Seria possível, nos dias atuais, existir uma sociedade que não usasse dinheiro?

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  • #81236
    Brasil
    Membro

    Possível, interessante e bom. É uma solução relativamente simples, e resolve os maiores problemas tanto do capitalismo quanto do comunismo: igualdade econômica e liberdade, respectivamente.

    ;) Eu "só" queria que minhas palavras tivessem a potência de 1.000 megatons...

    #81237
    jota erre
    Membro

    Hi, Brasil!Julgo suas considerações bem articuladas e críticas.Mas, se me permite, gostaria de polemizar para tornar a discussão mais produtiva.Em primeiro lugar, a pergunta do tópico é "Seria possível, nos dias atuais, existir uma sociedade que não usasse dinheiro?"Vc considera uma sociedade em que todos os indivíduos têm idéia clara de seus direitos e deveres, mas isso é realmente possível?A ética nos mostra que, a despeito da moral platônica, o índivíduo é sim capaz de conhecer o bem e praticar o mal assim mesmo.Como vc resolve estas questões nesta sociedade, considerando a sua possibilidade ontológica?ok...

    #81238
    Brasil
    Membro

    Olá Ed Junior

    Em primeiro lugar, a pergunta do tópico é "Seria possível, nos dias atuais, existir uma sociedade que não usasse dinheiro?"Vc considera uma sociedade em que todos os indivíduos têm idéia clara de seus direitos e deveres, mas isso é realmente possível?

    A idéia é tornar isso mais possível.Ao especificar "nos dias atuais" eu quis eliminar aquela VELHA idéia de um mundo sem dinheiro: A princípio se falamos num mundo sem dinheiro a imaginação já nos remete aos primórdios da civilização em que usava-se o sistema de troca direta, por exemplo uma galinha por 2 melancias, etc.Referi-me aos dias de hoje, tendo como perspectiva toda a evolução tecnológica  pois, a humana ainda não está suficientemente evoluida para isso. Vc tem razão em fazer esta questão pois, ao pé da letra, está realmente errado. Não acredito nisto para os dias atuais e acho que seria impossível imaginá-la sendo uma realidade para antes de 50 ou 100 anos no mínimo, sei lá...   O tempo todo eu tomo esta sociedade sem dinheiro como algo inevitável porém, a longo prazo, e tudo o que tento fazer é humildemente ajudar a diminuir um pouco este prazo, expondo estes aspectos nocivos do uso do dinheiro e tentando mostrar que ele não é absolutamente necessário. Basta leis, e não dinheiro. Isso, é óbvio pra mim, mesmo eu tendo consciência que a total supressão da ganância humana ainda está muito longe de acontecer. Porém, o efeito que essa sociedade produziria nesse campo específico, ( ganância humana ) seria algo como um grande passo para a humanidade chegar um dia, quem sabe, suprimir totalmente estes sentimentos.

    A ética nos mostra que, a despeito da moral platônica, o índivíduo é sim capaz de conhecer o bem e praticar o mal assim mesmo.

    Exatamente por isso que essa sociedade imprescinde de leis. Ela  não espera que todos sejam éticos, ela obriga à ética pela via do PROPÓSITO.Ou seja, a ética se corrompe por interesses, interesses são em sua gigantesca maioria, financeiros. Que quero dizer? Tanto para corromper como para se corromper, a ferramenta é o dinheiro.  Eliminado o dinheiro, quem irá querer corromper alguém? Pra quê?  Quem irá querer se corromper? Pra quê?  Se os bens são acessíveis a todos... Qual a vantagem de eu acumular algo que meu vizinho só não acumula para não tomar espaço em sua casa? Todos têm acesso a tudo. Como corromper e pra quê corromper? A falta de propósito é o caminho. Entendeu?

    Como vc resolve estas questões nesta sociedade, considerando a sua possibilidade ontológica?

