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12/07/2005 às 17:42 #79962Miguel (admin)Mestre
Colega Renan
A consciência , como ser por si, não está só.Em primeiro lugar ela está rodeada de objetos: o mundo é uma combinação de objetos em si, com qualidade e densidade próprias, e do modo como a consciência –por si- os visa, conferindo-lhes ordem, valor e instrumentalidade.Isso significa que a consciência contribui para que o mundo exista e não o mundo contribua para que a consciência exista.Como os hominídios reagiriam ao meio em que viviam se deste não tivessem consciência?
Saudações guitarristicas!!
12/07/2005 às 19:12 #79963Miguel (admin)MestreNahuina, eu afirmo que:
1-o racionalismo é um humanismo
2-Quem acredita na razão o faz pq confia no homem. como “ser racional.Eu NÃO AFIRMO que:
1-isso é um erro.
2-o homem não é racional.Isso não é uma afirmação, na verdade é só uma hipótese (e é exatamente isso que agora está em discussão no fórum de filosofia oriental, do qual você também participa)
Mas é fato que o homem faz propaganda para se convencer da própria grandeza. Poderia citar 1000 exemplos. Vou citar 1: os documentários de ciência exibidos no Discovery, no Fantástico etc. Em especial aqueles que falam sobre a maravilha do cérebro humano e nossas habilidades e conquistas (o homem aprendeu a voar, chegou a lua etc) Isso eu chamo de propaganda humanista. Quem quiser discutir sobre este tema, SUGIRO que participe do forum “filosofia oriental/ filosofia de vida”. Neste fórum, gostaria de retomar a questão: EXISTE O PÓS-MODERNISMO?
12/07/2005 às 19:18 #79964Miguel (admin)MestreNo fórum sobre “filosofia oriental” estamos discutindo se podemos chamar de “filosofia oriental” o conhecimento oriental ou o termo correto seria “sabedoria oriental”.
Para isso, tentamos definir o que é: filosofia, sabedoria, pensamento, religião, ciência, teologia, mito, seita, etc.
Já neste fórum aqui (do marx)gostaria de retomar a questão: EXISTE O PÓS-MODERNISMO?12/07/2005 às 19:47 #79965nahuinaMembroA minha 1ª mensagem neste tópico (e a segunda do mesmo) foi referente a isso, e lamentavelmente o assunto mudou o rumo ao surgir uma polemica desnecessária, vou repetir aqui a minha mensagem sem nenhuma alteração:
Nahuina: Enviado em Terca, 21 de Junho de 2005 – 8:53 pm:
“É possivel classificar uma época histórica que ainda não é história (passado) mas pertence ao nosso presente?”
Acho que a resposta é simples: Não.
Particularmente não gosto de rótulos, se Marx é pós-moderno ou não, não faz muita diferença….ou faz?
“considero Marx tão atual e tão visionário”
Isso é verdade…mas não quer dizer que ele seja pós-moderno ou deixe de sê-lo..13/07/2005 às 2:23 #79966Miguel (admin)MestreNão entendi!! o processo dialético para por aqui, do contrário cairia no faco das ideias, o objeto do saber transcendeu a ração natural. Isso porque a ferramenta de análise (o cérebro humano)é menor do que o objeto de análise ( a consciência), pois este não se vê a si, apenas os objetos da consciência. A nossa razão não passa de um grão de areia.Fica provado que a filosofia é incapaz de entender as causas primeiras de todas as coisas. A essencia da essencia. Vivemos na escuridão mental.
13/07/2005 às 2:29 #79967Miguel (admin)MestreOs erros de portugues são um protesto as convenções, comO CONCEITO DE PÓS-MODERNIDADE
ISSO É SÓ CONVENÇÃO, PARA QUE HAJA INTERAÇÃO
NÃO VEJO IMPORTANCIA NESTA DISCUSSSSSÃO…………..13/07/2005 às 3:54 #79968Miguel (admin)MestreDaniel, concordo com suas ultimas mensagens sobre as convenções gramaticais e sobre a consciência ser um grão de areia.
E em (12 de julho as 2:08 pm) você trousse questões muito boas mesmo, mas elas dariam margem para abrir outro fórum. No momento, essas questões estão sendo discutidas no fórum de “filosofia oriental”. Passa lá!!!! Aqui no fórum do Marx, eu gostaria de retomar a questão da pós-modernidade, porém se você e o Nahuina quiserem, podemos esquecer isso e debater sobre o que vocês quiserem.
