O que é filosofar ?

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  • #73109

    Então, mais ou menos assim, para entender precisamos pensar na espécie humana como indivíduo. Tudo bem. Todos nós possuímos “nossas vidas”, “nossos pensamentos” etc. Porém em nossos genes existem muitas codificações herdadas do processo evolutivo (por exemplo, ao colocar na mão de um bebe uma corda de varal (de estender roupa), ele a fecha em sua mãozinha e tbm com seus pezinhos aguentando seu próprio peso, o mesmo que os macacos fazem para se prenderem ao pêlo da mãe (herança genética)) que são usados para perpetuar e “defender” a espécie (como indivíduo) do meio em que vive. É o que podemos chamar de instinto (babuínos velhos atracam-se com predadores, como tigres, com a finalidade de que os mais jovens escapem, já que possuem mais chances de continuar a espécie). O termo “destrutivo” não seria tão justo, seria uma auto-conservação não do indivíduo e sim da espécie, usei os termos mais fortes e mais fracos, porém não no sentido restrito, seria algo mais amplo e menos identificável (inconsciente), talvez do com mais chances(mais forte) em detrimento do com menos chances(mais fraco) isso numa visão da espécie, bom, em traços gerais seria mais ou menos isso, resumindo: muito do que parece não ter sentido, tem, não para os indivíduos da espécie e sim para a espécie como indivíduo.
    Mas há muito que percorrer…
    Abs

    #73110

    Foi bom o esclarecimento…penso que captei a ideia: a natureza organiza-se numa espécie de processo de auto-gestão de forma a permitir a sobrevivência de acordo com as condições existentes.No entanto, isto conduz-me a algumas questões, grosso modo, remete-me para o problema do utilitarismo, segundo o qual o “bem” é o que trouxer maior felicidade global, ou seja, o “bom” é aquilo que tiver maiores probabilidades de trazer felicidade nas circinstâncias em causa, entendendo, no contexto, “bem” como sendo toda e qualquer acção levada a cabo pelo indíviduo enquanto espécie no sentido da conservação da mesma, e “felicidade global”, o resultado de tal acção para a espécie enquanto tal. Não sei se me fiz entender…fiz??
    Bom, quais são as questões que isto me levanta? Algumas…em primeiro lugar as dificuldades de cálculo: como podemos calcular, medir “felicidades” (estou já a ultrapassar o limite do instinto, claro..)distintas? Não estará aqui subjacente também alguma forma de elitismo?Mesmo em termos de natureza propriamente dita, não será demasiado cruel esse processo de auto-gestão?

    #73111

    A felicidade global é buscada, o bem é praticado. Só precisamos compreendê-lo em um âmbito maior, na espécie. Não sei se captei o “medir felicidades”, creio que seja a felicidade isolada em cada indivíduo, se for, diria que é uma grande ilusão alegórica, o fim disso é a espécie e a transmissão de genes. Elitismo? A espécie deseja melhores membros, sempre, da mesma forma que desejamos sempre filhos “bonitos”, fortes e sem defeitos. Esses sentimentos são desejos maiores do que os quereres do indivíduo. Na natureza o termo cruel não se aplica muito bem, quando um leão pega um filhote de qualquer herbívoro para comer, parece cruel, mas se isso não houvesse, outros mais hábeis não sobreviveriam, pois não haveria seleção e a espécie estagnaria. Será que foi isso que vc perguntou??

    #73112

    Sim, foi sensivelmente isso.Mas o que eu penso é se realmente nós, enquanto seres racionais, conscientes e dotados de liberdade, poderemos viver nessa submissão da espécie…

    #73113

    É isso aí!!! Aí que está o grande problema, gostamos de ver as formiguinhas trabalhando para o formigueiro sem pensar nelas própria e achamos isso fantástico, mas quando isso parece acontecer conosco… voltamos os olhos para as alegorias da escola de samba…
    Isso tudo está em traços gerais, tem muito mais problema aí, há um dinamismo complexo nesse aperfeiçoamento todo…. vamos deixar pra lá.
    Sabe, esse pensamento da ausência de livre arbítrio é realmente assustador e até triste. Mas o que é ser racional, consciente e livre senão palavras que expressam apenas parcialmente o que somos? Nossa realidade? Nossas verdades? O que é isso tudo senão o significado que essas palavras tem para nós?
    Sua última pergunta eu respondo assim: Sim, amando a dor e tbm o prazer, o bem e tbm o mal! A resposta estaria com Zaratustra….