    Creio que o que escrevi acima responde essa pergunta. Ou seja, que os seres humanos são deveras complicados eu sei, exatamente por isso acredito que devemos  "preparar os caminhos". Pelo menos criar condições favoráveis para a melhora humana.  FICAR ESPERANDO o belo dia em que todos comecem NATURALMENTE a   suprimir   os  "naturais"  sentimentos de ganância , é algo distante por demais. O que a referida sociedade faria é tornar, através de leis, assim como a sociedade em que vivemos hoje tenta fazer, as coisas mais justas.  O nosso atual sistema totalmente contaminado pela prática desonesta, em que já estamos cansados de clamar por ética, vergonhosamente nos impõe leis e simplesmente temos que cumpri-las não é mesmo? Um governo corrupto nos impõe leis que uma justiça corrupta nos faz cumprir e caso não cumpramos, uma polícia corrupta nos prenderá numa prisão cuja administração é corrupta...  Ou seja, uma sociedade de corruptos.  :-[Você entende que devemos esperar naturalmente os seres humanos serem menos gananciosos? Não devemos tentar resolver os problemas com leis?  Pois,  se vc refletir, os problemas do mundo se resumem em ganância!   Vc consegue imaginar outras FONTES ou VIAS para a ganância além do uso do dinheiro?Não sei se me fiz entender...Abraço

    #81239

    OláEntro de para-quedas aqui no meio do tópico para ver se vocês receberam o anúncio do novo texto no site. Me parece pertinente, olha:A POSSIBILIDADE DE UMA SOCIEDADE ISENTA DE CAPITALISMO, de Naidion Concencio Brovedan, pesquisa desenvolvida sob orientação, no curso de filosofia da Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). RESUMO: Thomas Morus ao escrever sua obra, tinha como objetivo denunciar fatos e explorações que estavam sendo realizadas contra o povo inglês. Por isso, nela encontramos um perfeito retrato de uma anti-Inglaterra, ou seja, anti-capitalista, baseada na igualdade e na justiça, e com uma excelente educação, condição necessária para a igualdade. Sendo assim, este estudo usa dessa obra como base para analisar a atual condição econômica, e também como exemplo de que pode existir uma sociedade sem precedências capitalistas. Usa-se nesse estudo também, conceitos do capitalismo para desmistificar algumas passagens da obra que deixam-na com alguns resquícios de capitalismo. Palavras Chave: Utopia. Capitalismo. Sociedade. Sistema econômico.URL: http://www.consciencia.org/thomas_more_capitalismobrovedan.shtmlAbraços

    #81240
    Z
    Membro

    Brasil, sabes que minha opinião é a de que o problema reside nos valores capitalistas e não no objecto de troca em si.Mas independentemente da utilidade ou inutilidade da abolição do dinheiro, como pensas ser possível tornar essa abolição, numa conjuntura real do tipo das por ti apresentadas?Progressiva ou radicalmente?Como?Quanto tempo levaria a colher frutus mundialmente significativos?

    #81241
    Brasil
    Membro

    Olá Z

    Brasil, sabes que minha opinião é a de que o problema reside nos valores capitalistas e não no objecto de troca em si.

    Veja, se abolir o capitalismo e continuar a usar dinheiro não refresca em nada. Simplesmente não vai se privilegiar abertamente o capital, mas ele vai continuar a ser buscado de todas as formas. O acúmulo SEMPRE vai ser buscado de uma forma ou de outra. O acumulo se traduz em poder que por sua vez se traduz  em opressão, espoliação, pilhagem, manipulação de leis e corrupção no cumprimento das mesmas.

    como pensas ser possível tornar essa abolição, numa conjuntura real do tipo das por ti apresentadas?Progressiva ou radicalmente?

    Progressivamente.

    Como?

    "Esperando" e é claro, sempre manifestando esta minha convicção que, a mim parace tão óbvia.  Essa consciência um dia vai comecar a aflorar nas pessoas, quando eu não sei. Também não sei se estou ajudando em alguma coisa no sentido de fazer esta consciência aflorar  mais rapidamente, mas, vou me empenhando...Penso que se mais pessoas pensassem como eu a respeito do caráter nocivo do uso do dinheiro,  isso já seria algum tipo de progresso na direção de um mundo melhor. Veja que não prego aqui a abolição individual do dinheiro, ou seja, isto não é um comportamento que se aplique individualmente e sim coletivamente. Eu, hoje, preciso e "gosto" de dinheiro tanto quanto qualquer outra pessoa, mas nem por isso vou dixar de vê-lo pela ótica mais crítica, de um modo amplo, observando o que REALMENTE ele faz.

    Quanto tempo levaria a colher frutus mundialmente significativos?

