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10/06/2005 às 19:04 #73783nahuinaMembro
Os sociais-democratas conseguiram criar uma forma de Estado em que as pessoas tem todos os direitos de cidadãos garantidos
Socorro!!!!!!!!
o q vc entende por “cidadãos”?(Mensagem editada por nahuina em Junho 10, 2005)
10/06/2005 às 20:21 #73784Miguel (admin)Mestre“A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”.
(DALLARI, Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p.14)
Mas eu também incluo aí segurança, educação, saúde, alimentação, etc como direitos da cidadania.
Não adianta nada ter direitos políticos morrendo de fome…
10/06/2005 às 20:36 #73785nahuinaMembroE vc acha que, na prática, Os sociais-democratas conseguem criar uma forma de Estado em que as pessoas tem todos os direitos de “cidadãos” garantidos …isso realmente é possivel isso acontece ou pode vir a acontecer?
10/06/2005 às 20:53 #73786Miguel (admin)MestreAcontece. So que eu não sei como eles conseguiram chegar a esse ponto.
Eles têm parquimêtros pra pagar estacionamento, mas se alguém não quiser pagar, não paga e vai embora. Mas eles pagam assim mesmo, pois o cidadão de lá acharia inconcebível que alguém não pagasse pelo estacionamento…
11/06/2005 às 1:40 #73787nahuinaMembro“de lá?” …..
11/06/2005 às 3:35 #73788Miguel (admin)MestreBoa noite colegas filósofos. O papo está bom. Primeiramente deixem-me esclarecer que minhas crítica são direcionadas apenas as pessoas que criticam Marx sem realmente ter estudado a fundo o assunto. Percebo que algumas pessoa não leram Marx a fundo quando essas pessoas afirmam coisas como: “Marx era utópico” (na verdade ele criticava as utopias), “Marx é determinista” (ele criticava isso também)etc.
Marx é passível de críticas sim, tanto que para ser dialético nós não devemos concordar com Marx, mas criar uma nova síntese. No entanto, o que observo é que as conversas em torno de Marx não levam em conta a época em que ele viveu. Marx não era ingênuo (faça-me o favor! achar que um cara que escreveu O Capital é ingênua é apelar). Contudo ele não pôde prever a evolução tecnologica que haveria (ele até tentou e chegou muito perto) mas não poderia adivinhar que haveria a internet hoje, por exemplo.
Sobre a cidadania: para mim isso é uma idéia de liberdade que compramos dos filmes hollywoodianos. Se voce desmascara a raison d'etre (razão de ser ou existir)do Estado, logo voce não pode conceber que haja cidadania. Isso é uma lenda. Concordo que há direitos, liberdades, mas essa liberdade permite que sejamos explorados. Exemplo: Eu tenho as seguintes opções: ou trabalho e ganho 250 reais ou morro de fome ou assalto algúem ou vendo drogas. As duas últimas são crimes. Morrer de fome eu não quero, só me resta trabalhar oito horas e ganhar 250 reais. Jahr Garcia afirma em seu livro ” o que é propaganda ideológica” que nos paises subdesenvolvidos as pessoas não tem chance de se esforçar e estudar(devido as doenças na infância ou necessidade de trabalhar desde cedo)
O bolsa-escola, na minha opinião, só serve para os pais ganharem dinheiro com o filho na escola. Os jovens não vão para escola com intensão de aprender, pois eles não tem o estímulo correto. E os professores não reprovam ninguem (essa é a estratégia para que sempre haja muita oferta de mão-de-obra e pouco emprego no mercado de trabalho, o que gera salários baixos, competitividade e uma seleção rigorosa na qual só se destacam os mais bem preparados). Onde está a cidadania nisso? Os direitos são iguais? Sim todos temos a liberdade de escolha, mas o que fazer com ela se nossas possibilidades (financeiras) não colaboram?
Outro exemplo: dizem que qualquer brasileiro no uso fruto do seus direitos pode se candidatar a cargo público. Porém o marketing político e a grana é que determinam os resultados da eleição (não quero dizer que esse processo seja determinista, como Marx, acredito na dialética, uso a palavra “determina” no sentido moral e não no sentido metafísico. Quem quiser pode substituir a palavra “determina” por “condiciona”)
Os direitos são iguais, mas as possibilidades práticas não.
Boa noite a todos e obrigado por esta ótima oportunidade de uma conversa filosófica. Até a próxima! Fiquem com John: “Imagine theres's no countries…imagine no possesion…a brotherhood of man” by: John Lennon
(canção intitulada “imagine”).Renan-publicitário
11/06/2005 às 3:52 #73789nahuinaMembro“Sobre a cidadania: para mim isso é uma idéia de liberdade que compramos dos filmes hollywoodianos”
Perfeito!!11/06/2005 às 4:02 #73790Miguel (admin)MestreEle criticava utopias…
…e isso o eximia de incorrer na mesma imperfeição teórica? Tava vacinado?
Ele deu um novo significado a dialética…
…e por isso estava sempre amparado pela razão?
