Orações de Cícero – Catilinária – IV

ORAÇÃO IV DE M. T. CÍCERO CONTRA L. CATILINA – Resumo

A última catilinária foi pronunciada no dia 5 de Dezembro, numa sessão do Senado, convocada no templo da Concórdia, para decidir sobre a sorte dos conjurados que se encontravam detidos.

Aberta a sessão, Silano propôs a pena capital. Se opôs Cesar, com um discurso muito hábil, insistindo que nada devia decidir-se que não estivesse conforme à mais* estricta legalidade, e concluindo com a proposta que os imputados fossem condenados à prisão perpétua, distribuídos em vários municípios, e à confiscação dos bens.

Cícero desejava ardentemente que os imputados fossem condenado à morte. Porém, evidentemente perturbado pelo discurso de César, no qual havia uma velada ameaça de intervenção do seu partido a favor dos conjurados, depois de insistir sobre a gravidade dos delitos dos amigos de Catilina, os quais, no seu parecer, mereceriam a morte, declara que esta pronto a executar o que o Senado resolver. Na peroração lembra novamente os seus merecimentos, a sua devoção à pátria, os perigos aos quais continua a expor-se para o bem da República.

Os conjurados foram condenados à morte, depois de um breve e resoluto discurso de Catão, que, na mesma sessão falou depois de Cícero.

Exórdio. Perigos aos quais Cícero esteve exposto.

PARA mim voltados estou vendo, Padres Conscritos, os semblantes e olhos de todos; cuidadosos vos vejo não só do vosso perigo e da República, mas também, quando este agora esteja afastado, do meu.

Catilinárias de Cícero – Oração III

mapa roma itália

Os conjurados que Catilina, ao deixar a cidade, tinha deixado em Roma, articulam-se e tentam tratati vas com os embaixadores dos Alóbrogos, que por acaso se encontravam em Roma, para patrocinar a causa dos seus patrícios contra os governadores romanos. Em consequência de delações, afinal, Cícero consegue provas materiais da conjuração. Na noite do 2 de Dezembro manda prender os principais conjurados. Na manhã do dia 3, reúne o Senado e procede ao interrogatório dos presos. O Senado resolve que os imputados continuem em estado de detenção e decreta que o cônsul seja publicamente agradecido pela sua acção em defesa da pátria. Acabada a sessão do Senado, Cícero pronuncia a terceira catilinária, para informar ao povo, reunido no foro, da marcha dos acontecimentos. Diz que nunca Roma correu perigo maior do que acaba de desaparecer, sem recorrer a medidas militares, sem perturbação da cidade, unicamente por diligência dele, que soube defender a pátria ameaçada pelos conjurados. Exorta os romanos a agradecer aos deuses e a continuar na vigilância contra os maus cidadãos.

Exórdio.

VENDO estais, romanos, neste dia a República, a vida de todos vós, os vossos bens e interesses, as vossas mulheres e filhos, e a esta felicíssima e belís-suma benevolência dos deuses para convosco, livre do ferro e fogo, e como arrancada da garganta da morte, com meus trabalhos, resoluções e perigos.

Catilinárias de Cícero – Oração II

mapa roma itália

Pronunciada no dia 9 de novembro, isto é somente um dia depois da primeira, numa assembléia popular, é a segunda catilinária uma das mais per feitas, do ponto de vista estético, entre as orações de Cicero. Catilina, amedrontado pela acusação do cônsul, resolveu deixar a cidade e juntar-se a Mânlio, Esta fuga é uma confissão de culpa, e como tal Cícero a interpreta e comenta. Defende-se de duas acusa ções que lhe podem ser imputadas: a de excessiva indulgência, por ter deixado fugir a Catilina, e a deexcessiva severidade por ter constrangido ao exílio um cidadão romano, sem ter as provas da sua culpa.

Descreve, depois, Cícero as categorias de cidadãos que estão do lado dos conjurados. Contra essa gente, contra esses degenerados não há dúvida nenhuma queos homens de bem que defendem a liberdade, terão vitória certa e esmagadora.

Exórdio. Cícero felicita-se pela fuga de Catilina.

ENFIM romanos, lançado tenho fora, despedido e seguido na saída, com minhas palavras, a Lúcio Catilina, que insolentemente se enfurecia, respirando atrocidades e maquinando perfidamente a ruína da pátria. Já alfim se foi, retirou, escapou e arremessou daqui fora; já aquele monstro e abismo de maldade não forjará perdição alguma contra estes muros, dentre deles.

Catilinárias de Cícero – Oração I

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ORAÇÃO I DE M. T. CÍCERO CONTRA L. CATILINA

Esta oração, pronunciada no dia 8 de novembro do ano 63 c C, é talvez a mais conhecida entre as orações de Cícero.

Cícero investe violentamente contra Catilina, que teve a ousadia de apresentar-se no Senado, embora todos saibam que um exército de revolucionários o espera na Etrúria, chefiado por Mânlio. Catilina mereceria a morte; porém Cícero não pede ao Senado que o processe. Roma pode ter a certeza que ele, Cícero, com a sua solêrcia, garantirá a liberdade do povo romano. Catilina, porém, deixe a cidade. Roma não quer mais saber dele, pois as suas culpas e torpezas são bem conhecidas. Deixe a cidade e, se quer, se junte aos seus companheiros, bem dignos dele, que o esperam para marchar contra Roma. Cícero não o teme, pois, com a ajuda de Júpiter Stator, o exterminará e, com ele a todos os inimigos da República.

Exórdio.

ATÉ quando, Catilina, abusarás de nossa paciência? quanto zombará de nós ainda esse teu atrevimento?

AS INTRIGAS PLATINAS – D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

D. João VI no Brasil – Oliveira Lima

CAPITULO VII

AS INTRIGAS PLATINAS

É fora de dúvida que Dom João VI esteve a começo de acordo com o
projeto que teria a dupla vantagem de livrá-lo da presença nefasta da mulher, enxotando-a com
todas as honras para Buenos Aires e com ali entronizá-la dando aplicação à
sua daninha atividade, e ao mesmo tempo estender com essa parceria distante a sua
importância dinástica, pois que no futuro o império hispano-americano, arredado da
solução da independência, a qual para mais era contagiosa e poderia propagar-se ao Brasil,
reverteria para a sucessão de Dona Carlota, que era a sua própria. Não contaria ele com tamanha
resistência do governo britânico, mais propenso a favorecer a emancipação das
possessões espanholas, aos projetos de Dona Carlota Joaquina, nascidos da justa
persuasão de que o domínio colonial da Espanha tinha entrado em franca
desagregação e que mais valia conservá-lo para uma nova dinastia Bourbon-Bragança do
que abandoná-lo ao vórtice
republicano.