    Realmente eu não sei. Essa sociedade, na minha maneira de ver, não teria que ser necessariamente adotada em nível mundial, um país seria perfeitamente capaz de coexistir entre oturos países com sistemas econômicos divergentes. As negociações se dariam em forma de permuta. Se hoje eu exporto 1.000 bananas e recebo  1.000 din dins e, com esses 1.000 din dins eu consigo comprar 500 nozes importadas, se amanhã eu não usar mais o dinheiro e  algum país  quiser comprar minhas bananas, basta dar-me 500 nozes em troca de 1.000 bananas. E assim procedendo em relação aos demais produtos e bens de consumo. Pro outro país vai fazer muita diferença, se ele realmente quiser a banana? Não vejo em que, além é claro dos interesses desonestos que rondam o mundo dos negócios, poderia ser um impecilio para esta sociedade coexistir entre outras diferentes._________________________________________________________________Miguel, já li o texto que vc indicou e tenho muitas observações a fazer, depois eu mando ver... heheheAbraços a todos

    #81242
    Z
    Membro

    Tudo bem Brasil mas há outro aspecto.Achas que o simples facto de o dinheiro ser abolido em função de um sistema global de troca directa vai acabar com a ganancia ou com a guerra?Digo-te já que não.Isto porque há produtos que não se estragam, e a capacidade de negociar e abusar e aproveitar-se de situações de outras pessoas vai permitir amealhar produtos.Estando o sistema implementado, em pouco tempo ver-se-á pessoas com toneladas de SAL que não precisam.. e usam esse SAL para "comprar" favores políticos ou mercantis.A mercantilidade existe para além do níquel e do algodão...:S

    #81243
    Brasil
    Membro

    Olá Z

    Achas que o simples facto de o dinheiro ser abolido em função de um sistema global de troca directa vai acabar com a ganancia ou com a guerra?

    Bem, se vc leu o que eu disse, viu que eu atribuo a ganância  à nossa própria natureza, e digo que o dinheiro é um forte agente potencializador DESTA ganância.Portanto, a idéia desta sociedade não pretende como eu também disse, corrigir a moral dos homens e sim obrigá-los a cumprir  SUAS PRÓPRIAS leis pois, isso não está acontecendo!  A hipocrisia está imperando!  Ficamos cobrando ética dos políticos como uns ingênuos idiótas esperando que isso aconteça.  Por qual motivo alguém teria ética? As regras do jogo dos barões têm ética? A especulação permite ética? Se vc tiver ética num jogo de ladões vc estará frito.Eu não acho que a abolição do uso do dinheiro acabará completamente com a ganância humana, mas o EFEITO que isso causaria no que diz respeito a não haver mais propósito para a ganância e por conseqüencia à corrupção e às guerras,  também é de se pensar, não é mesmo?De 70 anos pra cá, QUAL  guerra não foi por dinheiro?   Quando eu digo que o uso do dinheiro é nocivo e potencializador da ganância, eu estou me referindo às regras do jogo e não ao indivíduo isolado.  O que quero dizer? O indivíduo não precisa ser ganancioso para agir com ganância.  As pessoas são quase que obrigadas a desenvolver este sentimento pois,  vivem entre hipocrisias constantes e crescentes.  Que adianta pedir ética? Pedir resolve? Talvez devamos pedir para os ladrões não roubarem, os sequestradores  não sequestrarem, etc.  ???Se o problema da ética está direta e intimamente ligado ao dinheiro... O que posso dizer? Não é MUITA ingenuidade PEDIR ética? Esperar ética? Essa falta de ética no âmbito da administração do País é altamente nociva. Não vejo qualquer perspectiva de alteração nesse curso. Veja, isto é importante: As leis existem para coibir os crimes. Os crimes financeiros são invariavelmente PREMEDITADOS. Isso dá todas as condições favoráveis para corromper quem quer que seja, pois dinheiro público é vultuoso. Só para vc ter uma idéa, aqui no Brasil tem juiz trocando sentença por aparelho de TV. Isso não é força de expressão, é real.  Tem Ministro do Supremo Tribunal de Justiça, vendendo liminar  para gangster do jogo do bixo e de bingo(jogos ilegais). O jogo do bixo é proibido a  décadas, a corrupção trancende governos e governos sem o menor constrangimento. O jogo do bixo aqui no Brasil é uma corrupção "instituida" há decadas. Bixeiros mafiosos sobem em palanques junto de políticos. Bem, acho que já deu pra entender não é?O ex-presidente do País comprou votos para se eleger, um crime né? O atual também... Dá pra esperar ética? De quem? Pois, a sociedade também não é otária...  Se as regras do jogo em que eu acidentalmente estou vivendo, são sujas, eu vou agir da mesma forma, serei "comum" ou então então terei de entrar pra um convento de padres. Pois se não me ajustar ao jogo, estarei remando contra a maré. Estarei sempre perdendo no jogo. Daí a crescente criminalidade e outros fenômenos "inexplicáveis" como a corrupção. A população assimilou esse "espírito ganancioso", de corpo e alma.