Mas vou tentar responder a suas ultimas mensagens:
1- As maneiras objetivas e subjetivas de ver o mundo:
A maneira objetiva (a priori) é o que permite que haja comunicação, do contrário eu diria “carro” e você entenderia “carroça”. Nós dois sabemos diferenciar “carro” de “carroça” através da objetividade. Mas também há uma maneira subjetiva (pessoal) de perceber as coisas. Quando digo “carro” eu imagino uma figura de carro ideal e você imagina outra figura. As características em comum entre o que eu e você imaginamos podem ser chamadas de consenso ou “idéia de carro”. As características pessoais que atribuímos ao carro são nossa subjetividade. Marx e A. Smith sofrem influência igual do meio (não totalmente igual, pois a época e lugar são diferentes) mas mesmo que fosse a mesma época e mesmo lugar, cada um percebe (interpreta) o meio de forma ligeiramente diferente, por isso ninguém é igual, todos somos diferentes. Há essa discussão na Teoria da Comunicação: “a massa é homogênea ou heterogênea?” Eu digo que nem uma coisa nem outra, é as duas.2-Marx não é mais evoluído que Smith, eles são só diferentes (na minha opinião, evolução não implica em melhora, mas isso é outra questão).
3- Para mim (e acredito que para Marx e D. Hume também) o sentimento move para a ação (o que não significa que a ação é irracional). O meio natural condicionou os humanos-primitivos, daí eles desenvolveram a ação, e a ação desenvolveu o pensamento. O pensamento fez com que eles elaborassem novas ações, porém só pode ser chamado de “consciência” aquele pensamento que se torna prática (que se exterioriza). Vou dar um exemplo (não real): se eu digo que sou consciente da importância da limpeza pública, mas na prática eu jogo lixo no chão, eu na verdade não sou consciente como dizia. O que eu prego é pura ideologia (o que acredito ser meu pensamento, mas é da ideologia) e o que eu faço (sujar o chão) é minha verdadeira consciência. Marx explica, e eu acho que Freud também.
Esse é efeito da ideologia, e por isso, todo revolucionário deve “ter consciência” de que sua “própria consciência revolucionária” também sofre influência da ideologia. Logo, se ele não age, e apenas prega, ele pode estar se auto-enganando. Por isso, quem acredita que é possível conscientizar o povo, tem que agir para isso, e mostrar ser realmente consciente, do contrário será apenas não ideologia e auto-ilusão de quem prega. Outro problema: eles podem educar o povo para a mudança, mas “conscientizar para mudar” é mais que (pensar), conscientizar é exteriorizar o pensamento. Se eles querem conscientizar para uma mudança, isso implicará numa revolução (numa ação) ou então será mera educação e nada mudará (a educação é uma ideologia se não for aplicada na prática). Outro problema: os governantes não vão entregar o poder de mão beijada. É necessário apoio do exército (e a ideologia revolucionária também será importante para isso, mas sem ação não mudará nada)Voltando a questão: O ser humano é criado pelo meio. Depois ele re-cria o meio (interfere no meio). Em seguida o ser-humano se aliena de sua criação (criação= a sociedade, o Estado), e esta (sociedade e Estado) ganha autonomia. Mas na verdade há uma interação entre meio e homem, a qual é bem complexa.
Por essa mesma razão é absurdo (e alienação) a afirmativa: “a TV manipula as pessoas”. Ora, a tv é criação das pessoas e é apenas um aparelho inanimado. Você assiste tv porque você quer. Nossa vontade é que nos manipula e não a tv. Porém, mesmo sendo alienação, não deixa de ser verdade que o meio também nos influencia (mesmo a tv). Mas daí a dizer que ela manipula, sim, mas a responsabilidade pela ação também é nossa e não exclusividade do meio (para quem não crê no determinismo)
Outras afirmativas alienadas: “a propaganda manipula o gosto das pessoas” e “os video-games e jogos de RPG são responsáveis pelo aumento da violência” (dói meu ouvido essas conclusões). A violência urbana é resultado da desigualdade social, da precariedade da educação e outros fatores materiais como a própria contradição do sistema e a práxis.
Infelizmente, eu acho que afirmar que “a consciência muda o meio” é similar a afirmativa de que a “tv influencia as pessoas” porém é uma crença invertida. (se não entenderam eu tento explicar de novo).
Mas se vocês entenderam isso, vocês tem que concordar que a afirmativa “os fins NÃO justificam os meios” é FALSA. Seria radical e moralista (e falsidade) dizer que “NÃO JUSTIFICA”. (e isso eu digo com tristeza, se alguém me provar o contrário eu vou agradecer muito).
