro, mas dizer que “psicologia é filosofia” é falso. Psicologia é ciência. A filosofia é ciência também, mas a ciência não é filosofia.
O que é sabedoria? Sabedoria é apenas um predicado, um adjetivo usado de forma subjetiva para classificar um pensamento ou pensador do qual gostamos ou concordamos ou apenas respeitamos. Ex: Sócrates é sábio.Por que afirmo que filosofia é toda forma de conhecimento, se nem todo conhecimento é sistemático, metodológico e crítico? Na verdade, para afirmar que filosofia é toda forma de conhecimento eu tenho que considerar que toda forma de conhecimento (inclusive senso-comum, religião etc) são coerentes (com eles mesmos) e críticos (na medida do possível).
Ex: Na “logica” cristã, Deus existe, isso é um dogma inquestionável, logo seria incoerente qualquer pregação cristã que fosse contra isso. Eles são coerentes dentro de sua própria coerência.
Imagine a situação (exemplo não real): Eu duvido da existência de Deus (até aqui tudo bem), mas daí afirmar que os cristãos pregam absurdo, e que isso não é coerente, ou que não é real, etc seria absurdo de minha parte. Seria o mesmo que dizer que Platão não é filósofo, pois ele acredita nas idéias, Rosseau não é filósofo, pois ele era humanista (e eu não acredito no humanismo, da mesma forma que não acredito em Deus) Obs: isso é apenas um exemplo (não real).
Então, não é que os religiosos não sejam críticos, eles são críticos, mas suas críticas são coerentes com sua crença. Da mesma forma, muitas filosofias não tem método e muitos filósofos tem dogmas. Em vedade, todo conhecimento depende de nosso sentimento (a razão não trabalha isolada e se engana quem pensa assim), logo toda crença, por mais racional que pareça e por mais isenta de subjetividade que pareça, tem grande carga de crença dogmática. O cientísta que não crê em Deus (por exemplo), se engana dizendo que seu conhecimento científico é puramente racional e objetivo. Na verdade, ele não crê em Deus, mas crê na ciência da mesma forma dogmática que os outros creem em Deus. Não há razão separada do sentimento e da crença.Por isso eu digo: filosofia também é religião, também é ciência, também é política, etc, mas a ciência, a política e a religião não são filosofias. Isso porque existem filosofias que criticam os dogmas religiosos, criticam as ideologias políticas etc (por exemplo).
A filosofia está acima de tudo isso (religião, ciência etc). A filosofia engloba tudo isso. Os conhecimentos religiosos e científicos esntão contidos na filosofia (bem como as críticas a esses conhecimentos).
10/07/2005 às 16:09 #80034Miguel (admin)MestrePor isso eu digo: filosofia também é religião…
A filosofia só não é religião. A filosofia é fisis e não há nenhuma metafisis dentro da filosofia…
10/07/2005 às 17:16 #80035Miguel (admin)MestreExplique melhor, e de forma que eu tenha certeza de que vc me entendeu no meu argumento anterior.
“A filosofia só não é religião”
nao entendi10/07/2005 às 18:21 #80036Miguel (admin)MestreO que você quer saber?
Por que filosofia não é religião? Ou, se eu entendi o seu ponto de vista?
10/07/2005 às 19:05 #80037nahuinaMembroRenan, eu acho que entendi o que você disse… o problema é que não concordo com essa definição de filosofia, na verdade, nunca tinha pensado em uma definição assim….Se filosofia for “todo conhecimento que temos”, então o que você diz está correto, só que essa definição não me agrada muito….acho que filosofia é mais do que isso, “conhecimento” isso é vago e ambíguo….
10/07/2005 às 19:30 #80038Miguel (admin)MestreÉ interessante que não se faça confusão entre a teologia e a teosofia.
Uma trata do conhecimento religioso pela crença e a outra, pelo conhecimento das religiões sem o compromisso religioso…
11/07/2005 às 3:41 #80039Miguel (admin)MestreNahuina,
Minha definição de conhecimento é: toda idéia que descreve, explica, define,ordena, etc nossa cultura (cultura no sentido antropológico)e nossa forma de agir. Tudo que sabemos é conhecimento (apenas nesta minha definição pessoal, que só pode ser usada para o fim de explicar minha definição pessoal de filosofia)Mileto,
Vc entendeu meu raciocínio?
Se entendeu, explique por favor, por que “filosofia não é religião também”?11/07/2005 às 11:50 #80040Miguel (admin)MestreRenan,
Esse negócio de entender o raciocínio de outrem é complicado. Às vezes, não há o que entender, é preferível continuar não entendendo…
Filosofia não é religião de forma alguma. O discurso religioso é muito distinto do discurso filosófico. Posso até afirmar que as religiões se opõem à filosofia de maneira geral.
O filósofo deve ter mente aberta, não pode estar preso à crenças e dogmas. Deve tentar se libertar de todas as doutrinas que obstruem o pensamento imparcial. Não pode ter medo de ir para o inferno ao questionar se os dogmas religiosos são verdadeiros ou falsos…
.
11/07/2005 às 16:53 #80041Miguel (admin)Mestre“Deve tentar se libertar de todas as doutrinas que obstruem o pensamento imparcial”.
-Isso é uma crença sua, e dogmática também. Ainda bem que voce usou a palavra “tentar”.É como eu disse, seja filósofo, religioso ou cientísta, você está tentando acreditar numa verdade. Você por exemplo acredita muito em Derrida e eu em Marx. Ambos filósofos são racionais e coerentes (de certo modo, muito mais que as religiões) mas essa coerência tem limite. Há um ponto em que não temos certeza, apenas cremos ou queremos forçosamente acreditar que Derrida o Marx estão certos, ou que nem um nem outro está certo, mas a filosofia como um todo está certa, ou que a filosofia não, mas a ciência…
“O cientísta que não crê em Deus (por exemplo), se engana dizendo que seu conhecimento científico é puramente racional e objetivo. Na verdade, ele não crê em Deus, mas crê na ciência da mesma forma dogmática que os outros creem em Deus. Não há razão separada do sentimento e da crença”- Renan.
Nós temos a mente aberta para a razão, a lógica etc mas a própria lógica e razão se tornam dogmas (eles não são a resposta para tudo).Eu disse que a filosofia é toda forma de conhecimento( seja científico, religioso, empírico, popular etc). Existe filosofia religiosa e não religiosa. A filosofia religiosa não deixa de ser coerente e racional. Descartes por exemplo acreditava em Deus. Seria incoerente, se um cristão questionasse a existência de Cristo, aí sim. Mas esse é o dogma que ele crê. A filosofia e ciência também tem seus dogmas.
Na verdade, nada sabemos de nada.
Eu sou agnóstico, acredito que a dúvida é a maior forma de sabedoria (baseado nos princípios orientais e em Sócrates), no entanto, este é meu dógma.11/07/2005 às 17:01 #80042Miguel (admin)MestreTambém gosto de David Hume, ele era agnóstico.
A “mente-que-não-conhece” é comum nos pricípios orientais, de forma geral.Mudando de assunto:
O budismo tem traços semelhantes ao cinismo (antístenes e diógenes). Ambos, (cinismo e budismo) falam do desapego material. O budismo não é radical, ele ensina o caminho do meio.
Também diz que a dor, morte, sofrimento existem, mas porque? e como se livrar disso? É isso que o budismo ensina, dentre outras coisas. -
AutorPosts
- Você deve fazer login para responder a este tópico.