Início › Fóruns › Questões do mundo atual › Qual a diferença entre a Escola Pública e a Privada?
- Este tópico está vazio.
-
AutorPosts
-
08/02/2009 às 22:11 #86084AriadneMembro
Sou muito ressabiada em relação às conseqüências de “adaptar” especulações ou mesmo teorias científicas tipicamente pós-positivistas, caso também da chamada Teoria do Caos, a fenômenos sociais. Entre outras razões, porque acredito que os fenômenos sociais são potencializados pela cultura, o que não ocorre no caso das ciências físicas, por exemplo, que analisam fenômenos de ordem natural.Sua analogia me parece levar a uma suposição equivocada segundo a qual a evolução do ensino pode ser medida pela supressão dos expedientes punitivos. Isso me parece um erro não porque eu defenda o uso da palmatória. Mas sim porque não acho que a abolição desta permita dizer com um mínimo de objetividade que a evolução do sistema de ensino caminha no sentido de suprimir todos os recursos que premiam a disciplina e punem a indisciplina. A palmatória era um castigo físico violento e por isso inaceitável. Mas a partir da abolição da palmatória não se pode concluir que a evolução do sistema de ensino deva se manifestar pela supressão de todo e qualquer recurso punitivo. Vivemos hoje numa sociedade bastante diferente da que adotou e mesmo daquela que viveu a abolição da palmatória. Os problemas de nosso sistema de ensino e os desafios que esse tem de enfrentar já são outros, de outra ordem, talvez muito mais complexos, mas certamente bem diferentes daqueles tempos em que os pais de maneira geral consentiam e até estimulavam castigos físicos a seus filhos, hoje, corretamente, considerados inaceitáveis. Tudo bem, você pode me dizer: “Bem, mas no dia em que o sistema de ensino evoluir, só aí poderá efetivamente abolir quaisquer recursos punitivos, ainda que isso não seja possível hoje”. Ocorre que eu penso que não se pode medir a evolução do sistema de ensino com base nesse critério. Mesmo porque há dois elementos que, embora diretamente relacionados, não se podem misturar nessa questão. Um desses elementos é a qualidade do professor. Outro é o perfil do aluno. O método e o sistema de ensino devem no meu entender evoluir de modo a compatibilizar esses dois elementos. Só que a supressão de expedientes “punitivos” não reflete necessariamente essa compatibilização, uma vez que o aprimoramento de um dos dois elementos não implica em aprimoramento automático do outro. É preciso, sem dúvida, refletir sobre os meios necessários para melhor qualificar os professores. Mas, do lado do aluno, não se pode negligenciar variáveis fundamentais, porém, constantemente deixadas de lado, como educação familiar, valores do aluno (que também são difundidos via cultura de massas), etc. Ou seja, existem variáveis nessa equação que são externas ao sistema de ensino. Não estou dizendo, com isso, que nosso sistema de ensino seja satisfatório, muito longe disso. Apenas considero que a permanência de um algum tipo de instrumento punitivo (não estou me referindo a castigos físicos, espero que seja óbvio) não atesta essa falha. Assim como também não acho que a abolição de tais expedientes é indício da evolução de um sistema de ensino, pois este tem de encontrar meios para lidar também com falhas externas a ele.(continua...)
08/02/2009 às 22:12 #86085AriadneMembroContudo, a analogia feita em seu post, usando a teoria do Equilíbrio Dinâmico, sugere essa noção, ao considerar que, tendo o sistema de ensino atingido um dado estágio evolutivo, o aprendizado passa a se dar de forma natural. Creio que o comentário também envolve uma idéia romântica sobre o estudo, que identifiquei em todos os seus posts sobre o tema, segundo a qual pode se converter atividades como essa exclusivamente em prazer, como se fosse perfeitamente possível dispensar o essencial papel da disciplina, por exemplo, no processo educacional e de aprimoramento intelectual, ainda que este, no final das contas, acabe sendo efetivamente prazeroso quando, de tão exercitado, se transforma num hábito. Mas isso, por mais que o sistema de ensino evolua, não dispensa certa cota de sacrifícios.
