Qual é o sentido da vida (cont.) ?

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  • #75579
    márcio
    Membro

    Eu tambem tenho a mesma dificuldade. Tento lutar desesperadamente para que a minha vida nao fique 100% nas maos do Acaso, pode até parecer que esta funcionando, na verdade funciona em parte, mas é uma ilusao que eu tenho controle sobre o Acaso. Quer um exemplo ? Amanha voce por Acaso ganha na loteria … o sentido de sua vida vai mudar completamente.

    #75580

    Posso colocar um ponto de reflexão? É o seguinte: Há um programa de computador que foi “programado” para, p.ex, escolher um número de x dígitos a cada y tempo, esses números criados são por acaso ou já foram definidos pelo programa no tempo y e assim no tempo 2y e por ai vai? Espero que tenham entendido o ponto, será que o próprio acaso não é determinado?

    #75581

    Mceus:
    Já não sei precisar quem foi (seria uma questão de verifcar, apenas), mas alguém já aqui se referiu ao “determinismo do acaso” exemplificando até, com o lançar de um dado:o nº que vai sair é aleatório, mas as possibilidades são determinadas-não pode sair um oito ou um sete, por exemplo, mas números compreendidos entre 1 e seis…
    Sinto-me tentada a fazer aqui referência a um livro em que j. Guitton se refere às ideias do físico inglês David Bohm segundo o qual os movimentos dos grãos de areia só são aleatórios na aparência. Ele diz que por detrás da desordem visível ddos fenómenos, existe uma ordem profunda de grau muito mais elevado e que explicaria o que pensamos ser acaso. Ele fala numa experiência que é célebre em física (eu não percebo de física o suficiente…) que é a experiência das “duplas fendas”.Diz que é um dispositivo muito simples: interpõe-se um alvo cortado por duas grandes fendas verticais paralelas entre uma placa fotográfica e uma fonte luminosa que permite enviar fotões, grãos de luz para o alvo. “Quando se projectam partículas luminosas uma a uma para as fendas, é-nos impossível afirmar qual a fenda que a partícula vai atravessar, nem onde exactamente ela vai incidir sobre a placa fotográfica. Deste ponto de vista, os movimentos e a trajectória da partícula luminosa são aleatórios e imprevisíveis”. No entanto ele diz-nos que depois de um cerca de um milhar de tiros os fotões não deixam uma mancha aleatória sobre a placa fotográfica, mas sim uma figura perfeitamente ordenada, conhecida pelo nome de “franja de interferências”. Em suma, o carácter “aleatório” do comportamento de cada partícula isolada escondia um grau de ordem muito elevado que não podíamos interpretar.
    Esta experiência, para J. Guitton, revelará que o universo não contém acaso,mas antes diferentes graus de ordem que cabe a nós decifrar.
    Peço desculpa por esta “incursão” no mundo da física que eu não domino, mas achei esta passagem interessante. Nesta perspectiva não há acaso,verdadeiramente.
    Aquela hipótese que Mceus colocou é problemática: poderemos conceber um acaso que esconde uma ordem? Poderemos chamar a isso ainda acaso ???

