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15/07/2005 às 17:10 #80073Miguel (admin)Mestre
CONCORDO TOTALMENTE!!!!!!!!
Só reelaborando o texto:
A filosofia oriental não pode ser considerada filosofia (no rigor da palavra), pois isto seria tão absurdo quanto afirmar que Jesus (o Jesus histórico) era comunista, visto que a teoria comunista só sugiu anos depois de Jesus. Do mesmo modo, a filosofia ORIENTAL surgiu muito antes da filosofia OCIDENTAL, e o surgimento da filosofia OCIDENTAL é caracterizado como tendo acontecido na Grécia Antiga.
1- Então a filosofia oriental, realmente “não pode” ser chamada de filosofia (palavra de origem grega)
2- O verdadeiro “surgimento” da filosofia não aconteceu na Grécia, mas sim na Ásia, e isso pode ser apoiado pelo fato que muitos filósofos gregos viajaram pela áfrica e/ou Ásia…
CORRETO!!!!E só para frisar: quando eu disse que filosofia também é religião, eu disse religião no sentido de re-ligar a deus (seja a Deus, ou ao deus interior, ou panteísmo, natureza, universo….)mas sempre no sentido de nos ligarmos a algo “maior”.
Por isso, filosofia é tudo: ciencia, amor ao conhecimento (filos-sophia), re-ligião, sabedoria etc. E por isso, o conhecimento oriental é filos-sophia também (apesar do termo ser grego e ter vindo muitos seculos depois).
Mas lembre: religião/ciencia não é filosofia.
Filosofia é religião/ciencia/teologia etc.16/07/2005 às 13:32 #80074Miguel (admin)MestreE só para frisar: quando eu disse que filosofia também é religião, eu disse religião no sentido de re-ligar a deus (seja a Deus, ou ao deus interior, ou panteísmo, natureza, universo….)mas sempre no sentido de nos ligarmos a algo “maior”.
Isso não é filosofia, é o pensamento místico. Uma espécie de doutrina Nova Era…
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16/07/2005 às 16:15 #80075Miguel (admin)MestreOlá Nahuina, o que vou postar aqui tem muito a ver com o topico. Espero que goste.
Quero falar sobre o seguinte: o uso da mente racional e sua dependência da linguagem. A nossa linguagem é limitada, e por se tratar de uma representação, já nos afasta da realidade. A comunicação, a ciência, etc não são por si só, formas de conhecer o universo, mas sim formas de representar o universo, adaptar o universo a percepção da razão humana.
Quando a razão é útil? Quando a razão é inútil?
A resolução de koans (enigmas) através da meditação
Quando resolvemos um enigma seguimos nossos pensamentos, em vez de apenas observa-los. Escolhemos uma cadeia de pensamentos após a outra. Usamos nossa mente racional e presumimos que deve haver uma solução. Analisamos informações contidas no enigma e recorremos ao conhecimento que possuímos.
O que acontece porem se a nossa mente lógica e racional não nos levar a lugar algum? O que acontece se as informações contidas no enigma, alem de não se ajustarem umas as outras, forem também contraditórias? O que acontece se não houver nada no reservatório de conhecimentos que nos permita perceber por que isso está acontecendo?
Talvez desistamos. Talvez cheguemos a conclusão de que o enigma representa uma perda de tempo e a resposta, se é que existe, deverá permanecer sempre um mistério.
Na escola Rinzai de Zen-Budismo, esses enigmas são conhecidos como koans. O mestre zen dá um koan ao discípulo, especialmente escolhido para ele. O discípulo recebe instruções para trabalhar no enigma com uma determinação total unidirecionada. Nas palavras do mestre zen contemporâneo Sheng- Yen, “não tente deduzir racionalmente a resposta. Jamais a encontrará desta maneira. Você precisa trabalhar nela como se estivesse roendo as unhas. Precisa usa-la para formar na mente uma duvida imensa que o levará na direção da resposta”. E quando esta chegar, o discipulo pode expressa-la por palavras, gestos ou até mesmo ficar em silencio. Estas respostas não formam um padrão, a semelhança da maneira como podem ser padronizadas as respostas de um prova ou de um exame. As respostas podem ser tão estranhas que o dialogo entre mestre e discípulo pode parecer o que Sheng-Yen chama de “dialogo de loucos, ou pelo menos entre pessoas excêntricas”.
Um dos koans (enigmas) mais conhecidos é “qual é o som de uma só mão batendo palmas?”
Qual pode ser o som emitido, se por definição bater palmas é o som projetado por duas mãos? A resposta poderia ser o silencio? Dificilmente, uma vez que o koan indica que o “bater palmas” está de fato ocorrendo. Bem, pode ser então a mão batendo palma contra si mesma? Se assim for, este ato poderia ser chamado bater palmas? E assim continuamos, até que damos conta de que este talvez não deve ser o modo como deveríamos estar viajando. E um outro mestre zen contemporâneo, Seung Shan, está certo ao continuar enfatizando o antigo adágio zen segundo o qual devemos sempre conservar uma mente “que não sabe”?Resumo do livro: Elementos da Meditação, de David Fontana.