    há produtos que não se estragam, e a capacidade de negociar e abusar e aproveitar-se de situações de outras pessoas vai permitir amealhar produtos.

    Negociar é negociar... não existe produto indispensável!  Ademas, eu também já havia dito que o âmbito mundial ficaria para um segundo plano, a real dificuldade para esta sociedade ser possível,  é a aceitação por parte da maioria e, se isso for colocado no plano mundial, eu acredito que demorará mais tempo aínda. Haveria que existir uma sociedade primeiro e essa sociedade demonstrar notáveis progressos em todos os aspectos, para os demais países começarem a pensar a respeito.Abraços.

    #81244
    Brasil
    Membro

    Estando o sistema implementado, em pouco tempo ver-se-á pessoas com toneladas de SAL que não precisam.. e usam esse SAL para "comprar" favores políticos ou mercantis.A mercantilidade existe para além do níquel e do algodão...

    Z, eu acho que vc não entendeu. Entre a sociedade não haverá mercantlidade pois nada será negociado nunca. O acesso das pesoas aos produtos e bens de consumo é totalmete livre, portanto acumular é prejuízo, significa ocupar espaço desnecessariamente pois, não há produto que vc possa acumular e que alguém venha a se interessar pois o acessso aos produtos é livre, além é claro de o fato de acumular muitas sacas de sal, configurar crime na minha opinião, pois, o sal foi desonestamente acumulado com intenções comerciais e o comércio simplesmente não existe nesta sociedade. Também apropriou-se de muito mais do que precisaria para consumir. Sendo culpado, não existe "jeitinho", a lei é cumprida à risca.Já, imaginando a hipótese de esta sociedade  livre do uso de dinheiro, vir a negociar com outros países, ou seja, outras sociedades que optaram por continuar com seus velhos sistemas de convívio, aí sim a negociação só seria possível em forma de permuta. E, é como eu falei, negócio é negócio.  Quer meus produtos, dê-me os seus, ou deixa pra lá.Não existe produtos indispensáveis! Isso é alienação.  Existem remédios que custam o que muitas pessoas aqui não ganham em um mês de trabalho... são produtos dispensados por força da miséria e, a vida continua... Alguém está preocupado que muitos não podem comprá-lo? Este remédio é um produto dispensado  ;D    "Facilmente dispen$ável". 

    #81245
    Brasil
    Membro

    Olá amigosTomarei este bem intencionado texto indicado pelo Miguel,  (  A POSSIBILIDADE DE UMA SOCIEDADE ISENTA DE CAPITALISMO  http://www.consciencia.org/thomas_more_capitalismobrovedan.shtml ) pra apontar alguns erros na concepção da idéia de uma sociedade realmente justa e fraterna. Observarei tanto a Utopia, sociedade imaginada por Thomas Morus, como as outras concepções de modelos de sociedade  alternativa aos modelos hoje vigentes, assim  como também comentarei os vigentes. Vale dizer que apesar de não concordar com muitos aspectos referentes às concepções de uma sociedade justa abordado no referido texo, cabe aqui o reconhecimento à boa  intenção do autor que procurou colocar-se de maneira imparcial e deixou a discução em aberto, visando exatamente o sadio debate e conseqüente progresso da idéia.

    "Considero o assunto aqui tratado, de muita importância. Por isso esse artigo é fruto de uma pesquisa cuidadosa. Fica em aberto para eventuais estudos. Esse tema, por sua enorme dimensão e popularidade, jamais deverá se dar por terminado."

