GRANDES LITERATURAS DO MUNDO – Obras clássicas

GRANDES LITERATURAS DO MUNDO

Henry Thomas

Molière – O comediante triste

MOLIÈRE foi o maior escritor de comédias da Fran-ça. Sua própria vida foi uma grande tragédia. Desejava brilhar como ator trágico; mas não se adaptava ao papel. Conseguiu apenas ser um palhaço. Desejava escrever peças sérias. Mas seu público não as aceitava. Foi obrigado a escrever comédias e farsas. Apaixonou-se pela sua principal atriz e casou com ela. Mas nunca foi amado e ela vivia a namorar outros homens. Suas peças estão cheias de brigas domésticas. Infelizmente, conhecia êle muito bem o assunto. Suas brigas cênicas, tão divertidas para o espectador, eram apenas tragicamente verdadeiras para Molière. Um dia, seu filho caiu gravemente doente. Dois de seus outros filhos já haviam morrido. Os médicos achavam que aquela terceira criança não passaria da noite. Contudo Molière, corajoso soldado que era, representou seu papel cômico no teatro, naquela noite. Ao chegar em casa, encontrou o filho morto. Sua vida era cheia da substância de que se fazem os dramas reais.

O mais dramático de tudo foi, porém, o último ato de sua vida. Numa fria noite de inverno, do ano de 1673, estava atacado duma grave inflamação dos pulmões. Os médicos acharam prudente que ficasse em casa. Mas êle não ligou importância ao conselho e foi representar no teatro, como de costume. Naquela noite, sobrepujou-se. Ao descer o pano, no ato final, o público "pôs a casa abaixo" de tanto aplauso. Exigiu um discurso. Mas Molière não podia mais discursar nem naquela, nem em outras noites. Sofreu uma hemorragia justamente logo que o ato acabou. Quinze minutos depois era cadáver.

Essa última peça, na qual representou quando estava tão mortalmente doente, intitulava-se, por extrema ironia, O doente imaginário.

Anatole France disse, certa vez, que ria para não chorar. O mesmo se pode dizer de Molière. Ria do casamento, porque suas próprias experiências matrimoniais eram tão tristes. Ria da hipocrisia porque êle próprio era obrigado a fingir-se de hipócrita para o rei e para os outros que o toleravam e a quem êle desprezava. Ria dos bajuladores interesseiros, porque sua própria mulher o obrigava a bajular. E finalmente, ria dos que se imaginam doentes, porque sua própria doença era tão amargamente real. Toda a sua carreira foi um sério drama que êle transformou, cm cima do palco, numa hilariante far-ça. Sua vida, em outras palavras, era uma triste contradição.

O veredicto final sobre o gênio contraditório de Molière: foi expresso por Goethe: "Molière é tão grande, escreve o poeta germânico, que eu fico estupefato todas as vezes que o leio… O que me agrada mais na sua obra é que suas comédias confinam sempre com a tragédia."

Dom Quixote de La Mancha – A mais divertida história de todos os tempos

ESTE é o veredicto pronunciado pelos críticos a respeito do Dom Quixote, a novela espanhola de ilusórias fábulas e infortúnios. Contudo o autor desse livro, Miguel Cervantes (1547-1616) nunca frequentou colégios.

Cervantes foi soldado, dramaturgo, poeta, coletor de impostos, réu e escravo. Até bem adiantada idade, demonstrou ser um tanto pior do que medíocre. Era, em outras palavras, um completo fracasso. E então, na surpreendente idade de cincoenta e oito anos, desabrochou subitamente num grande romancista. Seu Dom Quixote é justamente olhado como um dos dez mais extraordinários romances do mundo.

Dom Quixote, o herói do romance, é um comprido e magro solteirão de cincoenta anos, que decide tornar-se cavalheiro andante. É uma ambição assaz louvável, mas duas coisas essenciais militam contra isso. Dom Quixote é muito pobre e os dias da cavalaria já há muito que passaram.

Mas Dom Quixote, embora pobre de bolso, é rico de fantasia. Em outras palavras, é um louco romântico. "Seu juízo está inteiramente transtornado". Toma a filha dum carniceiro por uma Princesa Encantada, moinhos de vento por gigantes, curas por piratas, barbeiros por mágicos, choupanas por castelos, presos por cavalheiros e patifes por santos.

Dom Quixote engaja Sancho Pança a seu serviço como escudeiro. Sancho Pança é tão néscio quanto seu amo. Juntos libertam uma quadrilha de assassinos, pensando que estão protegendo uma companhia de infelizes escravos. Aqueles réus não são realmente maus, observa Dom Quixote, com lógica de louco. A única infelicidade deles é terem sido presos."