10/02/2009 às 3:05 #86086LeksoMembroPrezada Ariadne,Primeiramente agradeço por sua resposta, tão atenciosa. Doravante sou seu admirador.Eu desconhecia a expressão "relativismo moral" — o que certamente ilustra minha inexperiência acadêmica do assunto. Pois, pelo pouco que ouvi dizer do Google, parece-me que você desvendou bem meu intuitivo posicionamento quanto à Moral, que sustenta muitas perspectivas que venho defendendo aqui.No entanto, creio ainda que minhas palavras não foram completamente compreendidas. Ao meu ver, a tal da "Teoria do Equilíbrio Dinâmico" não traz como consequência necessária a valorização da educação pelo prazer, ou a busca pelo "aprendizado de forma natural" (?) — muito embora eu pessoalmente não descarte a priori possibilidades pedagógicas. A consequência maior — se não for a única — é a certeza de que, como tudo exerce um papel na natureza, o que quer que seja retirado à força deixará uma lacuna, que será naturalmente preenchida, ainda que à custa de uma catástrofe. É como dizer que a prisão de Osama Bin Laden não encerrará o fanatismo religioso, e que, por outro lado, até poderá incitá-lo. Claro, isso não defende a liberdade dos terroristas; apenas atenta para a existência de uma causa mais fundamental, que pode valer a pena ser estudada.Concordo que tais concepções possam ser muito vagas ao tratarmos de fenômenos naturais complexos como a sociedade (não estou inconsciente de algum viés ideológico nesse emprego da expressão "fenômeno natural"), mas acredito que entre o estudo do movimento de uma pedra, de um barril de vinho pela metade, e de um povo, não haja diferenças de qualidade, mas apenas de quantidade de variáveis; de forma que tais três movimentos sejam perfeitamente calculáveis, desde que haja a ferramenta suficiente e o conhecimento adequadamente preciso. (Parece-me interessante observar que a "Teoria do Caos" sinaliza para os efeitos da imprecisão dos instrumentos e das medidas; nada afirmando quanto à inadequação dos métodos.) Não me parece um pensamento perigoso, pois creio que quem quer que ouse adotar essa linha de pensamento até as últimas consequências a abandonará muito antes da metade do caminho, por se desviar para problemas existencialistas, de maior importância subjetiva. No fim, o homem faz o que deseja ou o que deve; não o que pensa.Por fim, admito que sou romântico — e gosto muito de o ser. Já, por mais estranho que possa lhe parecer, não tenho convicções contrárias à disciplina — pelo contrário! —; apenas tenho sérias dúvidas quanto à conveniência de certos métodos disciplinadores. Creio que a disciplina possa ser ensinada através de métodos mais naturais: que demonstrem sua necessidade como meio, não como fim. — Eis por que me opus à sua opinião quanto à vantagem da norma ortográfica, pela disciplina. Sacrifícios sempre haverá, o que também não retira propósito do conceito de barbaridade. Sacrifícios sim — quando necessário.
