Início › Fóruns › Questões do mundo atual › Qual a diferença entre a Escola Pública e a Privada?
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26/01/2009 às 6:20 #86054LeksoMembro
Enfim... Esta é a dialética que, segundo o meu ponto de vista, girou em torno do assunto da “Filosofia pra crianças”.
Pois, prosseguindo, creio que o pensamento filosófico possa ser estimulado tanto em crianças quanto em adolescentes e adultos, com bons resultados pedagógicos. Cumpre lembrar do fenômeno educacional que foi Paulo Freire, cujo método consagrado, específico para a alfabetização de adultos, tinha como ingrediente especial o estímulo ao pensamento crítico — no caso, de orientação marxista. Creio que esse problema da "orientação doutrinária" seja de menor relevância, desde que haja estímulo à crítica. É claro, o objetivo da escola não é a formação de discípulos ou especialistas em nenhuma corrente filosófica, mas o desenvolvimento de espíritos críticos — muito mais que meros conteudistas. Espero, caro Brasil, que não tenhamos que esperar pelo surgimento de uma corrente filosófica conveniente para todas as partes para que se comece a introduzir o espírito filosófico nos alunos de escolas públicas. Toda educação é política, assim dizia Paulo Freire. É política também a educação infantil que diz que a criança "deve ser aplicada nos estudos", ou que "não deve bater no irmãozinho". O colega Brasil não admitiria que acabo de citar exemplos de "condicionamentos arbitrários"? Pois no ensino fundamental também se ensinam noções — ainda que vagas — de direitos humanos; ensina-se ecologia e também toda sorte de noções de boas-maneiras. Falta, talvez, uma chama; uma paixão pelos "porquês", que a Filosofia é capaz de fornecer. Não me refiro a "uma filosofia", mas ao próprio pensamento filosófico, que transcende a qualquer doutrina, sem se deixar prejudicar por esta, seja qual for. Independentemente do que tenha despertado o espírito crítico, este saberá escolher a partir daí as influências que melhor o satisfizerem.Esperar que o aluno "leia e escreva perfeitamente" até que comece a receber as lições filosóficas me parece perigoso. Bem, eu não diria que leio ou escrevo perfeitamente; até arrisco dizer que tenho essa mesma impressão em relação a todos aqueles que já tenham lido um texto filosófico na vida. Por outro lado, se abrandarmos esse parâmetro inatingível de perfeição, ainda assim eu discordaria da idéia. Lembro-me de alguns ultrapassados professores de piano, que fazem com que os iniciantes se debrucem sobre exercícios durante anos até que comecem a ensinar a primeira música. Esses mesmos professores, hoje quase em extinção, são os que mais sentem falta da palmatória; afinal, na falta de estímulo natural para o aprendizado...Pois, ao meu ver, a Filosofia, tanto no ensino fundamental quanto no ensino médio, pode ser de grande auxílio para a formação intelectual e crítica, bem como para a formação de conteúdos — já que, com uma base crítica, os alunos tenderão a assimilar com maior facilidade as lições aprendidas; não somente para as avaliações, mas também para todo o seu desenvolvimento posterior. Se for o caso, tanto Nietzsche quanto Kierkegaard serão muitíssimo bemvindos — e é até melhor que venham juntos!
26/01/2009 às 6:39 #86055LeksoMembroAh, já ia me esquecendo de observar: deixando de lado a controvérsia quanto ao marxismo, é interessante considerar que Paulo Freire não formou analfabetos funcionais.
26/01/2009 às 16:48 #86056BrasilMembroOlá Lekso
Toda educação é política, assim dizia Paulo Freire. É política também a educação infantil que diz que a criança "deve ser aplicada nos estudos", ou que "não deve bater no irmãozinho". O colega Brasil não admitiria que acabo de citar exemplos de "condicionamentos arbitrários"?
Claro que concordo que são condicionamentos, mas absolutamente NÃO são arbitrários! São consensuais! Não há alguém em sã consciência neste mundo que não concorde com estes condicionamentos. Eles são baseados em conceitos universais, não há por que serem chamados de arbitrários. “Arbitrário” significa: que não obedece regras, considerado à sorte, à revelia.