    #73114
    vinny
    Membro

    Não pude deixar de colar aqui…

    20/02/02 Conseqüência da explosão de casos de obesidade infantil nos países ricos, os primeiros casos de diabetes do tipo 2, uma forma da doença que se desenvolve normalmente na idade adulta, começaram a aparecer em crianças obesas britânicas. A informação foi divulgada em um alerta assinado por vários pediatras em um estudo que será publicado amanhã na revista Archives of Disease in Childhood.

    ….A diabetes do tipo 2, também conhecida como diabetes da maturidade, aumenta significativamente o risco de diversas patologias (infartos, insuficiências renais, cegueira, etc) e é mais comum entre os adultos que têm excesso de peso.

    Apesar da influência da herança genética, a falta de exercícios e uma alimentação desequilibrada são fundamentais para que a doença apareça….

    Acabei de ler as últimas mensagens e essa notícia de hj parece ia ao encontro do que falou. Gostaria que me mandasse mais sobre esse assunto.
    Zaratustra é o anunciador do além-do-homem, conforme Nietzsche, não é?

    #73115

    alex …

    a perfeição nas fraquezas …. a clareza
    de espírito e a serenidade vivenciam-se através
    das fraquezas quando éstas estão sincronizadas, durante seu processo com uma dor excessiva, seja psíquica ou inclusive fisiológica.

    é perfeita devido ao aprendizagem …. a dor pode vir a ser clarividente, lógica e instinta, e anárquica, pois pode levar a um desequilíbrio, às trevas … ??? ou a um esclarecimento profundo.

    discernir as perfeições nas suas fraquezas … de imediato não se admite esse paralelo, a fraqueza pressupõe imperfeição, mais a fraqueza pode ser exata na sua dimensão humana, a fraqueza quando encarada é um espelho côncavo e convexo, cabe à nossa alma espelhar a imagem perfeita.

    … “evolução” … talvez os mais fracos sublimam perfeições na sua dor.

    #73116

    Mceus P. …

    …desculpe a intromissão mais …

    defeito versus felicidade

    que viria a ser um filho sem defeito ?

    #73117

    Olá , … desculpe a intromissão ..

    mais …

    defeito versus felicidade

    o que viria a ser um filho sem defeito ?

    #73118

    olá Mceus P. … me desculpe a intromissão …

    mais o que viria a ser um filho sem defeito?

    #73119

    karein…correto… contudo a citação é muito mais para nos situarmos…”somos ocidentais” e, portanto, pensamos como tal… a linguagem, a metodologia e a lógica que utilizamos neste fórum é tipicamente ocidental… lembra-se do risco de atuarmos como torcedores(?)

    Franz Alexander um típico represente ocidental faz o seguinte comentário da filosofia oriental: ” As manifestas similaridades entre as regressões equizofrênicas e as práticas do Yoga e do Zen indicam que a tendência geral das culturas orientais é o recolhimento ao interior do eu, a fim de escapar a uma realidade física e social despoticamente difícil”.

    já o representante oriental D.T. Suzuki declara: “O conhecimento científico do EU não é um verdadeiro conhecimento… O conhecimento do EU só é possível…quando os estudos científicos chegam ao fim[ e os cientistas] depõem sua engenhocas de experimentação e confessam não poder continuar as pesquisas..”

    bom vale dizer que quem já leu algo sobre o visionário R. Laing ou Stanislav Grof(psiquiatras). estudiosos de vanguarda sobre o assunto esquizofrenia não pactua das ideias de franz alexander… mas não só eles como tb uma das maiores autoridades de psiquiatria no mundo o brasileiro(não encontrei a fonte, mas ele exerceu durante 20 anos um dos principais cargos dentro na onu, atualmente possui uma clinica no rio de janeiro) não concorda com a abordagem que se dá as doenças da mente… a visão dele hoje é muoto semelhante a visão de R. laing na década de “60” no seu livro a política da experiência….

    bom é isto…

    abs.

    ps a evolução… não sei como responder… estamos falando sobre animais(?) seres humanos(?).. e até que ponto isto ajudaria em algo(?)

    abs.

    #73120

    Uma pergunta, será que estamos presos ao instinto como os outros animais, ou gozamos de uma liberdade maior que nos permite ser diferntes dos outros animais? Será que a humanidade como um todo pode ser comparada a um formigueiro?
    Acho que jamais foi registrado que uma formiga cometeu um ato que veio a prejudicar a estabilidade do formigueiro, por outro lado cansamos de ver casos em que o homem comete coisas que vem prejudicar a humanidade, não seria esse um indicio de que o homem tem uma liberdade que ultrapassa a dos outros animais, e assim não estaria sugeito somente a espécie, mas também a si mesmo?