    #75582

    Mceus:
    Já não sei precisar quem foi (seria uma questão de verifcar, apenas), mas alguém já aqui se referiu ao “determinismo do acaso” exemplificando até, com o lançar de um dado:o nº que vai sair é aleatório, mas as possibilidades são determinadas-não pode sair um oito ou um sete, por exemplo, mas números compreendidos entre 1 e seis…
    Sinto-me tentada a fazer aqui referência a um livro em que j. Guitton se refere às ideias do físico inglês David Bohm segundo o qual os movimentos dos grãos de areia só são aleatórios na aparência. Ele diz que por detrás da desordem visível ddos fenómenos, existe uma ordem profunda de grau muito mais elevado e que explicaria o que pensamos ser acaso. Ele fala numa experiência que é célebre em física (eu não percebo de física o suficiente…) que é a experiência das “duplas fendas”.Diz que é um dispositivo muito simples: interpõe-se um alvo cortado por duas grandes fendas verticais paralelas entre uma placa fotográfica e uma fonte luminosa que permite enviar fotões, grãos de luz para o alvo. “Quando se projectam partículas luminosas uma a uma para as fendas, é-nos impossível afirmar qual a fenda que a partícula vai atravessar, nem onde exactamente ela vai incidir sobre a placa fotográfica. Deste ponto de vista, os movimentos e a trajectória da partícula luminosa são aleatórios e imprevisíveis”. No entanto ele diz-nos que depois de um cerca de um milhar de tiros os fotões não deixam uma mancha aleatória sobre a placa fotográfica, mas sim uma figura perfeitamente ordenada, conhecida pelo nome de “franja de interferências”. Em suma, o carácter “aleatório” do comportamento de cada partícula isolada escondia um grau de ordem muito elevado que não podíamos interpretar.
    Esta experiência, para J. Guitton, revelará que o universo não contém acaso,mas antes diferentes graus de ordem que cabe a nós decifrar.
    Peço desculpa por esta “incursão” no mundo da física que eu não domino, mas achei esta passagem interessante. Nesta perspectiva não há acaso,verdadeiramente.
    Aquela hipótese que Mceus colocou é problemática: poderemos conceber um acaso que esconde uma ordem? Poderemos chamar a isso ainda acaso ???

    #75583

    Nossa, sou eu que não entendo de física minha cara Isabel… :-) Foi muito bom o que escreveu, mais um ponto para pensarmos, não?

    #75584
    márcio
    Membro

    Isabel. Fui eu. Tem outra interessante do Bohm.
    Pegue 2 cilindros abertos um dentro do outro. O do centro fica fixo e o de fora gira. Coloque glicerina entre eles. Comece a girar o cilindro de fora na direcao horaria e jogue um pingo de tinta preta na glicerina. Continue girando e apos umas voltas o pingo desaparece. Agora, gire o cilindro de fora na direcao contraria (anti-horaria) e o pingo de tinta preta aparece novamente.

    #75585

    Não resisti a voltar a este tópico…acabamos por nos “desviar” do foco principal da questão. Vou tentar retomar a questão delineando alguns traços.
    “Sentido” pode ser interpretado como significação ou direcção…no entanto, penso que o sentido deve ser entendido como o facto de o próprio indivíduo não se conseguir assumir sem um objectivo. Trata-se de uma significação que não é delimitável pois é extraída da percepção, da consideração que o homem põe à sua vida.
    Assim, “sentido” tem a ver com projecto e facticidade.
    Em Heidegger, por exemplo, “projecto” quer dizer que o homem está lançado, projectado pelo ser na existência, mas não é lançado de qualquer maneira..nesta acepção “sentido” tem a ver com o passado e com o futuro. Qual é o futuro? Para querer ter futuro é preciso ter em conta o meu passado-facticidade.
    Já, por exemplo, em Habermas o sentido aparece com uma outra conotação: o que dá sentido à sociedade é o futuro, cortando com o passado…
    Caffarena já diz que o sentido tem de ser compreendido na facticidade do momento em que vivo, mas que ten uma dupla dimensão: a minha história e uma finalidade.

    Por que é que eu existo? Para quê? Estas continuam a ser as questões fundamentais e inevitáveis…o para quê tem uma conotação ética: há ou não escolhas que tenho de fazer? Por que é que eu decido? É algo que crio quando opto ou quando eu opto já estou a “ser levado” por um sentido?
    abs.

    #75586
    luiz
    Membro

    A vida é um infinito, vendo que, a mente humana é incapaz de projeta-lo (Você consegue imaginar algo infinito?). Imagine que tudo se constitui de infinitos, dentro d’outros infinitos, como: …um elétron forma um átomo, um átomo forma uma molécula…(onde isso começa e onde termina?), acredito que sempre há algo maior ou menor (sendo que não encontro palavras para definir tamanho dentro do infinito), façamos parte (talvez) de “Vidas” maiores (considerando, por exemplo, nosso planeta como uma espécie de ser vivo); Como saberíamos se um átomo não se pergunta -Qual o sentido da vida?- quiçá em outra forma de representar a idéia (“Perguntar” foi algo introduzido à cultura humana?).
    Fazemos parte do circulo, como uma pedra faz, um pássaro faz, qualquer coisa faz (até nossos pensamentos fazem).
    Dentro desta visão deturpada que tenho sobre a vida, tudo é importante elo, que equilibra a existência, por sua vez equilibra o infinito.