Se for o caso, tanto Nietzsche quanto Kierkegaard serão muitíssimo bemvindos — e é até melhor que venham juntos!
Eu só acho que você está superestimando a capacidade dos nossos estudantes do Ensino Público... Se entender Nietzsche é coisa complicada pra quem cursa o Ensino Superior, eu fico imaginado os nossos jovens do Ensino Médio “lendo” e entendendo este e também Kierkegaard juntos... Alias, esse negócio de “entender Nietzsche” não existe; todos pensam que entenderam. :DTambém não me entra na cabeça o fato de incorporar outra disciplina na grade, sem antes resolver a ineficiência da Escola, ou a grave deficiência constatada nos alunos. Me parece algo como; adicionar um fardo a quem não está conseguindo carregar nem a sua mala.
Ah, já ia me esquecendo de observar: deixando de lado a controvérsia quanto ao marxismo, é interessante considerar que Paulo Freire não formou analfabetos funcionais.
Eu concordo.
26/01/2009 às 22:09 #86057jota erreMembroOlá, Brasil,Você me critica por apresentar casos isolados para analisar o que aqui está em questão. Concordo que, para a Filosofia, isto é realmente um erro. No entanto, apresentei esses casos a título de reflexão, de forma a fomentar uma discussão sobre a amplitude e a validade dos argumentos que você apresentava.Mas, responda-me, quando diz:"Minha opinião tem como base a observação do ensino aplicado aos alunos até a 8ª Série nas escolas de minha região (que são os colegas de minha filha e eu tenho um contato mais direto)"e"Eu moro na Capital de São Paulo e posso constatar a alta incidência de alunos do Ensino Público, totalmente despreparados, atrasados"Você não está fazendo o mesmo? Aqui estamos falando sobre Ensino Básico, que abarca a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Aoque parece, você critica todo o Ensino Médio com base em uma única escola do Ensino Fundamental. É isso? Como lhe disse, apresentei casos particulares apenas para reflexão, mas você afirma que eles são a base de todo o seu pensamento. Isso não parece um contra-senso?Você sabia que os indices estatísticos são formulados tendo por base praticamente apenas o sul e sudeste do país? Isso também não é problemático?Só por dúvida, sobre a reposição de aulas, quando você fala:"Sim, isso SE eles repusessem alguma aula aos sábados... Eles não repõem NADA, NUNCA! Só fica no “acordo” com o governo, mas na prática não repõem NADA, NUNCA!"Está fazendo o mesmo?Entendo que você não se posicione contra os direitos do funcinalismo público ou ao aumento de seus salários. O que espera é que eles simplesmente trabalhem mais, uma vez que "servem à comunidade".Mas entenda, essa "fúria produtiva" que você espera nunca aconteceria. O modelo de produtividade que você propõe é mais próprio do socialismo ou do comunismo, onde, uma vez que os indivíduos não dominam os meios de produção, resta-lhes trabalhar pelo "bem comum". No sistema em que vivemos, ninguém trabalha pelos outros. Se o professor da escola particular se "esforça" mais, não é porque pensa nos alunos. É porque pensa em manter seu emprego.Como você espera fazer com que o funcionário público tenha tal "fúria produtiva"? Tirando sua estabilidade, ou simplesmente pondo uma faca no pescoço dele? Ou, talvez, privatizando o ensino?Quando você, romanticamente, como disse o Oliveita, insinua que o funcionário público descontente deveria simplesmente buscar a iniciativa privada, é realmente algo ingênuo. Eles não podem simplesmente sair de um emprego estável e ir para outro sem estabilidade, apenas porque estão descontentes. A situação econômica do brasileiro não permite esse luxo.Ademais, você constantemente tem-me atribuido um método de "Filosofia sem leitura", que eu definitivamente não formulei.Quando falei sobre filosofia para crianças, estava apontando o método de Lippman, que trabalha com "novelas filosóficas" a alunos do ensino fundamental. Consiste, também, em simplesmente estimular a criança, de diversas formas, a usar o raciocínio para resolver questões de seu cotidiano.Ao explanar mais sobre a questão, já sem a fonte de Lippman, falei sobre uma instrumentalização feita no ensino médio que antecederia o ensino de Filosofia. Isso para que o aluno não começe a disciplina estudando logo a História da Filosofia, que não compreenderia.Você supôs essa metodologia impossível porque, pelo que parece, julgou que TODOS os alunos do Brasil saem do ensino fundamental analfabetos ou semi-analfabetos. Ou pelo menos uma grande maioria.