    #73121

    “Amando a dor e o prazer, o bem e o mal (…) a resposta estará com Zaratustra”, disse mceus na sua colocação de ontem, a propósito da minha referência à submissão da espécie…só que Nietzsche é, por definição o inconformado, o Super-Homem é a espécie que se ultrapassa a si mesma…elitismo??? É que para Nietzsche o carácter destrutivo e cruel da vida revela a irracionalidade da mesma! Perante tal irracionalidade, das duas uma: ou nos refugiamos num outro mundo (atitude cristã) ou aceitamos a vida com tudo o que ela tem, cantando e rindo com a dança do mundo (atitude de Dionísios). Submissão à espécie? Não!!!
    O homem deve viver de acordo consigo mesmo, recriando os antigos valores e comportamentos, isto é, ele deve ousar viver e viver ousadamente. O que significa isso? Viver no limite do perigo com uma grande abertura ao mundo e fiel ao sentido da terra, sobretudo, fiel à terra!
    É tal a exaltação da vida que Nietzsche afirma o desejo terrível da repetição eterna de todas as coisas e de todas as situações! Isto sim, é a suprema afirmação da vida -aceitação da eterna repetição do mesmo por oposição à submissão da espécie em nome da sobrevivência…como falavamos acima. Só quem ama desmesuradamente a vida pode desejar este eterno regresso do mesmo! A vida deseja-se eternamente não como castigo irremediável, mas como heróica aceitação!
    O eterno retorno é assim o “peso mais pesado”, na justa medida em que representa o eterno regresso de tudo, de todas as dores e todos os prazeres numa verdadeira e impiedosa sucessão. Lembro-me aqui de Sísifo, herói mítico, condenado eternamente a empurrar um rochedo até ao cimo de um monte para o ver rolar de seguida monte abaixo, sucessivamente, eternamente e, mesmo assim podemos imaginá-lo feliz…quando corre, livre, monte abaixo atrás do rochedo para eternamente retornar!…
    Para Nietzsche, só aquele que se ama a si próprio (não se submete em nome de…), ama a vida sem nenhum ressentimento pode desejar tal “fardo”… A vontade criadora deseja a eterna repetição do mesmo…é a alegre aceitação da vida e o }desejo de eternidade.
    Desculpem…excedi-me, entusiasmei-me…era suposto fazer uma breve referência à exaltação da vida e acabei “delirando” no meio dos pensamentos de Nietzsche!…}

    #73122

    Desculpe-me, acabei confundindo mais que explicando. Deixemos pra lá, quando eu tiver um texto mais explicativo e não apenas pinceladas gerais do tema, terei o prazer de enviar para cada um. OK. Porém Isabel, preciso que saiba que não há uma submissão! Somos o que somos! Não veja o todo submentendo seus indivíduos, pois só com eles temos o todo. Quando citei Zaratustra, era desse amor à vida de que falava. Amando a dor como o prazer. Entendendo a dor, a morte etc como fatos da vida, e ama-la acima de tudo. Lembremo-nos que a espécie somos nós! O que ela faz é por nós! Bom, isso, como o Alex disse, não irá ajudar em muita coisa…
    Achei muito bom vc delirar nos pensamentos de Nietzsche… :-)
    Karein: Sem defeitos genéticos por ex. Não se apegue demasiadamente no exemplo, sinta a analogia com a espécie. Não entendi a intromissão? :-)
    Vdj: Não leia literalmente, formigas são diferentes, nós sabemos, mas o que eu quis dizer que geneticamente todos eles possuem uma função para o formigueiro. Nós tbm. Mas com muito mais complexidade e sabe pq? Pq não existem seres superiores a nós para nos aprisionar em seus conceitos. Imagine um Alien, gente, é exemplo de novo! Chega aqui e nos estuda, terá conclusões e nós não passaremos de primatas interessantes, porém primitivos, relativo a eles…entende.
    Minha tese é essa, há um certo automatismo em todas as espécies, nossos atos são determinados por nossos genes e não compreendemos isso em nossos atos do cotidiano, acreditamos na liberdade, na razão etc, ou nomeamos estes atos com estas palavras. Portanto a filosofia, nessa ótica, é entender estes atos.
    Abs

    #73123

    Mceus, quer dizer então que seremos geneticamente determinados e geneticamente determinados a julgar agir em liberdade? De tal forma que a liberdade não seria mais do que uma ilusão?…Seria a filosofia, para si, uma reflexão sobre esses actos supostamente livres, mas geneticamente condicionados?

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