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E quais “critérios” utilizaríamos exatamente para definir o que é deus?
Ainda que a vida, de alguma forma, continue a existir após a morte, essa vida que estamos vivendo agora se encerra nela - isso, por si só, justifica vivê-la como se fosse a única.O que podemos alimentar em relação ao depois da morte são crenças, ainda que a crença de que não exista depois - de uma forma ou de outra, tudo que temos é o presente e que não tem esse nome por acaso.
Como se pudéssemos escolher no que acreditar deliberadamente - nós simplesmente nos posicionamos conforme o que acreditamos, nunca antes disso. O que não é nada fácil perceber e admitir e muito menos confortável.Mas teísmo e ateísmo não são as "causas" das nossas convicções a respeito de deus, são ao contrário, as "consequências" dessas convicções.Ninguém é ateísta porque "decidiu" que não existe deus, mas porque "acredita" que não existe deus. E é tão emocional quanto o teísmo, pois "duvidar" é um sentimento e não menos lógico e racional que "acreditar".
E a lógica é um método questionável para buscar respostas sobre a existência ou não de deuses, pois parte de um pressuposto que se considera verdadeiro, contudo, sem embasamento.Exatamente. Qual é o embasamento na realidade objetiva (fora dos domínios da consciência humana) que evidencia a existência de Deus?
E por que você acha que "os domínios da consciência humana" não fazem parte da realidade objetiva? Aliás, o que significa exatamente consciência humana?
E se Deus não é uma questão científica, como alguém pode comprovar a sua existência?
Se não é uma questão científica, não há como provar que sim ou que não. O conceito existe e é uma simples questão de crer que seja falso ou verdadeiro.
A Ciência é o método pelo qual se percebe evidências na realidade (obtenção de fundamentos) e a ele se atribui um conceito. Este método tem que ser de forma a comprovar que o conceito reflete o mais fielmente possível a realidade. De todos os conceitos já feitos de Deus, como alguém confirma que este conceito tem correspondência com a realidade (natureza) e não com os desejos arbitrários da alma humana?
A Ciência é o método que descreve a realidade objetiva - o que se alega a partir dos dados científicos já não é mais Ciência.
Se afirmo a inexistência de Deus, não o faço arbitrariamente, porquê não tenho (nem ninguém tem) meios de saber se ele existe ou não. E se alguém afirma dispôr destes meios - supondo que são confiáveis e racionais - porque hesita em aplicá-los? Há, é claro, a possibilidade de existir um Deus. Bem como há a possibilidade de existir vacas em júpiter e comunidades alienígenas no fundo do mar. Entretanto, até que se prove que isto existe, não se pode afirmar como verdade. Mas se alguém quer acreditar que é, paciência...
O ônus da prova está para todo aquele que faz uma afirmação - ou seja: tanto aquele que afirma a existência quanto aquele que afirma a inexistência de deus precisa que provar o que diz. Já a crença na existência ou não de deus não têm o peso da afirmação, por isso não exige provas. São ambas questões subjetivas.
Sobre a crença ou descrença - ambas vão buscar na realidade indícios que apontem na direção para a qual estão inclinadas, mas deus não é uma questão científica.E a lógica é um método questionável para buscar respostas sobre a existência ou não de deuses, pois parte de um pressuposto que se considera verdadeiro, contudo, sem embasamento.Se você parte do pressuposto que existem deuses, todos os indícios, num encadeamento lógico de idéias, podem levá-lo a conclusão que existem deuses, principalmente, se você estiver inclinado a isso. E o mesmo serve para o pressuposto contrário.A conclusão de um raciocínio lógico pode ser falsa ou verdadeira, conforme o pressuposto.Que deus tenha sido criado pelo homem ou que o homem tenha sido criado por deus é uma questão que permanece sem respostas - mas os indícios sempre apontam na direção que desejamos que eles apontem. Isso se chama convicções.Assim, o mais correto seria dizer - se você afirma a existência ou inexistência de deuses, admita que o faz arbitrariamente.