Acho que a ingenuidade dele começa por não ter trabalhado mais a fundo a questão dos círculos viciosos do poder, os quais costumam se repetir sempre na história. Principalmente, os que se renovaram em regimes inspirados em sua própria teoria…
11/06/2005 às 4:11 #73791nahuinaMembro“Ele criticava utopias…
…e isso o eximia de incorrer na mesma imperfeição teórica? Tava vacinado? ”
Concordo, MUITAS VEZES o homem faz aquilo que critica e/ou aquilo que mais odeia….Porém o Marx ñ foi tão Utópico, ele foi bastante coerente em muitos aspectos.
Mas em otros parece ter sido ingenuo sim.É claro que como disse Renan:”é que as conversas em torno de Marx não levam em conta a época em que ele viveu.”11/06/2005 às 4:26 #73792Miguel (admin)Mestre…não levam em conta a época em que ele viveu…
Embora isso nem sempre funcione como justificativa…
Afinal de contas, qual a síntese que não acaba se transformando em tese para as novas antíteses da vida?
11/06/2005 às 13:58 #73793Miguel (admin)MestreConconrdo com E. Mileto quando diz “qual a síntese que não acaba se transformando em tese para as novas antíteses da vida?” Em suma, ser dialético é isso, e Marx esperava que pensassemos dialeticamente e não conformadamente. E muito mais que isso, esperava que agissemos, para que nosso modo de conceber o mundo mudasse a partir da mudança de atitudes.”não é a consciencia que determina o ser, mas o ser que determina a consciencia”(lembro que “determina” está no sentido de “condicionar”, o ato em questão não é mecânico, as pessoas tem livre-arbítrio)
Também concordo com algumas afirmações anteriores. Realmente ele não estava vacinado, mas quero interar que ele estava calcado numa visão histórica muito séria (nada ingênua, por favor) e sua base teorica era empírica e não puramente racionalista(não era especulação mas baseado em experiências históricas)
O que aconteceu na URSS não foi tão feio como a mídia pinta (nada que já não tenha acontecido em países “democráticos” e “livres”, como EUA e Brasil).
A partir da revolução russa, muitas melhoras houveram também. Outra coisa: a URSS é “inspirada” em Marx, mas Stalin distorceu tudo. Acho que uma experiencia negativa não significa que o regime está condenado. Não dá para julgar o socilismo a partir apenas dessa experiencia, será que se fosse reimplantado o socialismo na Russia, eles repetiriam os mesmos erros do socialismo de Stalin?
Vejam Cuba, com toda propaganda negativa e com o embargo americano ainda sim apresenta aspectos positivos. Compare a saúde e a educação cubana com a do resto da america latina. Compare o desempenho olímpico daquela minúscula ilha com o desempenho da Argentina ou Brasil nos esportes. Há pobreza e repressão que deveriam ser tratadas, mas há coisas que deveríamos aprender com eles.11/06/2005 às 14:46 #73794Miguel (admin)MestreSó que Cuba não é um país livre. Vai lá reclamar do charuto do Fidel pra ver o que te acontece…
A solução é simples, dentro do próprio capitalismo: é só fazer uma Constituição que obrigue o Estado a fomentar as necessidades básicas do cidadão.
Mas quando se fala nisso, o brasileiro dá um pulo: “– O quê?! Farra assistencialista!!!”
11/06/2005 às 15:22 #73795Miguel (admin)MestreAcredito que tal constituição já exista, sempre existiu, mas não é coerente com a dita economia de mercado e a exploração resustante desta. Os direitos são todos assegurados. Quando leio a constituição eu quase choro, é lindo! Mas não acontece na vida prática.
Se eu reclamasse do milk-shake do Bush (de tal forma que, o denunciasse realmente) acredito que também acabariam comigo. O fato é que o Fahrenheit 9/11 (do cineasta Michael Moore) ou não foi levado a sério pelos americanos (isso a gente nota no próprio filme) ou a reeleição do Bush foi comprada. Leiam “Os simpsons e a filosofia” não é um dos melhores livros que já li, mas pude perceber que as críticas dos simpsons ao capitalismo são contraditorias e incoerentes pois em outros episodios eles criticam o comunismo também. Resumindo, as criticas feitas pelos simpsons são “ultra-ironicas”, não se prendem a criticar A ou criticar B. Eles criticam A e B ao mesmo tempo. A intenção do desenho é fazer rir e nao provocar uma revolução. O mesmo vale para Família Dinossauros e o filme Farhenheit. Só por isso o Michael Moore está vivo, por que seu filme não incomoda o Bush, se incomodasse o Mick já estaria em fotos nas embalagens de leite.11/06/2005 às 15:52 #73796Miguel (admin)MestreNão, a Constituição não obriga, ela apenas prescreve como um dever…
Às vezes, eu acho formidável a existência de tantas palavras para expressar uma mesma idéia. É que não se trata de um capricho, no fundo mesmo, não são a mesma coisa. Começa pela própria diferença fonêmica dos significantes…
11/06/2005 às 16:49 #73797nahuinaMembroÉ verdade a constituição da vontade de chorar de tão bonita…
Mas assim como os ideais da revolução francesa, são lindos….mas ñ prática tb ñ funcionaram…ou funcionaram com uma interpretação diferente da que nos gostariamos que tivesse… -
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