16/02/2009 às 14:37 #86087BrasilMembroAo usuário Sr. Oliveira:O fanatismo é um problema sério! No outro tópico o senhor sugeriu a doutrina de Gramsci como forma de solucionar a problemática da tomada do poder político por parte do povo. “Para o povo chegar ao poder, basta ler Gramsci e colocar a sua doutrina em prática”. Muito bem! Acho que o Sr. deve ser daqueles que não fazem nada sem antes consultar o seu astrólogo ou coisa do tipo, não é mesmo?A “fórmula” de Gramsci consiste em aplicar ensinamentos marxistas às crianças e jovens nas escolas e com isso formar intelectuais de esquerda. Que “belo” método! “Fazendo isso o povo chega ao poder”. O que o senhor precisa saber é que isso já está sendo feito e os resultados estão se mostrando desastrosos! Eu sei que o Sr. gostaria que o próprio Gramsci aplicasse o seu método político-educacional aos nossos jovens... Mas o fato é que isso não é possível, assim como também não é possível o próprio Marx conduzir o povo ao poder. Então o que acontece? Os ideólogos contemporâneos é que fazem o serviço... Um serviço muito mal feito, ao que nos mostram as estatísticas. Independentemente de estar avaliando se a doutrina de Gramsci é boa ou ruim, eu já te digo logo que este método é vulnerável, é permeável, ou seja, pra ser bem claro: É manipulável. O Sr., romanticamente imagina que é possível aplicar ensinamentos marxistas às crianças e jovens, sem qualquer interferência dos opositores do marxismo. O Sr. romanticamente pensa que os opositores do marxismo e das teorias políticas de esquerda, assistirão passivamente os seus filhos recebendo ensinamentos marxistas na marra. O Sr. romanticamente imagina que as forças políticas e econômicas opositoras do marxismo assistirão passivamente o povo ser doutrinado para tomar-lhes o poder. Realmente é muito romantismo! Ou fanatismo.De acordo com o tanto de “corda” ou liberdade que o poder instituído, que é o poder econômico, dá aos ideólogos marxistas para sonharem com suas ideologias românticas, os ensinamentos marxistas/gramscistas serão aplicados, e, de acordo com os entendimento$ político$ entre as várias faces do poder constituído pelo poder econômico e os marxistas, se produzirão os seus efeitos. Os políticos marxistas contemporâneos do nosso País, com raríssimas exceções, estão todos vendidos. Só não vê isso quem é fanático como o senhor. Os que não estão vendidos, à medida que ganharem mais poder e, se ganharem mais poder, se venderão.Isto permite a condução dissimulada do capitalismo sob o manto do socialismo... Este é exatamente o nosso atual quadro político e governamental: Os marxistas votam junto com os capitalistas e o povo cumpre as leis... Os marxistas votam junto com os capitalistas e implanta-se a Progressão Continuada nas escolas públicas. Os marxistas votam junto com os capitalistas e provêm uma geração de semi-analfabetos.O método educacional atualmente usado nas escolas públicas é o método educacional do nobre e honrado Paulo Freire. O método de Paulo Freire segue e tem como base orientadora a doutrina político-educacional de Gramsci. Então eu não preciso ir muito longe para provar que este método é, ou esta sendo, uma ferramenta para prover a ignorância! Uma ferramenta para alinhar o povo por baixo, bem lá embaixo, numa escala progressiva cultural e intelectual. Sei que não era isso o que Gramsci queria... Mas também sei que é isto o que está acontecendo.Os marxistas, cuja filosofia na verdade induz à luta armada como proposta de ascensão do povo ao governo do País, servilmente ajudam os capitalistas a governar e obviamente negociam cargos nas diversas agências, empresas e órgãos estatais; Cargos disputadíssimos, cadeiras que valem bilhões. Diante disso o senhor ainda acredita que os marxistas ensinarão o povo a tomar o poder... Tá bom... Aos olhos idealistas e fanáticos nada desdiz suas teorias e ideais, nada demonstra seus erros e resultados contrários aos esperados. Qualquer argumento falacioso serve para manter suas idéias românticas acesas na mente. O Sr. sugere a implantação da Filosofia entre as disciplinas ensinadas nas escolas públicas... O senhor sabe que o vigente método educacional gramscista é um fracasso... O