Qual a diferença entre a Escola Pública e a Privada?

Início Fóruns Questões do mundo atual Qual a diferença entre a Escola Pública e a Privada?

  • Este tópico está vazio.
Visualizando 15 posts - 16 até 30 (de 104 do total)
  • Autor
    Posts
  • #86009
    jota erre
    Membro

    Amigo Brasil,Não entendo porque você diz que o funcionalismo público está se “esbaldando” como método Paulo Freire, haja vista que, na verdade, é um método voltado para o EJA e, mesmo que algumas vertentes a tenham adaptado, trata-se de casos isolados. Por exemplo, algumas escolas usam como Plano Político Pedagógico (PPP) a Educação Via Tema Gerador (educação através do conhecimento prévio do aluno), algo que faz parte do método original de Paulo Freire. Outras, por sua vez, trabalham como a Pedagogia de Projetos, e por aí vai. Mas os métodos são inúmeros, e o PPP das escolas, individualmente (mas seguindo uma linha regional), vai orientar isto.No link, um quadro síntese de tendências pedagógicas:http://members.tripod.com/pedagogia/quadro_tendencias.htmA média 3 à qual você se refere diz respeito ao IDEB?Em primeiro lugar, confesso aqui uma profunda insatisfação com os índices estatísticos. Eu sinceramente não confio na estatística. Acredito que quem trabalha nessa área são profissionais sérios, mas esse estudo busca fazer generalizações às vezes até impróprias, como no caso das eleições.Ao final, nunca será provado que os indivíduos que não fizeram parte da pesquisa correspondem aos dados finais apresentados. Trata-se somente de uma especulação, a menos que se queira usar o velho e criticado método indutivo, que a Ciência Moderna já superou formulando o método hipotético-dedutivo, ou seja, partindo de uma hipótese já formulada, e fazendo experimentos apenas para tentar falseá-la.Os estatísticos, na verdade, compreenderam esta evolução científica, mas regrediram: eles usam os dados para tentar validar a sua hipótese, e não falseá-la, pois que dará mais trabalho fazer a pesquisa de novo, e os prazos expiram, etc, etc. Nesse sentido, estão mais próximos de um método indutivo do que dedutivo, e, como ensinava Popper, o método indutivo pode estar mais próximo de um senso comum do que da ciência.Em segundo lugar, verifiquemos, como se levanta o IDEB? Trata-se de um cálculo baseado na Prova Brasil e similares e nos dados sobre aprovação escolar.Hoje, as escolas fazem uma política de aprovação em massa custe o que custar. Até porque os antigos métodos de reprovação foram praticamente abolidos, não somente pela verificação de sua ineficiência, mas, depois de 2007, foi verificada uma necessidade de mais aprovações, dado as metas do governo.Na esfera privada, os alunos são preparados exclusivamente para fazer provas. Vestibular e afins. Somente isso. Basta copiar a estratégia de aprovação da esfera pública e… voilá, temos um índice de 5,6.Ter alunos preparados para provas não significa necessariamente uma educação de qualidade. Significa, simplesmente, que temos alunos preparados para provas.O que vende vagas, na esfera privada, são as aprovações. Que pais irão gastar uma fortuna nas escolas “apenas” para tornar seus filhos pessoas críticas? É melhor que eles sejam estúpidos bem sucedidos do que críticos pobres. “Os valores”, dizem, “ensinamos em casa”. Mas não ensinam! A escola acaba com a responsabilidade total pela educação do indivíduo, o que se torna desastroso, porque ela não tem capacidade de arcar com essa responsabilidade.Compararmos as esferas pública e privada a partir do IDEB redunda, portanto, em conclusões errôneas. Considerando uma postura neoliberal do governo, talvez seja até interessante dizer que a escola particular é “melhor” que a pública...O fato é que a educação no país é ruim, como um todo. Não porque os índices são baixos, mas porque as pessoas estão cada vez mais estúpidas e ignorantes.Dizer que a educação era “melhor” com os militares é um ponto de vista relativo. Melhor para quê? O tecnicismo dos militares deixava bem marcada a diferença social. Quem precisava de um emprego “rápido”, iria estudar nas escolas técnicas. Quem não precisava tanto, podia cursar um curso superior. Hoje, o mercado de trabalho está mais voltado para o ensino superior do que o técnico. Por isso, a banalização da educação superior. Entram na mídia discussões sobre acesso, cotas, etc. Por isso, repito, se o fim da educação era APENAS o mercado de trabalho, talvez a situação realmente fosse melhor — digo isto não por ter consultado dados, mas apenas baseado em seu discurso.Porém, se todos os indivíduos do país tivessem bons empregos, este país não seria necessariamente melhor. Continuo dizendo, de que adianta na sociedade juízes inteligentíssimos que dão liberdade a criminosos políticos? Um dos principais males da sociedade brasileira é a corrupção. Não de políticos, porque eles nem sempre foram parlamentares. Antes, eram sociólogos e metalúrgicos. O problema da corrupção é humano. Trata-se de uma cultura de corrupção. Em que se dá cinco reais ao porteiro para entrar numa repartição dez minutos após o fim do expediente, em que se suborna o fiscal do Detran para não pagar uma multa, etc. E o problema da corrupção é um problema ético; discutível por sinal, justamente na Filosofia.Por isso a necessidade, hoje, não só de trabalhadores, mas de cidadãos éticos e críticos, que saibam pensar sobre os problemas de sua sociedade, e tenham coragem de agir para minimizá-los.


    A questão da palmatória se envolve mais com a cultura do que com a lei. Pode ser que em sua região ela terminou mais cedo, mas em outras essa cultura foi abolida aos poucos.


    Se sua aplicação do termo “cultura” está mais vinculada à idéia de intelectualidade, então ela está relacionada justamente ao pensamento crítico. Nesse sentido, não consigo lhe entender no trecho abaixo:“Veja, não é atribuição da escola, formar cidadãos “críticos”, e sim cidadãos CULTOS. Não há como a escola formar cidadãos “críticos”, pois em todos os assuntos há controvérsias e partidarismos diversos. Ela não pode, de forma alguma, impor sua opinião sobre temas políticos contemporâneos! Deve apenas administrar um bom ensino apartidário.  Com uma cultura de bom nível, que presume-se, deveria ser dada pelas escolas, as pessoas teriam mais chances de, aí sim, serem mais críticas.”Uma vez que a intelectualidade, e, a cultura, está relacionada justamente com a crítica, este trecho parece contradizer-se em si mesmo.


    Quando se fala em remuneração, é necessário levar-se em conta sempre o aspecto regional. Em alguns estados, para ser bombeiro é necessário simplesmente ter o ensino fundamental. E, nesses mesmos casos, o bombeiro ganha até mais que professores formados. Isso porque estou falando de praças. Os oficiais ganham salários bem mais altos que as praças. Em alguns estados, é necessário ter ensino superior para ser oficial, mas outros pedem somente o ensino médio.Os professores, fora o trabalho na escola, ainda têm que trabalhar em casa, fazer cursos e sempre estudar. Ou seja, na verdade, estes educadores acabam tendo uma carga horária de 24h por dia. Isso fora a desvalorização moral na sociedade, que muitas vezes vê os professores como vilões da educação, enquanto os bombeiros são sempre heróis.Mas em todo caso, repito, é sempre necessário avaliar a situação levando em conta a localidade. Não se pode comparar o salário de R$3.000,00 de um soldado da PM em Brasília com o de R$950,00 de um professor no Pará.


    Quando cito o texto da lei, estou querendo apontar diretrizes, não fatos. É certo nenhum setor da sociedade faz seu trabalho “direito”, mas todos DEVERIAM fazer. A questão é simplesmente moral.


    Quando falo em verdade, não estou falando sobre o conceito universal de Verdade. Tampouco estou falando da “verdade” de um filósofo. Não se trata de uma verdade previamente estabelecida, mas de uma verdade construída, alcançada. Uma verdade baseada em fatos, não em teorias. Não se trata simplesmente de fazer o aluno copiar o pensamento dos filósofos, pensar como eles. Mas de entendê-los e, a partir deles, construir um pensamento próprio. Trata-se de “forçar” o aluno a pensar. De exigir que ele critique, que tenha opinião (logos). “Forçá-lo” a copiar a atitude de pensar, não um pensamento já pronto. Isto é ensinar a filosofar.Abs.

