Qual a diferença entre a Escola Pública e a Privada?

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  • #86024
    Ariadne
    Membro

    “azendo, como é de praxe na filosofia, indagações a respeito das raízes dos problemas, se chegará a estudar história da filosofia. Mas, se esse interesse surgir no aluno, então a maior parte do trabalho já terá sido feita.” Vou me imiscuir na discussão dos dois para discordar desse aspecto. Considero uma temeridade o questionamento sem base. Logo, penso que, antes de enveredar pela investigação filosófica de qualquer assunto, o aluno tem de atender a um requisito básico, ser bem informado e formado nas disciplinas básicas.

    #86025
    jota erre
    Membro

    Olá, AriadneSua contribuição é bemvinda (observe que uso o bemvinda já com as novas normas ;D)A Filosofia e a Ciência possuem objetos semelhantes, mas o método é fundamentalmente diferente. Por este motivo, não podemos considerar a filosofia como uma disciplina "normal". Logo de início, podemos classificar todas as outras disciplinas como científicas. E a filosofia é outro ramo de conhecimento. Ademais, julgar necessário o conhecimento científico para entender filosofia é incorreto. As duas esferas são complementares, mas possuem autonomia. Certamente, quem conhece melhor uma pode conhecer melhor a outra. Mas aí estamos falando de excelência do conhecimento, o que já seira outro assunto.No que tange ao ensino básico, estamo falando de conhecimento básico.É certo que é necessário saber ler para aprender melhor. Mas, embora saibamos que o alunado brasileiro tem dificuldades na leitura, não podemos classificá-lo simplesmente como analfabeto , pelo menos a nível de ensino médio, embora saibamos que haja alguns alunos assim. Classificar todos dessa forma já seria um exagero.Abs.

    #86026
    Brasil
    Membro

    "A "picaretagem" do funcionalismo público, acredito, é uma maneira descabida de protestar contra as injustiças do empregador.

    Injustiças do empregador? Mas os benefícios do funcionalismo público fazem parecer injustiças as práticas e os “direitos” do trabalhador na esfera privada!

    Reafimo que, na esfera pública, não se pode culpar um funcionário pelo erro de todos.

    Mas eu não faço isto. Culpo a CULTURAL ineficiência e parasitagem do funcionalismo público e não um só funcionário especificamente.

    Muitas escolas já têm "buracos" nos horários. E aí que se insere a Filosofia. Aliás, lembre-se que a LDB já ampara a Filosofia e a Sociologia no Ensino Médio. E as escolas estão criando soluções. Não creio que se possa diminuir a hora-aula oficial, nunca ouvi tal discussão.

    Eu não sei a qual “buracos” você se refere. A escola tem 3 turnos; manhã, tarde e noite. Não entendo como poderiam ser incorporadas mais 3 disciplinas sem diminuir o tempo de aula de cada uma das demais.

    Se ele tiver esse "gosto" e, sendo orientado corretamente pelo professor, isso já não será suficiente para que ele tenha interesse em estudar a história da filosofia?

    Sim, e como eu te disse, ele vai precisar de MAIS um estudo satisfatório de Filosofia COM LEITURA, pois o seu método de despertar o gosto pela Filosofia não inclui a leitura. Então logicamente ele terá as aulas de “Filosofia sem leitura” para “tomar gosto” e depois ele vai ter de estudar a Filosofia como a conhecemos; repleta de leituras. Senão, a única coisa que ele terá aprendido será gostar de Filosofia e não a Filosofia e seus diversos fundamentos. Aprender a gostar de Filosofia, não habilita ninguém a filosofar. O que permite que alguém o faça é o conhecimento. E quando se tem conhecimento dos problemas não necessariamente se terá as mesmas soluções para eles. Há diversos conceitos filosóficos totalmente diferenciados uns dos outros. O aluno que obter conhecimento, em dado momento se verá diante daquela questão; qual o fundamento filosófico mais acertado? Qual liha de raciocínio seguir? Para não incorrer em erros graves é preciso que ele tenha um bom conhecimento geral dos problemas que o afiligem.Penso que a Escola Pública precisaria de uma reforma total, uma reforma que conseguisse fazer com que ela atingisse os objetivos propostos, pois a Escola Pública está incorrendo nos mesmos erros que os nossos políticos: Demagogia, incompetência e parasitismo. Caso consiga-se atingir os objetivos propostos, que seria o satisfatório ensino das disciplinas básicas, aí sim poderia haver a hipótese de incorporar a Filosofia ao Ensino Médio Público, caso contrário, ou seja, continuando com o precário ensino ministrado, acho que essa hipótese seria mais uma descabida tentativa de enganar a população com medidas demagógicas e inócuas.  Faríamos alunos que não sabem ler e escrever perfeitamente pensarem que são aspirantes a filósofos; futuros sábios. “Sábios” que não têm a menor idéia da origem de seus problemas.

