Que razoes para existir Deus ?

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  • #73499
    Monstrinho
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    Você iria se surpeender mas Kant e shopenhauer são extremamente Socraticos... Shopenhauer só reconhece Socrates e Kant (Shopenhauer também foi o primeiro filosofo moderno ocidental a introduzir os veda na filosofia... ele foi muito influenciado pelos vedas)... O Nietzsche foi muito, muito influenciado por Shopenhauer, mas num segundo momento rompeu com shopenhauer (e por sua vez com Socrates e com o cristianismo e com Wagner) ao dizer: "Sem prazer não a vida".

    Esse debate está começando a ficar bom hehehhee. Sobre isso eu vim saber há pouco tempo. E é novidade para mim, saber que Shopenhauer "só reconhece Sócrates e Kant".

    Infelizmente foi justamente esse aspecto de Nietzsche que influenciou a filosofia contemporanea... O conceito da afirmação do individuo como centro, a afirmação da intuição como unico forma de RAZÃO se tornaram imperantes... Infelizmente, a filosofia oriental trazida por Shopenhauer infelizmente perdeu espaço (Você deveria ler shopenhauer em outro momento, é muito bom, muito mesmo. Não a toa influenciou o Nietzsche nos seus melhores momentos.)....

    Cláudio, penso haver um equívoco aqui. A Filosofia de Nietzsche não influenciou a Filosofia contemporânea com "a intuição como única forma de "razão" (E você ainda diz que tais filosofias se tornaram "imperantes"). O mundo de hoje é extremamente racionalista. Só mesmo em Sócrates, Shopenhauer e Nietzsche é que podemos encontrar esse tipo de "razão intuitiva". É claro que, como você, eu também peneiro o que leio de Nietzsche. Os conceitos de "forte e fraco" são muito bons, pois Nietzsche inverte a coisa, e no lugar daquilo que a sociedade considera como forte - o cristão próspero que triunfa socialmente, mas lança seu ódio ressentido - o veneno da tarântula em "Assim Falava Zaratustra" - Nietzsche considera como fraco.Uma interpretação minha de Nietzsche: o que ele está querendo dizer, é que, no mundo dos instintos é uma aberração o homem renunciar àquilo que o torna forte! Se ele é inteligente e consegue convencer massas; se ele é empreendedor e fica rico com isso; se ele é conquistador e ganha territórios a partir da guerra, ele é considerado grande, vitorioso. Mas, segundo Nietzsche, o Cristianismo cria um código ético-moral que diz que, "ser inteligente para convencer", "ser empreendedor para ficar rico", e "ser poderoso para conquistar", são formas "anti-cristãs", ou seja, é "anti-ético" trinunfar materialmente em qualquer sentido, e então, é onde o cientista, o filósofo humanista, o sociólogo defensor das doutrinas absolutas de igualdade social, se tornam hipócritas - estou dizendo "hipócritas", mas Nietzsche, com sua Filosofia Original irá dizer: mentirosos... Porque, embora a mentalidade de todos esses estejam contaminadas pelo cristianismo, sabem-se, todos, de antemão, que continua prevalecendo o mundo dos instintos. Mas a mentalidade cristã incutida no marxismo, na ciência e nas religiões, cria uma máscara para dizer que o triunfo social é contra Deus, é anti-ético. Nisto, Nietzsche foi genial!

    Enfim, meu filosofo de cabeceira é Socrates e Shopenhauer... Fora estes, leio Kant (fundamental para se compreender shopenhauer no todo e  Nietzsche, mas este leio atento, pois dentro de suas muitas ideias brilhantes se escondem filosofia de ocasião, o que não me interessa.)

    Muito bom gosto! (Ainda me falta ler o Shopenhauer. Qual livro vc me recomenda dele?)

    A pena é que a filosofia de ocasião de Nietzsche foi tomada como sua melhor filosofia, em especial no seculo 20... caras como Sartre (que não chega aos pés de ser um filosofo atemporal e universão) usou muito disso... passando uma impressão de que a filosofia Ocidental é muito diferente da Oriental... Quando na verdade não é. Abraço.