A recompensa de Dom Quixote, por ter livrado os presos, é uma saraivada de pedras que os sujeitos libertados lhe mandaram.

Outra aventura sua é um duelo com um odre de vinho, que êle pensa ser um cavalheiro encantado.

No decorrer de suas loucas correrias, Dom Quixote decide fazer penitência.

— Penitência de que pecado? — pergunta Sancho Pança.

— De pecado nenhum — responde Dom Quixote. —> Qualquer pessoa pode expiar os pecados que cometeu. A arte está em expiar os pecados que não foram cometidos.

De acordo com isso, tira suas roupas, bate com a cabeça de encontro a um pedra, e se açoita, cobrindo-se de equimoses.

— E agora — diz êle a Sancho Pança — é a tua vez de fazer penitência.

Sancho tira as roupas, mete-se numas moitas onde não pode ser visto, e põe-se a açoitar as árvores, urrando de dôr a cada golpe.

O desequilibrado cavalheiro e seu escudeiro vão dar ao castelo dum duque. O duque provoca Dom Quixote a uma luta contra uma tropa de gatos "encantados" e depois numa burlesca cerimônia "coroa" Sancho Pança "rei da Ilha de Barataria". Pesadas travessas das mais custosas iguarias são colocadas diante dele. Ora, Sancho é um glutão e seus olhos quase saltam da cara de tanta vontade de comer. Mas o duque adverte-o de que há espiões na ilha e que o alimento talvez tenha sido envenenado. E assim o pobre Sancho tem de ficar faminto.

Dessa maneira prossegue o livro, num alegre corro-pio de loucura e gargalhada. Mas afinal os amigos de Dom Quixote o persuadem a voltar para casa. Êle acede, porém com uma condição: depois de breve repouso consentirão que volte para outra série; de aventuras. Desta vez deseja ser, "não um valente cavalheiro-andante, mas um pastor apaixonado."

Uma moléstia fatal, porém, põe fim às suas aventuras e à sua loucura. Enquanto sua vida decai, seu juízo começa a clarear. Verifica que fora iludido pelos numerosos c disparatados livros de cavalaria, que lhe encheram a cabeça de falso heroísmo e de verdadeiros absurdos. E depois de tudo dito e feito, "Dom Quixote, como nos observa Cervantes, foi um homem feliz. Porque, tendo vivido em loucura, morreu em sabedoria"

Barão de Munchausen – O mais interessante patife da literatura

certos romances chamados picarescos. Esses romances tratam das aventuras dos pícaros ou patifes. Fazem a crônica da velhacaria e seu encanto se deve à habilidade dos velhacos e à toleima dos que são por eles enganados. Às vezes, os velhacos triunfam no final. Ocasionalmente são apanhados e sofrem merecida punição de seus crimes. Mais vezes porém, se arrependem de seus feitos pregressos e acabam numa velhice respeitada e confortável.

Uma das mais fascinantes novelas picarescas deste último tipo é o Gil Blas, de Le Sage. Gil Blas começa a vida como patife e termina-a como homem honesto. E na sua caminhada da patifaria à, honorabilidade, nos leva a numerosas aventuras tão largas e tão variadas como a própria vida.

Le Sage (francês, 1668-1747), o autor de Gil Blas, possuía viva imaginação, que capacita o leitor a espreitar nos mais inesperados lugares. Em um de seus outros livros, O Diabo Coxo, transporta-nos por cima dos telhados da cidade e então, por um milagre de sua fantasia, retira os telhados de todas as casas, de modo que podemos ver tudo quanto está acontecendo em cada quarto de cada casa. Podeis facilmente imaginar qual seja o resto do livro.

Em Gil Blas, Le Sage aperfeiçoa a técnica de O Diabo Coxo. Em vez de permitir que vejamos os segredos duma casa, possibilita-nos a visão dos segredos do coração humano. Dá-nos um quadro extremamente franco daquilo que êle considera o homem comum. Gil Blas nem é totalmente virtuoso, nem totalmente vicioso. Sendo mais

ativo que muitos homens, mete-se em maiores enrascadas. Mas se algum leitor é levado a condená-lo, o autor sem dúvida dirá, como Mark Twain já disse uma vez: "Não olhemos com demasiado desprezo para o homem que está no patíbulo. Todos nós, pelo menos uma vez na vida, merecemos ser enforcados."

Mas voltemos a Gil Blas. E’ filho único dum velho soldado. Na idade de dezessete anos recebe de presente quarenta ducados e uma mula velha e é despachado a estudar teologia em Salamanca.

A caminho da universidade, tomam-lhe a mula e roubam-lhe o dinheiro. Cai nas mãos duns bandidos e é obrigado a juntar-se a eles. E assim, o futuro teólogo se torna ladrão.