    #86027
    Ariadne
    Membro

    “Ademais, julgar necessário o conhecimento científico para entender filosofia é incorreto. As duas esferas são complementares, mas possuem autonomia. Certamente, quem conhece melhor uma pode conhecer melhor a outra. Mas aí estamos falando de excelência do conhecimento, o que já seira outro assunto.” Em primeiro lugar, obrigada pelas boas-vindas. Em segundo, voltei apenas para discordar um pouquinho do que disse. Concordo que a filosofia e a ciência sejam complementares (como são a zetética e a dogmática). Contudo, continuo achando que a ciência deve anteceder a filosofia no contexto contemporâneo em que vivemos, por uma simples razão: porque a filosofia está muito contaminada com o perspectivismo nietzscheano (que tornou-se hegemônico), gerando uma atitude niilista em relação ao conhecimento científico, empírico, dogmático, metodico, metodológico e disciplinado (que, assim, é comodamente negligenciado a priori), sem o qual todo o "conhecimento" é inevitavelmente superficial, capenga e, sobretudo, inútil (não chega a nenhum lugar)...

    #86029
    jota erre
    Membro

    Injustiças do empregador? Mas os benefícios do funcionalismo público fazem parecer injustiças as práticas e os “direitos” do trabalhador na esfera privada!

    Não entendi muito bem o que você disse.De vantagem, o funcionário público só tem a estabilidade. No que respeita à educação, em algumas regiões, o professor de escolas particulares chega a ganhar cinco vezes mais que o professor do estado, com a mesma carga horária. Isso é só um ponto. Há de se considerar, ainda, a infra-estrutura e as ridículas condições de trabalho. Os "buracos" à que me referi são os horários vagos. Só uma pequena correção: em algumas escolas municipais, há quatro turnos; há o intermediário entre o primeiro e o segundo.

    Sim, e como eu te disse, ele vai precisar de MAIS um estudo satisfatório de Filosofia COM LEITURA, pois o seu método de despertar o gosto pela Filosofia não inclui a leitura. Então logicamente ele terá as aulas de “Filosofia sem leitura” para “tomar gosto” e depois ele vai ter de estudar a Filosofia como a conhecemos; repleta de leituras.

    Não sei se cheguei a dizer que promeiro se faria uma "filosofia sem leitura". Se o disse, por favor, cite. O que penso é que a leitura pode ser feita em diferentes níveis. Que não se pode começar com o uso de textos excessiamente técnicos. Que se pode usar inclusive textos não filosóficos.Isto levando conta que o conceito de "texto", como o entendo, se refere a tudo que tenha sentido, isto é, contexto e significação.

    Penso que a Escola Pública precisaria de uma reforma total, uma reforma que conseguisse fazer com que ela atingisse os objetivos propostos, pois a Escola Pública está incorrendo nos mesmos erros que os nossos políticos: Demagogia, incompetência e parasitismo.

    Quais seriam as mudanças dessa reforma?

    Caso consiga-se atingir os objetivos propostos, que seria o satisfatório ensino das disciplinas básicas, aí sim poderia haver a hipótese de incorporar a Filosofia ao Ensino Médio Público, caso contrário, ou seja, continuando com o precário ensino ministrado, acho que essa hipótese seria mais uma descabida tentativa de enganar a população com medidas demagógicas e inócuas. 