    #86010
    jota erre
    Membro

    Essa fala me causa certa preocupação a medida que se responsabiliza os indivíduos, os sujeitos, por um processo que é infinitamente mais complexo. Nesse caso, cabe indagar: por que as famílias não cumprem seu papel? Por que os alunos não respeitam os professores ou as instituições? Por que se mostram desinteressados?

    Caro Oliveira,Ver as coisas pelo prisma que apresentei apenas é uma forma de salientar uma das coisas que normalmente nunca se leva em consideração nas discussões sobre educação: a liberdade individual. Se eu julgar, de alguma forma, que não preciso estudar, que não quero estudar, por algum motivo plausível, ou porque simplesmente não quero, que professor fará o milagre de mudar minha opinião? Que políticas públicas farão com que eu deseje estudar? E se eu simplesmente adotar esta “filosofia de vida”?Nossa cultura não aceita isso, mas pode ocorrer. E, se ocorrer, como fazer uma educação ética sem respeitar a liberdade do indivíduo? É uma limitação teórica. Mas que existe. Da mesma maneira que dedicar-se aos estudos é uma decisão, não fazê-lo também pode ser uma decisão. Como Sartre já dizia, estamos fadados à liberdade.

    É evidente que não temos espaço ou mesmo a presunção de esgotar tão ampla temática, mas vale salientar que diante da ausência do Estado, ou com a minimização das políticas públicas, as diversas dimensões da vida social, passam a sofrer fortes influências das regras mercadológias, o que determinam a dimensão político-ideológica e cultural dos sujeitos.

    É certo que existem inúmeros fatores que permeiam a tema “educação no Brasil”. E não pense que, apenas por não os citarmos aqui, os estamos desconsiderando. Na verdade, sua explanação preencheu muito bem esta lacuna.

    Em outro momento, quando coloca que a sociedade trabalha no sentido contrário, o que é a sociedade se não um conjunto de indivíduos que estabelecem e contraem relações sociais, e ainda, criam e recriam normas de conduta para convivência em harmonia (se é que podemos considerar assim), ou que garantam, no mínimo, a sociabilidade humana.(…)Nessa conjuntura, o Estado constitui uma colossal superestrutura que determina os rumos sociais, erguido a partir de uma realidade concreta, como as instituições de maneira geral.Dessa forma, é a sociedade que caminha em sentido contrário ou as instituições responsáveis pelos rumos sociais não estabelecem meios para atingir as necessidades de seguimentos majoritários da população?

    Quando falo em sociedade, erroneamente tenho excluído o Estado. Na verdade, o conceito o engloba. Como você explanou, o papel do estado é sim, decisivo na educação.  Nesse sentido, acredito que as duas alternativas apresentadas estão corretas. O correto é que até agora não frisei um crítica ao estado por tentar apresentar justamente o “outro lado”. Isto é, sabemos que ele não cumpre sua parte, mas e o resto?

    Diante dessa realidade, no que concerne a educação, ela cumpre um papel social nas funções econômicas e transmissão ideológica.

    Por fim, é evidente que o Estado atendendo aos ideários do capitalismo não deseja formar cidadãos críticos, apenas cidadãos de circunstâncias.

    Se a escola é um aparelho ideológico, isto apenas pode se traduzir nos aspectos mais gerais da educação. Nas leis, nas diretrizes nacionais, nos planos nacionais e, por fim, nas políticas regionais que determinam os rumos do ensino. No entanto, é necessária uma discussão a respeito do papel do intelectual na sociedade. Ao professor cabe simplesmente seguir as diretrizes do governo? Não que ele tenha de ser subversivo ou reacionário, mas ele não pode propiciar aos alunos mais que uma visão ideológica promulgada pelo Estado? Toda crítica deve ser universal. Deve incidir até sobre si mesma. E o que cabe ao professor é justamente fomentar esta crítica. Que ela incida sobre a sociedade como um todo. Ao governo, à escola e até mesmo ao pensamento do próprio professor — é certo inclusive, e a fala é de Luckesi, que o próprio educador jamais conseguirá fugir de suas convicções políticas em sua prática pedagógica. A neutralidade é um mito. Mas ele pode minimizar sua influência justamente instigando o educando àquela crítica universal.Abs.

    #86011
    Brasil
    Membro

    Não entendo porque você diz que o funcionalismo público está se “esbaldando” como método Paulo Freire, haja vista que, na verdade, é um método voltado para o EJA

    O EJA nada mais é que a reativação do antigo MOBRAL! Qual é a novidade do método de Paulo Freire? A novidade no método de Paulo Freire é a aprovação automática!! Que foi citada como “uma sacanagem feita para melhorar as estatísticas”, lá no início do debate, pelo Miguel. E eu concordo.

    A média 3 à qual você se refere diz respeito ao IDEB?Em primeiro lugar, confesso aqui uma profunda insatisfação com os índices estatísticos. Eu sinceramente não confio na estatística. Acredito que quem trabalha nessa área são profissionais sérios, mas esse estudo busca fazer generalizações às vezes até impróprias, como no caso das eleições.

    Eu sinceramente fico admirado com esta afirmaçãoO ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio é um levantamento anual, custeado pelo Governo Federal e visa avaliar o  nível de aprendizado dos estudantes do Ensino Médio. Ou seja; é o governo fiscalizando seu Ensino. Uma coisa muito importante que se deve salientar é que o exame do ENEM não é obrigatório, ou seja; só vai fazer exame  do ENEM, aquele aluno que ESTÁ INTERESSADO em seu aprendizado e também aquele que pretende ser beneficiado pelo Próuni, pois este exige a aprovação no exame do ENEM para poder conceder suas bolsas.Eu fico admirado que você não conheça! A nota média 3 à qual eu me referi foi apurada em alguns Estados. Mas se você olhar na lista dos melhores e dos piores, você verá que o Ensino brasileiro está totalmente comprometido. Não há Estado com média maior que 4,5 na prova objetiva. Isto é um absurdo! Como incorporar outra matéria nestes níveis de aprendizado? Nota na prova objetiva do Enem cai 19,1%Na redação, notas subiram 5,5% de 2007 para 2008.Na média geral, houve queda de 6,3%.

    Ao final, nunca será provado que os indivíduos que não fizeram parte da pesquisa correspondem aos dados finais apresentados.

    O fato acima relatado por mim, prova que o Exame do ENEM é confiável. Pois “os indivíduos que não fizeram parte da pesquisa” são estudantes que logicamente não estão interessados na avaliação de seu aprendizado e não foram  fazer o exame. Ora!

    Trata-se somente de uma especulação, a menos que se queira usar o velho e criticado método indutivo, que a Ciência Moderna já superou formulando o método hipotético-dedutivo, ou seja, partindo de uma hipótese já formulada, e fazendo experimentos apenas para tentar falseá-la.

    É...   Assim desse jeito, com o método hipotético-dedutivo fica bem mais fácil  mesmo...  Agora veja que interessante; na página do verbete “enem” da Wikipédia, diz que o exame do ENEM é mais fácil que os demais exames.Você disse que é somente uma especulação? Bem, se um exame feito de maneira séria  não diz a nota média de aprendizado dos estudantes, então o que diria? Em quais referências devemos nos orientar? Nos exames feitos pelos professores do “mercado”? Sobre o ENEMO ENEM é uma prova um pouco diferente dos vestibulares, em geral muito mais fácil, e por isso os alunos tiram notas mais altas. Muitas faculdades e universidades usam a nota do ENEM em seus processos seletivos. Isso tem feito com que cada vez mais alunos participem anualmente da prova. Em 2005 houve quase 3 milhões de participantes.http://pt.wikipedia.org/wiki/Exame_Nacional_do_Ensino_M%C3%A9dio#Sobre_o_ENEMDadosPara orientar as políticas educacionais o ENEM é um instrumento muito útil. Os dados apontados por essas avaliações têm mostrado, por exemplo, a enorme distância entre o nível do ensino público e o particular. Mesmo numa prova que avalia habilidades e competências, em detrimento da memorização de conteúdos, a diferença de notas entre alunos de um e outro sistema de ensino é muito grande: 62% de diferença nas notas em 2005.Por padrão o que está em jogo não é a informação que o aluno conseguiu juntar em seu Ensino Médio e sim como ele consegue operacionalizar essa informação para resolver problemas, analisar fatos e se sociabilizar de forma cidadã.Para isso, a prova do ENEM é baseada em 5 competências, nas quais são distribuídas 21 habilidades, que são especificações dessas competências. O aluno não tem que estudar para o ENEM e sim se preparar para ele. Exercitar estas competências e habilidades é a chave para atingir uma boa porcentagem de nota.A provaSão 63 questões e uma redação para cinco horas de prova, o que daria aproximadamente três minutos para cada questão e uma hora e meia para a redação. Todas as questões são de múltipla escolha com 5 alternativas. Para evitar fraude, a prova é realizada em 4 versões identificadas por cores (amarela, branca, rosa e azul). O que difere uma prova da outra é a ordem das questões e alternativas. De resto, são as mesmas questões e textos.Por objetivar avaliar competências e não informações, a prova não é dividida em matérias. Também não é indicada a competência a ser avalidada em cada questão. Portanto, as questões são colocadas em uma seqüência sem qualquer tipo de agrupamento.http://pt.wikipedia.org/wiki/Exame_Nacional_do_Ensino_M%C3%A9dio#Dados