    Como o próprio autor do texto observa, a obra de Morus é de uma época distante e, há que se entender este aspecto. A começar pelos conceitos da época, em que o autor de Utopia idealiza uma sociedade "justa" onde a posse de escravos era algo natural: 

    "As propriedades agrícolas eram dispostas da seguinte forma: quarenta indivíduos, entre eles homens e mulheres, e dois escravos."

    Essa distância tão grande entre os conceitos de ontem e os de hoje, ao meu ver, já é suficiente motivo para não tomarmos as obras utópicas antigas como parâmetros para uma sociedade utópica nos nossos dias.   Falar de uma sociedade utópica, é sempre um exercício de "futurologia", uma vez que não tem-se precedentes de uma que realmente tenha existido. Temos que, como o próprio texto diz, tomarmos por base os erros do passado. Nestes termos, considero inapropriado irmos buscar elementos tão distantes, tão antigos.  Temos que procurar analizar as coisas, de acordo com as nossas percepções atuais, tecnologias atuais e conceitos atuais. Os conceitos são outros, diferentes dos antigos, então, temos que ter por parâmetro, os nossos dias em análise perspectiva dos dias futuros.Não resta dúvidas, na minha opinião, quanto a paixão com que Morus escreveu sua obra, ele vê uma sociedade "justa", onde as pessoas precisam obrigatoriamente de autorização judicial para viajar. Ele vê aos cidadãos felizes e satisfeitos numa sociedade em que as pessoas são obrigadas a fazer serviços determinados por lei (sem escolha) e ao tempo em que a lei determinar, sendo obrigado a revezar de profissão constantemente assim como também de residência.  ???Ele vê os cidadãos desta sociedade, tão "adoradores" dela que preferem juntarem-se aos outros cidadãos na hora das refeições pois, não sentem prazer em casa... ??? Ao meu ver isso não é uma sociedade, é uma "torcida".

    "O fato de eles comerem juntos não é porque não possa fazê-lo em casa, mas porque lá não sentem prazer. O que tem essa república para que o indivíduo se relacione de tal modo com os outros de modo a abrir mão de das refeições familiares?"

    Como bem observou o autor da pesquisa com a interrogação final, o que leva essas pessoas a venerar desta maneira o meio em que vivem? Uma sociedade não é uma religião a adorar algo, é um conjunto de regras a ser LITERALMENTE obedecido. Senão não funciona, ou funciona de modo precário. Não há necessidade dessa comunhão exagerada e inverossímel.A sociedade não pode ser mais importante que a familia, porém, não é por isso que os INTERESSES INDIVIDUAIS devem prevalecer... aí é outra coisa, os interesses individuais têm que ser suprimidos à medida em que os interesses sociais são efetivamente alcançados. Dar importância para a vida privada, para a famíla, não implica necessáriamente em construir um império particular. A pessoalidade, a privacidade, continua. A família não precisa ser objeto social! O cidadão sim.

    "Os pastores das crenças existentes na ilha, mesmo não governando, possuem uma grande influência sobre o estado. Isso se pode notar na própria obra, como cita Morus, “Os padres escolhem suas mulheres na fina flor da população”.  A educação também é confiada a esses pastores, para ensinarem moral e virtudes, de preferência os da ciência e os das letras.

    Liberdade religiosa sim, dominação religiosa não! Quem tem que dominar é o interesse SOCIAL, sempre, e em todos os sentidos. As religiões independentemente de suas crenças e modos de pensamento, estariam tão obrigadas a obedecer as leis criadas por TODOS, quanto qualquer cidadão. É importante também salientar o fato de que, na sociedade sem dinheiro, os legisladores seriam as pessoas mais áptas para isso, pois tudo se rege pela liberdade, sem qualquer influência para favorecer a quem quer que seja a não ser literalmente o bem geral. Tudo se move em direção ao bem comum. A absoluta falta do PROPÓSITO, para a atitude anti-ética, é a fórmula desta sociedade sem dinheiro. É baseado nestes parâmetros que entendo ser possível esta justa sociedade.

    Na área política da Utopia, há uma hierarquia entre os governantes com posições elevadas. Isso para que haja ordem na ilha?