    Esse é o melhor momento do seu post. Quem me vê, vê os meus posts, o meu fórum e o meu blog, ambos sobre Filosofia Oriental, pensa que eu sou um "especialista na coisa", mas não é assim. O motivo de me voltar para essa Filosofia, a oriental, é justamente de, até hoje, não ter encontrado abordagens semelhantes, na Filosofia ocidental. Então, eu volto lá naquela questão que coloquei. O que aconteceu? Quem foram os responsáveis por fazer de Sócrates - e isso foi uma sacanagem ou mal-entendido - apenas o "iniciador, o criador da Filosofia ocidental", como se a filosofia dele, se resumisse a isso apenas? Foi importante essa observação sua: "fizeram (Sartre, e outros), pensar que a Filosofia Ocidental é diferente da Filosofia Oriental". Quem estiver lendo esse tópico, os nossos debates, verão que, de fato, elas são idênticas. Mas o mundo da Academia, desde os seus primórdios, "subverteu" a coisa, a seu modo, porque, como você sabe, com o Positivismo de Auguste Comte, a Filosofia - ou o que sobrou dela - restou apenas como "arrimo epistemológico" para os fundamentos da Ciência. Quero dizer, a partir do Positivismo, o pensamento científico reduziu a Filosofia ocidental apenas á questões sobre Filosofia da Linguagem, Filosofia da Ciência, e no mais, questões de erudição filosófica (inúteis e muitas vezes perniciosas), que só servem - aparentemente - a professores e cursos de Filosofia. E, a Filosofia Oriental, que hoje é resgatada - mas bem de leve, só superficialmente - por doutores em Antropologia e Sociologia, é vista como "perfumaria" pela filosofia racionalista que há na Academia. Falo mesmo! Embora este fórum diga que, uma das regras consiste em "filosofar" do ponto de vista acadêmico, digo que, restringir a coisa a esse ponto, é tolher aquilo que a própria Academia chama de "pensamento crítico". Mandou bem o "Fedão" aí, para a gente - eu pelo menos - ver que há na Filosofia Ocidental a mesma proposta da Filosofia Oriental - esta última não é chamada filosofia pelo mundo acadêmico ocidental, é chamada, pejorativamente "misticismo oriental". Ah, e a ciência não é "mística"? Ou será que ela é mítica? Como observou o sociólogo da ciência e físico português Jorge Dias de Deus, "a ciência é o mito dominante na nossa sociedade". A Filosofia Ocidental precisa resgatar a sua pureza original, como vemos aí no Fedon, sem esses jogos de retórica inúteis e perniciosos, que você identifica em Sartre, por exemplo...Abçs,

    #73500
    Monstrinho
    Membro

    Ah, e a ciência não é "mística"? Ou será que ela é mítica? Como observou o sociólogo da ciência e físico português Jorge Dias de Deus, "a ciência é o mito dominante na nossa sociedade". A Filosofia Ocidental precisa resgatar a sua pureza original, como vemos aí no Fedon, sem esses jogos de retórica inúteis e perniciosos, que você identifica em Sartre, por exemplo...Abçs,

    E digo mais: para aqueles que estão pensando que eu estou contra a ciência, saibam que, há poucos anos atrás fui um defensor ferrenho da ciência, depois de ter praticado 10 anos de Astronomia Amadora...A ciência tem o seu mérito na descoberta do mundo exterior. Quanto ao mundo real, à Realidade ainda, tateia no escuro...  Abçs,  

    #73501
    Monstrinho
    Membro

    Agora te digo, o mar onde o marinheiro se afoga, não poderia ser o mesmo deus que eu, você e os vedas dizem existir. E se afogar é não saber nada, portanto, não saber viver onde se está. Pois bem, o autor dessa frase afirmou que Deus (o barbudo criador) morreu, mas ele mesmo descreveu o Deus do Uno. Portanto, Nietzsche acreditava nessa seiva da existencia, mas combateu fortemente (por sorte nossa) o Deus ocidental criado pela igreja católica (por favor não confundir Catolicismo com a Filosofia Cristã, que é muito boa.)