    Os estatísticos, na verdade, compreenderam esta evolução científica, mas regrediram: eles usam os dados para tentar validar a sua hipótese, e não falseá-la, pois que dará mais trabalho fazer a pesquisa de novo, e os prazos expiram, etc, etc. Nesse sentido, estão mais próximos de um método indutivo do que dedutivo, e, como ensinava Popper, o método indutivo pode estar mais próximo de um senso comum do que da ciência.

    É... E o método pragmático acaba sempre “ajeitando as coisas” com teorias improváveis e convenientes às circunstâncias. Para comprovar a ineficiência do Ensino Público apontado pelo ENEM, eu sugiro que faça uma pesquisa no google com os seguintes termos : "Pérolas do ENEM". Você terá um mar de exemplos hilariantes. Infelizmente é tragicômico.

    Hoje, as escolas fazem uma política de aprovação em massa custe o que custar. Até porque os antigos métodos de reprovação foram praticamente abolidos, não somente pela verificação de sua ineficiência, mas, depois de 2007, foi verificada uma necessidade de mais aprovações, dado as metas do governo.

    Pois é, e é nesse sentido que o método de Paulo Freire está sendo usado para atingir objetivos políticos e eleitorais e não se encontra atualmente comprometido com o verdadeiro propósito e fundamento do Ensino; Tornar indivíduos CULTOS para que possam ser críticos.

    “Veja, não é atribuição da escola, formar cidadãos “críticos”, e sim cidadãos CULTOS. Não há como a escola formar cidadãos “críticos”, pois em todos os assuntos há controvérsias e partidarismos diversos. Ela não pode, de forma alguma, impor sua opinião sobre temas políticos contemporâneos! Deve apenas administrar um bom ensino apartidário.  Com uma cultura de bom nível, que presume-se, deveria ser dada pelas escolas, as pessoas teriam mais chances de, aí sim, serem mais críticas.”

    Uma vez que a intelectualidade, e, a cultura, está relacionada justamente com a crítica, este trecho parece contradizer-se em si mesmo.

    Pois eu não vejo por que! Se a intelectualidade e a cultura, estão relacionadas à capacidade de crítica,  então eu acho que não é pedir muito que as escolas ENSINEM SATISFATORIAMENTE ao menos o BÁSICO, com IMPARCIALIDADE !Para que com isso, as pessoas possam fazer críticas mais sensatas, mais isentas de condicionamentos diversos e se possível, mais fundamentadas. Agora, sem saber fazer contas, sem saber apontar o seu país no mapa e sem compreender um texto curto, como é que o cidadão vai ser crítico? Quanto menos um crítico com visão filosófica...Acho que isso é esperar milagres...Como eu coloquei no início; os assuntos filosóficos têm diversos ângulos de percepção, e não é atribuição da escola apontar qual é o mais acertado! Para não incorrer neste erro grave ela ( a Escola)  deve somente instruir o estudante quanto aos diferentes pensamentos filosóficos. Não se ensina a pensar!! Se estimula!! E pra isso deve-se ser imparcial e apartidário. 

    Os professores, fora o trabalho na escola, ainda têm que trabalhar em casa, fazer cursos e sempre estudar. Ou seja, na verdade, estes educadores acabam tendo uma carga horária de 24h por dia.

    24 hs por dia? Será que você não está exagerando?  ;D

    Quando falo em verdade, sobre o conceito de Verdade. Tampouco estou falando da “verdade” de um filósofo. Não se trata de uma verdade previamente estabelecida, mas de uma verdade construída, alcançada.

    Uma verdade construída e alcançada pelo professor que estiver ensinando!! Pois há vários ângulos de entendimentos e ele colocará o dele. Se não é uma verdade previamente estabelecida então ela seria uma verdade circunstancial e/ou partidária.

    Não se trata simplesmente de fazer o aluno copiar o pensamento dos filósofos, pensar como eles. Mas de entendê-los e, a partir deles, construir um pensamento próprio.

    Construir um pensamento próprio a partir dos filósofos é algo interessante,  e bonito de se dizer, mas você não me respondeu como um semi-analfabeto vai entender os conceitos filosóficos. Você acha realmente possível que um semi-analfabeto leia e entenda algum filósofo?   ???

    Trata-se de “forçar” o aluno a pensar. De exigir que ele critique, que tenha opinião (logos). “Forçá-lo” a copiar a atitude de pensar, não um pensamento já pronto. Isto é ensinar a filosofar.

    Pro Ensino Médio “forçar” estudantes a pensar, a partir de um entendimento comprovadamente precário das materias mais básicas, os diversos e minuciosos conceitos filosóficos, ele ( o Ensino) terá de sugerir SUA OPINIÃO ou vertente filosófica ao aluno, você não acha? Abs

    #86012
    jota erre
    Membro

    Olá, Brasil,Espero que seus pontos de exclamação execessivos não estejam demonstrando um estado de humor ruim.Quero lhe dizer que conheço sim, o ENEM; por isso perguntei se se tratava do IDEB. Minha critica ao IDEB continua.No que diz respeito ao ENEM, apenas refaço uma afirmação que fiz anteriormente: ter alunos preparados para provas não significa necessariamente uma educação de qualidade. Significa, simplesmente, que temos alunos preparados para provas.Não estou falando em educação oficial, mas em educação real.Provas desse tipo apenas podem medir quem “decorou mais a matéria”, quem teve mais sorte (isto é, recebeu uma prova com assuntos que domina), quem não estava com algum problema as saúde (tipo dor de cabeça) na hora da prova. E afins. O aluno somente pode ser avaliado de verdade dentro de uma sala de aula. E isso se o professor souber trabalhar com o processo de avaliação. Senão, ficamos apenas com o psicologismo dos números. Não sei o que representa um aluno tirar 1 numa prova, ou 0,5, ou 4. São apenas números. Sabe-se lá se as questões foram bem formuladas. Assim, também não acho que ENEM's, concursos públicos e/ou qualquer outro tipo de prova desse tipo possa medir o conhecimento de alguém.A realidade é que provas discursivas são mais caras de formular e corrigir. Ninguém quer investir nisso. Se um computador avalia as respostas, por que pagar um professor?

    Você disse que é somente uma especulação? Bem, se um exame feito de maneira séria  não diz a nota média de aprendizado dos estudantes, então o que diria? Em quais referências devemos nos orientar? Nos exames feitos pelos professores do “mercado”?

    O professores talvez sejam os únicos seres capazes de avaliar o conhecimento dos estudantes. Se o fazem ou não, depende das condições em que ele se encontra.

    Agora veja que interessante; na página do verbete “enem” da Wikipédia, diz que o exame do ENEM é mais fácil que os demais exames.

    No mínimo, eu poderia desconfiar de uma enciclopédia feita por não-se-sabe-quem-não-se-sabe-onde. Mesmo assim, não tenho por quê discordar.

    Pois é, e é nesse sentido que o método de Paulo Freire está sendo usado para atingir objetivos políticos e eleitorais e não se encontra atualmente comprometido com o verdadeiro propósito e fundamento do Ensino; Tornar indivíduos CULTOS para que possam ser críticos.

    Só um adendo: o método Paulo Freire originalmente está voltado para a educação informal, fora da escola.

    “Veja, Pois eu não vejo por que! Se a intelectualidade é a cultura, então eu acho que não é pedir muito que as escolas ENSINEM SATISFATORIAMENTE ao menos o BÁSICO, com IMPARCIALIDADE !Para que com isso, as pessoas possam fazer críticas mais sensatas, mais isentas de condicionamentos diversos e se possível, mais fundamentadas. Agora, sem saber fazer contas, sem saber apontar o seu país no mapa e sem compreender um texto curto, como é que o cidadão vai ser crítico? Quanto menos um crítico com visão filosófica...Acho que isso é esperar milagres...

