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18/02/2002 às 14:33 #73094Miguel (admin)Mestre
Daniel:
à sua pergunta “podemos buscar o horizonte, mas já não o alcançamos?”, permita-lhe “responder”, se é que assim se pode dizer, com um excerto de um fabuloso poema de Walt Whitman:
Hoje, antes do alvorecer, subi a uma colina e olhei os céus e as constelações,
E perguntei ao meu espírito: “Quando abraçarmos essas orbes, quando tivermos o prazer e o saber de quanto nelas há sentir-nos-emos realizados e satisfeitos?”
E o meu espírito respondeu: “Não, se alcançarmos esses cumes é só de passagem, é só para continuar mais além.
Tu também interrogas e eu escuto,
Respondo que não posso responder, tens de descobrir por ti.
Walt Whitman18/02/2002 às 17:39 #73095márcioMembroPergunto: Onde estaria a linha do Manter, a tal extermidade inferior ? E que sabedoria seria essa ? A essas 2 perguntas, obtenho como resposta que a grande sabedoria é a sabedoria do Manter a Vida e no fundo, o eixo vertical representa a Sabedoria da Manutencao da Vida sendo obtida atraves da filosofia (ou pensamentos).
Pode parecer banal, mas estamos nos primordios dessa busca … e existiria algo mais importante que obter essa sabedoria ?
Quando (e se) atingirmos a extremidade superior e cessarem os pensamentos entao ficaremos no vazio no aguardo de um Fato Novo, fato esse que provoca toda uma nova volta nessa espiral … e assim vai.
18/02/2002 às 18:17 #73096Miguel (admin)MestreA espiral de volta completa que referiu…
19/02/2002 às 1:04 #73097Miguel (admin)Mestremárcio…interessante o seu insight(17/02/02)…. desejo decobrir a amplitude dele ante ao padrão da vida… volto a comentar..
19/02/2002 às 3:37 #73098Miguel (admin)MestreSe a sabedoria é por si dialética … como considerá-la como extremidade de pontos talvez equidistantes, de um lado ausência de pensamentos de outro vazio pela própria saturação da potencialização do saber, a loucura é vazio … ou a lucidez é ausência …. anexos … fica difícil, o horizonte pode vir a ser uma ilusão de óptica assim como uma sabedoria pode vir a ser cega por querer aprisioná-la.
19/02/2002 às 3:48 #73099Miguel (admin)Mestrekarein…bingo….mas como o censor soft decidiu que tenho que mandar uma mensagem mais longa ou menos curta, escrevi estas bobagens….
repito.
karein…. bingo….
19/02/2002 às 14:46 #73100Miguel (admin)MestreEssas extremidades não seriam pontos equidistantes,mas extremidades que se tocam no limite- o saber “vai-se potencializando no trajecto”, como dizia o Márcio atrás. Se o horizonte for uma ilusão de óptica, então o ponto da partida é uma farsa e a busca da sabedoria um teatro de marionetas…Penso que o que move o homem para a busca da sabedoria é o desejo insatisfeito, a impossibilidade real de atingir, tocar a sabedoria…paradoxalmente, tudo faz pelo impossível! Talvez o mais sábio dos homens seja aquele que apenas aspira à sua finitude, como diria F. Pessoa:
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser, ou até se não puder ser…
Retornamos à questão inicial…19/02/2002 às 22:31 #73101márcioMembroKaren, como disse o Alex, o insight de 17/02 tambem de deixou a pensar …
Enquanto isso, a principio, imagino que a extremidade inferior da linha ou espiral, corresponderia ao ponto onde somos meramente capazes de manter a nossa vida, sem pensar, instintivamente, assim como uma ameba.
Já a extremidade superior, sabemos exatamente (ou pensamos que sabemos) como manter a vida de cada habitante deste planeta, porem nesse ponto nao ha mais o que pensar pois todos os misterios estarao esclarecidos. Ou seja assim como a ameba da extremidade inferior, nao pensamos, nao porque nao temos essa capacidade, mas sim porque nao temos mais no que pensar (afinal todo o misterio de como manter cada vida neste planeta esta resolvido). A nao ser que a sabedoria de manter nao seja o extremo superior.
Portanto, ambas as extremidades se caracterizariam pela ausencia de pensamento, o que levaria a imaginar um circulo. Porem a diferenca entre esses 2 extremos é que no extremo inferior agimos instintivamente e no extremo superior, agimos … conscientemente (por causa da sabedoria) … hummm existiria diferenca entre agir instintivamente e conscientemente ? Sera que a ameba sobrevive porque ela ja tem toda uma sabedoria “entranhada” no seu bio-codigo ? uma ameba passa fome ? … pirei … desculpem.
19/02/2002 às 22:49 #73102vinnyMembroPassa fome sim! E sabe o que ela faz? Procura comida, ou vai ao supermercado…A ameba não tem sistema nervoso, ela sente o ambiente por variações químicas e luminosas que a faz procurar seu alimento etc. Bom, ela nasce, se reproduz e depois morre. Nesse meio tempo ela sobrevive…. Agora o ser humano possui 3 trilhões de conexões nervosas, onde é amarzenado memórias, palavras, conceitos etc. Daí nasce uma “capinha bonita” para o que a ameba faz, essa capinha se chama ao nascer, anjinho, ao reproduzir, amor e ao morrer, ir para o céu, ou até deus etc. Nossa diferença duma ameba? Filosofar sobre as alegorias que criamos pelos nossos sentidos, mistificar o sentido de tudo, e bom, usar aquilo que foi projetado para sobrevivência, falo de cérebro, para escrever nesse fórum.