É certo que os alunos da escola pública saem com "deficiências" do ensino fundamental, mas daí a dizer que todos ou quase todos não podem ler textos simples, é um exagero.Jamais defendi que se poderia ensinar Filosofia sem o uso da leitura. Mas jamais supus como Lekso ilustrou, que é necessário uma leitura "perfeita" para entender a disciplina minimamente. Se fosse por isso, deveríamos banir do currículo também as disciplinas História, Geografia, Língua Portuguesa, a Matemática e todas as outras, porque TODAS elas imprescindem de uma leitura bastante atenta.Ou seja, se os alunos não aprendem a ler no Ensino Fundamental, devem simplesmente parar de estudar. Isso é consequência das suas afirmações.Cabe lembrar que, até por força de lei, muitas escolas no Brasil já trabalham com a disciplina no Ensino Médio.Quanto o currículo da disciplina, isso vai depender do programa de cada estado. E aí a problemática já apontada sobre o ENEM e afins.Se os alunos vão estudar Kant ou Hegel, isso é secundário. Em física se dá ênfase ao estudo de Newton, e não de Einstein. Isso torna o ensino da Física impossível? A língua portuguesa estudada é estruturalista, baseada na gramática normativa. Mas há outras perspectivas, com a Linguística do Uso. Todas as disciplinas passam por isso.Em filosofia, talvez, esse problema seja até menor. Pois o que faz a diferença, no aluno dessa disciplina, não é se ele conhece mais o pensamento de um filósofo, mas se ele adquiriu certas habilidades ao estudá-lo.Ok...
26/01/2009 às 22:26 #86058jota erreMembroOlá, Lekso, bemvindo.Considero bastante pertinente suas considerações a respeito da Filosofia no Ensino Médio, mas digo-lhe o seguinte:A LDB, antes da última alteração, apontava a Filsofia justamente no sentido em que você defende: interdisciplinar e transdisciplinar. Ela já estava presente, mas não estava. O ensino da filosofia cabia a todos os professores, na medida em que trabalhassem com temas transversais.Algo que lembraram, depois de várias discussões, é que o profissional licenciado em Filosofia EXISTE.Uma vez que os princícios trabalhados ao longo de toda a LDB supõem conhecimentos filosóficos, era sim, necessário, não deixando a filosofia perder seu caráter multi e transdisciplinar, ter-se um profissional de filosofia para trabalhar detidamente com tais conceitos, eis que os licenciados em outras áreas certamente não tinham condições de fazê-lo.Quanto aos links que você apresentou, todos dizem respeito ao ensino no estado de São Paulo. Eles não servem de parâmetro para o resto do país.Abraço.
26/01/2009 às 22:59 #86059LeksoMembroBem, hoje meu tempo está mais curto, mas não resisto a comentar quanto a esta passagem:
Toda educação é política, assim dizia Paulo Freire. É política também a educação infantil que diz que a criança "deve ser aplicada nos estudos", ou que "não deve bater no irmãozinho". O colega Brasil não admitiria que acabo de citar exemplos de "condicionamentos arbitrários"?
Claro que concordo que são condicionamentos, mas absolutamente NÃO são arbitrários! São consensuais! Não há alguém em sã consciência neste mundo que não concorde com estes condicionamentos. Eles são baseados em conceitos universais, não há por que serem chamados de arbitrários. “Arbitrário” significa: que não obedece regras, considerado à sorte, à revelia.
Entendo como arbitrário aquilo que é definido por um árbitro, alguém (ou algo) tido como soberano. No caso acima, o árbitro aparece sob nomes como "consenso" (?), "pessoas de sã consciência" (?) e "conceitos universais" (?). Acho pertinente lembrar que muito do que já se promoveu sob esses títulos mais tarde foi chamado de abominação.Grande abraço a todos!...