É moço ainda, porém, e generoso. Numa de suas incursões, os ladrões capturam uma senhora da nobreza, Dona Mencia. Gil Blas trama sua fuga e foge com ela. Mas é novamente apanhado, desta vez não pelos ladrões mas pela polícia. É detido como bandido.

Depois de uma temporada na cadeia, é solto… e roubado pelo carcereiro!

É a última gota d’água. Gil Blas perdeu agora a fé na natureza humana. Decide, "como o resto do mundo", a viver de suas habilidades.

Tenta com esforço tornar-se um completo rufião, mas fracassa. Não possue dons naturais de vilania. Pode ser apenas um divertido velhaco, mas não um franco patife. Torna-se assistente do Doutor Sangrado, homem que sabe muito pouco de medicina, mas conhece muito bem o mundo. Sob a incompetente direção do Doutor Sangrado, Gil Blas aprendeu a usar, para toda casta de doenças, apenas duas espécies de remédios: sangra os pacientes e enche-os d’água do pote. Dessa forma, confessa êle, rindo, "eu fiz mais viúvas e órfãos do que o cerco de Tróia."

Uma de suas vítimas, infelizmente, era a noiva de um robusto rapagão espanhol, que ameaçou matar Gil Blas. Éste escapou justamente na última hora e partiu em busca de novas aventuras. Torna-se, desta vez, companheiro duma atriz dissoluta, intermediário dum vergonhoso caso de amor, e criado dum velho licencioso. Em seguida, arranja emprego no salão da Marquesa de Chaves. Essa grande marquesa era tida como a mulher mais sagaz" de Madri, porque parecia um moxo e era mais calada que um peixe.

Perdeu seu emprego porque se deixou envolver em outro caso amoroso. Depois segue-se rápida descida duma degradação a outra, até que afinal vem a ser secretário do Primeiro Ministro. Este, pensava êle, era o mais degradante de todos os seus empregos. "É de espantar, dizia, a quantidade de sujeira que pode existir numa côrte-real." Para ascender ao poder, tinha êle de lisonjear o forte e oprimir o fraco, nivel a que, mesmo um ex-bandido como Gil Blas, tinha vergonha de descer.

Uma das exigências de seu emprego era satisfazer os caprichos do príncipe. Executou esse cargo tão bem, e os desejos do príncipe eram às vezes tão decididamente imorais, que Gil Blas foi afinal obrigado a deixar a corte, por ter caído em desfavor.

Retirou-se para o campo, mas em breve ofereceram-lhe nova e mais lucrativa posição na corte. Porque o velho rei havia morrido e o jovem príncipe subira agora ao trono. Mas desta vez Gil Blas recusou a tentadora oferta. Tendo gozado toda a espécie de fortuna, chegara à conclusão de que a pobreza honesta era preferível à riqueza deshonesta. "Mais vale um coração limpo dentro do peito, do que um custoso manto por fora."

E assim chegamos ao fim deste livro que, no dizer de Sir Walter Scott, "agrada sem ofender, uma obra em que as faltas são mostradas mais como loucuras que como vícios, e onde a tristeza e o ridículo estão tão intimamente entrelaçados, que nos comovemos e rimos ao mesmo tempo."

Fausto de Goethe – O homem que se vendeu ao diabo

FAUSTO é, merecidamente, um dos mais populares livros do mundo. O autor de Fausto, Johann Wolfgang Goethe (alemão, 1749-1832) teve uma vida bastante notável. Na idade de seis anos, começou a discutir religião. Aos sete, já se afligia com "a deshumanidade do homem para com o homem". Aos oito, compôs um ensaio, em latim, sobre o paganismo e o cristianismo. Aos onze, escreveu um romance cosmopolita em sete línguas. Aos doze, teve um duelo. Aos catorze, apaixonou-se violentamente pela primeira vez. Aos setenta e quatro, apaixonou-se violentamente pela última vez. E aos oitenta e dois, completou seu maior drama, a segunda parte do Fausto.

A nota tônica desse drama está dada no Prólogo. O autor, como Dante, leva-nos, em breve jornada, às portas do Céu. Deus e o Diabo discutem. Fazem uma aposta a respeito da alma do Homem. O diabo não leva em conta a raça humana. Cada homem, sustenta êle, tem seu preço. Mesmo entre os melhores, o instruído e virtuoso velho Dr. Fausto, aposta o diabo, pode tornar-se presa de seus ardis, caso queira êle dar-se ao trabalho de tentá-lo.