Um abraço19/02/2002 às 23:09 #73103márcioMembrointeressante: ameba nao tem cerebro … e sobrevive. Portanto necessariamente o cerebro nao precisa ter sido projetado para a sobrevivencia. (talvez ate conspire contra). Entao para que serve o cerebro ?
De qualquer forma voce forneceu uma possivel resposta sobre a questao o que é filosofar: É o que nos faz diferente de uma ameba.19/02/2002 às 23:35 #73104Miguel (admin)Mestre“Portanto (…) o cérebro não precisa ter sido projectado para a sobrevivência(talvez até conspire contra)”, por que não? Se estamos aqui a entender por “sobrevivência” a manutenção da vida e se o cérebro tem essa função de manter a vida, como explicamos tudo o que é conscientemente feito no sentido da destruição deliberada da vida? Como explicamos a auto-marginalização, a auto-destruição, o suicídio? Uma ameba não tem esse problema justamente porque não tem cérebro, por isso sobrevive…
20/02/2002 às 0:21 #73105Miguel (admin)MestreCalma, talvez a expressão tenha sido mal entendida. Teoricamente ,para determinadas amebas sobreviverem, elas precisaram desenvolver, e ai vem a adaptação ao meio, um sistema nervoso, por exemplo a planária, um animalzinho que possui um sistema nervoso rudimentar e que todos lembram das aulas de biologia, cuidado! Somos sempre apressados e queremos entender o mundo pelo que vemos dele hj. A sobrevivência e adaptação ao meio são conquistadas e aperfeiçoadas! Se hj tivéssemos sido criados, daí sim valeria o fato do cérebro não ser voltado à sobrevivência. Mas isso pelo menos tem 3,5 bilhões de anos.
Isabel, há algo semelhante ao suicídio em pinguins, apesar de ter um sistema nervoso simples em comparação ao nosso, porém o “rebanho” humano, e aí pensando na espécie trabalhando pelos seus indivíduos, é demasiado grande. Há muitos e os recursos são de menos. Há diversas formas de auto-destruição onde não vejo um livre-arbítrio trabalhar e sim uma determinada, talvez sensibilidade, em realizar os ditames da própria espécie e para a sua sobrevivência. Explicando, quando fumamos estamos realizando uma destruição necessária para que os mais fortes possam sobreviver. Isso trará diversas indagações, eu sei, mas são traços gerais de um trabalho que ainda não está pronto.
Filosofar é encontrar o caminho de casa passando no meio de um desfile de escola de samba. O difícil é saber em que escola nós estamos….
Abraços20/02/2002 às 3:01 #73106Miguel (admin)Mestreextremidades que se tocam no limite, esse círculo – espiral que de um lado um sem pensar – instintivo, e por outro lado – extremo, um não pensar , por conta dos mistérios já esclarecidos … gostaria de saber que mistérios foram esclarecidos ….
um círculo me remete à perfeição, a perfeição não deixa de ser ausencia … mais isso não quer dizer que seja uma não-perfeição.
a consciência se investe de um discurso já internalizado, os instintos tb ,apesar de ser um discurso anárquico mais nem por isso descartável …. se contrapondo ao anterior .
20/02/2002 às 4:09 #73107Miguel (admin)Mestrea propósito o que pensam eles no oriente(?)um vez que somos ocidente:
Os antigos mestres possuíam a Lógica, a Clarividência e a Intuição. Aquela força da alma permanecia inconsciente. Aquela inconsciência da força interior dava-lhe a aparência de majestade. Prudentes, como quem atravessa um rio no inverno; atentos, como quem teme o que o rodeia. Graves, como ante os estrangeiros; humilde como o gêlo que se derrete;rudes, como a lenha ápera; vastos, como um vale sem fim; impenetráveis, como a água turva… Quem poderia nos nossos dias, com a sua clareza majestosa, iluminar as trevas interior?
Quem poderia, nos nossos dias, com sua vida majestosa, revivificar a morte interior? Eles traziam o Caminho na alma e foram indivíduos autônomos; como tais, discerniram as perfeições nas suas fraquezas. lau tsê.
20/02/2002 às 14:34 #73108Miguel (admin)MestreMceus:
Adorei a sua metáfora: “Filosofar é encontrar o caminho de casa passando no meio de um desfile de uma escola de samba”!!! Sim, não consigo imaginar uma situação mais complicada!
Quanto ao que disse a propósito da sobrevivência e, se não o interpretei mal, defende que a auto-destruição, por exemplo, é uma forma de auto-conservação? Ou seja,os “mais fracos” são destruídos ou auto-destróiem-se para que os “mais fortes” possam dar continuidade à espécie???Estará, então, o cérebro a cumprir a sua vital função desempenhando este papel? -
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