26/01/2009 às 23:54 #86060BrasilMembroOlá jota erre
Quanto aos links que você apresentou, todos dizem respeito ao ensino no estado de São Paulo. Eles não servem de parâmetro para o resto do país.
É interessante essa sua opinião... As quatro referencias do Estado de São Paulo não servem de parâmetro, já o contracheque do seu amigo professor no Pará, serve? Ok. Daqui por diante quando eu quiser alguma referência do meu País eu a buscarei no Pará, claro...
27/01/2009 às 2:11 #86061Oliveira, D.MembroOlá Lekso.Primeiramente gostaria de agradecer sua contribuição no debate, sobretudo ampliando e enriquecendo a discussão, principalmente, no que refere-se o “ensino” da Filosofia, ou o despertar filosófico às crianças e adolescentes em escolas públicas.Achei muito interessante suas colocações acerca do risco em se esperar que aprendamos a ler e escrever corretamente para começarmos a filosofar, pois, isso é querer manter a grande massa da população no mais completo estado de alienação e não o contrário como preconizado pelo caro Brasil.Caro jota erre suas considerações foram importantes, evidenciando que, muitas vezes, o que aparece como exceção, na verdade é mais comum do que se imagina no contexto brasileiro.Acredito que, por vezes, faz-se necessário trazermos para o debate os lugares mais esquecidos do Brasil, para evidenciarmos aos nobres companheiros que a realidade social é mais ampla do que as relações estabelecidas em um selecionado grupo no sudeste brasileiro.Como não poderia deixar de ser, vamos debater com o nobre pragmático e positivista Brasil, que agora faz uso de algumas falas do filósofo da prática Philipon.
Eu nem sabia que eu tinha uma! Talvez o fato de eu apontar de forma objetiva e contundente a cultura de indolência que abarca o funcionalismo público na Educação, tenha lhe sugerido alguma “política educacional”... Não é. Pode ser no máximo uma política de contrapartida na relação servidor público/cidadão.
Cabe ressaltar que em momento algum colocamos que o serviço público prestado na atualidade seja de qualidade, apenas defendemos que a precariedade na prestação de serviços não se resolverá pela usurpação de direitos assegurados por meio de lutas. Acredito que saiba que o problema estrutural do Brasil é muito mais profundo, mas como não quis remeter a história buscando a profundidade do processo, fiquemos na contemporaneidade.Não faz-se necessário explicar o que é pragmatismo, pois conheço minimamente, caso contrário não utilizaria para analisar seu discurso.
A ironia por vezes é mais filosófica que milhares de palavras que tentam incutir um pensamento doutrinário e condicionador, um pensamento baseado em idealismos e filosofias sociais de 1870.
Talvez, considerando como exceção você e o filósofo da prática Philipon, não consegui encontrar em nenhuma outra leitura algo que melhor explicasse as raízes mais profundas do processo de espoliação das quais somos todos prisioneiros. Deixo as mesmas recomendações de outrora: quando sua filosofia social contemporânea, seu idealismo, ou coisa que o valha, for publicado, constituindo o “divisor de águas para gerações futuras”, lembre-se desses momentos e, peço encarecidamente, que me mande um volume, apenas para estudar um pouco mais aprofundadamente sua perspectiva conservadora.
Sabe, amigo, você iniciou as suas mensagens neste fórum, cheias de conteúdo colhido em excelentes livros e também em opiniões alheias, classificando e rotulando as pessoas e os seus pensamentos com terminologias marxistas, etc., mas, bastou ver-se diante de perguntas mais profundas, mais focalizadas num determinado ponto específico, para você demonstrar que não tem mesmo pensamento próprio. Você está fugindo das minhas perguntas como o diabo foge da cruz
Desculpe caro amigo, mas tenho que concordar novamente com o nobre jota erre. Sua capacidade em transformar a discussão é visível, mas não impressiona, pois, é o que se tem de mais comum no conservadorismo. Mas retomemos as discussões anteriores e verificaremos quais as questões mais profundas e quem as deixou de responder.
Está me acusando de coisas das quais imagina que eu perderei meu tempo atendo-me a desmenti-lo... Por favor, já lhe disse que dispenso as suas classificações e avaliações sobre a minha pessoa. Atenha-se aos assuntos pertinentes ao tópico e não tente explicar na minha pessoa um PROBLEMA que é de MILHÕES DE PESSOAS das mais diferentes doutrinas e comportamentos.