Mas Deus sabe mais. É verdade, admite êle, que a visão moral do Homem é imperfeita e que êle combate sempre no escuro. "Êle luta e peca durante a vida." E contudo, a despeito de todos os seus pecados, "êle caminha instintivamente para a luz".

E assim, concorda-se que o diabo poderá tentar o Dr. Fausto. Desce à terra e oferece nova juventude a Fausto, se este, em troca, lhe vender sua alma. Fausto aceita a oferta e o pacto é selado com sangue. O velho e sábio filósofo se torna um apaixonado mancebo.

Conduzido pelo demônio, a quem está escravizado, Fausto apaixona-se pela bela Margarida, engana-a e depois abandona-a ao seu destino. Margarida morre, e o diabo está completamente satisfeito com seu trabalho. Parece que êle irá ganhar a aposta que fizera com Deus.

E então surge a segunda parte do Fausto. Na primeira parte, o diabo tentou Fausto com os pecados da carne. Na segunda parte, o diabo experimenta-o com tentações doutra natureza. Fá-lo conhecer toda casta de experiências humanas. Leva-o "a abrir seu peito a todas as angústias, a conhecer toda a alegria e toda a tristeza humana".

Para isto, Fausto se torna conselheiro da corte, real. Ali recebe muitas honrarias e grande riqueza, mas não a felicidade. Desgostoso com a vida monótona do presente, evoca, com o auxílio do diabo, a vida romântica do passado. Faz vir da Grécia antiga o fantasma de Helena e tenta abraçá-la. Mas Helena desaparece, deixando apenas seu manto colorido (isto é, uma bela lembrança).

E dessa forma segue Fausto, duma experiência para outra, mas sem achar satisfação em nada. Ganha importante batalha para seu imperador, mas experimenta apenas desgosto diante das inocentes mortes que causou. O diabo oferece-lhe cidades, reinos, castelos, belas mulheres, gloriosas realizações e fama eterna. Mas tudo isso lhe causa náuseas. Vendeu a alma em troca de riquezas inúteis e de prazeres efêmeros. A maré de sua vida está baixando, cheia de amargura e de desgosto. É atacado de cegueira e está prestes a entregar-se. O diabo se encontra na iminência de tomar posse plena de sua alma. .. quando ocorre o grande milagre. Êle encontra a verdadeira felicidade afinal. E essa felicidade consiste em fazer os outros felizes. Simples e sublime segredo lhe é agora revelado: "Sê bom para teu próximo e o céu te tratará com bondade."

E tendo descoberto o segredo da vida, Fausto está pronto agora para ir ao encontro de sua morte. Sua almaa despeito de todos os seus pecados, foi salva. Através de seus erros, havia êle caminhado instintivamente para a luz.

Quem primeiro o encontra no céu, depois de sua morte, é Margarida. Pecara e morrera pelos pecados de Fausto. Mas tudo é esquecido e perdoado. É sua missão agora mostrar-lhe o caminho. Porque "a Mulher é o eterno guia do Homem" para as regiões do Paraíso.

Os joviais escritores franceses

OS escritores franceses têm sido sempre grandes amigos do riso. De François Rabelais a Anatole France, manejam uma pena "que faz cócegas enquanto corre". Talvez riam tanto porque são muito tristes. "Eu sorrio, disse Anatole France, para ocultar minhas lágrimas." Mas qualquer que seja a fonte de seu humor, borbulha como um inesgotável manancial do mais preciosa vinho.

Os zombadores são sempre francos, e como os escritores franceses riem bastante francamente, muitos de seus livros têm sido proscritos. Alguns dos melhores livros de Rabelais, Gautier, Balzac e Voltaire contam-se no número dos livros "proibidos". São eles tão doces porque são frutos roubados? Talvez que sim. E contudo, nesses livros proibidos há muitas passagens legítimas que são tão justas quanto doces. Vejamos algumas delas:

O Pantagruel de Rabelais (1490-1553) é diferente de qualquer outro livro do mundo. É uma mistura bem espantosa de sabedoria e loucura, de grosseria e beleza, de irreverência e devoção, de estúpida tagarelice e sublime poesia, de ridícula insensatez e de profundeza filosófica.