    Como eu coloquei no início; os assuntos filosóficos têm diversos ângulos de percepção, e não é atribuição da escola apontar qual é o mais acertado! Para não incorrer neste erro grave ela ( a Escola)  deve somente instruir o estudante quanto aos diferentes pensamentos filosóficos. Não se ensina a pensar!! Se estimula!! E pra isso deve-se ser imparcial e apartidário. 

    (Sugiro que leia de novo o trecho que apontei como contraditório.)Freud dizia que duas profissões impossíveis eram a de psicanalista e professor, haja vista que o ser humano não consegue deixar de passar suas convicções em seu discurso. No caso ele se referia mais ao conceito de “pulsão de morte”, mas pense: você conhece alguém que tenha um discurso imparcial (se sua “imparcialidade” quiser dizer “neutralidade”)? Você consegue falar sem defender suas convicções mais íntimas, até mesmo inconscientes? Acredito que não. Mesmo saindo do campo da psicanálise ou da filosofia da educação, devemos considerar (parafraseando Bakhtin), todo discurso é ideológico. As palavras estão carregadas de idéias, elas aprendem com a realidade e adquirem sentidos diferentes em cada uso. O locutor nunca pode ter controle sobre o resultado que suas palavras vão trazer.Apesar disso, acredito sim, que a profissão de professor é possível. E mais, discordo cabalmente de você. Se ensina a pensar sim! Que o digam os professores de Lógica. Se formos consultar alguns filósofos, veremos que a lógica é a base da Filosofia. Um pensamento contraditório perde todo o seu valor. E um dos papéis da Filosofia é justamente ensinar o aluno a pensar corretamente.

    24 hs por dia? Será que você não está exagerando?  ;D

    Sim, estou. Mas que é muito trabalho, não podemos negar.

    Uma verdade construída e alcançada pelo professor que estiver ensinando!! Pois há vários ângulos de entendimentos e ele colocará o dele. Se não é uma verdade previamente estabelecida então ela seria uma verdade circunstancial e/ou partidária.

    Falei sobre isso acima. Mas, se a práxis do educador é assim, o máximo que ele pode fazer é tentar minimizar suas influências, justamente instigando a crítica autônoma.

    Construir um pensamento próprio a partir dos filósofos é algo interessante,  e bonito de se dizer, mas você não me respondeu como um semi-analfabeto vai entender os conceitos filosóficos. Você acha realmente possível que um semi-analfabeto leia e entenda algum filósofo?   ???

    Já ouviu alguma coisa sobre a Filosofia para Crianças. Mattew Lippman trabalha com Filosofia desde a infância. Muitas crianças também não dominam a leitura e a escrita.

    Pro Ensino Médio “forçar” estudantes a pensar, a partir de um entendimento comprovadamente precário das materias mais básicas, os diversos e diferentes conceitos filosóficos, ele (o Ensino) terá de sugerir SUA OPINIÃO ou vertente filosófica ao aluno, você não acha?

    Gostaria que você respondesse quais são as matérias mais básicas, isto é, as que devem basear, fundamentar o conhecimento do educando. A Filosofia não está nessa lista?Sobre o restante, já disse acima.Abraço.

    #86013
    Oliveira, D.
    Membro

    Caros companheiros,Confesso que o debate está se tornando instigante, e, ressalto a importância em discutir idéias, quando o que se almeja é transformar o real. Acredito que esse seja um ponto comum entre nós que freqüentamos espaços para produção de conhecimento.Gostaria de discutir alguns pontos colocados pelos nobres colegas (Brasil e jota erre) asseverando que a questão da educação trata-se de um tema amplo e complexo, assim, fica praticamente impossível abordarmos todas as dimensões que a envolvem na cotidianidade.O nobre Brasil em determinado momento considera:

    Bem, eu fico tentado a perguntar se os cidadãos num regime comunista também não estariam sendo formados apenas como cidadãos circunstanciais...  O Comunismo regula o dinheiro da população, mas não aboli o dinheiro. Como sempre, estaremos presos a uma lógica das circunstâncias!  E elas não são diferentes em sua essência. As duas são baseadas e dependentes de sistemas monetários.

    Nesse momento é preciso considerar que existe um erro conceitual, interpretativo ou, ao menos, analítico na sempre coerente e bem fundamentada fala do nobre companheiro. Quando falamos em comunismo, no sentido do comunismo real, faz-se necessário entender que esse supera o primeiro estágio da transformação social sob a égide do proletariado, isto é, o socialismo.No socialismo sim, as relações burguesas tanto em aspectos infra-estruturais como superestruturais não são suprimidas de imediato, sendo, portanto, necessário o aparato estatal e a produção de mercadorias, ainda que as trocas sejam realizadas com outra conotação.Na passagem para o comunismo real, aquele pensado por Marx, o dinheiro torna-se desnecessário no sentido que temos na contemporaneidade. Poderá existir enquanto moeda na troca de valores de uso? Talvez sim, mas não como mercadoria, como valor de troca, pois, o processo produtivo seguirá então o sentido dos valores de uso. Lenin em “O Estado e a Revolução” aborda alguns pontos da passagem para o comunismo.Nesse contexto, os cidadãos deixariam de corresponder a uma função circunstancial no modo de produção e reprodução social, pois, gozariam da real cidadania e liberdade, ao contrário da dimensão preconizada pelo Estado burguês.Mais uma vez, gostaria de salientar que não trago um discurso planfetário, entretanto, não considero a possibilidade do comunismo totalmente ultrapassada, apesar de não acreditar na viabilidade da luta armada no sentido estrito do marxismo. Talvez estejamos vivendo o momento histórico apontado por Marx, quando as forças produtivas atingiriam tamanho estágio de desenvolvimento que o capitalismo não seria capaz de superar suas próprias contradições, haja vista, a crise financeira atual. Claro que é cedo para apontar qualquer direção, mesmo porque não sabemos qual o tamanho desse problema. Contudo, não vamos fugir ao tema desse tópico.Com relação à fala a seguir, permita-me realizar algumas considerações:

    Construir um pensamento próprio a partir dos filósofos é algo interessante,  e bonito de se dizer, mas você não me respondeu como um semi-analfabeto vai entender os conceitos filosóficos. Você acha realmente possível que um semi-analfabeto leia e entenda algum filósofo?

    Acredito que a filosofia transcenda a questão conceitual, é evidente que um sujeito analfabeto, ou semi-analfabeto que, para realidade brasileira constitui o mesmo elemento enquanto massa de manobra, como nós todos em algum momento de nossas escolhas, terá maior dificuldade, ou mesmo não entenderá a complexidade de determinadas linhas filosóficas.No entanto, acredito também que a “arte” de filosofar é o despertar para criticidade, para um mundo novo, não alheio a realidade concreta, mas, a partir da materialidade da vida social, porém com olhares em outras direções. Será que as abordagens de Sócrates para com os sujeitos de sua época seriam restritas somente a intelectualidade? Para quantos analfabetos Jesus (tudo indica que analfabeto) colocou a possibilidade de uma vida mais humana e igualitária dentro de sua dimensão filosófica? Quantos operários foram chamados por Marx a impor a Comuna? Quantos camponeses que não conheciam outras dimensões da realidade social, senão a relação com a terra e com seus afins eclodiram a revolução russa? Quais dos oitenta e sete guerrilheiros que tomaram o poder em Cuba possuíam maiores possibilidades de interpretar conceitos filosóficos nas correntes positivistas, fenomenológicas ou materialistas dialéticas? Faço esses apontamentos sem qualquer ecletismo, mas somente para ilustrar a questão com momentos reais da história da humanidade.Outro ponto que gostaria de considerar relaciona-se com o trecho abaixo:

    Como eu coloquei no início; os assuntos filosóficos têm diversos ângulos de percepção, e não é atribuição da escola apontar qual é o mais acertado! Para não incorrer neste erro grave ela ( a Escola)  deve somente instruir o estudante quanto aos diferentes pensamentos filosóficos. Não se ensina a pensar!! Se estimula!! E pra isso deve-se ser imparcial e apartidário.