Não entenda como algo pessoal. Não estou classificando a você, mas identificando em sua fala algumas correntes norteadoras, até aqui as mais conservadoras.
Eu e os demais leitores deste fórum esperamos atenciosamente a suas colocações mais detalhadas acerca da sugestão de reivindicação popular.
É claro que nesse tópico não há espaço para discutirmos movimentos de reivindicação popular, dos quais, reforço, não estariam de acordo com seu posicionamento político. Porém, como ponto de partida para esse debate, acredito que parte das possibilidades está nos Conselhos - caso compreenda sua operacionalização e constituição; movimentos sociais, os quais existem aos diversos (é claro que você será contrário a quase maioria deles). Evidentemente, a questão da tomada de poder político por meio da luta armada não cabe mais no atual desenvolvimento das forças produtivas e diante da configuração social mundial, mas nos detendo a realidade brasileira, a transformação social por meio do Estado ainda constitui uma possibilidade, mesmo que com todos os condicionantes e determinantes. Talvez você acredite que a saída esteja no mercado, como ficou claro em algumas de suas falas.Finalmente, você já ouviu falar de Gramsci? Se sim vale a pena ler, se não, é uma pena. Obs: peço desculpas aos companheiros que participam desse tópico, pois tivemos que dar outro direcionamento a discussão, em atendimento aos anseios do caro Brasil, discípulo de Philipon.
27/01/2009 às 14:16 #86062BrasilMembroOliveira, minha mensagem a você terá a mesma profundidade e consistência de sua última mensagem: Bla, bla, bla…Ah sim, eu ja ia me esquecendo: Bla, bla, bla, bla, bla...
27/01/2009 às 14:46 #86063AriadneMembro“Achei muito interessante suas colocações acerca do risco em se esperar que aprendamos a ler e escrever corretamente para começarmos a filosofar, pois, isso é querer manter a grande massa da população no mais completo estado de alienação e não o contrário como preconizado pelo caro Brasil. ” Esse comentário me parece confundir ideologia com Filosofia. Do ponto de vista filosófico, são tão distintas as interpretações para o termo "alienação" que não faz sentido invocar a Filosofia de maneira a compromotê-la com apenas um entre muitos conceitos possíveis. Para filosofar com competência, creio ser preciso no mínimo conhecer bem mais do que a mera noção vulgar de alienação (difundida pelo marxismo e Escola de Frankfurt) que, de tão banalizada, chega a ser "alienante" e quase inútil à reflexão. Se filosofar é amar o saber, a Filosofia não pode ser refém de uma única ideologia e interpretada como sinônimo desta. Exemplo: para Lévi-Strauss, a alienação é condição universal do homem em sociedade. Outro exemplo: segundo Gadamer, alienação seria a não participação no sistema de valores em que vive o ator social (algo como o chamado estado de anomia em Durkheim, resultante do enfraquecimento ou ausência de leis e normas sociais, sem as quais os indivíduos não sabem como agir e se entregam às paixões, à ganância, ao crime, "marginalizam-se").
27/01/2009 às 15:43 #86064BrasilMembroOlá Ariadne
Para filosofar com competência, creio ser preciso no mínimo conhecer bem mais do que a mera noção vulgar de alienação (difundida pelo marxismo e Escola de Frankfurt) que, de tão banalizada, chega a ser "alienante" e quase inútil à reflexão.
É porque a "filosofia" social do Sr. Oliveira só encontra eco em cabeças ocas.Ela precisa de cabeças ocas e ignorantes para se disseminar. Daí a necessidade de se implantar “filosofia” a qualquer custo na grade de disciplinas escolares, mesmo sem antes fazer com que os alunos aprendam efetivamente as disciplinas básicas para uma boa formação intelectual. Fazendo-se hoje o que propõe o Sr. Oliveira, daqui há uma década teremos uma legião de pessoas convictas de que devem “reivindicar direitos”, porém, sem saber como.Aí começa-se a atacar comércios, bloquear avenidas, quebrar vidraças, etc. É isso o que faz a ideologia do Sr. Oliveira. Veja que eu estou esperando - inutilmente, ao que parece -, que ele digne-se a esclarecer o que seria “devemos reivindicar contra a precariedade do Estado”. Pois, fomentar essas idéias ele sabe bem...