    Nem devemos... Mas Niezstche localiza a "filosofia cristã" ou "pensamento cristão", infiltrados em outras áreas na sociedade, como na ciência e na própria Filosofia, onde ele irá criticar os filósofos idealistas, com aqueles que idealizam o "mundo de amanhã', e não o mundo como ele é. Concordo que Nietzsche se torna ambíguo às vezes, mas, se fizermos vista grossa a todas as suas obras, a menos de Assim Falava Zaratustra, aí encontramos uma filosofia particular, um "momento de grande lucidez" em Nietzsche. Em Assim Falava Zaratustra, parece que jã não encontramos aquele "super-homem dos instintos", mas o "além-homem" que transcende o "ser" (no sentido de estar) humano. Então o Além-homem é aquele homem que se torna "não-humano", como em Sócrates e nos filósofos orientais, para deixar surgir o Além-homem, no "grande sol do meio-dia" - em Paulo de Tarso "matar o homem velho (ser humano) para surgir o novo homem (o Além-homem de Nietzsche). Em Assim Falava Zaratustra, portanto, não é possível encontrar um "além-homem" que se identifique com o triunfo dos instintos, e muito menos com os regimes totalitários, que, de modo bem urdido, se usou a filosofia de Nietzsche naquele momento político para justificá-los, como vc mesmo observou aí para trás. A propósito de Filosofia Cristã, o que você acha de São João da Cruz? Abçs,

    #73502
    Claudio L.
    Membro

    Monstrinho, estava te lendo e ia responder , mas tenho que sair. Mas antes é importante dizer que usei a palavra intuição no sentido shopenhaueriano que diz que a intuição é fruto do entendimento. Portanto intuir é prever o já experimentado.  Portanto, prever uma consequência a respeito de uma causa que já se conhece.  Ou seja razão a posteriori (ja aprendida). E nao a priori (já admitida).

    #73503
    Monstrinho
    Membro

    Voltando ao Fedon…

    Se considerares, prosseguiu, nos outros homens a coragem e a temperança, hás deachá-las mais do que absurdas.Como assim, Sócrates?Ignoras porventura, lhe disse, que na opinião de toda a gente a morte se inclui entreos denominados males?Sei disso, respondeu.E não é pelo medo de um mal ainda maior que enfrentam a morte esses indivíduoscorajosos, quando a enfrentam.Certo.Logo, é por medo e temor que os homens são corajosos, com exceção dos filósofos,muito embora se nos afigure paradoxal ser alguém corajoso por temor e pusilanimidade.

    Muito interessante esse trecho. Os considerados mais corajosos, são os mais covardes, no sentido de que são os que mais estão identificados com os conceitos e idéias mundanas e humanas. O filósofo é o mais corajoso dos homens, porque, vivendo para a morte não teme as injustiças humanas que poderão juntar-se sobre ele e tampouco a morte. Filosofar consiste, portanto, em aprender a morrerMesmo aqui ouço a voz de Nietzsche, citanto Jesus: "Não afasta o mal, pelo contrário, convida-o, "ama-o", em O Anti-cristo. Abçs,