    #75587

    Podemos não conseguir imaginar o infinito mas conseguimos conceber a ideia de infinito. Essa ideia de “infinitos dentro de infinitos” é, quanto a mim, bastante confusa. Não consigo conceber que algo infinito “caiba” dentro do que quer que seja. Se é infinito é, por definição, não mensurável nem delimitado, logo, não cabe em parte alguma uma vez que é infinito.

    “Como saberíamos se um átomo pergunta pelo sentido da vida?”…bem, como poderemos sequer saber o que é a realidade?? Antes de conhecermos a existência de átomos eles já existiam e eram uma realidade desconhecida ou, pelo contrário, só é realidade aquilo que é, enquanto é, cognoscível??

    Parece-me de todo inequívoco que a pergunta pelo sentido é uma pergunta humana, não porque isso tenha sido introduzido na cultura humana , mas porque, na realidade, essa pergunta só é possível a partir da consciência da finitude, a consciência da morte. Quando me refiro a “consciência da morte” refiro-me a saber que se morre, porque efectivamente muitas outras espécies de apercebem da morte, a sentem ou “predizem”…saberimplica a consciência do antes e do depois. Só pergunto pelo sentido por que há morte. Ela representa o fim das possibilidades humanas.Perguntar pelo sentido é perguntar por mim, por mim, eu que vou morrer, eu e não outro, eu que sou possibilidade.O culto da morte é um culto humano..porquê? Pela consciência avassaladora do morte e de todos os “porém”…

    abs.

    #75588
    márcio
    Membro

    Ola. Eu acho que a palavra “infinito” tem uma conotacao de fuga. A priori nao concordo que a vida seja um loop infinito. A vida é (ou deve ser) uma condicao muito particular, com inicio, meio e fim … e nossa missao é: mante-la.

    Abracos

    #75589

    Marcio,

    manter a vida=dar-lhe sentido?
    manter a vida=assegurar condições mínimas de sobrevivência?(somos seres biológicos)
    manter a vida=protelar o seu termo…adiar oseu termo??

    abs.

    #75590
    márcio
    Membro

    Isabel, manter a vida = dar-lhe sentido ?

    Genial sua abordagem matematica. Nao podia ser mais claro.

    Penso nisso as vezes: Seria algo como uma casca de cebola. As camadas mais externas, corresponderiam aos diversos sentidos que as pessoas possam dar para suas vidas, mas conforme se vai retirando as camadas, o sentido central gira em torno disso: como mante-la.

    com/sem luxo, dignidade, conforto, simplicidade, perpetuacao, etc, etc.

    Protelar o termo (entendo que deve ser o mesmo que adiar o fim): Sim. Estamos todos trabalhando nisso. E entendo os Pensamentos como sendo a ultima fronteira …

    (como sempre, opiniao pessoal)
    Abraços.

    #75591

    Sentido central?…(Here we go again…):
    Usar a vida.
    Nossa missão em vida?
    Usá-la.

    Márcio, você se lembra de nossos antigos posts?
    Rs**…Creio que sim!

    Abraços.

    #75592

    Aí vai uma dica…?
    Esse sentido central poderia ser um esforço comum, tipo uma estratégia da espécie para sobreviver???
    E passaria essa estratégia por que níveis?…Voltaríamos à questão da mente/cérebro e felicidade….?
    abs.

    #75593

    Andei lendo algumas msgs daqui e deu para perceber algumas coisas interessantes…
    sem querer dar a entender que tenho todas as respostas, foi o seguinte (corrijam-me se eu tiver enganado):

    1 – Ainda há uma influencia forte de positivismo. Parece que ainda há a esperança de que a razao cientifica responda a tudo, que, se ainda nao respondeu, o fará no futuro.