27/01/2009 às 21:56 #86065Oliveira, D.MembroPrezado Brasil,Permita-me discordar novamente de suas colocações, e dessa vez serei breve, mesmo porque tudo o que extrapola sua limitada análise, você não encontra base sustentável para discutir.
Fazendo-se hoje o que propõe o Sr. Oliveira, daqui há uma década teremos uma legião de pessoas convictas de que devem “reivindicar direitos”, porém, sem saber como.Aí começa-se a atacar comércios, bloquear avenidas, quebrar vidraças, etc.
Pelo contrário, se permanecermos atuando enquanto sujeitos históricos dentro de sua limitada perspectiva, dentro uma década o processo de exclusão social e o acirramento do conflito entre capital e trabalho será tamanho que, a efeito dessa realidade, serão inevitáveis as conseqüências por você apontadas. Talvez, inclusive, levando ao total estado de anomia durkheimiano.Olá Ariadne
Se filosofar é amar o saber, a Filosofia não pode ser refém de uma única ideologia e interpretada como sinônimo desta.
Evidentemente, esse aprisionamento poderia gerar um processo alienante como bem ressaltou. Entretanto, não ficamos “reféns” a uma "ideologia", pelo contrário, das leituras que fizemos, entendemos que, para discutirmos a questão da educação, do Estado, e como se dá, historicamente, o processo de educação formal no Brasil, o referencial teórico que melhor abarca os mais diversos aspectos dessa realidade, a meu ver, é o materialismo histórico e dialético e por isso defendo minhas concepções a partir desse. O que não me permito sujeitar, ainda que no campo da filosofia, pois não a dissocio da realidade concreta, da materialidade da vida, como alguns idealistas, é cair em um ecletismo estéril.att
28/01/2009 às 0:48 #86066BrasilMembrose permanecermos atuando enquanto sujeitos históricos dentro de sua limitada perspectiva, dentro uma década o processo de exclusão social e o acirramento do conflito entre capital e trabalho será tamanho que, a efeito dessa realidade, serão inevitáveis as conseqüências por você apontadas. Talvez, inclusive, levando ao total estado de anomia durkheimiano.
Pois, o Sr. deveria atentar também para a concepção de “anomia” de Robert King Merton, em que ele atribui o estado de anomia de Durkheim, a uma impossibilidade das pessoas em atingir seus fins culturais. Assim, mantendo-se a atual ineficiência do Ensino, que parece o Sr. não reconhece, e maquiando-se essa ineficiência com a adoção da Filosofia nas disciplinas escolares, como o Sr Sugere, cujas metas já não estão sendo atingidas há algum tempo, tem-se a curto prazo o estado de anomia mertoniano, em que as pessoas, por serem privadas até da cultura, em decorrência disso praticam crimes e entregam-se à violência. Segundo o Sr. as pessoas devem “filosofar” , mesmo sem cultura... Devem também reivindicar, sem saber bem o que e nem como... Interessante esta perpectiva!
28/01/2009 às 3:47 #86067BrasilMembroserei breve, mesmo porque tudo o que extrapola sua limitada análise, você não encontra base sustentável para discutir.
Eu acho que quem não está encontrando base sustentável para discutir é o Sr., visto que fez afirmações das quais não sustentou!O Sr. afirmou que os professores da Rede Pública sofrem exploração aviltante... Eu lhe perguntei QUAL e o Sr. não respondeu.O Sr. afirmou que os professores da Rede Pública ganham baixos salários... Eu lhe perguntei qual pesquisa de comparação salarial lhe norteou a esta “informação” e o Sr. não respondeu.O Sr. afirmou que devemos reivindicar contra a precariedade do Estado... Eu lhe perguntei COMO e o Sr. não respondeu. Essa sua “alegação” de que eu não tenho “consciência de classe” e por isso o Sr. não vai responder, não faz o menor sentido! É simplesmente ridícula! Não se esqueça que não sou só eu quem lê este fórum! O Sr. faz afirmações das quais não sustenta!