    Creio que você está fazendo uma hierarquização das disciplinas. É isso?Se for para pensar em disciplinas básicas, elas são básicas por que? Pelo uso? Quantas vezes você já usou o Binômio de Newton para resolver algum problema na vida? Já lhe adiantou saber os mols de um gás para alguma coisa? Talvez eu seja um ignorante, que não sabe como usar estas coisas... Se for, por favor me ensine.Abraço.

    #86030
    jota erre
    Membro

    Olá, Ariadne,O contexto contemporâneo está "desacostumado" com a filosofia. A história percebeu o quanto ela é "nociva" foi-lhe, aos poucos, tirando o valor que tem. Vivemos numa sociedade que valoriza mais a ciência porque é esta que permite a "produção". Um engenheiro químico, formado no mesmo tempo e, talvez, com menos dedicação que um professor de filosofia, ganha muitas vezes mais que este. Por que? Porque ele "produz" mais.Para não falar apenas em dinheiro, lembremos dos estereótipos de hoje. Muitas pessoas associam a figura do filósofo com a do hippie. Por que?A respeito da influência de Nietzsche, discordo totalmente. Talvez você esta se referindo a um certo "relativismo" que permeia o estudo da filosofia. Mas isto respeita justamente ao seu método. Ela admite que não há verdade definitiva. Eis que seu ensino não é dogmático, como é o de algumas disciplinas.Abraço.

    #86031
    jota erre
    Membro

    “Deve-se filosofar ou não se deve: mas, para decidir não filosofar é ainda e sempre necessário filosofar; assim, pois, em qualquer caso, filosofar é necessário” (Aristóteles, Protréptico, frag.51)

    #86032
    Ariadne
    Membro

    “A respeito da influência de Nietzsche, discordo totalmente. Talvez você esta se referindo a um certo “relativismo” que permeia o estudo da filosofia. Mas isto respeita justamente ao seu método. Ela admite que não há verdade definitiva. Eis que seu ensino não é dogmático, como é o de algumas disciplinas. ” Afirmar que não existe verdade pode ser tão dogmático quanto dizer o contrário. Tão pouco fazer esse tipo de proclamação é "filosofar". Pelo contrário, o largo uso dessa idéia tem promovido a estagnação e preguiça mental, não o aprofundamento da reflexão...

    #86028
    Brasil
    Membro

    Olá jota erre

    De vantagem, o funcionário público só tem a estabilidade.