Explico: “os fins NÃO justificam o meio” é uma frase bonita, mas é moralista, até religiosa e dogmática e falsa. Às vezes os fins justificam sim. Às vezes você tem que infringir uma regra (ou lei) para não entrar em contradição com outra regra (ou lei). Às vezes você tem que mentir, com “boa intenção”. Às vezes você tem que pular num lago onde é proibido nadar para salvar uma pessoa de ser afogada (e aí, você desrespeitou a placa de proibido nadar). Há vários casos…. Os fins justificarem os meios em si não é errado, o que devemos fazer é organizar hierarquicamente as regras, assim desrespeitamos umas para favorecer a outras mais importantes. Acreditar que se possa viver respeitando todas as regras é utopia total. Nós não conseguimos seguir nem nossos próprios princípios pessoais. Nós corrompemos a nós mesmos. Quantas vezes vocês já fizeram coisas que acreditavam serem erradas, mas mesmo assim foram adiante? Se já é difícil obedecer a nossos próprios princípios, imagine obedecer a regras exteriores (leis, moral, fé etc).” …. não confio na minha própria Razão. O coração tem razões que a razão desconhece”.
– Daniel, o mesmo vale para mim. Também eu desconfio do pensamento e questiono se o que julgamos ser “pensamento nosso” realmente o é (passe no fórum de filosofia oriental onde debatemos essa questão). Saudações guitarrísticas!!13/07/2005 às 14:24 #79969Miguel (admin)MestreColega Renan
Mais uma vez muito obrigado pelo elogio, o que você escreveu sobre a maneira objetiva e subjetiva de ver as coisas vai de encontro com o que penso, mas as vezes essas duas maneiras de ver as coisa se entrelaçam, por isso tenho dúvidas a respeito do caráter cientifico da Filosofia ( talvez ela seja cientificista),pois se o olhar objetivo fosse mantido plenamente puro talvez fosse mais fácil filosofar, a subjetividade pode ser elemento de confusão. E ainda há a mutação da própria subjetividade, influenciada pelo meio.
Renan: Marx e A. Smith sofrem influência igual do meio (não totalmente igual, pois a época e lugar são diferentes) mas mesmo que fosse a mesma época e mesmo lugar, cada um percebe (interpreta) o meio de forma ligeiramente diferente, por isso ninguém é igual, todos somos diferentes. Há essa discussão na Teoria da Comunicação: “a massa é homogênea ou heterogênea?” Eu digo que nem uma coisa nem outra, é as duas.
Então para você o meio é que forma a consciência, porém variando de acordo com a interpretação de cada um, no meu conceito essa interpretação já é fruto da consciência, se é fruto da consciência essa já existe antes do meio, por isso o meio não pode determina-la, o meio influencia a consciência, há uma relação de interação, porém o impulso para a ação é dado pela consciência.
A consciência apreende ( concebe uma idéia) do meio, estimulada pelo sentimento (não determinado por ele, pois este não tem capacidade de apreensão, atributo da razão, não existe ação sem alguma forma de raciocínio precedendo-a, mesmo o instinto é forma primitiva de consciência, afinal de contas os animais tem consciência ou você acha que não?) depois da apreensão julga, emite valor com base na apreensão já feita, se isto é bom ou ruim, se isto é perigoso ou não, se isto é gostoso ou não , daí se dá o raciocínio que aprimora constantemente a consciência. Se não houvesse consciência como perceberíamos o meio?Renam: Vou dar um exemplo (não real): se eu digo que sou consciente da importância da limpeza pública, mas na prática eu jogo lixo no chão, eu na verdade não sou consciente como dizia. O que eu prego é pura ideologia (o que acredito ser meu pensamento, mas é da ideologia) e o que eu faço (sujar o chão) é minha verdadeira consciência.
Mas se sujar o chão é sua verdadeira consciência, isto quer dizer que a sua consciência determinou o meio (chão sujo), além do mais o fato de eu estar consciente de algo não significa que eu agirei sempre conforme o que eu julgar correto, isso explica o fato de que dentro de determinados contextos se justifica (e se faz justo ou injusto) a máxima de que os fins justificam os meios, além do que você sujou o chão num ato consciente, apenas o fez porque para você era mais cômodo assim, isso é uma questão da filosofia prática (moral).
Renan: Mas na verdade há uma interação entre meio e homem, a qual é bem complexa.
Se há uma interação entre o meio e homem, como pode o meio sozinho determinar o homem? Desculpe se a pergunta é idiota
Renan: Se já é difícil obedecer a nossos próprios princípios, imagine obedecer a regras exteriores (leis, moral, fé etc).
É por isso que não acredito que nada imposto dê certo seja por Marxistas, liberais ou o que for e apregôo a evolução da consciência.Você vai dizer que a consciência só a é se colocada em prática( não concordo), ou seja a consciência de alguém impondo aos outros o que julga correto.