    Concordo parcialmente com essa afirmação. Não acredito na imparcialidade e no apartidarismo enquanto socialização do conhecimento. Compreendo que os educadores devem se posicionar, mas evidenciando qual o modelo de sociedade que vislumbra para gerações futuras, refletindo sobre seu papel enquanto transmissores de conhecimento, colocando alternativas de reflexão em várias vias. Não trata-se de romantismo, mas é preciso salientar que aquele que não se posiciona politicamente ou, que se apresenta de forma "apolítica" já realiza em si uma política conservadora.

    Com uma cultura de bom nível, que presume-se, deveria ser dada pelas escolas, as pessoas teriam mais chances de, aí sim, serem mais críticas

    Como definir um bom nível cultural? Citemos um exemplo: o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, considerado um homem extremamente culto e realmente o é, fazia parte do “Seminário Marx”, juntamente com Florestan Fernandes e Octávio Ianni, mas quão diferentes são os respectivos pensamentos e posicionamento político. Quais as características dos oito anos de governo do referido presidente? Qual a dimensão do abismo criado? A quem favoreceu?Portanto, cultura envolve posicionamento e direcionamento político, para alguns foi um excelente governo, mas, para seguimentos majoritários da população foram anos de penúria. Cultura de bom nível estaria ligada a um pensamento pequeno-burguês?No trecho a seguir há um outro ponto interessante a ser discutido, talvez o mais importante.

    No entanto, é necessária uma discussão a respeito do papel do intelectual na sociedade. Ao professor cabe simplesmente seguir as diretrizes do governo? Não que ele tenha de ser subversivo ou reacionário, mas ele não pode propiciar aos alunos mais que uma visão ideológica promulgada pelo Estado? Toda crítica deve ser universal. Deve incidir até sobre si mesma. E o que cabe ao professor é justamente fomentar esta crítica. Que ela incida sobre a sociedade como um todo. Ao governo, à escola e até mesmo ao pensamento do próprio professor — é certo inclusive, e a fala é de Luckesi, que o próprio educador jamais conseguirá fugir de suas convicções políticas em sua prática pedagógica. A neutralidade é um mito. Mas ele pode minimizar sua influência justamente instigando o educando àquela crítica universal.

    Supondo o professor como um sujeito em condições de fazer história, dada sua potencial capacidade de transformação, decorrente do acesso as diversas áreas do saber, é dotado minimamente da possibilidade de fazer escolhas, principalmente no que concerne aos aspectos político-pedagógicos e sócio-educativos nos quais está envolvido, inclusive rompendo com as diretrizes curriculares impostas, não em sua totalidade, mas determinados espaços recebem “o acabamento” dos sujeitos.

    dedicar-se aos estudos é uma decisão, não fazê-lo também pode ser uma decisão. Como Sartre já dizia, estamos fadados à liberdade.

    Entendo que a capacidade de fazer escolha amplia-se à medida que diminui a ignorância. Por fim, será que todos estão fadados a liberdade aos termos de Sartre? O existencialismo por vezes pode trazer alguns equívocos nas generalizações e, sobretudo, na desconstrução de conceitos e valores, apontando para um vazio de difícil preenchimento, vejamos a “Idade da razão” e a “Náusea”.a crítica não arranca flores imaginárias dos grilhões para que os homens suportem os grilhões sem fantasia e consolo, mas para que se livrem deles e possam brotar as flores vivas. Karl Marx

    #86014
    jota erre
    Membro

    Olá, Oliveira,Quanto a Sartre, certamente não pretendemos discuti-lo aqui, por não ser o lugar correto. Mas, demaneira geral, o que quero dizer é que, considerando os seus termos, mesmo que o sujeito não tenha ciência de sua liberdade e/ou como manifestá-la, ela é latente nele. Faz parte de sua natureza. E é dever do educador respeitar isso - bem como de todo ser humano. Teoricamente, não é correta uma educação que ensina a liberdade se utilizando de uma postura autoritária.Mas, como eu (quase) disse, é apenas uma querela formal. Um impasse talvez sem solução.Abs.

    #86015
    Brasil
    Membro

    Olá jota erre

    Espero que seus pontos de exclamação execessivos não estejam demonstrando um estado de humor ruim.

    Não, não...  É só pra expressar espanto...  Também não é tão excessivo assim! Mas se está fazendo parecer que estou de mau humor, então eu coloco só um...Aproveito pra dizer que quando diferencio algumas palavras com letras maiúsculas, não estou gritando e nem falando mais alto, apenas reforçando algo importante para o entendimento do raciocínio que tento expor.Acho que algumas coisas que já foram ditas precisam ser revistas e mais esclarecidas, por exemplo: Você fez esta citação minha; “Como eu disse, não há crítica que se aproveite de quem não tem ou tem pouca cultura.  Para a escola formar “indivíduos políticos” basta ela cumprir seu papel de educar SATISFATORIAMENTE. A “critica”, como eu te disse, vem das OPINIÕES das pessoas, e é imprescindível que estas tenham um bom nível cultural, para que possam ter opiniões, no mínimo, sensatas.”E respondeu isto: “O termo opinião sempre me remete à “doxo” grega...”Aí eu tentei novamente buscar sua resposta para a questão e fiz o seguinte comentário;“Construir um pensamento próprio a partir dos filósofos é algo interessante,  e bonito de se dizer, mas você não me respondeu como um semi-analfabeto vai entender os conceitos filosóficos. Você acha realmente possível que um semi-analfabeto leia e entenda algum filósofo?”E você respondeu isto: “Já ouviu alguma coisa sobre a Filosofia para Crianças. Mattew Lippman trabalha com Filosofia desde a infância. Muitas crianças também não dominam a leitura e a escrita.”Bem, eu preciso dizer algo sobre isto. Não há como querer comparar esse método experimental de “Filosofia para crianças”, com a ministração de Filosofia no Ensino Médio! O estudo da Filosofia requer leitura plena! Será que deveríamos incorporar um método experimental de ensino de “Filosofia sem leitura”, no Ensino Médio? ( Pra não colocar muitos pontos de interrogação eu apenas digo que estou espantado. )Veja, amigo, a minha observação de que a Escola só pode formar pessoas politizadas  se ela educar satisfatoriamente, lhe remeteu à doxo grega...   Mas o fato é que sem aprender os ensinamentos básicos necessários para o perfeito entendimento dos fundamentos filosóficos, não adianta ministrar Filosofia. Principalmente se estivermos falando em reduzir a carga horária das outras matérias, já tão precariamente ministradas. Você também referiu-se a: “aprendizado de quê?”...  Disse que estamos tratando de uma diferença didática e metodológica não de conteúdo. Então eu penso que você está de acordo com o conteúdo assim como eu. Ou seja; É necessário aprender EFETIVAMENTE este conteúdo básico! Alegando manipulação política, você questionou os resultados apontados pelo ENEM... Eu preciso te perguntar se você considera que o ATUAL ensino dado aos nossos jovens é satisfatório. Se você diz que o ENEM está errado então quer dizer que o  Ensino é satisfatório? Para responder esta pergunta não se baseie pelos alunos que estudam em escolas públicas nos bairros ditos “de classe média alta”, pois nesses a cultura intelectual dos pais dos alunos é maior, e consequentemente a exigência  é maior, o que implica num serviço melhor... Baseie-se pelo aluno do Pq Santo Antônio na periferia de São Paulo. E não se esqueça que a grande massa está na periferia  e a minoria nos referidos bairros de classe média alta.      Sabe, amigo, eu também tenho idéias utópicas, mas não me permito devanear quando estou falando de detalhes de um sistema do qual sou parte imediatamente interessada. O problema é estrutural e não é com esses detalhes que se muda as coisas. Essas diretrizes do Ensino, que você colocou, não passam de palavras vazias. E você mesmo reconhece isto quando diz que as leis que citou, são apenas diretrizes e que o problema mesmo é moral. Sobre essa “diferença didática e metodológica”,  essa coisa que você citou de “aprender fora da escola” ou algo assim, digo que  é muito inocente e ingênuo! Como TODOS nós sabemos, o ensino é ruim nas “regiões ruins”.  O que o estudante morador da periferia do bairro de Guaianazes vai levar de bom PRA DENTRO da escola? Essas políticas “espertas” de jogar nas mãos da população a resolução de seus problemas é muito conveniente para os administradores e gestores das coisas públicas, e logo, do dinheiro público, do gordo desprotegido e surrupiado erário público. Não demora passam a tranca na escola pública e mandam os país formarem intelectualmente os seus filhos em casa. Essa política já está sendo implantada na Saúde, mais especificamente nos manicômios. De uns anos pra cá implantou-se uma política de manter os doentes mentais em casa, entre eles maníacos e criminosos.As palavras dos legisladores são muito mais bonitas e requintadas que as minhas, infelizmente, e com suas belas palavras eles conseguem por em prática as suas artimanhas sem perder o caráter de “oficial”, “decidido em consenso”, etc.  Gostaria de alerta-lo neste sentido que exponho:  Há muita falação e pouca ou nenhuma ação.  Eles conseguiram pegar o método de ensino de um gênio da Educação, o Paulo, e transforma-lo em ferramenta de manipulação. Ferramenta que por não estar sendo usada como deveria, está dando asas à ignorância juvenil e à parasitagem no funcionalismo público. É aquela velha conhecida e “insolucionável” prática de lesar a coisa pública de qualquer maneira, nem que seja coçando os testículos na hora de trabalhar. Eu não tenho reservas em afirmar que o crescente aumento nos índices de estudantes que terminam o Ensino Médio sem saber ler e escrever perfeitamente, se deve à APROVAÇÃO AUTOMÁTICA.  Uma ferramenta manipuladora de dados, que está atendendo aos políticos e lamentavelmente também está formando uma geração de ignorantes. O que diga-se de passagem, eles acham ótimo.