    Hierarquia? O poder tem que ser TOTALMENTE dividido. A sociedade tem que ter o poder de decidir se o legisladores serão  velhos experientes com poucos conhecimentos teóricos ou se serão  jovens inexperientes cheios de conhecimentos teoricos e modernos. A homogenia é a melhor solução para isso, e não a hierarquia.

    Os Magistrados eram, na Utopia, uma espécie de fiscais controladores dos bens e organizavam as famílias. Parece um tanto contraditório uma cidade perfeita com tanta opressão. Cabe lembrar que no contexto e na época em que Morus viveu, tudo isso foi contra aos princípios Ingleses, obtendo grande conquista ao publicar este livro.

    Exato, pra a época, era revolucionário, hehehe  Vejam, na sociedade sem dinheiro, a única coisa que é controlada, fiscalizada é o cumprimento por parte de cada cidadão, quanto à sua cota de contribuição para a existência de uma sociedade realmente igualitária e sem miséria. Com a tecnologia atual, em que o governo tem cada cidadão como um número identificável em segundos e tem os rendimentos aproximados de cada cidadão na tela do computador, não seria difícil administrar um sistema que simplesmente verificaria se cada cidadão está se ocupando de algo útil ao invés de ficar "encostado" nos demais. Só isso. O progresso seria natural, todo canalizado para o bem comum.Na sociedade de Morus, a educação é privilegiada e imposta a todos. Bem, a imposição aos estudos deve acontecer naturalmente, digo, a nível familiar. Cada pai opta pelo que vai pedir ou exigir de seus filhos enquanto crianças. Atingida a maioridade, o estudo tem que ser algo opcional, pois assim procedendo, teremos pessoas cultas  fazendo o que realmente gostam e pessoas menos cultas fazendo o que realmente gostam. Uma armonia racional.Se a pesssoa não gosta dos estudos, não há por que obrigá-lo, uma vez que ele é útil para a sociedade do mesmo modo que o outro que QUIS e PÔDE estudar muito mais. Quis e pôde ir mais além...  Hoje vemos jovens estudando contra a própria vontade, para atender exigências de seus pais e, ao mesmo tempo vemos jovens que queriam muito estudar e não podem.  :-Outro ponto a observar-se na obra de Morus é que naquela época as coisas eram muito mais difíceis. Uma colheita hoje, demanda muito menos pessoas a trabalhar, que naquela época,  e atendem muito mais pessoas. Enquanto que, naquela época eram necessários 100 agricultores para produzir comida para 1.000 pessoas, hoje 10 agricultotres dão conta de produzir comida para 10.000 pessoas. A diferença é brutal, o progresso também deveria ser, mas não é.Uma máquina faz o trabalho de 100 homens e isso, no mundo do dinheiro representa o aumento drástico de desempregados,  já,  no mundo SEM dinheiro representa um REAL PROGRESSO. Qual seria o "problema" em existir uma máquina que fizesse o trabalho de 1.000 homens? Nenhum problema!Sabemos que a União Soviética abriu mão de desenvolver  tecnologia para não criar desempregados e, podemos dizer que foi aí que eles erraram. A tecnologia é muito bem vinda, a insensatez não. O que iria produzir desempregados não seria a tecnologia em si, e sim os interesses financeiros, não é mesmo? Reflitam...Acharam por bem desenvolver somente a tecnologia bélica para defenderem suas ideias que, infelizmente estavam erradas. Continuando a usar dinheiro, os interesses continuaram a ser os mesmos, ou seja, pessoais, individuais.  As leis não privilegiaram o acúmulo, mas propiciaram a miséria baseados em conceitos protecionistas e conservadores. Apesar de não privilegiar o dinheiro, continuando a usá-lo mantiveram-se presos aos interesses especulativos nacionais e internacionais. Continuaram no mesmo "jogo", porém sem "fichas".

    "Sabendo o resultado do socialismo, podemos afirmar que a liberdade é superior a igualdade, ou seja, uma sociedade é capaz de viver com a divisão de classe, mas não pode viver com o pouco em comum, igualdade. Essa afirmação, porém, é muito tendenciosa. Basta consultarmos um livro de história e veremos que União Soviética e os demais países socialistas, não aderiram à tecnologia e a sua fabricação pelo temor da desvalorização humana no trabalho, ou seja, o homem ser trocado por máquinas, o que é comum na sociedade em que vivemos."