Obs1: a meditação é utilizada pelos zen-budistas como instrumento para sua evolução espiritual, sua “iluminação” ou nirvana. O budismo é uma religião sem deus. Pode-se dizer então que o objetivo do budismo é re-ligar o “eu” a seu próprio “eu” interior. Ao contrário do cristianismo, judaísmo e islamismo, que vêm como algo moral/social, pregando sobre a convivência entre as pessoas, o budismo vem como algo individual. Uma das metas no budismo é um tipo de auto-conhecimento.
Obs2: De modo semelhante à meditação e a resolução de koans, as artes também podem ser compreendidas sem o uso da razão. A arte é sentida.
Por exemplo: um poema pode conter apenas 4 palavras, mas o que ele expressa vai alem da linguagem. Aquelas 4 palavras podem ser multiplicas por mil na nossa mente e não há como expressar sentimentos com palavras, nós apenas tentamos, nos aproximamos, mas descrever a dor, a paixão, a depressão, a alegria com palavras é impossível. Nós tentamos apenas.
Falar é diferente de sentir, e quando falo a alguém sobre a alegria que estou sentido, esse outro não a sentirá, ele poderá ter uma noção do que é, mas não sentirá, não saberá do que se trata. As palavras se tornam inúteis.
A musica é um bom exemplo de como não se necessita de palavras para transmitir sentimentos.16/07/2005 às 17:00 #80076Miguel (admin)Mestrefilos-sophia é amor ao conhecimento, não importa se este conhecimento é místico ou não. Há coisas que a razão desconhece, e a filosofia vai além de racionalismo, empirismo, fenomenologia etc. o problema é que algumas pessoas se apegam demais a filosofia “científica”, com métodos sistemáticos. São importantes também, mas não se pode chegar a todo tipo de conhecimento usando sempre a mesma ferramenta. “A Cézar o que é de Cézar, a Deus o que é de Deus”. Em outras palavras, para obter conhecimento científico, busque ferramenas científicas. Mas ao buscar o auto-conhecimento, a ciência e a lógica não o ajudarão muito.
16/07/2005 às 17:44 #80077Miguel (admin)Mestre…filos-sophia é amor ao conhecimento, não importa se este conhecimento é místico ou não.
Não, a filosofia, desde seus primórdios, sempre tratou de distinguir o conhecimento filosófico do conhecimento não-filosófico.
Está forçando a barra, isso é o que você quer e, não, o que é…
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16/07/2005 às 18:54 #80078Miguel (admin)MestreCorreção: religião nem sequer é conhecimento, pois não faculta que possamos conhecer nada mais para além de si mesma.
16/07/2005 às 21:39 #80079Miguel (admin)MestreNão passou desapercebida uma certa contradição: você diz que a religião é conhecimento e Marx a chama de ópio…
18/07/2005 às 0:31 #80080Miguel (admin)MestreA cultura (a exemplo da religião) pode ser aprendida, ensinada e registrada em livros. Logo a religião é um tipo de conhecimento.
Toda, cultura é um tipo de conhecimento,
Ora, a religião é uma cultura.
Logo, a religião é um tipo de conhecimento.Quando eu disse que “a filosofia também é religião”, eu quero dizer que a filosofia também pode ser cristã (a exemplo de Agostinho e Tomás de Aquino), ou budista, panteísta etc. Porém, eu nunca disse que o oposto é verdadeiro- “a religião é filosofia”, isso seria errado.
A filosofia visa também uma forma do homem viver em harmonia na sociedade (estudo da ética). Cada filósofo observa a ética de forma diferente e com métodos diferentes. Jesus não foi um filósofo no rigor da palavra, mas ele observou uma maneira do homem viver em sociedade, respeitando o próximo. A isso eu chamo de moral. Se Jesus pregou uma moral, ele sustentou conceitos de ética, segundo o entendimento dele sobre o que é certo e errado, bom e mal.
Uma das coisas que difere Sócrates do Buda Gautama, por exemplo, é o método:
Sócrates- auto-conhecimento, racionalismo.
Buda (Gautama)- auto-conhecimento, meditãção.
Jesus- fé.Aguns dizem que o budismo e o taoísmo são religiões, outros dizem que são filosofias. Quem está certo? Eu acho que os dois, e ao mesmo tempo nenhum. A começar por tentar rotular uma coisa.
Marx disse que a religião é o ópio do povo. Mas ele se referia ao caráter idelógico da religião. A citação não pode ser dita assim fora de contexto. E há de se lembrar que a ideologia não está somente na religião. Marx possui além dessa famosa citação contra a religião, uma outra citação, bem menos conhecida, que é pró-religião. Mas não tenho essa citação em mãos, e nem me recordo de como era.