    Quando cito o texto da lei, estou querendo apontar diretrizes, não fatos. É certo nenhum setor da sociedade faz seu trabalho “direito”, mas todos DEVERIAM fazer. A questão é simplesmente moral.

    Pois é amigo, são apenas diretrizes... E a questão é moral. Então eu pergunto como podemos pensar em mudar esses detalhes no Ensino Público se sequer temos um ensino satisfatório? Ensinando Filosofia como estão ensinando Matemática e Português?  Se atualmente o aluno sai da escola sem saber ler e escrever perfeitamente, o que teria aprendido da Filosofia, caso resolvessem enfiar esta matéria no meio da carga horária? Fala-se em ministrar aulas de religião também... Se fizerem isto, quantos minutos por aula terão as matérias básicas e impreteríveis como Português e Matemática? 20 minutos por aula?  Reflita isto.

    Um dos principais males da sociedade brasileira é a corrupção. Não de políticos, porque eles nem sempre foram parlamentares. Antes, eram sociólogos e metalúrgicos. O problema da corrupção é humano. Trata-se de uma cultura de corrupção. Em que se dá cinco reais ao porteiro para entrar numa repartição dez minutos após o fim do expediente, em que se suborna o fiscal do Detran para não pagar uma multa, etc. E o problema da corrupção é um problema ético; discutível por sinal, justamente na Filosofia.

    Sim amigo, a raiz dos problemas é a busca do lucro, da vantagem... E isso não se muda com a manutenção deste sistema indutor. Tampouco mudando detalhes que se perdem entre as burocracias e ineficiências dos diversos poderes (governos), na apatia política e ignorância da população, e nas vontades e interesses dos poderosos (ricos que não querem mudanças).  O sistema induz e ao mesmo tempo permite a indução a isso.Como você disse, a questão é moral.Fazer apelos ao senso ético das pessoas é uma grande ingenuidade. Se isso fizesse algum sentido não precisaríamos de leis, juizes e nem policiais. Bastaria fazer muitos apelos éticos aos bandidos, fraudadores, corruptos, contraventores, etc. e os problemas se resolveriam. Eles fazem parte da sociedade, eles somos nós. Como você bem observou citando o fiscal de trânsito, etc.  Falar em uma fiscalização rígida é muito interessante, quando não pensamos que podemos ser alvos desta rigidez, que estaria nos mesmos “ares”, no mesmo ambiente corrupto, desonesto, competitivo, ganancioso e violento.  Por isso pede-se “liberdade”.  “Liberdade” eu acho que já há bastante, o que devemos exigir é direitos. Mas os direitos são automaticamente negados quando um jovem sai da escola sem saber ler...  Se ele não sabe ler perfeitamente como ele vai saber seus direitos, ou melhor, como ele vai exigir os seus direitos? Bloqueando avenidas? Isso é ilegal!  E porque ele não sabe ler perfeitamente? Porque estamos vivendo num sistema de interesses individuais e competição e não houve um INTERESSE SOCIAL de que ele se alfabetizasse perfeitamente... Daí, não temos direitos... Não temos direitos porque  maioria não exigiu os seus direitos...

    Por isso a necessidade, hoje, não só de trabalhadores, mas de cidadãos éticos e críticos, que saibam pensar sobre os problemas de sua sociedade, e tenham coragem de agir para minimizá-los.

    Coragem de agir em que sentido?A ÉTICA está desaparecendo de geração em geração! E há um motivo: A busca do lucro, o que gera a competição, que gera a falta de ética, que gera os crimes, que geram a violência, que gera a dependência de governos, que gera a perpetuação do sistema.  Não acredito ser possível resgata-la com apelos.   Sobre a “CRITICA”, penso que só é possível quando se tem informação suficiente e, imprescindivelmente, informação verdadeira, o que é difícil, chega a ser impossível em determinados assuntos. O jovem teria que buscar esta informação nos ensinamentos escolares, mas estes são “convenientemente” insatisfatórios. Será que falar em a escola promover o desenvolvimento da ética e da autocrítica, ministrando Filosofia a quem não lê plenamente, não é sonhar demais?  Como eu te disse, eu também tenho utopias na imaginação, mas sei que são só idéias a serem assimiladas ao longo dos séculos. Não espero nada com relação a esta utopia, pra agora, nada que eu   nem meus filhos e nem meus netos possam ver. Falar que as pessoas poderiam conviver de maneira sadia e ética sem o uso de dinheiro, sem um sistema monetário, é tão ou menos utópico quanto esperar ética na sociedade sem rigidez e punições, dentro desse nosso sistema de convívio, monetário e competitivo. É muito duro ver as ideologias transformarem-se em utopias, mas é a nossa vivência da realidade e dos fatos, que mudam as coisas de maneira transcendente, hereditária  e, o que hoje é considerado utopia, não necessariamente deverá sê-lo amanhã. Este é o meu consolo e acho que deve ser o seu também.Abraço

    #86016
    jota erre
    Membro

    Olá Brasil,Alegro-me em ver seu humor bom. Não que ele não existisse antes, como você explicou, mas eu simplesmente não o via. Também me alegro em ver que o humor antes desconhecido era, na verdade, entusiasmo: algo estimulante.Agora...

    Bem, eu preciso dizer algo sobre isto. Não há como querer comparar esse método experimental de “Filosofia para crianças”, com a ministração de Filosofia no Ensino Médio! O estudo da Filosofia requer leitura plena! Será que deveríamos incorporar um método experimental de ensino de “Filosofia sem leitura”, no Ensino Médio? ( Pra não colocar muitos pontos de interrogação eu apenas digo que estou espantado. )Veja, amigo, a minha observação de que a Escola só pode formar pessoas politizadas  se ela educar satisfatoriamente, lhe remeteu à doxo grega...   Mas o fato é que sem aprender os ensinamentos básicos necessários para o perfeito entendimento dos fundamentos filosóficos, não adianta ministrar Filosofia. Principalmente se estivermos falando em reduzir a carga horária das outras matérias, já tão precariamente ministradas.