    Este é o X da questão.  Por que eu sempre me guio pelo lado da tecnologia?  Por que eu sempre coloco a tecnologia como alavanca principal desta sociedade, além é lógico da conscientização necessária?  É muito simples! O que representaria para uma sociedade que não usa dinheiro,  máquinas  fazendo o serviço de várias pessoas? Algum problema? Representaria real progresso. Esse é um ponto de vista importantíssimo, pois ATÉ O CAPITALISMO se vale de artifícios protecionistas totalmente despropositados, ou seja, que vão diretamente bater de frente com os interesses, sociais e reais. Não indo a favor dos interesses reais sociais, o que esperar? Boa coisa?  Queima-se colheitas inteiras para aumentar os peços, sindicatos e políticos oportunistas criam leis mirabólicas que só eles imaginam ser possível cumpri-las, para "proteger os trabalhadores", fazem milhares de exigências que no final não são cumpridas e só servem para manter um sistema de criar dificuldades para vender facilidades. Isto são algumas medidas protecionistas dentro do mundo do dinheiro.Existem muitos despropósitos no mundo do dinheiro, é impossível discorrer sobre isso em detalhes, mas, podemos refletir os mais significativos: Guerras que não deixam a ninguém, a menor sombra de dúvida de que acontecem unicamente por causa de dinheiro.  Degradação do meio ambiênte, também é outro grande problema que teria solução na sociedade sem dinheiro. E o principal de todos eles, na realidade, o MOTIVO de todos eles: a CORRUPÇÃO tomada de maneira geral e não só a dos políticos. Neste momento estou me refrindo a corrupção não como um ato isolado, mas como um conceito enraigado entre todos nós."Bôbo é o honesto" essa é a concepção geral.   Encontrar uma carteira com de dinheiro e devolver ao seu dono, é um ato tão extraordinário que merece figurar  na primeira página dos jornais, recebe até os cumprimentos do presidente, faz até comercial pro governo na TV, etc.  Recebe até  medalha de honra...  hehehe...êee brasil... A honestidade aqui é notícia rara.

    "A União Soviética não desenvolveu a fabricação de computadores e telecomunicação de última geração, pois essas inovações poderiam retirar os empregos de milhões de pessoas. A evolução tecnológica ficou restrita apenas à indústria bélica. O planejamento centralizado também criava problemas ao desenvolvimento industrial, aumentando o desperdício de energia e matérias-primas e a ineficiência administrativa. Os índices de produtividade caíam, enquanto os do países ocidentais desenvolvidos cresciam."

    Mantiveram-se atrasados por opção. Não vislumbraram a capacidade humana de ser independente de qualquer sistema "necessário" mantido por espertalhões.É óbvio que a crítica não é diretamente a eles, mas ao atraso da humanidade em geral, pois se hoje essa sociedade sem dinheiro ainda está longe de ser uma realidade, que dirá há 50 anos atrás?Fico inconformado em ver alguém admitir que é possível que milhões morram de sede no futuro, por causa dos "altos custos" da dessalinização das águas oceânicas. Então admite-se morrer de sede ou de fome, para não incomodar o sistema? Ou por julgá-lo irreversível?  O que significa a palavra "caro", significa algo importante, querido, prezado ou significa dinheiro? Será que "caro" significa algo que é possível pra poucos? Por que? Se é possivel , então É POSSÍVEL, não seriam alguns interesses que iriam tornar impossível a sobrevivência de legiões. O que somos nós? O que é o nosso raciocínio ? Máquinas caça níquel que só funcionam se alguém colocar uma moeda?Abraços

    #81246

    Olá Brasil,

    Como o próprio autor do texto observa, a obra de Morus é de uma época distante e, há que se entender este aspecto. A começar pelos conceitos da época, em que o autor de Utopia idealiza uma sociedade "justa" onde a posse de escravos era algo natural: 

    "As propriedades agrícolas eram dispostas da seguinte forma: quarenta indivíduos, entre eles homens e mulheres, e dois escravos."