"O que temos de fazer é rir", dizia Rabelais. E através do livro, zomba êle de todas as imposturas do mundo. Manga de falsos doutores, de rábulas, de juízes pomposos, de governadores injustos, de banqueiros deshonestos, de covardes, mentirosos, hipócritas e ladrões. Ridiculariza a linguagem oficial dos tribunais que os próprios juízes não podem entender. Como ilustração, cita uma decisão de juiz, numa querela judiciária. Eis aqui justamente pequena parte de seu veredicto. Ser-vos-á tão claro como foi para o juiz:

Tendo visto, ouvido, calculado e bem considerado a divergência entre as duas partes em disputa, declara o juiz, — é opinião do tribunal, que relativamente ao súbito tremor, calafrio e encanecimento do morcego, bravamente declinando do solsticio do verão, para tentar por meios privados e surpresas extralegais e infrajustificáveis de folgazonas frioleiras naqueles que são um pouco indispostos por haverem recebido demasiadas correntes de ar através do licencioso procedimento e vexame dos escaravelhos que habitam o supertórrido clima de macaco hipócrita a-cavalo… o queixoso verdadeiramente tem justa causa de condenar, e o réu, com igual justiça tem motivo para ganhar a causa pela recusa em deixar de querelar, ou para perdê-la pela falta de querelar, de recusar, ou senão perder ou ganhar, ou ganhar ou perder, pela aceitação da recusa ou pela recusa da aceitação. Sendo este o caso, o tribunal declara todos os inocentes culpados e todos os culpados inocentes. E o tribunal declara mais que ambos culpados e inocentes paguem a multa para queixoso e réu não além do meado de agosto no mês de maio."

Podeis ver facilmente que Rabelais tinha saudável desprezo pela profissão judiciária. "O mal da maioria dos legistas", disse êle, "é que têm eles excesso de palavras na língua e muito pouca sabedoria na cabeça."

O livro inteiro está escrito nesse estilo exuberante. Nenhum outro homem, com a possível exceção de Shakespeare, teve tão rico vocabulário ou tão abundante fluxo de humor, como Rabelais. Era monge franciscano e a-pesar-disso homem do mundo. "Rezemos piedosamente e vivamos alegremente", era sua divisa. "E quando estivermos prontos para morrer, possamos dizer que não injuriámos a ninguém, nem mesmo ao nosso inimigo".

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Outro jovial escritor francês é Gautier (1811-1872). Seu objetivo em literatura, como êle mesmo o afirmou, era "espantar e divertir". Conseguiu isso era todos os seus livros, e especialmente em seu Mademoiselle de Maurin. Nesse livro relata êle as aventuras de um Gil Blas de saias. A heroína do livro de Gautier exibe muitas das maroteiras de Gil Blas, tendo mais um encanto que cativa homens e mulheres do mesmo modo. Porque, embora seja uma linda mulher, passa em todo o livro disfarçada de homem.

Alguns críticos acharam que esse livro era "perverso". E no entanto é êle um livro escrito por um avisado, generoso e delicado poeta. Como Anatole France, era êle um comediante triste. "Rimos, diz-nos êle, porque não podemos chorar". Suas simpatias vão para os desventurados da terra. "Ah! se eu fosse poeta, meus cantos seriam consagrados àqueles cujas vidas fracassaram; cujas setas falharam o alvo; a todos quantos passaram ignorados, aos gênios estéreis, às pérolas desconhecidas nas profundezas do mar, a todos quantos amaram sem ser amados, e a todos quantos sofreram sem que ninguém deles se apiedasse."

O próprio Gautier estava certo de que, com Made-moiselle de Maujiin, havia escrito "um livro mau destinado a fazer bem". No prefácio, adverte o leitor: "É este um livro perigoso, que aconselha, porém, a virtude".

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Outro jovial escritor francês é Balzac, nascido em 1790. Escreveu toda uma série de romances, que chamou de Comédia Humana. Mas o interessante é que esses romances contêm mais lágrimas que risos. Os "alegres" escritores franceses gostam de transformar a amargura da vida em gracejo. Balzac foi um pessimista. Ridicularizou o lado sombrio da vida e recusou-se a ver-lhe o lado brilhante. Não cuidou de escrever a respeito de damas e cavalheiros, mas traçou retratos imortais de mulheres e homens vulgares e viciosos e de suas vítimas inocentes. Na galería de retratos que criou há nada menos de dois mil caracteres, e cada um déles é uma obra-prima.

Balzac foi um dos mais árduos trabalhadores de sua geração. Desejava criar um mundo de ficção quase tão imenso quanto o mundo da realidade. Afim de executar essa sobrehumana tarefa, dormia seis horas por dia e frequentemente trabalhava as outras dezoito horas. E seu dia de trabalho começava à espantosa hora da meia-noite.

Continuou assim durante vinte anos, mas nunca completou sua sobrehumana tarefa. Esgotado pelo excesso de trabalho, morreu prematuramente aos cincoenta e um anos.

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Talvez tenha sido Voltaire (1694-1778) o mais alegre de todos os escritores franceses. Esse homem ria, não para não chorar, mas para "evitar de enforcar-se". Os gracejadores, como tão bem observou G. K. Chesterton, são a gente mais séria do mundo. Voltaire foi um dos campeões do gracejo, na literatura.