    Na verdade, a filosofia já é ministrada a crianças já há algum tempo, especificamente nos EUA. Quase não menciono EUA. Sei que, ao ler, você deve ter pensado que a comparação era mais descabida ainda... e de fato é. Assim, antes de tentar continuar com o argumento, vou apresentar outro, anteriormente sugerido por nosso amigo "Oliveira, D", talvez não muito explicitamente:Todos sabemos sobre a dificuldade técnica que tornava a escrita algo não tão popular aos gregos antigos. Isto foi um dos fatores que fizeram Sócrates perceber que era melhor discutir filosofia, que seu estudo era melhor desenvolvido assim. Ele estava preocupado com a formação de filósofos, e não de estudiosos da filosofia. Outro fator que motivou o método socrático, foi a compreensão de que este ramo conhecimento não deve ser simplesmente estudado, deve ser vivido. Embora a expressão pareça poética, isso representa que Sócrates percebeu que a filosofia estava viva, no presente, no agora. E o que deveria ser discutido era justamente o presente, a vida social e os problemas que ela acarretava. Dado seu porte intelectual, ele buscava as coisas em seu sentido mais íntimo, partindo sempre das conceituações mais básicas para a compreensão dos problemas da sociedade. A filosofia era feita em praça pública. De que maneira? Pensando-se e discutindo-se. Sem leitura. E era perfeitamente possível."Ora", você responderá, "isso foi há mais de vinte séculos. Surgiram outros métodos, paralelos à enorme quantidade de informação que se tornou necessário discutir. Antes não havia tanto 'conteúdo' para pensar". CORRETO. No entano, embora filosofia tenha se desenvolvido, ela sempre consistiu nuna ação básica desde Sócrates: pensar. Pensar o mundo. Dentre as acepções da palavra "filosofia", temos uma que se refere ao "pensar" que qualquer um pode realizar: o espanto. Espantar-se com a realidade é ver-lhe algo diferente. É perceber que algo não está onde se esperava. Isto, com o devido estímulo, qualquer um pode fazer. Direcionar este espanto e estimular um estudo que venha a satisfazê-lo é tarefa do professor. E, no caso, do de Filosofia. A vontade de ler e estudar é consequência disso.É evidente que a ignorância, quando não domina as armas para combatê-la, causa medo e afasta quem se espanta. E corretamente, mas em outro sentido, você propôs "como ensinar filosofia para que mal sabe ler (ou nem sabe)?. No entanto, jamais eu disse que o professor de filosofia tem que trabalhar sozinho. Ele precisa dos outros professores. Precisa do domínio da Língua Portuguesa, precisa da abstração do pensamento matemático, de uma visão história da política, etc. E, nesse sentido, surge-nos um impasse que posso chamar de fenomenológico: como posso garantir algo que não depende apenas de mim?Em todo caso, se o aluno não pode contar com o domínio da linguagem, de conhecimentos historicos e os demais, pelo menos algo lhe pode ser ensinado: o ato de filosofar. Para pensar corretamente não precisamos de nada. Apenas de um cérebro sadio. Por isso a filosofia permanece com o homem. Mesmo numa ilha deserta, é possível fazer filosofia. Trata-se simplesmente da atitude que mencionei antes: a atitude de pensar. Que depende, lembremos, de uma decisão.

    Você também referiu-se a: “aprendizado de quê?”...  Disse que estamos tratando de uma diferença didática e metodológica não de conteúdo. Então eu penso que você está de acordo com o conteúdo assim como eu. Ou seja; É necessário aprender EFETIVAMENTE este conteúdo básico! Alegando manipulação política, você questionou os resultados apontados pelo ENEM... Eu preciso te perguntar se você considera que o ATUAL ensino dado aos nossos jovens é satisfatório. Se você diz que o ENEM está errado então quer dizer que o  Ensino é satisfatório? Para responder esta pergunta não se baseie pelos alunos que estudam em escolas públicas nos bairros ditos “de classe média alta”, pois nesses a cultura intelectual dos pais dos alunos é maior, e consequentemente a exigência  é maior, o que implica num serviço melhor... Baseie-se pelo aluno do Pq Santo Antônio na periferia de São Paulo. E não se esqueça que a grande massa está na periferia  e a minoria nos referidos bairros de classe média alta.     

    Ao criticar o ENEM, não me opus ao fato que indica seus resultados. Decerto, a educação no Brasil é realmente insatisfatória. E não me refiro apenas ao ensino, mas à toda a estrutura da educação. Mesmo uma educação "boa" no Brasil parece insatisfatória, pois, como eu já disse, muitas pessoas saem das universidades com uma carga imensa de estupidez e ignorância. A educação é ruim na infra-estrutura das escolas, no salário dos professores, no currículo ideologizado, e até nos resultados dos alunos em provas. O que quis dizer é que o ENEM e as provas semelhantes são uma espécie de "controle" que visa mais a acomodação às manipulações internacionais e seus índices estatísticos do que relamente uma "fiscalização" benigna da educação no país.Para saber que a educação está péssima, basta ver a imbecilidade que rege o país. Criminosos (criminosos mesmo) sendo eleitos como parlamentares, obediência cega aos padrões impostos pela televisão, "espectação" ridícula da vida de idiotas nos BBB's da vida, destruição massiva da arte em prol dos lucros da indústria cultural, etc.Não vou falar das excessões de pessoas esclarecidas, pois que são raríssimas.Outrora disse que a mídia trabalha contra a escola, mas na verdade problema é circular. A escola também não consegue educar "contra" a mídia, permitindo seu fortalecimento enquanto promulgadora da imbecilidade.

    Sabe, amigo, eu também tenho idéias utópicas, mas não me permito devanear quando estou falando de detalhes de um sistema do qual sou parte imediatamente interessada. O problema é estrutural e não é com esses detalhes que se muda as coisas. Essas diretrizes do Ensino, que você colocou, não passam de palavras vazias. E você mesmo reconhece isto quando diz que as leis que citou, são apenas diretrizes e que o problema mesmo é moral.

    Prezado, não se trata de utopia. Em momento algum mencionei que propunha um método revolucionário que iria resolver todo o problema da educação. O que estamos fazendo aqui, na verdade, é exercitanto nossa argumentação e raciocínio discutindo sobre problemas cujas soluções depende de tantos fatores que torna-se impossível. Na realidade, acho que até agora só encontramos problemas, e não soluções. Mas nada podemos fazer. Apenas discutir e tentar comprender melhor a coisa, para pelo menos ter esperança de que não somos loucos quando pensamos: "Ei, tem alguma coisa errada aqui!!...".

    Sobre essa “diferença didática e metodológica”,  essa coisa que você citou de “aprender fora da escola” ou algo assim, digo que  é muito inocente e ingênuo! Como TODOS nós sabemos, o ensino é ruim nas “regiões ruins”.  O que o estudante morador da periferia do bairro de Guaianazes vai levar de bom PRA DENTRO da escola? Essas políticas “espertas” de jogar nas mãos da população a resolução de seus problemas é muito conveniente para os administradores e gestores das coisas públicas, e logo, do dinheiro público, do gordo desprotegido e surrupiado erário público. Não demora passam a tranca na escola pública e mandam os país formarem intelectualmente os seus filhos em casa.

    Ao falar em diferenças didáticas e metodológicas, quis ressaltar que a educação sempre procurou soluções para a melhoria a cada época. Hoje, as tendências pedagógicas são várias. E a metodologia própria, inclusive, é propriedade de cada professor.Aproveitar o aprendizado "fora da escola", para Paulo Freire, consiste em utilizar de elementos contextualizados à região do aluno para ensinar. O que ele chama de "tema gerador". A educação informal se baseia na formação de grupos em comunidades, de maneira ainda sistematizada, mas fora da escola formal, com intuito educativo. Não há certificados, apenas aprendizado.Quando falei em educação não-formal, a educação não sistematizada pela qual simplesmente aprendemos "com o mundo", referi-me pejorativamnete àquilo que os meios de comunicação nos ensinam. Por outro lado, também me referi ao que a família ensina, ao que os amigos ensinam. Tanto quanto a mídia, a maioria das pessoas não se preocupam com a educação de ninguém. Trata-se de um problema ético. Ninguém está preocupado com ninguém, quando deveriam o estar, pelo menos para o bem de todos. Se vemos uma criança fazendo algo "errado" não pensamos em orientar. Por que? Essa mesma criança depois pode se tornar um criminoso e até nos matar. Este é o problema que, além de ético, também é moral.Digo moral citando um exemplo utópico e outro real: Platão defendia na República uma comunidade de filhos a fim de que todos fossem responsáveis pela formação de todos. Mas há, no Brasil, comunidades indígenas que têm esse pensamento. Todos são responsáveis pelas crianças.Pois é amigo, são apenas diretrizes... E a questão é moral. Então eu pergunto como podemos pensar em mudar esses detalhes no Ensino Público se sequer temos um ensino satisfatório? Ensinando Filosofia como estão ensinando Matemática e Português?  Se atualmente o aluno sai da escola sem saber ler e escrever perfeitamente, o que teria aprendido da Filosofia, caso resolvessem enfiar esta matéria no meio da carga horária? Fala-se em ministrar aulas de religião também... Se fizerem isto, quantos minutos por aula terão as matérias básicas e impreteríveis como Português e Matemática? 20 minutos por aula?  Reflita isto.Muitas escolas já têm "buracos" nos horários. E aí que se insere a Filosofia. Aliás, lembre-se que a LDB já ampara a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio. E as escolas estão criando soluções. Não creio que se possa diminuir a hora-aula oficial, nunca ouvi tal discussão.