    A estabilidade permanente além de ser uma vantagem é também a fautriz de todas as mazelas do funcionalismo público, pois ela possibilita um pacto entre os funcionários onde é possível faltar ao serviço em forma de revezamento, escolher dias no mês para não se fazer nada, etc.  O “chefe” não está preocupado com os resultados do serviço, nem com o desempenho de sua repartição e nem com a satisfação de quem lá eles atendem. Além de todas as mazelas provocadas pela estabilidade permanente, ainda gozam de benefícios como estes que relaciono abaixo:Estatuto dos Funcionários Públicos Civis do EstadoArtigo 78 - Serão considerados de efetivo exercício, para todos os efeitos legais, os dias em que o funcionário estiver afastado do serviço em virtude de:II - casamento, até 8 (oito) dias;IV - falecimento dos avós, netos, sogros, do padrasto ou madrasta, até 2 (dois) dias; IX - licença -prêmio;X - faltas abonadas nos termos do Parágrafo 1º do art. 110, observados os limites ali fixados;Art. 110 § 1º - As faltas ao serviço, até o máximo de 6 (seis) por ano, não excedendo a uma por mês, em razão de moléstia ou outro motivo relevante, poderão ser abonadas pelo superior imediato, a requerimento do funcionário no primeiro dia útil subseqüente ao da falta. XIII - afastamento por processo administrativo, se o funcionário for declarado inocente ou se a pena imposta for de repreensão ou multa;  e, ainda, os dias que excederem o total da pena de suspensão efetivamente aplicada;XIV - trânsito, em decorrência de mudança de sede de exercício, desde que não exceda o prazo de 8 (oito) dias; eXV - provas de competições desportivas, nos termos do item I, do § 2º, do art. 75.Artigo 122 - O funcionário que comprovar sua contribuição para banco de sangue mantido por órgão estatal ou paraestatal, ou entidade com a qual o Estado mantenha convênio, fica dispensado de comparecer ao serviço no dia da doação.Artigo 123 - Apurar -se -á a freqüência do seguinte modo:I - pelo ponto; eII - pela forma determinada, quanto aos funcionários não sujeitos a ponto.( Quer dizer; pelo livro de ponto que é um papel e aceita qualquer coisa, qualquer horário de qualquer dia.)Artigo 130 - O funcionário que completar 25 (vinte e cinco) anos de efetivo exercício perceberá mais a sexta - parte do vencimento ou remuneração, a estes incorporada para todos os efeitos.(Este Estatuto é de 1968 e, se não me engano, o número de anos exigido para este benefício baixou para 20 anos.)  Artigo 149 - A juízo da Administração, poderá ser concedida ajuda de custo ao funcionário que no interesse do serviço passar a ter exercício em nova sede.§ 1º - A ajuda de custo destina -se a indenizar o funcionário das despesas de viagem e de nova instalação .§ 2º - O transporte do funcionário e de sua família compreende passagem e bagagem e correrá por conta do Governo.Artigo 164 - Ao funcionário licenciado, para tratamento de saúde poderá ser concedido transporte, se decorrente do tratamento, inclusive para pessoa de sua família.Artigo 168 - Ao cônjuge, companheiro ou companheira ou, na sua falta, aos filhos de qualquer condição ou aos pais, será concedido auxílio-funeral, a título de assistência à família do servidor ativo ou inativo falecido, de valor correspondente a 1 (um) mês da remuneração. Artigo 181 - O funcionário poderá ser licenciado:VI - para tratar de interesses particulares;VII - no caso previsto no art. 205;VIII - compulsoriamente, como medida profilática; eIX - como prêmio de assiduidade.Artigo 199 - O funcionário poderá obter licença, por motivo de doença do cônjuge e de parentes até segundo grau.§ 2º - A licença de que trata este artigo será concedida com vencimento ou remuneração até 1 (um) mês e com os seguintes descontos:I - de 1/3 (um terço), quando exceder a 1 (um) mês até 3 (três)II - de 2/3 (dois terços), quando exceder a 3 (três) até 6 (seis)III - sem vencimento ou remuneração do sétimo ao vigésimo mês.SEÇÃO VIIDa Licença para Tratar de Interesses ParticularesArtigo 202 - Depois de 5 (cinco) anos de exercício, o funcionário poderá obter licença, sem vencimento ou remuneração, para tratar de interesses particulares, pelo prazo máximo de 2 (dois) anos.§ 1º - Poderá ser negada a licença quando o afastamento do funcionário for inconveniente ao interesse do serviço.§ 2º - O funcionário deverá aguardar em exercício a concessão da licença.§ 3º - A licença poderá ser gozada parceladamente a juízo da Administração, desde que dentro do período de 3 (três) anos.§ 4º - O funcionário poderá desistir da licença, a qualquer tempo, reassumindo o exercício em seguida.Artigo 203 - Não será concedida licença para tratar de interesses particulares ao funcionário nomeado, removido ou transferido, antes de assumir o exercício do cargo.Artigo 204 - Só poderá ser concedida nova licença depois de decorridos 5 (cinco) anos do término da anterior.SEÇÃO XDa Licença - PrêmioArtigo 209 - O funcionário terá direito, como prêmio de assiduidade, à licença de 90 (noventa) dias em cada período de 5 (cinco) anos de exercício ininterrupto, em que não haja sofrido qualquer penalidade administrativa.Parágrafo único - O período da licença será considerado de efetivo exercício para todos os efeitos legais, e não acarretará desconto algum no vencimento ou remuneração.Artigo 226 - O provento da aposentadoria será:I - igual ao vencimento ou remuneração e demais vantagens pecuniárias incorporadas para esse efeito:1 - quando o funcionário, do sexo masculino, contar 35 (trinta e cinco) anos de serviço e do sexo feminino, 30 (trinta) anos; e2 - quando ocorrer a invalidez.II - proporcional ao tempo de serviço, nos demais casos.(Aposentadoria de valor igual aos últimos salários)Artigo 229 - O pagamento dos proventos a que tiver direito o aposentado deverá iniciar -se no mês seguinte ao em que cessar a percepção do vencimento ou remuneração.