    Agora não poderei ler todo o seu texto, mas gostaria de fazer uma breve observação: a escravidão de que Morus trata é somente aplicada em alguns casos, que podem ser vistos no capítulo "Dos Escravos". Um trecho:

    Nem todos os prisioneiros de guerra são indistintamente entregues à escravidão; mas unicamente os indivíduos pegados de armas na mão. Os filhos de escravos não são escravos. O escravo estrangeiro torna-se livre ao tocar na terra da Utopia. A servidão recai particularmente sobre os cidadãos culpáveis de grandes crimes e sobre os condenados à morte pertencentes ao estrangeiro. Estes são muito numerosos na Utopia; os utopianos vão mesmo procurá-los no exterior onde os compram a vil preço; algumas vezes obtêm-nos até de graça. Todos os escravos são submetidos a um trabalho contínuo, e trazem correntes.Os que são tratados, porém, com mais rigor, são os indígenas, que são tidos como os mais miseráveis dos celerados, dignos de servir de exemplo aos outros por uma pior degradação. Com efeito, eles receberam todos os germes da virtude; aprenderam a ser felizes e bons, e, no entanto, abraçaram o crime. Há ainda uma outra espécie de escravos, os trabalhadores pobres das regiões vizinhas que vêm se oferecer voluntariamente para trabalhar. São em tudo tratados como cidadãos; apenas são obrigados a trabalhar um pouco mais, uma vez que têm o hábito de fadiga maior. São livres de partir quando querem e nunca são devolvidos de mãos vazias.

    Esta "escravidão" é, portanto, o equivalente à condenação aos trabalhos forçados, que, convenhamos, é muito mais útil à sociedade que a simples reclusão dos condenados.E para os interessados, o ebook de "A Utopia" pode ser encontrados aqui:http://virtualbooks.terra.com.br/freebook/colecaoridendo/download/UTOPIA.zip

    #81247
    Brasil
    Membro

    Olá unVolt

    Esta "escravidão" é, portanto, o equivalente à condenação aos trabalhos forçados, que, convenhamos, é muito mais útil à sociedade que a simples reclusão dos condenados.

    "Inteligente", prático,  porém, desumano. Equivale, dizer que se nosso País um dia fosse tomado por uma nacão "mais justa", nossos soldados mereceriam ser escravos deles.Crimes têm que ser punidos... Punição é castigo...  O ato de defender a pátria não é crime!Abraço

    #81248

    Estas afirmações se referem ao contexto de Utopia, veja sob quais condições eles admitiam a guerra:

    Mas os utopianos não fazem a guerra sem graves motivos. Só a empreendem para defender suas fronteiras ou repelir uma invasão inimiga nas terras de seus aliados, ou ainda para libertar da escravidão e do jugo de um tirano um povo oprimido. Neste caso, não consultam os seus interesses; vêm apenas o bem da humanidade.

    #81249
    Brasil
    Membro

    Estas afirmações se referem ao contexto de Utopia,

    Sim, mas, estão sendo aqui colocadas para servir como um parâmetro. Comparações é tudo o que podemos fazer.

    veja sob quais condições eles admitiam a guerra:

    Mas os utopianos não fazem a guerra sem graves motivos. Só a empreendem para defender suas fronteiras ou repelir uma invasão inimiga nas terras de seus aliados, ou ainda para libertar da escravidão e do jugo de um tirano um povo oprimido. Neste caso, não consultam os seus interesses; vêm apenas o bem da humanidade.

    A guerra defensiva é outra coisa, mas, parece-me que não eram só defensivas as guerras que os utopianos praticavam:

    "A tradição de livre opção religiosa deve-se ao fato de que Utopus ao chegar à ilha, deparou-se com as tribos indígenas divididas devido às crenças. Isso foi causa da grande facilidade de conquista, pois nem na guerra eles se uniam." http://www.consciencia.org/thomas_more_capitalismobrovedan.shtml

    Abraços

    #81250
    Z
    Membro

    Fostes de encontro ao que eu queria mostrar, o que tu anseias é pela erradicação do LUCRO, e isso sim significa haver uma kuaase anikilação dos motivos de conflito.Contudo, mas comprovando esta mesma ideia, as guerras não se fazem por dinheiro mas sim por motivos económicos. Isto não é a mesma coisa porque podemos erradicar um mantendo o outro.O dinheiro é apenas um objecto, o valor está na cabeça no poder que ele detém, e ele o enimigo da razão humanista.Erradicar o poder económico é um assunto que apoio fortemente que se debata.;)

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