Renan:Também eu desconfio do pensamento e questiono se o que julgamos ser “pensamento nosso” realmente o é.
Também desconfio disso, não tenho certeza mas parece que Nieztch disse algo a respeito da máxima descartiana “Cogito ergo sun”, talvez tenha algo a dizer sobre isso.
Renan eu acredito que não chegaremos a um consenso sobre esse assunto( o meio me determinou de forma diferente) e se você quiser retomar a temática original do Fórum fique a vontade.Saudações Guitarristicas!
13/07/2005 às 16:38 #79970Miguel (admin)MestreComo o Nahuina sabiamente disse: “se Marx é pós-moderno ou não, não faz muita diferença….ou faz?”
Daniel, vou esquecer o debate inicial (pelo menos por enquanto) pois o que você e eu estamos discutindo é muito mais interessante e importante:
O homem determina o meio? o meio determina o homem? Como se dá a interação entre estes?Sobre suas questões:
Cara, vou ter que pensar para lhe responder. Mas o mesmo “erro” que eu cometi, você está cometendo, só que ao contrário.
Vamos ter que chegar numa síntese entre o meu e o seu pensamento. Isso é o que vou tentar fazer mais tarde (agora não vai dar) e conto com sua ajuda e a do Nahuina para apontar possíveis “falhas”.Por enquanto, isso será de grande ajuda:
Exigências contemporâneas à teoria marxista-
(baseado no livro Comunismo e Filosofia- Dogmas e Revisões do Marxismo Hoje. Autor: Maurice Cornforth.)Sobre o trabalhador:
Cientistas, artistas, profissionais liberais não formam uma classe isolada, eles são o que formam o chamado trabalho intelectual. No capitalismo moderno, as aptidões desses trabalhadores são contratadas para servir aos interesses de uma classe, e como Marx disse “postas a serviço do capital”. Um dos objetivos do socialismo científico é fazer com que o trabalho intelectual seja posto “a serviço do trabalho”.Obs: “… o modo social de produção dos meios materiais de vida, as maneiras como as pessoas se relacionam umas com as outras e mantêm a produção e apropriam os seus produtos, e conseqüentemente as relações de classe, foram de importância primordial como as circunstâncias determinantes, criadas pelos homens, de toda vida social. Assim examinar, em particular, a atividade política e ideológica sem levar em conta o seu condicionamento pelas relações de classe é não compreender como essa atividade social é, na realidade, desenvolvida”.
Essa última frase explica porque é tão difícil uma mudança. (leia a ultima frase da citação acima com atenção). Eu acho, que o caminho para se conseguir a mudança de mentalidade é tentar alterar/interferir/mudar a matéria (condições de existência).
Sobre a teoria:
A teoria socialista nos países em desenvolvimento é importada dos países desenvolvidos. Que tipo de marxismo eles exportam?
O marxismo não deve prestar-se apenas a mobilizar a massa em torno de objetivos imediatos de um governo ou partido. A teoria marxista deve sim, oferecer maneiras científicas de pensar para mapear um rumo na direção da economia socialista, além de educar (formar uma consciência) nesse sentido.Definições de comunismo:
O princípio do socialismo é “de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo seu trabalho”. Comunismo é o resultado final do socialismo. No comunismo seria “de cada um segundo sua capacidade, a cada um segundo sua necessidade”.
Cada um exerceria sua liberdade e solidariedade como condição de existência do comunismo.Obs: o comunismo não é a “terra prometida” onde todos viveriam juntos e felizes naturalmente. Porém a mudança material implicaria também uma mudança moral. O que consideramos como “natureza humana” sentimentos como ganância e egoísmo são imposições do meio e sistema, visto nossa necessidade e medo (luta pela sobrevivência). Afinal, hoje o homem depende do acumulo de riquezas e propriedades para sobreviver e perpetuar sua própria família. Mas uma sociedade fraterna implicaria uma alteração nesse quadro. O homem não teria medo pois não haveria justificativa para isso.
Obs: o marxismo não encerra implicações com o determinismo. Há sim uma interação entre seres e meio, logo, depende da liberdade dos seres humanos para alterar o meio, o qual também condiciona seu comportamento. O meio impõe, mas não exclui o homem de sua responsabilidade.
13/07/2005 às 21:28 #79971Miguel (admin)MestreColega Renan
Realmente eu ainda continuo achando que a consciência pré-existe ao meio, não sendo determinada, ou melhor, criada por ele, mas é óbvio que o meio influencia a consciência.