    No que respeita à educação, em algumas regiões, o professor de escolas particulares chega a ganhar cinco vezes mais que o professor do estado, com a mesma carga horária.

    Poderia dar-me a referência deste dado?  Poderia ser mais específico? Que regiões? Que escolas? Estou achando essa escola particular muito boazinha! 5 vezes mais?

    Há de se considerar, ainda, a infra-estrutura e as ridículas condições de trabalho.

    Esse negócio de “infra-estrutura precária” é mais  mito que verdade. No caso dos professores, a maioria trabalha em locais construídos especialmente para o ensino. É comum ver estudantes reclamarem da falta de acesso aos laboratórios, o que quer dizer que o laboratório está lá, simplesmente não é usado. O mesmo ocorre com as aulas de informática; os computadores estão lá disponíveis, mas não há professor de informática (caso da escola de minha filha).

    Há de se considerar, ainda, a infra-estrutura e as ridículas condições de trabalho.

    Diga-me que infra-estrutura é preciso para comparecer às aulas.O número de faltas é abusivo!Diga-me que infra-estrutura é preciso para ensinar Português já atualizando as crianças às novas regras que seriam usadas  praticamente no mês seguinte?Que condições você julga “ridículas”? Esta situação que acabei de relatar acima é uma situação muito ridícula mesmo... Ensinar algo a uma criança num mês, sabendo-se que teria de ser ratificado 2 meses depois.Posso te apontar muitas situações e condições ridículas dos empregados da iniciativa privada também...

    Não sei se cheguei a dizer que promeiro se faria uma "filosofia sem leitura". Se o disse, por favor, cite.

    Bem, eu estou seguindo a lógica do teu raciocínio! Quando eu falei que é preciso ler perfeitamente para compreender as informações necessárias para se pensar em filosofar, você citou aquele método de Filosofia para crianças que não lêem nem escrevem...

    O que penso é que a leitura pode ser feita em diferentes níveis. Que não se pode começar com o uso de textos excessiamente técnicos.

    Nem excessivamente técnicos e nem pouco técnicos! É necessário primeiro ensinar  Português, Matemática,  Ciências, Geografia e História satisfatoriamente. Não nos afastemos da realidade! Se o ENEM, mostrando a média 3 não está mostrando a média exata, eu também não tenho motivos para acreditar que seja muito mais alta que isso.

    Quais seriam as mudanças dessa reforma?

    Antes de qualquer especulação técnica a respeito, até porque não sou um profissional da área, eu acho conveniente, ou melhor, imprescindível resolver a questão das mazelas e falta de fiscalização do serviço  no Ensino Público. Senão fica só na masturbação sociológica. Ou seja, mudando algo aqui e ali na forma de ensinar, para fazer notícia e aparentar inovações, quando o problema é em outra área; na área da leis do funcionalismo  público e por causa da inexistente fiscalização do funcionalismo público. E é uma questão moral também.

    Se for para pensar em disciplinas básicas, elas são básicas por que? Pelo uso? Quantas vezes você já usou o Binômio de Newton para resolver algum problema na vida? Já lhe adiantou saber os mols de um gás para alguma coisa?

    Acho que você tem razão quanto à especificidade de certas matérias e a sua real aplicabilidade no futuro. Acho que essa especificidade deveria ficar para os cursos técnicos. Agora, não dá pra imaginar os estudantes do Ensino Médio Público, “filosofando” sobre o comportamento humano,  por exemplo, sem saber NADA a respeito de Política. Filosofando sobre os brasileiros, sem saber NADA de sua história. Filosofando sobre sua comunidade sem saber NADA do que  REALMENTE gera os seus problemas. E fazendo isso sem referências filosóficas, para não ser “autoritário” ou parcial.

