Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › A poesia como meditação…
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06/10/2011 às 16:48 #87032SuzanaMembro
Miguel Torga Aos PoetasSomos nós As humanas cigarras! Nós, Desde os tempos de Esopo conhecidos. Nós, Preguiçosos insectos perseguidos. Somos nós os ridículos comparsas Da fábula burguesa da formiga. Nós, a tribo faminta de ciganos Que se abriga Ao luar. Nós, que nunca passamos A passar!... Somos nós, e só nós podemos ter Asas sonoras, Asas que em certas horas Palpitam, Asas que morrem, mas que ressuscitam Da sepultura! E que da planura Da seara Erguem a um campo de maior altura A mão que só altura semeara. Por isso a vós, Poetas, eu levanto A taça fraternal deste meu canto, E bebo em vossa honra o doce vinho Da amizade e da paz! Vinho que não é meu, mas sim do mosto que a beleza traz! E vos digo e conjuro que canteis! Que sejais menestreis De uma gesta de amor universal! Duma epopeia que não tenha reis, Mas homens de tamanho natural! Homens de toda a terra sem fronteiras! De todos os feitios e maneiras, Da cor que o sol lhes deu à flor da pele! Crias de Adão e Eva verdadeiras! Homens da torre de Babel! Homens do dia a dia Que levantem paredes de ilusão! Homens de pés no chão, Que se calcem de sonho e de poesia Pela graça infantil da vossa mão! :drink_mini:
12/10/2011 às 21:57 #87033Miguel DuclósMembroNão gostei dessa, Suzana. Sobre o poema do Torga, acho que usa sempre as mesmas imagens de sempre (bíblia etc), ainda sincretiza com a Grécia Antiga e sem novidade na linguagens, versos livres com rimas pobres…Mas valeu porque não conhecia esse autor, aí fiquei tendo um primeiro contacto….Abs
13/10/2011 às 1:36 #87034EvamariaMembro“SolitudeI live in the desertI have left the world behindI have turned withinImmersing into my own worldMy aims have been contemplationConcentration and meditationTo remove distractionsTo maintain mindfulnessTo cultivate uniquenessTo seek the hidden mysteriesAnd to transcendenceMy solitude is a deliberate actionIt is not a statement or an indictmentIt is not a complaint or a sermonIt is just my life".".
13/10/2011 às 15:54 #87035EvamariaMembroO Vosso tanque General, é um carro forteDerruba uma floresta esmaga cemHomens,Mas tem um defeito- Precisa de um motorista O vosso bombardeiro, generalÉ poderoso:Voa mais depressa que a tempestadeE transporta mais carga que um elefanteMas tem um defeito- Precisa de um piloto. O homem, meu general, é muito útil:Sabe voar, e sabe matarMas tem um defeito- Sabe pensar(Bertolt Brecht)
16/10/2011 às 1:37 #87036SuzanaMembroAinda que seu eu lírico te confronte e lhe cause dúvidas de qual máscara usar, não hesite em escolher ser você mesmo. Jean Andrade
20/10/2011 às 22:04 #87037SuzanaMembro“Entre homens e mulheres que acham que o amor é só poesia, tem que haver discernimento, pé no chão, racionalidade. Tem que saber que o amor pode ser bom, pode durar para sempre, mas quesozinho não dá conta do recado. O amor é grande mas não é dois.É preciso convocar uma turma de sentimentos para amparar esse amor que carrega o ônus da onipotência. O amor até pode nos bastar, mas ele próprio não se basta". (Autor: Arthur da Tavola).