    #73504
    Monstrinho
    Membro

    Leiam e comentem!Que é Deus? - Concepção de Deus de Acordo com Várias Escolas FilosóficasSwami Vivekananda1- A Escola DualistaA primeira escola de que vos falarei é chamada escola dualística. Os dualistas acreditam que Deus, Criador e Governador do universo, está eternamente separado da natureza, eternamente separado da alma humana. Deus é eterno, a natureza é eterna, e eternas são todas as almas. A natureza e as almas manifestam-se e mudam, mas Deus permanece o mesmo. Segundo os dualistas, Deus é pessoal, pelo fato de ter qualidades, não por ter um corpo. Tem atributos humanos. É misericordioso, justo, poderoso, onipotente; podemo-nos nos aproximar d'Ele, orar para Ele, amá-Lo. Ele retribui o amor, e assim por diante. Numa palavra, é um Deus humano, apenas infinitamente maior do que o homem, sem qualquer dos defeitos que o homem tem. Não pode criar sem materiais, e a natureza é o material do qual Ele se serve para criar todo o universo.A vasta massa do povo da índia é dualista. Todas as religiões da Europa e da Ásia Ocidental são dualistas: têm de ser dualistas. O homem comum não pode pensar em coisa alguma que não seja concreta. Gosta, naturalmente, de agarrar-se ao que o seu intelecto apreende. Essa é a religião das massas, em todo  o mundo. Acreditam num Deus inteiramente separado delas, um grande rei, um poderoso monarca, por assim dizer. Ao mesmo tempo, fazem-no mais puro do que os monarcas de Terra; dão-lhe todas as boas qualidades e removem dele todos os defeitos, como se fosse possível o bem existir sem o mal, ou qualquer concepção de luz sem a concepção das trevas!Eis a primeira dificuldade no que se refere às teorias dualísticas: como é possível que sob a direção de um Deus justo e misericordioso haja tantos males no mundo? Essa pergunta se ergue em todas as religiões dualísticas, mas os hindus jamais inventaram Satã para dar uma resposta a tal indagação. Os hindus concordam em lançar a culpa sobre o homem, e é fácil para eles fazer isso. Por quê? Porque não acreditam que as almas tivessem sido criadas do nada.Vemos, nesta vida, que podemos modelar e formar nosso futuro. Cada um de nós, todos os dias, está tentando modelar o amanhã. Hoje, fixamos o destino do amanhã; amanhã fixaremos o destino do dia seguinte, e assim por diante. É bastante lógico que esse raciocínio seja empregado também para o tempo pregresso. Se pelas nossas ações modelamos nosso destino no futuro, por que não aplicar a mesma regra ao passado? Se, numa corrente infinita, um certo número de elos são alternadamente repetidos, e se um desses grupos de elos pode ser explicado, poderemos explicar toda a cadeia. Assim, nessa infinita extensão de tempo, se podemos secionar uma porção dele, e explicá-lo, e compreender essa porção, podemos, se é verdade ser a natureza uniforme, dar a mesma explicação à toda a corrente de tempo. Se é verdade que estamos trabalhando nosso própria destino, aqui, neste pequeno espaço de tempo, se é verdade que tudo deve ter uma causa, como vemos agora - deve ser verdade, também, que o que somos agora é o efeito de todo o nosso passado.Portanto, não se faz necessário ninguém para modelar o destino da humanidade, a não ser o homem. Os males existentes no mundo são causados somente por nós mesmos. Nós causamos todos esses males, e assim como estamos constantemente vendo o sofrimento como resultante de más ações, podemos ver que nunca da angústia existente no mundo é efeito da maldade passada do homem. Só o homem, portanto, de acordo com esta teoria, é responsável. Deus não deve ser culpado. Ele, o Pai eternamente misericordioso, não deve absolutamente ser culpado. "Colhemos o que semeamos.Outra doutrina dos dualistas diz que todas as almas devem, finalmente, alcançar a salvação. Nenhuma delas ficará do lado de fora. Através de várias vicissitudes, através de vários sofrimentos e