    "Deve-se filosofar ou não se deve: mas, para decidir não filosofar é ainda e sempre necessário filosofar; assim, pois, em qualquer caso, filosofar é necessário" (Aristóteles, Protréptico, frag.51)

    Eu concordo com o Aristóteles...  Certamente ele não estava se referindo a alguma medida demagógica e hipócrita do Ensino brasileiro.Ele estava se referindo  àquilo que todos nós devemos fazer, que é o ato de refletir os pensamentos. Porém é necessário um mínimo de conhecimento geral  para se fazer isso, senão, corre-se o risco de se refletir pensamentos embasados em premissas erradas, falsas,  folclóricas,  radicais, ignorantes, oportunistas, etc.  Abraço

    #86033
    Oliveira, D.
    Membro

    Bom dia nobre companheiros.Percebo que a discussão se estende efusivamente, assim, gostaria de fazer algumas considerações ao último texto do caro companheiro Brasil.

    A estabilidade permanente além de ser uma vantagem é também a fautriz de todas as mazelas do funcionalismo público, pois ela possibilita um pacto entre os funcionários onde é possível faltar ao serviço em forma de revezamento, escolher dias no mês para não se fazer nada, etc.  O “chefe” não está preocupado com os resultados do serviço, nem com o desempenho de sua repartição e nem com a satisfação de quem lá eles atendem.

    Será que não há um problema anterior nesse processo, ou seja, qual a motivação para o funcionário público, qual o plano de carreira, a proporção dos aumentos, a possibilidade de "ascender" profissionalmente?Comparar o Estado às regras que norteiam segmentos de mercado ou querer que o Estado opere como tal é no mínimo um equívoco.

    O “chefe” não está preocupado com os resultados do serviço, nem com o desempenho de sua repartição e nem com a satisfação de quem lá eles atendem.

    Evidentemente, devemos reivindicar ações no sentido de romper com a precariedade do Estado no âmbito da relação público e privado, entretanto, esta problemática está para além de uma questão moral. Será que o problema não está na estrutura estatal brasileira e sob quais elementos foi construída? Quem ou quais são os sujeitos que delimitam o âmbito de atuação do Estado? Qual a função social do Estado?Portanto, será que atribuir a falência moral dessa instituição aos benefícios gozados por seus membros não seria limitar o campo analítico?att

    #86034
    jota erre
    Membro

    Meus caros,Sinto-me feliz em ver vosso interesse no assunto.Primeiramente responderei a Ariadne, que a resposta é menor.A única filosofia, pelo meu parco conhecimento, que defende que "não há verdade" é a cética. A verdade é que, na verdade, há várias verdades (!).Mas um argumento masi contundente, que não citei, é o seguinte: as Diretrizes e os Parâmetros para todos os níveis de ensino são únicas, nacionais. No entanto, os conteúdos curriculares dependem de cada região. Isso não vale só para a Filosofia, mas para todas as disciplinas.Isso, inclusive, serve como outro argumento contras as provas nacionais como o ENEM. Elas não levam em consideração essas diferenças de currículo. Adota-se um modelo curricular de Brasília ou São Paulo e a prova é aplicada a estudantes de Rondônia, Manaus e Sergipe.Talvez você veja esse "perspectivismo" porque, na sua região, se estude muito Nietzsche...Abs.(Ao Brasil responderei em breve)

    #86035
    Brasil
    Membro

    qual a motivação para o funcionário público

    Como assim; “qual a motivação”? Do que você está falando? Esses benefícios relacionados aí acima não lhe dizem nada? Qual é a motivação dos demais trabalhadores brasileiros?Qual motivação “especial” é preciso para comparecer às aulas? Mais benefícios?  :-[

