O COLUNISMO SOCIAL DAS IDÉIAS

dez 23rd, 2010 | Por | Categoria: Redação sem Máscara        

Nei Duclós

Julian Assange (acima) desmascarou a canalha. Estão todos comprados. Só existem Ibrahins Sueds. Cavalos descem escadas. Gigi, chegamos lá. Ademã que vamos para trás. Em vez de fotos das mais elegantes, as mais elegantes frases de efeito. Distribui-se fartamente bolas brancas e bolas pretas. Há grande destaque para quem estréia na vida milionária ou política (o que dá no mesmo), os chamados debutantes, palavra que, pelo som, sempre liguei a bunda, já que existe debutar, pois não? Sobra saia justa entre marmanjos, homens fortes flácidos, forças-tarefas sonolentas ou inexistentes. E aquele tom de soberba de quem está acima do Departamento de Estado americano, que concede o fato de haver uma coisa chamada democracia no Brasil, onde todos são culpados. É o colunismo social das idéias, fartamente remunerado pelo butim, o dinheiro público desviado.

Num grande jornal, funciona por aparelhamento. Cada um tem seu dia e a seu modo defende alguma falcatrua tenebrosa, moral ou econômica. Como todos tem cacife acumulado, capital simbólico amealhado em décadas de subserviência travestida de independência denuncista (os clientes dos dossiês), eles podem agora puxar bem o saco das otoridades sem levantar suspeita. Assim, a festa sinistra de automóveis pretos na distribuição de ministérios é tratada como maturidade democrática, wikileaks é apenas um site de fofocas que nada informa de novo, Julian Assange é um irresponsável perigoso, Lula sempre tem razão, Dilma é a volta por cima da mulher, blindado em favela é uma coisa fofa e um convite à reflexão, entre outras barbaridades.

Como todo colunismo social, o das idéias é celebrativo. Festeja-se que não há mais socialismo, embora paradoxalmente haja grande excitação com o fato de ex-terroristas terem tomado o poder. Há confetes sobre polícias matadoras e mais nenhuma palavra sobre o massacre de pessoas inocentes nos morros, já que pobre morto é pobre culpado. Existe fanfarra para eventos que reúnem a fina flor do corporativismo bem intencionado, tudo para que a população dos bairros invadidos voltem a querer ser só felizes na favela onde nasceram. Há palmas para o presidente que reclama que não haja nenhum protesto contra a liberdade de expressão. Manifestem-se contra a liberdade de expressão! brada ele, sob os aplausos febris dos corações.

Há também as matronas do colunismo social das idéias. Os canhões que assumem os ministérios, seguindo os passos de sucesso de sua grande mestra. Elas participam de bailes de formatura de bandidos encasacados, distribuem esperanças para convivas afoitos, prometem manter o ritmo das obras que irão desaparecer dos papéis pois o dinheiro acabou. Quem quiser comprar automóvel em 80 vezes que vá se roçar numa tuna. Chega de dar colher de chá para pobre. Vão votar no Serra.

Espera-se que o colunismo social das idéias também tenha uma porção importante no cenário internacional. É preciso repisar que o meio ambiente é, fundamentalmente, a maior ameaça ao desenvolvimento sustentável. E que o Irã deve mesmo apedrejar, mas não conte para ninguém que estamos de acordo. Achamos os EUA uma droga e estamos prontos para enfrentar em termos de canhão aquela hilária Hillary e seu ressentimento pós charuto maridal.

Isso é isso. Bom proveito para nós.

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