02/11/2011 às 15:03 #87038SuzanaMembro8) A Flor e a Náusea (Carlos Drummond de Andrade)Preso à minha classe e a algumas roupas,Vou de branco pela rua cinzenta.Melancolias, mercadorias espreitam-me.Devo seguir até o enjôo?Posso, sem armas, revoltar-me'?Olhos sujos no relógio da torre:Não, o tempo não chegou de completa justiça.O tempo é ainda de fezes, maus poemas,alucinações e espera.O tempo pobre, o poeta pobrefundem-se no mesmo impasse.Em vão me tento explicar, os muros são surdos.Sob a pele das palavras há cifras e códigos.O sol consola os doentes e não os renova.As coisas. Que tristes são as coisas,consideradas sem ênfase.Vomitar esse tédio sobre a cidade.Quarenta anos e nenhum problemaresolvido, sequer colocado.Nenhuma carta escrita nem recebida.Todos os homens voltam para casa.Estão menos livres mas levam jornaise soletram o mundo, sabendo que o perdem.Crimes da terra, como perdoá-los?Tomei parte em muitos, outros escondi.Alguns achei belos, foram publicados.Crimes suaves, que ajudam a viver.Ração diária de erro, distribuída em casa.Os ferozes padeiros do mal.Os ferozes leiteiros do mal.Pôr fogo em tudo, inclusive em mim.Ao menino de 1918 chamavam anarquista.Porém meu ódio é o melhor de mim.Com ele me salvoe dou a poucos uma esperança mínima.Uma flor nasceu na rua!Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.Uma flor ainda desbotadailude a polícia, rompe o asfalto.Façam completo silêncio,paralisem os negócios,garanto que uma flor nasceu.Sua cor não se percebe.Suas pétalas não se abrem.Seu nome não está nos livros.É feia. Mas é realmente uma flor.Sento-me no chão da capital do país às cinco horas da tardee lentamente passo a mão nessa forma insegura.Do lado das montanhas, nuvens maciças avolumam-se.Pequenos pontos brancos movem-se no mar, galinhas em pânico.É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio.
05/11/2011 às 7:45 #87039MonstrinhoMembro“Não sei o que é conhecer-meNão vejo para dentro, e não creio que eu exista por detrás de mim"Alberto Caeiro - Fernando Pessoa :D ;)
05/11/2011 às 17:12 #87040SuzanaMembro“Sinto e por sentir tenho por eterna a essência desta existênciae como registros de memórias os breves momentos do existir na forma pensante..."
14/11/2011 às 18:17 #87041SuzanaMembro]”Bem – aventurados os que não condenam aquilo que aprovam”. ;)
04/12/2011 às 17:17 #87042SuzanaMembroCOMUMENTE É ASSIM Cada um ao nascer traz sua dose de amor, mas os empregos, o dinheiro, tudo isso, nos resseca o solo do coração. Sobre o coração levamos o corpo, sobre o corpo a camisa, mas isto é pouco. Alguém imbecilmente inventou os punhos e sobre os peitos fez correr o amido de engomar. Quando velhos se arrependem. A mulher se pinta. O homem faz ginástica pelo sistema Muller. Mas é tarde. A pele enche-se de rugas. O amor floresce, floresce, e depois desfolha.Vladimir Maiakóvski
06/12/2011 às 16:01 #87043ajce1962MembroFernando PessoaABISMO Olho o Tejo, e de tal arte Que me esquece olhar olhando, E súbito isto me bate De encontro ao devaneando - O que é ser-rio, e correr? O que é está-lo eu a ver? Sinto de repente pouco, Vácuo, o momento, o lugar. Tudo de repente é oco - Mesmo o meu estar a pensar. Tudo - eu e o mundo em redor - Fica mais que exterior. Perde tudo o ser, ficar, E do pensar se me some. Fico sem poder ligar Ser, idéia, alma de nome A mim, à terra e aos céus... E súbito encontro Deus.
07/12/2011 às 3:05 #87044SuzanaMembroSúplicaAgora que o silêncio é um mar sem ondas, E que nele posso navegar sem rumo, Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz. Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti como de mim. Perde-se a vida a desejá-la tanto. Só soubemos sofrer, enquanto O nosso amor Durou. Mas o tempo passou, Há calmaria... Não perturbes a paz que me foi dada. Ouvir de novo a tua voz seria Matar a sede com água salgada.Miguel Torga
07/12/2011 às 3:26 #87045SuzanaMembroO vazio não é a ausência de Deus,mas a Sua invisibilidade. 8)Valter da Rosa Borges
11/12/2011 às 23:52 #87046MonstrinhoMembroOlá!! :D Ricardo ReisNão TenhasNão tenhas nada nas mãos Nem uma memória na alma, Que quando te puserem Nas mãos o óbolo último, Ao abrirem-te as mãos Nada te cairá. Que trono te querem dar Que Átropos to não tire? Que louros que não fanem Nos arbítrios de Minos? Que horas que te não tornem Da estatura da sombra Que serás quando fores Na noite e ao fim da estrada. Colhe as flores mas larga-as, Das mãos mal as olhaste. Senta-te ao sol. Abdica E sê rei de ti próprio. :)
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