28/01/2009 às 13:23 #86068BrasilMembroOla jota erre
No sistema em que vivemos, ninguém trabalha pelos outros. Se o professor da escola particular se "esforça" mais, não é porque pensa nos alunos. É porque pensa em manter seu emprego.
Esta “novidade” que você está dizendo é a lógica do capitalismo. Vivemos TODOS nós sob esta lógica. Se você privilegia (imuniza) uma única classe em detrimento das outras, está fugindo da lógica.Então, se é esta a lógica que faz o professor da escola particular se esforçar, acabamos de reconhecer o motivo da péssima prestação dos serviços públicos.
Aqui estamos falando sobre Ensino Básico, que abarca a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Aoque parece, você critica todo o Ensino Médio com base em uma única escola do Ensino Fundamental. É isso?
Não. O que eu disse está citado abaixo:
Minha opinião tem como base a observação do ensino aplicado aos alunos até a 8ª Série nas escolas de minha região (que são os colegas de minha filha e eu tenho um contato mais direto), assim como também os resultados do ENEM.
Você me critica por apresentar casos isolados para analisar o que aqui está em questão. Concordo que, para a Filosofia, isto é realmente um erro.
Não só para a Filosofia, mas para TODO raciocino lógico. As dificuldades enfrentadas pelos habitantes das regiões mais afastadas da urbanidade são questões importantes, mas fogem ao que estamos fazendo aqui: Estamos comparando a Escola Pública com a Escola Privada!
No entanto, apresentei esses casos a título de reflexão, de forma a fomentar uma discussão sobre a amplitude e a validade dos argumentos que você apresentava.
Pois é... Invalidar meus argumentos embasados em estatísticas, citando fatos isolados, só poderia ser mesmo um contrasenso.A título de reflexão, como eu disse, eles são importantes, mas para invalidar o meus argumentos embasados em estatísticas não. A título de reflexão eles nem deveriam estar neste tópico. Veja que o amigo Oliveira se nega a sustentar as suas palavras, com a alegação de que neste tópico “não caberiam” as suas explicações sobre o que ele mesmo disse neste tópico... Aí fica complicado.
Ao explanar mais sobre a questão, já sem a fonte de Lippman, falei sobre uma instrumentalização feita no ensino médio que antecederia o ensino de Filosofia. Isso para que o aluno não começe a disciplina estudando logo a História da Filosofia, que não compreenderia.
Não. Você citou primeiramente este método como uma forma de “superar” ou ultrapassar a questão da leitura comprometida dos alunos. “Se não lêem bem, tudo bem”... Há outras formas de comunicação... Eu contestei este método invocando a necessidade de nos atermos à função PRINCIPAL da escola, que é ensinar plenamente o BASICO. Isso não deveria ser alvo de “jeitinhos”, mesmo que fossem os mais inovadores e competentes métodos. Seria interessante e mais sensato propor um método inovador para fazer os alunos aprenderem bem, as matérias básicas PRIMEIRO para depois inovar noutras coisas.
Você supôs essa metodologia impossível porque, pelo que parece, julgou que TODOS os alunos do Brasil saem do ensino fundamental analfabetos ou semi-analfabetos. Ou pelo menos uma grande maioria.
Sim, uma grande maioria. E como está explicado acima, eu não achei o método impossível, eu achei fora de propósito.
É certo que os alunos da escola pública saem com "deficiências" do ensino fundamental, mas daí a dizer que todos ou quase todos não podem ler textos simples, é um exagero.
Sim amigo, estamos todos exagerando um pouco. Mas o fato é que, se a metade ou 40% não estão saindo devidamente alfabetizados, não estaríamos jogando eles para trás? 40% dos estudantes é um número gigantesco! Outra coisa, a Filosofia, em “textos simples” me parece algo já pronto, “mastigado”... Volto a perguntar: não seria o ensino da Filosofia ministrado a crianças e jovens em fase de formação psíquica e intelectual, algo que se poderia incutir tendências políticas, sociais e até mesmo filosóficas? Por que não? O que me dá tranquilidade para pensar que não? Se os militares fizeram porque os corruptos democráticos não fariam?Depois comento mais...Abs
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