Sua própria vida foi um imenso gracejo dos fatos. Ao nascer, deram-lhe apenas um dia de vida. Contudo viveu mais de oitenta e três anos. Era, talvez, o homem mais feio de París e o mais popular entre as mulheres. Seu pai advertiu-o contra três fraquezas: mulheres, jogo e literatura. Ouviu polidamente o pai e depois dedicou toda a sua vida a essas três fraquezas.

Certa ocasião o governo organizou uma loteria. Voltaire comprou todos os bilhetes por atacado e ganhou todos os prêmios.

Doutra feita, discutiu com um nobre por causa duma mulher. O nobre, que era influente na corte, exigiu que Voltaire fosse exilado de Paris. Voltaire teve de sair às carreiras, contudo achou ainda bastante tempo para induzir outra mulher a fugir com êle.

Sua língua era tão aguçada quanto sua pena. Quando travava um duelo de espírito, não dava quartel, nem respeitava ninguém. Fazia questão de dizer o que bem entendia, sem prestar atenção aos pés em que pisava. Não obstante, também fazia questão de que seus adversários dissessem o que tinham a dizer. Acreditava na absoluta liberdade de palavra para ambos os lados duma questão. Foi uma das primeiras vozes a proclamar a igualdade dos homens. Foi o precursor do moderno espírito de democracia.

Embora vivesse como ateu, morreu como crente. No seu leito de morte, formulou o seguinte resumo de seu credo: "Morro adorando a Deus, amando meus amigos, não odiando meus inimigos, e detestando a superstição".

Escreveu quase uma biblioteca inteira, e cada um de seus livros vibra duma alegria zombeteira e duma amarga sabedoria. Desprezava seus semelhantes, censurava-os, mofava deles, açoitava-os com o chicote de sua cólera; e o mais estranho, porém, é que tinha piedade deles. Talvez os censurasse tanto, porque deles se compadecia. Julgava-os pobres pedaços de madeira perdidos num mundo apodrecido. Repetiu essas idéias vezes inúmeras. É a idéia central dos mais interessantes de seus romances. O discípulo da natureza, A princesa de Babilônia, Como vai o mundo, Zadig, Micromegas e especialmente Cândido. Este é seu livro mais popular, e foi escrito em três dias. Sua pena, literalmente, "ria enquanto corria". Tentou provar nesse livro, por meio duma série de aventuras brilhantes, extraordinárias e às vezes um tanto grosseiras, que o

mundo em que vivemos é o pior de todos os mundos possíveis. Dificilmente poderia ter escolhido assunto mais sombrio para uma novela. Contudo, Cândido, que foi chamado a Doutrina do Desespero, é um dos mais divertidos livros da história da literatura. Porque Voltaire, como a maior parte dos outros escritores joviais da França, apresenta uma filosofia da vida, que pode ser resumida em poucas palavras: "Já que nascemos para sofrer, aprendamos a nr .

As espantosas façanhas do Barão Munchausen

BARÃO DE MUNCHAUSEN foi uma figura real, mas suas aventuras foram todas fictícias. O autor, (alemão, 1720-1797) que relatou essas aventuras, tentou âar-lhes aparência de realidade por meio duma certidão. Esta certidão foi devidamente jurada e assinada por três famosos tipos… da ficção: Gulliver, Sinbad e Aladino. A certidão solenemente declara que as aventuras do Barão, "em qualquer país em que possam ser situadas, são fatos simples e positivos". E a razão pela qual o autor tão solenemente assevera que está narrando as reais aventuras do Barão é, como êle nos diz, ser êle "um verdadeiro crente dos lucros".

As aventuras do Barão começam com uma tempestade na qual as mais gigantescas árvores são lançadas cinco milhas acima da terra, como as penas de passarinhos. Logo que a tempestade amaina, as árvores descem perpendicularmente e se enraízam de novo nos seus antigos lugares.

Em seguida, encontramos o Barão em Ceilão. De ura lado tem êle um rio profundo. Do outro, se abre um fosso sem fundo. É atacado de frente por um leão e pela retaguarda, por um crocodilo. Não sabendo que fazer em tal extremo, achata-se de encontro ao chão. Imediatamente o leão pula por cima de seu corpo e vai cair certeiro dentro da boca do crocodilo. O leão mata sufocado o crocodilo e depois Münchausen corta a cabeça do leão.

Um dia, estando caçando na floresta, atira num veado, com uma carga de metralha e de caroços de cerejas. Acerta no meio da fronte do veado. No dia seguinte encontra o veado na mesma floresta. Uma grande cerejeira havia brotado entre as galhas do animal.