O problema é definir como e quanto essa interação se dá.Como o homem reagiria ao meio se sua consciência fosse determinada por ele? Penso que o meio capitalista ilude a consciência , mas não a define, dessa forma é preciso conscientizar o povo e isso se dará com mais facilidade quando as condições de vida na sociedade capitalista se tornarem insuportáveis para um grande número de pessoas. Você acha que antes é preciso mudar o meio para haver transformação de consciência , mas imagine se nós dispuséssemos de recursos no Brasil para fazer a Revolução, você acha que a consciência do povo Brasileiro que mal sabe ler e escrever mudaria tão logo o meio fosse alterado? Não seria preciso antes uma consciência mais aguda de boa parte do povo para que isso se desse? Você já viu como os Sem Terra atuam? O capitalismo passa para o povo a sensação de liberdade e de potencial igualdade, o mercado se coloca como a única chance que ele tem para crescer, convenhamos o capitalismo engana muito bem o povo, e este mesmo povo está disposto, enquanto sua consciência não estiver aclareada( sei lá como se conseguirá isso) a lutar pelo status quo. Eles só querem mudar de lugar, não de sistema. Consciência obnubilada pelo fetichismo da mercadoria. Nós estamos num beco sem saída?? Acho que dificilmente verei o socialismo cientifico aplicado na realidade e olha que só tenho 23 anos.
Gostaria de fazer mais algumas perguntas:
Como depende da liberdade do ser humano para mudar o meio se este o condiciona? Então você já fez uma revisão no conceito, pelo que entendi o meio condiciona dentro de certos limites, não plenamente, não seria nessa brecha que se deveria atuar.Por exemplo aumentando gradativamente a participação de verdadeiros socialistas no poder ( se é que isso é possível no mundo do capital), ou esperar o fracasso do modelo liberalista que tardará mas acontecerá? Neste estagio o sentimento gerará uma consciência revoltada das massas que serão impelidas a ação mas por sua vontade própria e não por nós que já nos livramos da ilusão capitalista, seremos apenas guias, condutores da vontade real da maioria que teria consciência minimamente formada para depois não implantarem um capitalismo do Proletário( vingança). Viajei agora! Acho que esses argumentos foram pueris, mas sei lá, e quem sabe?
E se voce acha que o ser humano seria mais moral com a mudança do meio social, o que explica as outras formas de crimes de uma maldade mefistofélica e sem nehuma correlação com o meio social e economico,como por exemplo, vingança, antipatia gratuita, sadismo,necrofilia etc,etc etc………… seria apenas distúrbios psíquicos?
ou o homem é o lobo do homem?13/07/2005 às 21:36 #79972nahuinaMembro“infelizmente, eu acho que afirmar que “a consciência muda o meio” é similar a afirmativa de que a “tv influencia as pessoas” porém é uma crença invertida. (se não entenderam eu tento explicar de novo).” Eu não entendi
“Mas se vocês entenderam isso, vocês tem que concordar que a afirmativa “os fins NÃO justificam os meios” é FALSA. Seria radical e moralista (e falsidade) dizer que “NÃO JUSTIFICA”. (e isso eu digo com tristeza, se alguém me provar o contrário eu vou agradecer muito).”
Na verdade você não entendeu, e você está sendo contraditório…
“Os fins justificam os meios” essa frase pode ser usada (como verdade absoluta) para justificar coisas injustificáveis….por exemplo: lutar pela liberdade através de um meio que vai contra a liberdade (os anarquistas criticam isso nos marxianos, os anarquistas querem a liberdade para alcançar a liberdade há uma necessidade de abolir o estado e as igrejas e qualquer instituição que mantenha alguma relação de poder, os marxianos defendem uma ditadura do proletariado e posteriormente uma democracia “ideal” (não lembro do termo usado pelos marxianos , mas a idéia é basicamente essa) para depois chegar ao comunismo. E os anarquistas criticam essa idéia pq é uma coisa anti-anarquica, alcançar a liberdade estabelecendo uma ditadura…entende? E você se mostrou favorável a essa idéia quando disse que o importante é dar o exemplo, ou “você é o que você faz”, você disse que concordava com isso, e se você concorda com isso você também concorda em que “os fins justificam os meios” vai contra esse principio , pois justificando o que você está fazendo por uma causa maior você não está dando o exemplo….