    #86036
    jota erre
    Membro

    Pezado Brasil,Faço minhas as palavras do Oliveira.Como só as dele não bastam para ser as minhas, também direi as minhas:Só uma pergunta, esse estatuto é de qual estado?Do pouco que conheço da CLT, a única diferença entre esses artigos é a estabilidade. Ou talvez tenha um ou mais quesitos diferentes.Vem-me outra dúvida. Você realmente discorda desses benefícios, que são direitos conquistados por anos de engajamento dos trabalhadores? Algum ou todos? Você sabe das arbitrariedades às quais os funcionários de empresas privadas ficam sujeitos? O que acontece com as famílias dessas pessoas?No estado do Pará, os salários de professores das escolas particulares vão de R$5.000,00 a R$10.000,00, enquanto que o piso nacional dos professores estaduais, agora em voga, é de R$950,00. No Rio de Janeiro, soube de uma escola, não lembro o nome, mas posso pesquisar, que a mensalidade é R$2.000,00. Quanto ganhariam os professores dessa escola? Note que citei dois estados bem díspares.Sobre infra-estrutura das escolas públicas posso citar: salas sem ventiladores, sem quadros, sem carteiras, sem giz, sem pincel, sem apagador, sem paredes, sem salas.Há escolas sem banheiros, sem merendas, sem livros didáticos, sem salas de professores, sem professores, sem técnicos, sem ninguém.Você tem visitado algumas escolas públicas?Falei quase de maneira sarcástica, até peço desculpas, mas basta ver os jornais, caso não tenha tempo de pesquisar nas escolas. Eu lhe asseguro que muito do que falei constatei pessoalmente.Quanto à fiscalização, eu suponho que certamente, levando em conta a louvável consideração do Oliveira, ela existe sim, mas certamente não pode ter o mesmo sentido que tem na esfera privada.Quero lembrar que já concordei com a "lerdeza" de muitos funcionários públicos. Mas acredito que o número deles é menor na área da educação.Quanto ao ensino de Filosofia, você tem paulatinamente adotando um sentido em minhas palavras que agora nem as reconheço mais.Talvez o fato de eu ter diminuído o valor da leitura, ou omitido-lhe o uso, no "início" de um ensino de Filosofia tenha lhe causado uma contrariedade que, aos poucos, cresceu consideravelmente, sem que eu percebesse.É claro que não acredito que a Filosofia se possa ensinar sem textos. Defendo inclusive, que, dependendo do texto, a leitura deve ser bem mais atenta que uma leitura de história, por exemplo. Mas o interesse por essa leitura deve surgir aos poucos, espontaneamente.Textos existem dos mais diversos, desde músicas a quadrinhos, desde filmes a obras de artes plásticas. Os textos iniciais não precisam ser filosóficos. Até ver-se que o aluno tem interesse no conhecimento. O ensino deve se basear no desenvolvimento, não num programa fechado. Mas que se faça o possível que as duas coisas andem juntas.Mas muitas coisas devem ser levadas em consideração. O aluno do primeito ano do ensino médio vem de uma oitava série comumente desleixada, ainda infantilizada. Nesse seu estágio adolescente, ele não sabe o que esperar do ensino médio. Se o professor já começa a aula com textos chatíssimos, e sua família não tem uma cultura de estudiosos, qual a sua ação espontânea? Afastar-se. Tornar-se inimigo da Escola, e normalmente do professor. O professor bom é o professor "legal", que conta piadas - isso vale muito nos cursinhos.O que proponho é uma metodologia que leve em consideração o momento do aluno. Algo que poderia ser usado não só pelo professor de Filosofia, mas também por outros. O aluno não entra na escola sabendo o que é "ser aluno". É preciso ensiná-lo isso. E isso se faz aos poucos. Abraço.

    #86037
    jota erre
    Membro

    Como assim; “qual a motivação”? Do que você está falando? Esses benefícios relacionados aí acima não lhe dizem nada? Qual é a motivação dos demais trabalhadores brasileiros?Qual motivação “especial” é preciso para comparecer às aulas? Mais benefícios?  :-[

    Os "demais" trabalhadores brasileiros não podem reclamar muito, senão são demitidos.Mas não é porque os funcionários de empresas privadas são humilhados que os da esfera pública devem aceitar sê-lo.Quanto aos funcionários públicos, que tal as motivações que o Oliveira já citou, "o plano de carreira, a proporção dos aumentos, a possibilidade de "ascender" profissionalmente"?Isso sem contar que salários já são baixíssimos em relação a outros funcionários com ensino superior. Aliás, mais baixos que funcionários com nível médio e até fundamental.Basta ver as reinvidicações de qualquer greve.Abs.