Noutra ocasião, encontra-se, sem defesa, face a face com um lobo. A única coisa que pode fazer é meter o punho dentro das fauces do lobo. Vai empurrando a mão até atingir a outra extremidade do animal. Depois agarra a cauda, vira o lobo pelo avesso como se fosse uma luva e deita fora a carcassa.

As aventuras do Barão, na Rússia, são ainda mais interessantes. Encontra-se, uma noite, em vasto campo coberto de neve. Amarrando seu cavalo naquilo que lhe parece o pontudo tronco duma árvore, deita-se para dormir. Mas que cama! Durante a noite, a neve se derrete debaixo dele, e quando abre os olhos, de manhã, descobre que está deitado no adro duma igreja, e que seu cavalo está amarrado no topo do campanário.

Mas todas essas proezas nada são comparadas com a sua galopante aventura, no dorso de seu favorito cavalo lituano. Esse cavalo é tão manso que pode dansar um minueto na mesa da sala de jantar, sem quebrar as chícaras e pires, e, não obstante, ao mesmo tempo, tão selvagem que ninguém, a não ser o Barão, pode montá-lo. Um dia, o Barão o leva a uma batalha. Sozinho, com a ajuda de seu cavalo, derrota o inimigo e o persegue até dentro dos muros da cidade. Quando seu cavalo estronda na praça do mercado e pára para beber, o Barão nota, pela primeira vez, que somente a parte da frente do cavalo está dentro da cidade. A outra metade fora cortada pela porta, ao descer, e ficara do lado de fora. Tomando as duas metades do cavalo e levando-as a ura cirurgião, o Barão ordena-me que as costure e o cavalo fica tão bom como antes.

E dessa forma, anda o Barão abaixo e acima e finalmente nos leva a uma excursão à lua. Como consegue êle chegar até lá? Muito simplesmente. Um furacão arranca seu navio do mar e lança-o no espaço até que êle vai aportar nas praias da lua.

E que coisas curiosas descobre êle ali. As pulgas são tão grandes como carneiros. As balas são feitas de rábanos e os escudos de cogumelos. Os homens não andam a-cavalo, mas voam em cima de pássaros. Comem somente uma vez por mês, abrindo o lado do corpo e depositando o alimento com uma pá, da mesma maneira que meteis carvão numa fornalha.

Suas cabeças são removíveis e geralmente deixam-nas eles em casa, quando viajam. Seus olhos também são destacáveis. Se, por acaso, perdem um, podem pedir & de um amigo, emprestado, e ver com êle tão bem corno se fosse o seu próprio.

E tudo isso, conclue o Barão, é verdade. Se não me acreditais, diz êle, fazei uma viagem até lá e verificareis com vossos próprios olhos.

 

Ilustrações e Imagens de escritores de Literatura de Humor

Master Shakespeare e a menina de Stratford; Joan Bnnvan na pensao escrevendo o "Pilgrim Progress".
Master Shakespeare e a menina de Stratford; Joan Benvan na pensão escrevendo o Pilgrim Progress.

QUATRO GRANDES ESCRITORES INGLESES. Chaucer, autor dos "Contcrbury Tales"; Spenser, que escreveu "The Faèrie Queene"; Bacon, o filósofo e estadista; e Shakespeare, o maior de todos em gênio.
QUATRO GRANDES ESCRITORES INGLESES. Chaucer, autor dos Contcrbury Tales Spenser, que escreveu The Faèrie Queene; Bacon, o filósofo e estadista; e Shakespeare, o maior de todos em gênio.

Curiosidades da literatura européia

VÁRIOS volumes poderiam ser escritos relativamen-te às curiosidades da literatura européia. Mencionaremos aqui algumas delas. O grande poeta italiano, Tas-so, era tão pobre que não tinha dinheiro para comprar uma vela. Em consequência, rogava o auxílio de sua gata, para escrever suas poesias à noite, "à luz dos olhos dela".

Vaugelas, chamado "o mais polido escritor de língua francesa", vivia tão sem recursos que legou seu cadáver aos cirurgiões, afim de poder pagar a seus credores.

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Muitas das maiores obras foram escritas na prisão. Entre os livros que vieram à luz, dentro da escuridão dum cárcere, contam-se: As Consolações da Filosofia, de Boecio; Dom Quixote, de Cervantes; A história do mundo, de Sir Walter Raleigh; A viagem do peregrino, de Bunyan; Henriadc, de Voltaire; Cartas familiares, de Howell; e a famosa Revista, de Defoe (autor de Robinson Crusoé).