Dizer que os fins NÃO justificam os meios, não é afirmar de forma dogmática (como você a chamou), é simplesmente deixar claro que os fins nem sempre justificam os meios, na verdade, muitas vezes os meios acabam com qualquer “boa intenção”, outra prova do que eu digo é por exemplo, o Bakunin “que lutou em tantas barricadas e exaltava a crueldade sanguinária das revoltas camponesas, tinha seus momentos de duvida, quando afirmava, num tom de melancólico idealismo: “As revoluções sangrentas são freqüentemente necessárias, graças à estupidez humana, e, no entanto, jamais deixam de ser um erro, um erro monstruoso e um grande desastre, não só para suas vitimas como para a pureza e a perfeição das causas que se propõem defender”.(lembra?) Isso diz não que os meios sejam justificados, mas se lamentavelmente a ação acontece de determinada forma (até contrária às nossa crenças) não é porque os fins a justificassem mas porque aconteceu assim por influencia de algum fator externo….entende?…..Os fins não justificam que você apregoe como meio uma coisa que vai contra os fins, é nesse sentido que o fins não justificam os meios e não de uma forma dogmática ou moralista (eu não acredito em moral, nem em natureza humana!!)
Se você vai salvar a vida de alguém que está se afogando num lago no qual é proibido nadar, isso não tem relação com o fato de os fins e os meios serem justificados ou não….
Salvar a vida de alguém é considerado “bom” (mas ESSA é uma idéia moralista)
Nadar em um lago onde é proibido nada é ilegal (uma lei,um valor social)
Uma coisa não tem relação com a outra….Fins “bons”, atos “ilegais” não se relacionam não podem ser comparados…entende?
Os fins não justificam os meios (em muitos casos) porque essa afirmação é ambígua, e pode ser interpretada de forma equivocada, fazendo com que realmente não justifiquem, na verdade nunca justificam….o que é “justificar”?
Justificar é provar, legitimar, etc. certo?….
O que é um “meio”?
O maio é um método, um recurso(s) empregado(s) para alcançar um objetivo?
Como o método pode ser legitimado pelo objetivo? Isso não faz sentido.
O método é o que você utiliza segundo as suas convicções para alcançar o que você quer, o que justifica/prova o método é a razão e a escolha pessoal e subjetiva do individuo que o utiliza….
ou não?
Na verdade, afirmar que os fins justificam os meios é uma idéia moralista, pq depende de uma moral para estabelecer que aqueles meios DEVEM ser justificados….os meios nunca são justificados, eles são de uma forma ou de outra, mas não há nada que os justifique….a única coisa que poderia justificar um meio é o bom senso, mas como disse o Descartes o bom senso “ninguém deseja tê-lo mais do que já o tem”, tornando-o “anêmico” e “não-filosófico”….(Obs:e talvez (eu) continue enganado)
14/07/2005 às 4:24 #79973nahuinaMembroDaniel, concordo com 99% do que você escreveu, mas gostaria de ressaltar alguns pontos….
“Realmente eu ainda continuo achando que a consciência pré-existe ao meio” você acha? Eu também!
“Eles só querem mudar de lugar, não de sistema. Consciência obnubilada pelo fetichismo da mercadoria” concordo 100%
Posso continuar comentando cada trecho mas acho isso desnecessário, prefiro falar sobre o seguinte:
“E se voce acha que o ser humano seria mais moral com a mudança do meio social, o que explica as outras formas de crimes de uma maldade mefistofélica e sem nehuma correlação com o meio social e economico,como por exemplo, vingança, antipatia gratuita, sadismo,necrofilia etc,etc etc………… seria apenas distúrbios psíquicos?
ou o homem é o lobo do homem?”
Eu não acho que seria mais moral, na verdade a moral é uma mentira (que estar sujeita à existência de Deus…ou a uma natureza humana, duas coisas nas quais não acredito) criada para constituir uma situação de submissão, e a justiça também funciona assim (porém a justiça não depende de Deus, mas continua dependendo de uma natureza humana)….Acho que com a mudança do meio social (dependendo da mudança, claro!) as relações entre os homens seriam muito mais “amigáveis” (não estou conseguindo achar uma definição melhor, pois “justas” ou “humanas” não seriam válidas), se os homens se livrassem da opressão as relações seriam muito melhores, e até me arrisco a afirmar que os atos violentos como os que você citou “, vingança, antipatia gratuita, sadismo, necrofilia” deixariam de existir, pois são causados pelo Estado, (na sua maior parte)
Na sua maior parte são causados pelo Estado, ou pela interação entre os homens e o Estado….
Mas nos casos de distúrbios psíquicos eu tenho duvidas, talvez até mesmo os distúrbios sejam causados por essa relação, mas não tenho certeza disso….Talvez os distúrbios continuassem existindo, mas fossem direcionados a outras coisas e não à violência, esses distúrbios poderiam ser classificados (de uma forma muito tosca!) como loucura, certo? Essa “loucura” existe de outras formas por exemplo, nas artes, e é uma “loucura” inofensiva….talvez,TALVEZ os distúrbios continuassem mas esses atos violentos não (e isto não passa de especulação vaga e sem nenhuma prova)
“ou o homem é o lobo do homem?” talvez essa seja a resposta, mas essa afirmação necessita de uma crença na existência de uma natureza humana, e eu, assim como Sartre, não acredito em natureza humana….(o mais legal é que eu já não acreditava em natureza humana antes de ler Sartre)14/07/2005 às 14:45 #79974Miguel (admin)MestreColega Nahuina
Não concordo com o seu juízo de moral, vc em outro fórum disse que Sócrates é seu Jesus :
Sócrates é moralista
Ora, ele é seu guia
Logo vc é moralistaNa verdade isso, foi uma brincadeira, não sou adepto de silogismos!