senhor sabe que as crianças estão terminado o ensino básico sem ler e escrever... Mas, mesmo assim o senhor acha que as escolas públicas deveriam implantar Filosofia entre suas disciplinas... Eu não preciso pensar muito para saber que essa filosofia que o senhor julga que deveria ser implantada nas escolas públicas é a filosofia de Marx. O senhor quer que as crianças e jovens aprendam a doutrina de Marx, na marra... Eu não concordo com esta prática. Eu não tenho nada contra Marx, até o considero um bom filósofo, e como todos que lêem os tópicos deste fórum em que eu manifesto minhas opiniões sabem, condeno e critico muito mais o capitalismo que o comunismo. O Comunismo é um erro bem intencionado e o Capitalismo é um erro com requintes de perversidade. Mas o marxismo induz à guerra e eu considero isso desnecessário, uma vez que a guerra não acaba na tomada de poder. Aí é que ela começa perante o mundo capitalista.Eu até agora não sei com que bases os resultados do ENEM estão sendo desqualificados neste fórum... Eu não sei se tem muita gente por aí entendendo que o Ensino Público está prestando um bom serviço no ensino básico e no ensino médio dos nossos brasileiros... Eu não sei se eu estou contra ou a favor da correnteza, mas a minha opinião é que o método gramscista de Paulo Freire está sendo desvirtuado. Não há ideologia que me faça aceitar o fomento da ignorância! Não vi argumentos contrários neste fórum! Só vi o senhor atribuir unicamente aos meus olhos, tudo o que TODOS estão vendo: O ensino é péssimo e o método que levou a isso é marxista/gramscista.Para explicar o péssimo ensino ministrado pelos professores de Rede Pública, o senhor usou o argumento falacioso dos “baixos salários”. Ora, é de se argumentar que de baixos salários os brasileiros estão vivendo! O salário mínimo no Brasil não representa nem 25% do padrão apropriado para o sustento de uma família. E o salário mínimo orienta os demais salários... Alegar que recebem baixos salários significa alegação nenhuma, pois SEMPRE os salários foram baixos e NUNCA o Ensino Público foi tão ruim! O argumento falacioso dos “baixos salários” também foi desmentido neste mesmo debate, pois foi feita uma rápida pesquisa de informação na internet que comprovou NO MÍNIMO, a igualdade de salários dos professores da Rede Pública com os da Rede Privada. Realmente me parece muito fanatismo o senhor dizer que os professores da Rede Pública são submetidos à exploração aviltante! Veja que o senhor usou este “argumento” impensadamente, pois até agora, o senhor já foi xingar-me no outro tópico, já classificou o meu pensamento, já pôs-me apelido, eu já lhe fiz vários apelos e, o senhor não me diz à QUAL exploração aviltante os professores da Rede Pública são submetidos. O senhor não concorda que a sua recusa em explicar suas palavras impensadas é um forte indício de fanatismo irresponsável?Vou aguardar as respostas, mas, por favor, não me atinja “tão profundamente” respondendo que defendo o capitalismo, o mercado, os burgueses, etc. Minha opinião é aquém de ideologias e doutrinas escritas e aplicadas. Não tente explicar todas estas observações acima, categorizando à sua maneira marxista com traços infantis, a minha conduta. Também não tente “decifrar” minha personalidade. Isso é ridículo e NÃO EXPLICA as SUAS PROPOSTAS. Atenha-se às observações e fatos relatados no âmbito do assunto debatido.Até mais.
26/02/2009 às 16:41 #86088AriadneMembro“O fanatismo é um problema sério! No outro tópico o senhor sugeriu a doutrina de Gramsci como forma de solucionar a problemática da tomada do poder político por parte do povo. “Para o povo chegar ao poder, basta ler Gramsci e colocar a sua doutrina em prática”.” Não estou defendendo a classe dominante. Simplesmente não consigo compreender como alguém possa acalentar essa idéia, onipresente, que parece associar uma hipotética tomada de poder pelo povo com o fim de classes dominantes...
03/03/2009 às 3:08 #86089LeksoMembroCaham… Pois…
Não estou defendendo a classe dominante. Simplesmente não consigo compreender como alguém possa acalentar essa idéia, onipresente, que parece associar uma hipotética tomada de poder pelo povo com o fim de classes dominantes...