(Mensagem editada por renan_m_ferreira em Julho 17, 2005)
18/07/2005 às 1:06 #80081Miguel (admin)MestreNão, nada disso. Religião e Cultura não é a mesma coisa. Pode existir a subcultura religiosa que também não envolve só os saberes de religião como tudo que diz respeito ao modo de vida dessas pessoas.
Existe conhecimento sobre religião que é a teosofia e, também, não é a religião em si. É apenas uma ciência descritiva.
Dizer que o mundo foi criado em menos de uma semana e que isso é uma verdade inquestionável sob a pena de sofrer castigo não é de forma alguma conhecimento. Isso se chama dogma fundamentalista e é adverso ao conhecimento real…
18/07/2005 às 2:43 #80082Miguel (admin)MestreO modo como comemoramos as festas, a culinária, as danças, os cultos religiosos, as crenças, as cantigas são FOLCLORE E SÃO MANIFESTAÇÕES CULTURAIS. Por mais que você discorde, religião é cultura sim. Além do mais ela pode ser ensinada, escrita e aprendida, por isso é um tipo de conhecimento. Se você concorda ou não e se você valoriza uma religião ou não são outros quinhentos. Eu não sou religioso, mas não estou tentado desmerecer o fato de que “religião é cultura” só porque não sou religioso. Você está relutando para aceitar isso porque você julga a religião uma forma de “escravidão mental”. Se for isso, posso até concordar, mas que a religião é cultura ela é sim.
Obs: a filosofia também pode ser uma escravidão mental, assim como a ciencia e a religião. E também a filosofia, religiao e ciencia podem ser beneficas. Tudo depende. Mas isso é outro assunto.
O que me diz de crença de que há um conhecimento real? Isso é um dogma seu?
18/07/2005 às 12:02 #80083Miguel (admin)MestreO conhecimento real não é o real, é a objetividade. Que objetividade existe na religião?
Como podemos transportar suas verdades para um terreno consensual?Não existe essa possibilidade! Só a insanidade, a lavagem cerebral pode me fazer acreditar sem argumentos racionais.
E, novamente, você se engana: religião não é uma cultura em si, apenas faz parte dela. Mas, sózinha, não constitui uma cultura. É impossível viver puramente conforme uma religião sem enlouquecer. Vejo isso nos católicos, eles não conseguem concordar 100% com as idéias do papa. Certamente, não viveriam se o fizessem…
A religião mesmo é só uma utopia, um ideal
18/07/2005 às 15:37 #80084Miguel (admin)MestreTudo o que você falou, se aplica a filosofia também:
“É impossível viver puramente conforme uma filosofia sem enlouquecer”.
“eles não conseguem concordar 100% com as idéias”Mas você já tem sua opinião e eu já percebi que chegar a um consenso, uma síntese, de forma dialética é difícil. Então é melhor você ficar com sua opinião, é perda de tempo tentar argumentar com você.
18/07/2005 às 16:18 #80085Miguel (admin)MestreO modo como você acredita na filosofia é dogmático. Não admite discussão. Você tem a filosofia como verdade absoluta. Mas você vai dizer que não. Eu te digo então:
“o ceticismo, embora logicamente impecável é psicologicamente impossível e há um elemento de falsidade frívola em qualquer filosofia que finja aceita-lo”. Bertrand Russel.
O ser-humano tem necessidade de crer em algo maior que ele. Por isso, você não crer em religião é irrelevante. Você está transformando a filosofia na sua religião. Está fechando os olhos para outras possibilidades, sem ao menos analiza-las. Está caindo na armadilha do senso-comum de todos os filósofos céticos. A filosofia é sua crença. E você não vê isso. Acaba se tornando como os fanáticos que você critica.
18/07/2005 às 16:43 #80086Miguel (admin)MestreNão. Vou ter que abandonar, também, esse tópico, pois você está, novamente, forçando a barra…
…quando eu quero que você entenda maçã, eu digo maçã e, não, banana. E pensar assim não é nenhum dogma, é ser coerentemente lógico…
…o que você propõe é nihilismo radical e eu não vou embarcar nessa!
Dogma é uma coisa, paradigma é outra e axioma, outra ainda…
…por isso que dizem que a filosofia é pensar coerentemente, é não confundir onde existem as diferenças sutis.
10/02/2010 às 23:48 #80087erickMembroO bom senso não esta tão distanciado da filosofia e da ciência como se fosse uma antípoda. Os conceitos da filosofia partem do bom senso, por exemplo: como definir espaço sem aceitar a imterpretação dos nossos sentidos? Como definir qualquer coisa sem aceitarmos que o bom senso que adquirimos seja usado? Quem dirá que a morte é a solução para o sofrimento, se o nosso senso nos impele para a vida?(Não estou dizendo que essa é a solução para nossos problemas!!!)
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