Em relação a existência de um criador onipresente talvez eu não concorde, porém sou inclinado a pensar que haja uma força maior( inerente a nossa natureza) do contrário estaríamos fadados a nossa consciência grão de areia, haja visto a limitude de nossa razão, que o diga a física quântica,(o princípio da incerteza de Heisenberg), o teorema da incompletude de Gödels demonstrou que há teoremas que nunca seremos capazes de refutar ou confirmar.
Quando Sartre diz que o homem é aquilo que ele faz de si mesmo, e que a consciência não é ser e sim o vir a ser, acredito que ele se refira a natureza humana, e depois de se tornar marxista ele discordou dos mesmos em relação ao conceito de que é o meio material que forma a cons ciência , afirmando que a consciência é livre, “Nós não somos o que o meio faz conosco, mas o que nós fazemos com o que o meio faz conosco. Baseado nisso eu lhe pergunto na sua opinião o que seria natureza humana para Sartre( desvinculada da consciência?)?os atos violentos como os que você citou “, vingança, antipatia gratuita, sadismo, necrofilia” deixariam de existir, pois são causados pelo Estado, (na sua maior parte)
Quando vc diz (na sua maior parte) já invalida a afirmação.
Se vc puder citar os princípios básicos de Sartre, principalmente em relação a interação entre consciência e objeto, isso nos ajudaria e ajudaria-me na minha dialética com Renan.14/07/2005 às 15:47 #79975Miguel (admin)MestreDaniel!Não!
Esse é um erro comum, que muitas pessoas cometem:
“Sócrates é moralista
Ora, ele é seu guia
Logo vc é moralista”Você fez assim:
A é B
Ora, A é X
Logo,C é BIsso não é lógica, é um sofisma dedutivo. O fato do rigor lógico não ter sido aplicado (a fórmula está errada, donde comprometeu totalmente a conclusão) é pouco, o pior é que além disso, esse é um pensamento discriminatório e preconceituoso muito comum e perigoso.
Eu mesmo já fui vítima de conclusões caducas baseadas em sofismas dedutivos.Olha, ter um moralista como guia não faz de ninguem moralista também, não necessariamente.
Ou pelo menos nessa lógica que você aplicou estaria errado.A aplicação correta do rigor lógico (a fórmula) seria:
Todo, A é B.
Ora, C é A.
Logo, C é B.Exemplo:
Todo, moralista lê Sócrates.
Ora, você é moralista.
Logo, você lê Sócrates.Mesmo assim, apesar da aplicação formal correta e do rigor lógico, essa conclusão ainda pode ser um sofisma, pois essa dedução já partiu de uma premissa questionável: “todo moralista lê Sócrates”.
Espero que você entenda isso. Sei que sua intenção foi boa.
Acho que você já entende, não há necessidade de ficar explicando.Vamos voltar a quetão : o homem é determinado pelo meio ou o homem determina o meio?
Quando eu tiver um tempinho a gente volta a debater isso. Nós estamos chegando num bom nível de debate, muito bom mesmo.
Valeu, saudações guitarrísticas!!!!14/07/2005 às 18:38 #79976nahuinaMembroDaniel, gostaria de esclarecer duas coisas:
1ª Eu disse que era o meu Jesus, o meu Lennon, o meu Che Guevara, foi uma espécie de metáfora o Sócrates é o meu “ídolo” (sem que seja uma idolatria cega, eu espero)……E o seu silogismo, acredito que seja um sofisma (não entendo o suficiente para afirmar isso); que eu goste das idéias do Sócrates não significa que eu pensa exatamente igual a ele, eu não gosto de me considerar nada (nenhuma definição, expliquei isso quando falei em “projeto de nada”, não que eu seja alguém que não pode ser definido, mas gostaria de me tornar assim; quero ser único e creio que de certa forma todos somos únicos se não existe uma natureza humana, mas isso é questionável)…..