Tenho impressão de que a Filosofia pode ser uma bom tônico para a Educação. Talvez não qualquer filosofia: talvez especificamente a filosofia que envolva paixão. Fico pensando: — Qual terá sido a importância do marxismo para o sucesso do método Paulo Freire? E o que explica a relativo fracasso do Mobral? — Claro, a diferença deve estar de alguma forma associada à genialidade e ao entusiasmo do Paulo Freire (em oposição à sonolenta burocratice do Mobral), mas talvez possamos tirar algum argumento a favor da Filosofia no Ensino Fundamental. Já afirmar se isso deve ser feito através de currículo ou se deve ocorrer a critério do próprio educador... Será que a diferença estaria na Filosofia ou mais especificamente na paixão?... Será que o método Paulo Freire teria tido a mesma força se não tivesse elementos ideológicos?... Sinto que alguma coisa há por essas bandas...Tenho impressão de que há certa chama capitalista embutida no ensino privado; certa valorização do individualismo, do espírito de competição, etc. Coisas que não existem tanto no ensino público, onde o viés socialista tem, relativamente, maior receptividade. Levanto a possibilidade de que esse viés político tenha sua importância no processo educativo, mas como elemento puramente inspirador, sendo indiferente a ideologia em si mesma (tratando-se do desenvolvimento estritamente intelectual do educando). Por outro lado, pode significar apenas que os bons educadores sejam também habilidosos na arte de disseminar as próprias convicções políticas.De qualquer forma, entre um professor de História capaz de ensinar História razoavelmente e um professor de História que nada ensine sobre História, mas que ensine com maestria, em toda a sua complexidade, a ideologia do próprio professor (qualquer que seja a ideologia!), não me parece ser óbvio afirmar qual dos dois fornece a semente mais valiosa para o desenvolvimento da humanidade. Às vezes aprender bem importa mais que aprender o quê. — Ou será que o conhecimento do teorema de Báskara é mesmo "fundamental" para todos os nossos cidadãos?
04/03/2009 às 1:58 #86090Oliveira, D..MembroBoa noite!Caro companheiro Lekso, achei muito interessante o debate proposto por você, colocando em movimento a relação ou a dicotomia no processo de ensino-aprendizagem, no que concerne ao conteúdo e aspectos metodológicos da replicabilidade e socialização de informações e conhecimento, principalmente quando traz a problemática abaixo:
Será que a diferença estaria na Filosofia ou mais especificamente na paixão?... Será que o método Paulo Freire teria tido a mesma força se não tivesse elementos ideológicos?
Nesse sentido, gostaria de proceder com alguns comentários, complementando, dentro de minhas possibilidades, e trazendo outros elementos para o debate.Para colocarmos a dimensão da paixão conforme apresentado, a partir de bases concretas, ou seja, não somente vinculada a qualquer ideologia, mas também, a partir do sentimento despertado nesse processo de ensino-aprendizagem, penso que é preciso considerarmos alguns aspectos. Assim, penso que a paixão emerge do acreditar, isto é, você não acha que o fato do brilhantismo freireano e ainda, sua importância no contexto nacional deu-se, fundamentalmente, por acreditar na utopia da transformação social via educação como forma de politização dos sujeitos sociais, tendo com fundamento a perspectiva do sujeito enquanto mente e mãos, ou, nas palavras do pensador "se não educo as mão, ele fica aleijado" (FREIRE, 1996, p.35)?!. (Aqui realmente é uma pergunta)Nessa perspectiva, do acreditar, contextualizando o Mobral, se em meio ao método freireano, estávamos diante da efervescência do socialismo no leste europeu, na realidade do Mobral, no Brasil ainda havia a necessidade de alfabetizar uma massa eleitoreira para reprodução do status quo. Dessa forma, nesse contexto, qual seria o elemento impulsionador da paixão diante do equívoco em acreditar que seria possível educar o cidadão à revelia da situação econômica e política do país? (Outra pergunta, para contribuir no debate)Por um lado havia a utopia do socialismo, do outro, o tecnocratismo do Mobral. Se parte da utopia é erguida pela paixão, no tecnocratismo, como pensar em paixão se "a burguesia rasgou o véu da emoção e da sentimentalidade das relações familiares e reduziu-as a mera relação monetária" (MARX; ENGELS, 2001, p. 28).?! (Nova pergunta)É preciso lembrar que, mesmo que na história brasileira, em meio a articulação do moderno e do arcaico, não observou-se uma burguesia revolucionária, foi na herança conservadora latifundiária que viabilzou-se a operacionalização dos elementos norteadores e balizadores da imposição do capital e do consequente aprofundamento da Questão Social, ou seja, ampliou-se o conflito entre capital e trabalho.