prazeres, cada uma delas sairá, por fim. Sairá de quê? A idéia comum é a de que todas as almas têm de sair deste universo. Nem o universo que vemos e sentimos, nem mesmo um universo imaginário, podem ser o certo, o verdadeiro, porque ambos estão mesclados com o bem e o mal. Segundo os dualistas, há, para além deste universo, um lugar cheio de felicidade e de bem, apenas, e quando esse lugar for alcançado, não haverá mais necessidade de nascer e renascer, de viver e morrer, e essa idéia lhes é muito cara. Ali não há mais doenças, não há morte. Existirá uma felicidade eterna, e eles estarão na presença de Deus todo o tempo, e gozarão essa presença para sempre. Acreditam que todos os seres, do verme mais baixo até os mais altos anjos e deuses, atingirão, mais cedo ou mais tarde, o mundo onde não mais haverá sofrimento. Mas nosso mundo jamais terminará. Continuará a existir infinitamente, embora movendo-se em ondas. Embora movendo-se em ciclos, jamais terminará. O número de almas que devem ser salvas, que devem ser aperfeiçoadas, é infinito.2- Os "Não-dualistas qualificados"A verdadeira filosofia Vedanta começa com os que são conhecidos como não-dualistas qualificados. Declaram eles que o efeito jamais difere da causa; que o efeito é a causa reproduzida sob outra forma. Se o universo é o efeito e Deus é a causa, o universo deve ser o próprio Deus; não pode ser senão isso. Começam eles com a afirmativa de que Deus é, ao mesmo tempo, a causa eficiente do universo e seu Criador, e, ainda, o material do qual se projetou toda a natureza. A palavra "criação" de vossa língua, não tem equivalente em sânscrito, porque não há seita, na índia, que acredite na criação, tal como ela é vista no Ocidente, isto é, algo que veio do nada. O que entendemos por criação é a projeção do que já existia.Bem: o universo inteiro, de acordo com esta seita, é o próprio Deus. Ele é o material do universo. Lemos nos Vedas : "Assim como a aranha tece a linha tirada de seu próprio corpo, todo o universo, da mesma maneira, vem daquele Ser". Se o efeito é a causa reproduzida, a questão é a seguinte: como podemos achar que este universo ininteligente, bronco, material, foi produzido por um Deus que não é material, mas é inteligência eterna? Como, se a causa é pura e perfeita, o efeito pode ser tão diferente?Que dizem esses não-dualistas qualificados? A teoria deles é muito peculiar. Dizem que os três - Deus, natureza e a alma - são um. Deus é, por assim dizer, a alma, e a natureza, e as almas são o corpo de Deus. Tal como eu tenho um corpo e uma alma, todo o universo e todas as almas são o corpo de Deus, e Deus é a Alma das almas. Assim, Deus é a causa material do universo. O corpo pode ser modificado - pode ser jovem ou velho, forte ou fraco - mas isso em nada afeta a alma. É a mesma existência eterna, manifestando-se através do corpo. Corpos vêm e vão, mas a alma não muda. Mesmo assim o universo inteiro é o corpo de Deus, e nesse sentido é Deus. Mas a mudança do universo não afeta Deus. Desse material Ele cria o universo, e ao fim de um ciclo Seu corpo se torna mais fino, contrai-se, e no início de outro ciclo torna-se novamente expandido, e dele emanam todos esses mundos diferentes.Ora, tanto os dualistas como os não-dualistas qualificados, admitem que a alma é, por sua natureza, pura, mas, através de suas próprias ações, torna-se impura. Os não-dualistas qualificados expressam isso de uma forma mais bela do que os dualistas, dizendo que a pureza e a perfeição da alma se contraem e de novo se manifestam, e que o que estamos tentando fazer agora é a remanifestação da inteligência, da pureza e do poder que são naturais à alma. Cada má ação contrai a natureza da alma, e toda a boa ação a expande. E essas almas são, todas, parte de Deus. "Assim como do fogo violento voam milhares de faíscas da mesma. natureza, desse Ser infinito, de Deus, essas almas