2ª Eu concordo com muitas coisas que Sartre definiu, e explicou; porem eu não sou um especialista, eu li alguns livros (poucos) e entendi algumas coisas, só isso…(com certeza muitas coisas eu ainda desconheço e outras eu devo ter entendido errado, isso é bem provável; na verdade estou re-lendo “O Ser e o Nada”, para tentar esclarecer algumas duvidas que eu tenho com relação às idéias de Sartre).E o existencialismo de Sartre é ateu, e eu sou agnóstico (na verdade não sou agnóstico, sou um ateu que não pode provar que Deus não existe) por isso a minha opinião com relação ao existencialismo é muito pessoal…..Não posso tentar te explicar “o que Sartre diria…” isso seria impossível mesmo que eu fosse um profundo conhecedor do existencialismo e seu principais autores, etc, etc. (coisa que não sou)….com relação a isso tenho um link interessante: http://www.cafefilosofico.ufrn.br/abrahao.htm (mas eu discordo de algumas coisas que foram apresentadas, serve como “uma outra opinião” para você considerar…)
Posso tentar explicar o que EU acho e o que entendo:
Alguém pode ter certeza de que Deus existe?…não, podemos acreditar ou não,podemos acredita que existe, podemos acreditar que não existe, etc; mas não passa de crença……..como não sabemos se deus existe, é como se não existisse, pois qualquer coisa (reflexão) que pudesse derivar de uma existência de deus seria incorreta pois não há prova de que deus existe, entende isso?
E se não podemos provar que Deus existe (mesmo que ele exista) é como se estivéssemos “desamparados”, pois mesmo querendo acreditar que Deus existe, não o sabemos….(mas td isso é discutível)
Não podendo confiar na existência de Deus como prova, ou estando desamparados a conseqüência é a mesma!
Não temos um caminho pré-destinado (o que nega a idéia de um Deus onipotente onipresente, etc…) e não há uma natureza humana, porque não há uma natureza humana? Porque (Renan explicou uma idéia semelhante em outro tópico) precisamos de um ser superior para determinarmos o que somos, Sartre diz que só nos conhecemos através do outro, porem o que conhecemos são características individuais; para entendermos a essência humana precisamos ou de um Criador que nos defina como ser em si ou de um conjunto de características nos homens que o definam como alguma coisa concreta e universal, mas essa coisa concreta não existe. (obs: essa é uma interpretação minha, pode ser idêntica à de Sartre ou pode estar completamente deturpada, não sei, isso é o que eu entendo, mas estou continuando entender cada dia mais, e se alguém souber mais a respeito ou tiver uma outra opinião por favor mostre-a!!)“Quando vc diz (na sua maior parte) já invalida a afirmação”
Vou tentar novamente:
Atos violentos como “vingança, antipatia gratuita, sadismo, necrofilia” não sendo causados por “distúrbios psíquicos” , acabariam junto com a existência do Estado e da ideologia, pois ao meu ver a existência destes é a causa dos atos de violência (que não ocorrem por um distúrbio psíquico)…..E os atos violentos causados por distúrbios psíquicos, não sei! Talvez eles continuem existindo, porem com outras conseqüências não violentas. Reitero, isso é pura hipótese infundada, baseada em um raciocínio sem fundamento lógico formal, uma abstração um idéia que surgiu pela imaginação, e isto é o que invalida a afirmação!!! E não a afirmação em si….a afirmação é coerente porém, a rigor, é sem fundamento….“Se vc puder citar os princípios básicos de Sartre, principalmente em relação a interação entre consciência e objeto”
Posso tentar, mas há um risco muito grande de que o que eu diga não tenha relação com os princípios do Sartre:
A consciência é para si, pois ela conhece/ analisa/ interpreta/ representa os seres em si (aqueles nos quais a essência precede a existência, objetos REAIS, não “físicos”, uma idéia abstrata é real como sendo um fenômeno, isto é, eles existem) e ao mesmo tempo é consciente dessa consciência…. o para si (a consciência) é nada, não existe como fenômeno em si, mas ao mesmo tempo existe, existe como ser para si que conhece os fenômenos e conhece (ou tem consciência) de conhecê-los….entende? como a consciência seria consciência se não tivesse consciência de que tem consciência? Se não conhecesse que conhece? Uma consciência inconsciente é inadmissível para Sartre (e eu concordo, você pode procurar no tópico “pq Sartre é ultrapassado?” um trecho do livro “O Ser e o Nada” que fala sobre isso )
E a consciência é um “não-ser” pois ela só existe para si mesma na sua interação com o ser em si…..posso continuar mas não acho isso necessário….para uma compreensão melhor vocÊ deveria ler “O existencialismo é um humanismo” que é um livro pequeno e simples de entender, porém essa simplicidade faz com que algumas idéias não seja bem desenvolvidas e/ou explicado o porque desse raciocínio….. -
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