Qual terá sido a importância do marxismo para o sucesso do método Paulo Freire? E o que explica a relativo fracasso do Mobral? — Claro, a diferença deve estar de alguma forma associada à genialidade e ao entusiasmo do Paulo Freire (em oposição à sonolenta burocratice do Mobral)
Talvez você responda por completo sua indagação, sem a necessidade de maiores elucubrações. Mas ressalto que a possibilidade de uma nova ordem social, aliada a uma teoria transformadora, operacionalizada por uma mente brilhante, só pode despertar paixão para que os que compartilham desse ideário, e repulsa para os que assim não o são. Na contrapartida, a sonolenta operacionalização de um Estado erguido para interesses privados, o Mobral somente seria útil enquanto cumprisse sua função social, naquele contexto, educar a grande massa eleitoreira.
Será que a diferença estaria na Filosofia ou mais especificamente na paixão?... Será que o método Paulo Freire teria tido a mesma força se não tivesse elementos ideológicos?...
Pelo esboço que trazemos, acredito que não.
Tenho impressão de que há certa chama capitalista embutida no ensino privado; certa valorização do individualismo, do espírito de competição, etc.
Uma labareda!!
Por outro lado, pode significar apenas que os bons educadores sejam também habilidosos na arte de disseminar as próprias convicções políticas.
Concordo com você e temos muitos exemplos de grandes nomes na sociedade brasileira, desde presidentes, à filósofos e sociológos, não se fazendo necessário nomear nenhum desses. Parte da reprodução desse sistema explorador reside nesse viés conservador no processo de formação e educação dos "cidadãos". E aí educação ganha uma conotação muito mais profunda do que a educação formal institucionalizada, pois, passa a determinar uma "fração do modo de vida dos grupos sociais que a criam e recriam" (BRANDÂO, 1981, p.11).
não me parece ser óbvio afirmar qual dos dois fornece a semente mais valiosa para o desenvolvimento da humanidade. Às vezes aprender bem importa mais que aprender o quê. — Ou será que o conhecimento do teorema de Báskara é mesmo "fundamental" para todos os nossos cidadãos?