    #86038
    Brasil
    Membro

    Pezado Brasil,Faço minhas as palavras do Oliveira.

    Então você deveria responder a pergunta que eu fiz a ele: Qual motivação “especial”  é preciso para comparecer às aulas?

    Mas não é porque os funcionários de empresas privadas são humilhados que os da esfera pública devem aceitar sê-lo.

    A quais humilhações vc se refere?Eu não disse que devem aceitar humilhações, onde eu disse isto? Pode citar por favor?  O que eu disse é que devem fazer jus aos seus salários e benefícios. O dinheiro público NÃO É CAPIM!

    Quanto ao ensino de Filosofia, você tem paulatinamente adotando um sentido em minhas palavras que agora nem as reconheço mais.

    Pois é, talvez vc não tenha pensado no sentido delas antes de dizê-las.

    É claro que não acredito que a Filosofia se possa ensinar sem textos. Defendo inclusive, que, dependendo do texto, a leitura deve ser bem mais atenta que uma leitura de história, por exemplo. Mas o interesse por essa leitura deve surgir aos poucos, espontaneamente.

    Sim amigo, só que pra fazer leitura atenta há que se ler perfeitamente e você está negando uma informação que é de conhecimento nacional: Os estudantes do Ensino Médio público no Brasil saem da escola sem ler e escrever perfeitamente! Vc nunca ouviu falar nisso?  ???

    Do pouco que conheço da CLT, a única diferença entre esses artigos é a estabilidade. Ou talvez tenha um ou mais quesitos diferentes.

    Dá pra perceber que vc não conhece a CLT... TODOS os benefícios ali relacionados NÃO são direitos do trabalhador da iniciativa privada!

    Há escolas sem banheiros, sem merendas, sem livros didáticos, sem salas de professores, sem professores, sem técnicos, sem ninguém.

    Sem banheiros, sem merendas, sem livros didáticos, sem salas de professores, sem professores, sem técnicos, sem ninguém, então não há escola ! Numa escola QUE FUNCIONA, mesmo que precariamente, há um corpo docente escalado para lecionar! O que acontece é que não passa um dia sem os alunos ficarem sem ao menos uma, às vezes duas aulas vagas por falta dos professores QUE TRABALHAM NAQUELA ESCOLA.  "Escola" que não tem nada disso que você escreveu não é escola, é no máximo um prédio inacabado! Não duvido que exista um ou outro caso de "escolas" assim no Brasil, em algumas localidades menos assistidas, mas não podemos tomar esses casos isolados como base para avaliar as condições dos professores servidores em grandes cidades e Capitais em todo o Brasil, muito menos nas grandes cidades e  Capitais do Sul e Sudeste! Isso é um exagero!

    Textos existem dos mais diversos, desde músicas a quadrinhos, desde filmes a obras de artes plásticas.

    Meu querido! Veja bem o que vc está me dizendo: Ensinar filosofia com quadrinhos ou música para não ter que ensinar a ler perfeitamente primeiro? Isto é um absurdo! Isto é supor que é possivel filosofar sem conhecer qualquer detalhe daquilo que se quer refletir. 

    No estado do Pará, os salários de professores das escolas particulares vão de R$5.000,00 a R$10.000,00

    Caramba! O ensino privado no Pará está muito bem hein? Parece a Suíça! Tens a referência disto? Como posso comprovar isto?

    No Rio de Janeiro, soube de uma escola, não lembro o nome, mas posso pesquisar, que a mensalidade é R$2.000,00. Quanto ganhariam os professores dessa escola?

    Não sei! Os salários dos empregados não são baseados no faturamento da empresa! Se for assim então um faxineiro da Votorantim deve ganhar uns R$ 20.000,00.Estou aguardando a referência sobre os salários de professores da iniciativa privada 5 X maiores que dos funcionários públicos...  Você não tem referência sobre este dado? Senão eu vou dizer que o professor do Ensino Público ganha 10 X mais que os da iniciativa privada e isso aqui vai virar um leilão de valores improváveis em vez de um debate.

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