vieram."Todas têm o mesmo objetivo. O Deus dos não-dualistas; qualificados é também um Deus pessoal, só que interpenetra tudo no universo. É imanente em tudo e está em toda a parte, e quando as Escrituras dizem que Deus é tudo querem dizer que Deus interpenetra tudo, não que Deus se tornou uma parede ou que Deus está na parede. Não há uma partícula, não há um átomo do universo onde Ele não esteja. As almas são limitadas, não têm onipresença. Quando conseguem a expansão de seus poderes e tornam-se perfeitas, não há mais nascimento nem morte para elas, mas vivem em Deus para sempre.3- A Filosofia Advaita-Vedanta ou Não-dualismoChegamos agora ao Advaitismo, a última e - assim a consideramos - mais bela flor da filosofia e da religião que qualquer país e em qualquer tempo já produziu, quando o pensamento humano atinge sua expressão mais alta, e vai mesmo além do mistério que parece ser impenetrável. É a Vedanta não-dualística. É demasiado complexa, demasiado elevada, para ser religião das massas. Mesmo na Índia, seu berço natal, onde tem governado, suprema, pelos três últimos milênios, não conseguiu permear as massas.Conforme continuamos, verificaremos o quanto é difícil mesmo para o homem ou a mulher mais considerados de qualquer país o compreender o advaítísmo - pois nos fizemos tão fracos, pois nos fizemos tio baixos. Quantas vezes me pediram uma "religião que conforte"! Poucos são os homens que pedem a verdade, menor número ainda ousa estudar a verdade, e ainda mais insignificante é o total dos que ousam segui-Ia em todas as suas significações práticas. Não é culpa deles. Não passa de fraqueza do cérebro. Qualquer pensamento novo, especialmente de alta qualidade, cria uma perturbação, tenta fazer um novo canal, por assim dizer, na matéria cerebral, e isso desengonça o sistema, retira aos homens o seu equilíbrio. Estão habituados a certo ambiente e precisam dominar a massa imensa de velhas superstições, superstições ancestrais, superstições de classe, superstições da cidade, superstições do país, e, além de tudo, a vasta massa de superstições inata a todo o ser humano. Ainda assim há algumas almas corajosas neste mundo, que ousam conceber a verdade, que ousam recebê-la, e que ousam segui-Ia até o fim.Que declaram os advaitistas? O seguinte: Se há um Deus, esse Deus deve ser ao mesmo tempo a causa material e eficiente do universo. Não só é o Criador, mas é também o criado. Ele próprio é este universo.Como pode ser isso? Deus, o puro, o espírito, tornou-se universo? Sim, aparentemente é assim. Aquilo que todas as pessoas ignorantes vêem como universo, não existe, realmente. Que somos, vós e eu, e todas as coisas que vemos? Simples auto--hipnotismo. Não há senão uma Existência, a infinita, a sempre abençoada. Nessa Existência sonhamos todos esses vários sonhos. É o Atman  para além de tudo, o infinito, para além do conhecido, para além do conhecível, e através disso vemos o universo. Essa é a única realidade. Ela é esta mesa, é a parede, é tudo, menos o nome e a forma. Retirai a forma da mesa, retirai--lhe o nome, e o que permanecer será a mesa. O vedantista não diz "ele" ou "ela", pois essas são ilusões, ficções do cérebro humano. Não há sexo na alma. As pessoas que estão sob a ilusão, que se tornaram como que animais, vêem a mulher ou o homem. Deuses vivos não vêem homens nem mulheres. Como podem vê-los, eles que estão para além de tudo que tenha idéia de sexo? Tudo e todos são Atman, o Eu - assexuado, puro, sempre abençoado. O nome, a forma, o corpo, é que são materiais, e fazem toda essa diferença. Se retirardes essas duas diferenças de nome e forma, todo o universo é um. Não há dois, ma un,4 por toda a parte. Vós e eu somos um. Não há natureza, nem Deus, nem universo - apenas uma Existência infinita, da qual, através de nome e de forma, todas essas coisas são manufaturadas.Como conhecer o Conhecedor? Ele não pode ser