    Preciso comentar? Essa tendencia, levada ao extremo, nem teria sentido filosofar. A atualidade é ainda o séc. XIX. Compreensivel, afinal o Brasil bebeu muito dessa água.

    Okay. As coisas nao sao tao simples assim, ou, talvez, até seja. Quem sabe, um positivismo algo mitigado ou inconsciente. Okay, mas nem por isso menos pretensioso.

    Sobre isso – caso a sensaçao do positivismo nao tenha sido falsa -, muito podia ser dito. Reducionismos. Pretensao da razao, acompanhada, em contrapartida e paradoxalmente, de uma compreensao reducionista dessa mesma razao. E o nao reconhecimento, ou desconhecimento, da experiencia posterior que levou ao questionamento dessa corrente. Dilthey seria uma leitura interessante? Dentro de um quadro, sim, afinal, ele chamou a atençao para a “filosofia da vida”, e mostrou a incapacidade do método naturalista para as ciencias do espirito, por outro lado, ele falou de “ciencias”… Bem, era o começo. A falencia (da “razao inflada”) veio com a pos-modernidade, ou gerou-a. Isso ainda nao acabou, essa pagina ainda está sendo escrita.

    2 – A questao linguistica está sendo considerada?

    Falo de caos na ordem, e de ordem no caos. Procuro definir vida. Digo que uso a vida. Pergunto pelo sentido do sentido. Cito FATOS. Lembro dos infinitos dentro dos infinitos. Cito o acaso no determinismo. Etc.

    Duas correntes me levam a desconfiar de algumas coisas: aquela do Wittgenstein das “Investigaçoes filosóficas”, e aquela de Merleau Ponty na questao do pensamento falante e da linguagem muda.

    Ainda a visao de que há uma realidade “pura”, e que minha fala somente é um tipo de expressao minha para comunicar a percepçao que eu tenho dessa realidade… os que citei mostram que nao. Sem palavras, aquilo nem existe (a pessoa nao perceberia que existe).

    “Comi uma fruta nova, ela parece uma goiaba, só que mais azedinha, e mais pesada…” E nao:
    “comi uma fruta.
    – ela é doce? – Nao sei.
    – ela é amarga? – Nao sei.
    – ela é salgada? Nao sei.
    – ela arde? – Nao sei. …
    – entao vc nao comeu!”

    Alguem tem uma experiencia que nao sabe expressar de modo nenhum… ele ficaria com medo? Claro que nao, o medo já seria uma expressao. Ele nao entenderia? Claro que nao, se dissesse que era incompreensivel, já estaria expressando alguma coisa. Entao o que ele experimentou? Nada!

    A visao de que devo, ou posso, encontrar precisao nas palavras, ou revelar a verdade apoiando-me no sentido real das palavras… complicado tambem. Nao existe nenhum conceito com precisao absoluta.

    “- Uma pessoa sem nenhum fio de cabelo, é calva?
    – Nao, ela é careca.
    – Uma pessoa cabeluda é calva? – Nao.
    – Qts fios de cabelo se precisa ter para ser calva?
    – Nao sei.
    – E se eu tirar 1 fio de um calvo, ele continua sendo calvo?
    – Sim.
    (aplica induçao) – entao calvo = careca!
    – E se eu acrescentar mais um fio em um calvo, ele continua calvo?
    – Sim.
    (aplica induçao) – entao calvo = cabeludo!”

    Entao: redefiniçoes, metaforas, analogias, desencontros… o risco é que a babel leve ao manicômio. Na babel biblica, as pessoas pelo menos sabiam que nao estava se comunicando, na babel linguistica, nem isso. Vou fazer uma tentativa:
    (a) há determinismo no acaso = uma redefiniçao (implicita) de acaso
    (b) parece uma referencia à teoria do caos…
    (c) está se dizendo que nao existe acaso
    Claro que escolhi esse exemplo justamente pq é um dos mais faceis.

    Tipo de comportamento que ajuda, mostrar como se vai usar um termo, e ser fiel depois.

    Hummmmmm….. acho que joguei mais lenha na fogueira.

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