    Por isso a necessidade, hoje, não só de trabalhadores, mas de cidadãos éticos e críticos, que saibam pensar sobre os problemas de sua sociedade, e tenham coragem de agir para minimizá-los.

    Coragem de agir em que sentido?

    É muito duro ver as ideologias transformarem-se em utopias, mas é a nossa vivência da realidade e dos fatos, que mudam as coisas de maneira transcendente, hereditária  e, o que hoje é considerado utopia, não necessariamente deverá sê-lo amanhã. Este é o meu consolo e acho que deve ser o seu também.

    Agir é pensar, e depois agir. A "revolução" é feita por nós mesmos em nosso cotidiano. Quando jogamos o lixo na lixeira, quando agimos contra a violência, quando agimos conforme à lei, enquanto outros não agem; quando defendemos a verdade, quando nos importamos em discutir o assunto. O pensamento ético fundamental já sabemos: "E se todos fizessem o mesmo?". Parece utópico, mas, se a humanidade não tem condições de pensar e agir assim, então ela merece sofrer o que sofre mesmo...(portanto, não teremos mais por quê nos preocupar...).Abraço.

    #86017
    Brasil
    Membro

    Todos sabemos sobre a dificuldade técnica que tornava a escrita algo não tão popular aos gregos antigos. Isto foi um dos fatores que fizeram Sócrates perceber que era melhor discutir filosofia, que seu estudo era melhor desenvolvido assim. Ele estava preocupado com a formação de filósofos, e não de estudiosos da filosofia.

    Se não fosse a escrita, jamais saberíamos disso. Escrita, leitura e discussão se complementam na evolução e transmissão das idéias ao longo do tempo. Uma imprescinde da outra.

    A filosofia era feita em praça pública. De que maneira? Pensando-se e discutindo-se. Sem leitura. E era perfeitamente possível.  (...)embora filosofia tenha se desenvolvido, ela sempre consistiu nuna ação básica desde Sócrates: pensar. Pensar o mundo. Dentre as acepções da palavra "filosofia", temos uma que se refere ao "pensar" que qualquer um pode realizar(...)

    Sim, uma das acepções de "filosofia" se refere ao pensar, outra ao conhecimento e outra à coerência no pensar.  Então, vamos transportar essa sua idéia ao nosso contexto específico, qual seja; os nossos despreparados alunos, discutindo filosoficamente e tentando encontrar soluções para problemas que os afligem, dos quais eles não têm o menor conhecimento de qual seja a origem ou o motivo de cada um deles. Segundo o que eu entendi, eles terão de fazer isso, ou seja, discutir os seus problemas políticos, sociais e humanos, baseados, ou tendo como argumentos iniciais,  premissas midiáticas, folclóricas e populares. Pois, para não ser parcial, condicionador, ou autoritário, não seria indicado nenhum filósofo específico, não seria indicada nenhuma fonte de pensamento, nenhuma vertente filosófica. Senão, cairemos naquelas perguntinhas : Marx ou Adam Smith? Nietzsche ou Kierkegaard?  Por favor exponha sua idéia sobre este aspecto.Depois comento mais...  Abraços

    #86018
    jota erre
    Membro

    fligem, dos quais eles não têm a menor idéia de qual seja a origem ou o motivo de cada um deles. Segundo o que eu entendi, eles terão de fazer isso, ou seja, discutir os seus problemas políticos, sociais e humanos, baseados, ou tendo como argumentos iniciais,  premissas midiáticas, folclóricas e populares. Pois, para não ser parcial, condicionador, ou autoritário, não seria indicado nenhum filósofo específico, não seria indicada nenhuma fonte de pensamento, nenhuma vertente filosófica. Senão, cairemos naquelas perguntinhas : Marx ou Adam Smith? Nietzsche ou Kierkegaard?  Por favor exponha sua idéia sobre este aspecto.

    Será justamente percebendo a superficialidade de seu "achismo" que o aluno, devidamente instigado pelo professor, poderá ter ânimo para querer conhecer visões mais aprofundas sobre determinados assuntos.Fazendo, como é de praxe na filosofia, indagações a respeito das raízes dos problemas, se chegará a estudar história da filosofia. Mas, se esse interesse surgir no aluno, então a maior parte do trabalho já terá sido feita.Abraço.

    #86019
    Brasil
    Membro

    Fazendo, como é de praxe na filosofia, indagações a respeito das raízes dos problemas, se chegará a estudar história da filosofia. Mas, se esse interesse surgir no aluno, então a maior parte do trabalho já terá sido feita.

    Acho que não. Se para ter um entendimento coerente dos problemas políticos, sociais e humanos ele vai precisar estudar a História da Filosofia, então este método de induzir os alunos a pensar nos problemas não estará mudando nada. De qualquer forma ele vai PRECISAR DE UM ENSINO SATISFATÓRIO, para poder estudar História da Filosofia. A única “parte do trabalho” que já teria sido feita é a de despertar o GOSTO pela Filosofia, nada mais. Para compreende-la e consequentemente aprofundar-se nas questões, ele teria que ter um ensino satisfatório também da História da Filosofia.Esse método não só não estaria mudando nada como também poderia ser usado como ferramenta para outros propósitos, a exemplo da Progressão Continuada ou “estatísticas continuadas”. 

    #86020
    Brasil
    Membro

    Em todo caso, se o aluno não pode contar com o domínio da linguagem, de conhecimentos historicos e os demais, pelo menos algo lhe pode ser ensinado: o ato de filosofar. Para pensar corretamente não precisamos de nada.

    Apenas do conhecimento.  ;D  Como ele vai saber o que está correto, para "pensar corretamente"?

    #86021
    jota erre
    Membro

    Amigo Brasil,Ter "gosto" pela Filosofia significa justamente perceber sua "utilidade". Assim o aluno já começa a perceber o que ela é.Se ele tiver esse "gosto" e, sendo orientado corretamente pelo professor, isso já não será suficiente para que ele tenha interesse em estudar a história da filosofia?Admito que tal história é importante. Mas o papel principal da filsofia no ensino médio não é fazer o aluno conhecê-la. Só isso seria inócuo. A questão é, se ele tem interesse pela filosofia, não poderá ter também por outras disciplinas, haja vista que o interesse, na verdade é pelo conhecimento? Considere que um dos problemas fundamentais do da prática pedagócia, hoje, é despertar no aluno tal interesse.Quanto ao "pensar corretamente". É claro que precisamos do conhecimento. Talvez eu tenha "pulado etapas", mas acrescente à minhas falas de antes o que eu disse acima.Abraço.

    #86022
    Ariadne
    Membro

    Fora as dificuldades inerentes à administração pública, sobre as quais o Brasil discorreu com muita lucidez, eu acho que a questão da deterioração do ensino público no Brasil é colocada de maneira enviesada. Não dá para comparar o ensino público do passado e do presente, pelo seguinte motivo: porque até a gestão de FHC os índices de evasão escolar eram elavadíssimos. Quando o país assumiu naquela adminstração o compromisso com a chamada universalização do ensino básico, reduzino o nível de analfabetismo até então escandaloso do país, passou a enfrentar, no âmbito educacional, desafios até então inexistentes, quando o ensino público era destinado a uma minoria, a uma elite de classe média apenas. Com a universalização do ensino público básico, o desafio na área de educação passou a envolver até questões ligadas a segurança pública, como o tráfico de drogas e violência nas escolas...

    #86023
    jota erre
    Membro

    Brasil,Copiei este post do tópico sobre as normas da língua portuguesa. Acho que aqui ele responde à questões anteriormente colocadas."A "picaretagem" do funcionalismo público, acredito, é uma maneira descabida de protestar contra as injustiças do empregador. Numa empresa privada, o funcionário não pode protestar. Em geral tem que admitir calado todas as arbitrariedades do "chefe". E sabemos que, tanto na esfera pública quanto na privada, os sindicatos são instituições fracas e quase falidas, que não têm a confiança dos sindicalizados e nem fazem por merecê-la.Reafimo que, na esfera pública, não se pode culpar um funcionário pelo erro de todos.Na esfera privada, o serviço talvez seja melhor, com professores atualizados. Somente espero que nós,  consumidores, não tenhamos a mesma desumanidade das empresas, pois esta "qualidade" também está fundamentada nas arbitrariedades que citei acima."Abs

Visualizando 15 posts - 16 até 30 (de 104 do total)
  • Você deve fazer login para responder a este tópico.