conhecido. Como podeis ver vosso próprio Eu? Só podeis refletir vós mesmos. Assim, todo este universo é o reflexo desse ser eterno, o Atman, e como o reflexo tomba sobre bons ou maus refletores, também imagens boas ou más são adicionadas. Assim, no assassino o refletor é mau, e não o Eu. No santo o refletor é puro. O Eu, o Atman, é, por sua própria natureza, puro. É a mesma, a única Existência do universo, que se reflete desde o mais baixo verme até o mais alto e mais perfeito dos seres. O todo deste universo é uma unidade, uma Existência, fisicamente, mentalmente, moralmente, e espiritualmente. Estamos considerando essa Existência única em diferentes formas e criando todas essas imagens sobre Ela. Para o ser que se limitou às condições de homem, Ela aparece como o mundo do homem. Para o ser que está em plano mais alto de existência, Ela pode parecer como o céu. Há apenas uma alma no universo, não duas. Não vem, nem vai. Não nasce, não morre, não se reencarna. Como pode morrer? Para onde pode ir? Todos esses céus, todas essas terras, são vãs imaginações da mente. Não existem, jamais existiram no passado, e jamais existirão no futuro.Eu sou onipresente, eterno. Para onde posso ir? Onde ainda não estou desde já? Estou lendo este livro da natureza. Página por página estou terminando-o, e voltando-as, e um por um os sonhos da vida se vão. Outra página da vida foi voltada, outro sonho da vida chega, e vai, rolando, rolando. E quando eu tiver terminado minha leitura, abandono-a e ponho-me de lado. Atiro fora o livro, e tudo estará terminado.Que pregam os advaitistas? Destronam todos os deuses que já existiram ou existirão no universo, e colocam naquele trono o Eu do homem, o Atman, maior do que o Sol e a Lua, mais alto do que os céus, maior do que este próprio grande universo. Nenhum livro, nem escrituras, nem ciência, podem jamais imaginar a glória do Eu que aparece como homem - o Deus mais glorioso que já existiu, o único Deus que já existiu, existe, ou jamais existirá.Devo adorar, portanto, apenas o meu Eu. "Eu cultuo o meu Eu" - diz o advaitista. "Diante de quem devo-me curvar? Eu saúdo o meu Eu. A quem devo pedir auxílio? Quem pode me ajudar, a mim, o Ser Infinito do universo?" Esses são sonhos aloucados, alucinações. Quem jamais ajudou alguém? Ninguém Onde virdes um homem fraco, um dualista, chorando e gemendo por auxílio vindo de algures, de cima dos céus, é porque ele não sabe que os céus também estão nele. Deseja auxílio dos céus, e o auxílio vem. Vemos - que vem, mas vem de dentro dele próprio, e ele se engana supondo que vem de fora. Às vezes, um doente jaz no leito e pode ouvir que batem à porta. Levanta-se, abre, e vê que ali não há ninguém. Volta ao leito e de novo ouve que batem. Levanta-se e abre a porta. Ninguém ali está. Por fim descobre que eram as pancadas de seu próprio coração que lhe pareciam pancadas na porta. Assim o homem, depois de procurar em vão os vários deuses fora de si próprio, completa o ciclo e volta ao ponto do qual iniciou sua busca - a alma humana. E descobre que aquele Deus procurado sobre montes e vales, que buscava encontrar em cada livro, em cada templo, nas igrejas e nos céus, aquele Deus que ele imaginava sentado no paraíso, a governar o mundo, era seu próprio Eu. Eu sou Ele, e Ele é Eu. Só Eu era Deus e o pequeno "eu" jamais existiu.IN: Quatro Yogas de Auto-realização - Swami Vivekananda - http://www.upasika.com/docs/india/Vivekananda%20-%20Quatro%20Yogas.pdf

    #73505

    Nossa, a discussão nesse tópico está particularmente boa.Vou tentar ler tudo (é muito conteúdo... hahaha) e acompanhar o bate-papo por aqui!Preciso ler também um pouco mais... Nietzsche, Schopenhauer, Kant, Descartes... tao na minha lista!Só preciso de um pouco mais de tempo pra ler e umas ofertas de compras coletivas pra poder comprar tanto livro!HEHEHEAbrass!

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