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Os grandes escritores do passado dedicavam-se a estranhas versões e distrações. O padre Petavius, autor dum douto livro de teologia, descansava o pensamento fazendo girar sua cadeira, durante cinco minutos, em cada duas horas. Spinoza divertia-se, observando a briga das aranhas. O cardeal Richelieu, por distração, tentava ver a que altura podia pular contra, uma parede. Samuel Clarke variava este exercício, pulando sobre cadeiras e mesas.

É interessante notar como muitos dos mais populares livros do mundo foram recusados por esse ou por aquele editor, O mais famoso exemplo é o de Robinson Crusoé. O manuscrito desse livro foi devolvido por todos os editores da Inglaterra, até que afinal um obscuro impressordecidiu, com relutância, fazer esse jogo de azar. Mas esse "azar" se tornou um dos mais vantajosos da história da edição.

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Famoso crítico inglês observou, um dia, a um colega seu:

"Pode dizer a Lord Byron que o detesto pessoalmente, mas penso que êle escreveu os mais belos poemas depois de Shakespeare".

O colega levou o recado a Byron, que imediatamente replicou:

"Podeis dizer a vosso amigo que eu o odeio pessoalmente, mas que admiro sua habilidade crítica".

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Não se sabe em geral que, certa ocasião, Macaulay bancou de larápio. Eis como aconteceu o caso: Estava êle no Coliseu, em Roma, numa noite de luar. Um homem envolto em comprido manto, deu-lhe um encontrão um tanto rude. Instintivamente, a mão de Macaulay correu ao bolso do colete. O relógio se fora!

Correndo no encalço do desconhecido de longo manto, Macaulay agarrou-o pelo colarinho. Incapaz de exprimir-se adequadamente em italiano, abanava o homem violentamente e gritava: "Orologio! Orologio!" Tomado de surpresa, o desconhecido entregou a Macaulay um relógio e uma corrente e depois abriu na carreira. Macaulay pôs o relógio e a cadeia no bolso do colete e foi para a hospedaria.

A hospedeira veio ao seu encontro, à entrada: "Oh! meu senhor, deixou seu relógio em cima da mesa. Pensei que seria melhor guardá-lo. Ei-lo aqui, senhor".

Macaulay olhou para o relógio que estava nas mãos da mulher. Era o seu. Tirou o relógio do bolso do colete. Não era o seu.

Levou em seguida o relógio do estranho à policia, e corando de vergonha, explicou como se havia tornado um inocente larápio, no Coliseu.

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Há, como Edward Everett Hale uma vez observou, curioso paralelo entre muitas das importantes datas da historia inglesa e os incidentes de Robinson Crusoé. O herói dessa historia naufragou em 30 de setembro de 1659. Foi naquele mês que a República inglesa de Cromwell terminou. Robinson viveu numa ilha isolada, longe de casa, durante vinte e oito anos. O segundo Stuart reinou na Inglaterra durante exatamente vinte e oito anos. Robinson Crusoé voltou para a Inglaterra em junho de 1687. Foi a data em que o Parlamento elevou Guilherme III ao trono. Desse paralelo de datas, parece bem claro que Defoe considerava uma desgraça para um inglês viver na Inglaterra, durante vinte e oito anos, no reinado de Stuart.

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A referência de Roberto Browning à obscuridade de sua poesia é familiar a muitos leitores. Quando solicitado a explicar o significado de um verso de seu Sordello, disse:

"Quando escrevi este verso, somente Deus e eu conhecíamos o significado. Agora, só Deus".

História semelhante se conta do famoso sapateiro-remendão e filósofo alemão Jacó Boehme. Quando em seu leito de morte, um discípulo foi ter com ele e pediu-lhe a explicação duma passagem obscura de suas obras.

"Meu filho — disse êle — quando escrevi essa passagem sabia de seu significado e não duvido de que o oni-ciente Deus também o soubesse. Pode ser que êle ainda se lembre, porque eu já me esqueci".

A história que se conta a respeito da obscuridade do poeta Klopstock é ligeiramente diversa, mas igualmente

interessante. Muitos de seus admiradores pediram-lhe para explicar um trecho difícil do seu Messíada.

"Não posso agora lembrar-me do que queria eu dizer quando o escrevi. Mas sei que era a coisa mais bela que jamais escrevi. Dediquei minha vida à preparação desse trecho e vos aconselho que dediqueis a vossa a descobrir-lhe o significado".

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História um tanto pungente é a que se conta da impossibilidade de Nietzsche, quando seu potente cérebro se desequilibrou, em recordar, ou mesmo em reconhecer, sua própria obra. Quando um exemplar de sua obra-prima, Assim falava Zarathustra, foi colocado diante dele, leu-o durante alguns minutos e disse em seguida:

"Não sei quem é o autor deste livro. Mas, pelos deuses, que pensador deve êle ter sido!"

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