Aqui talvez esteja a espinha dorsal da problemática. Qual percurso seguir? Que sociedade queremos? É possível superar o status quo social? Nesse sentido, acredito em dois caminhos possíveis, o percorrido historicamente ou buscar uma nova ordem societária. Fico com a segunda, mesmo com todos os entraves. Portanto, não sei se conseguiremos fugir a questão ideológico, pois, como dizia o filósofo "quem diz não fazer política, já pratica uma política conservadora”.att
28/03/2009 às 4:25 #86091LeksoMembroAssim, penso que a paixão emerge do acreditar, isto é, você não acha que o fato do brilhantismo freireano e ainda, sua importância no contexto nacional deu-se, fundamentalmente, por acreditar na utopia da transformação social via educação como forma de politização dos sujeitos sociais, tendo com fundamento a perspectiva do sujeito enquanto mente e mãos, ou, nas palavras do pensador "se não educo as mão, ele fica aleijado" (FREIRE, 1996, p.35)?!. (Aqui realmente é uma pergunta)
Parece-me, caro Oliveira, que a paixão de Paulo Freire foi fundamental nesse processo. Mas a paixão — e não, ao menos necessariamente, a ideologia. Tomemos por hipótese dois profissionais de Pedagogia apaixonados por suas ideologias políticas: um deles apaixonado pela proposta socialista e o outro pela proposta capitalista (i.e., um empreendedor). Ora, pelo menos à primeira vista, é fácil imaginar qual dos dois teria mais tendências humanitárias e qual teria tendências egoísticas. Prosseguindo a analisar tal caso superficialmente, poderia soar obvio que o educador de orientação socialista fosse mais propenso a educar apaixonadamente, por ser também mais propenso a amar aos seus alunos (ou à sua "missão" de educador); portanto, tenderia a ser um educador mais eficiente que o educador capitalista (por sua vez, egocêntrico).Ocorre que, numa análise mais profunda, esse pensamento não me soa convincente; parece-me que a paixão pela Educação é indiferente a orientação política do educador. Observe-se que, embora Paulo Freire tenha sido um exemplo singular — pelo seu papel social —, talvez tenha havido (ou haja) na esfera privada outros educadores tão ou mais eficientes em sala-de-aula que ele. Estes talvez se encontrem também entre os que constroem grifes no mercado escolar; talvez, tão apaixonados por suas profissões quanto Paulo Freire (ou até mais), embora, no plano político, tenham mentalidades capitalistas. É, inclusive, curioso que Paulo Freire pareça ser exemplo tão isolado, apesar de ter surgido numa época em que sua ideologia fosse tão ferozmente reprimida, em contrapartida à atual liberdade de expressão.Ademais, também não posso admitir que o capitalismo impossibilite a paixão pela humanidade, assim como o socialismo não é capaz de a impor naqueles que estejam sob seu regime. As questões me parecem ser de alçadas distintas — sem prejuízo da minha abertura para discussão.
28/03/2009 às 4:40 #86092LeksoMembroAssim, penso que a paixão emerge do acreditar (...)
Há o que se discutir nesse ponto...
01/04/2009 às 14:39 #86093BrasilMembrohttp://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1054871-5604,00-NO+ES+ALUNOS+ERRAM+NO+PORTUGUES+EM+FAIXA+CONTRA+AUMENTO+DE+CARGA+HORARIA.html Almentar a carga oraría não!!! Nóz não pressiza estudar tamto açim!! Iço é dimais!! Já xega!!
06/06/2009 às 3:32 #86094105_torre_norteMembroEm conversa com alguns professores certa vez, ouvi que uma das diferenças entre a escola pública e a escola privada esta em casa. ou seja, os pais daquele aluno de escola particular – por saber da importancia da aquisição do conhecimento escolar – cobra mais do seu filho e da escola que consome parte de seu salário. Já os pais daquele aluno da escola pública – por incontáveis motivos – não exige tanto, nem dos filhos nem da escola. Evidente que este pensamento reflete uma generalização muito grande, contudo acredito que seja real.
06/06/2009 às 4:54 #86095BrasilMembroÉ a velha questão: O Zé Povinho é pobre e ignorante porque não tem educação, ou não tem a Educação porque é pobre e ignorante?O Zé Povinho consome porcaria cultural porque é ignorante, ou é ignorante porque consome porcaria cultural?
28/06/2009 às 15:54 #86096CleoniceMembroA escola publiica talvez tenha um pouco de descuido por parte dos governantes, faz com que temos muitas nos ruim na média do país, já escola privada por está sendo paga os responsaveis cuidem mais da qualificação dos profissionais…
17/07/2010 às 3:59 #86097crisbodartMembroA diferença salarial dependerá da escola que trabalhar. Um IFES, mesmo público, paga mais um professor do que muitas escolas particulares.Dependendo da escola particular, o salário é bem interessante.Cada caso é um caso.http://cafecomsociologia.blogspot.com/
-
AutorPosts
- Você deve fazer login para responder a este tópico.