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MonstrinhoMembro
Aceita o universoComo to deram os deusesSe os deuses te quisessem dar outro Ter-to-iam dado.Se há outras matérias e outros mundos - Haja.Alberto Caeiro (Fernando Pessoa)
MonstrinhoMembro(A Filosofia Oriental) esta totalmente direcionada ao alcance da felicidade e do bem-estar, enquanto a Filosofia se volta simplesmente para o conhecimento, traga ele felicidade ou não.
Ué, então qual das duas deve ser a mais correta? :o Pobre civilização ocidental que gosta de fingir que o rei não está nu!
03/08/2011 às 21:44 em resposta a: Fundamentos Epistemológicos da Filosofia Advaita-Vedanta de Nisargadatta Maharaj #88725MonstrinhoMembroolá monstrinho... desculpe ter sido tão lacônico. na verdade eu estudo há anos o pensamento oriental, em especial o advaita, o zen e o taoismo. não passava aqui no forum há um tempo. quando entrei, vi este tópico e me enstusiasmei com o título, uma vez que não conheço ensinamento que seja ao mesmo tempo tão profundo, direto e simples quanto o de Nisargadatta, na espiritualidade contemporânea. ao contrário do que supôs, foi justamente o fato de conhecer o assunto que me levou a escrever aquele "mas e aí?", talvez porque esperasse um texto menos introdutório ou que instasse o debate. pensei que tivesse sido claro. já havia dado uma olhada no mascarasdedeus, e vejo com alegria iniciativas como a sua, tão importantes para a divulgação de conhecimentos preciosos. penso apenas que não são muito comuns tópicos como este aqui no consciência. geralmente, parte-se de alguma provocação ou tema que sugira um debate. ainda agora me ocorre perguntar: e aí? algo a acrescentar, além dessa breve introdução? alguma questão que julgue interessante discutir?
Olá Bruno, É com grande surpresa que leio essa resposta sua! Eu comecei exatamente com algo simples por dois motivos. 1 - Para introduzir o tema (Veja que lá na subseção "Filósofos" não há sequer um da Filosofia Oriental) e, 2- Porque eu mesmo estou aprendendo essas coisas. O Máscaras de Deus nasceu depois de eu ter aprendido com outros espiritualistas essas coisas, e não tenho vergonha não: peço a bibliografia em que eles se baseiam. Uma vez um amigo nosso passou um link que tinha uns 800 pdfs sobre o tema - alguns sobre auto-ajuda - para baixar. E hoje tenho uma biblioteca virtual sobre o assunto. Mas li pouca coisa, como "O Evangelho de Buda", "Meditação e Métodos" do Swami Vivekananda, e não tenho medo nenhum de expor essas coisas aqui. Ora, este não é um fórum de Filosofia? Assim como espero colocar essas coisas para outros aprenderem, estou sempre em busca de me deparar com alguém mais "velho" que eu no assunto, para aprender mais. Depois que eu levei a sério esta Filosofia minha vida mudou de repente - embora eu já viesse buscando por essa mudança há alguns anos atrás...Quem me "apresentou" o Nisargatta foi um amigo nosso - aqui no fórum ele é o ajce1969 (algo assim), mas posta só poesias. Na ocasião - em que éramos membros do Fórum Espírita - consideravam-se que os espíritas é que já teriam algum a priori, alguma base, para compreender esta Filosofia, já que em O Livro dos Espíritos encontramos ensinamentos semelhantes, embora sob outra roupagem. E com esses ensinamentos, de fato, eu fiz uma nova reinterpretação de O Livro dos Espíritos, passando enxergar aquilo que está na frente dos olhos mas não vemos: se hoje somos filhos e amanhã voltamos como pais, ricos ou pobres, então não podemos acreditar que somos o personagem. A meditação funciona! Eu já fiz! Ela tranqüiliza a mente, e por vezes conseguimos matar pensamentos que nos incomodam, quando não os vivemos emocionalmente. Se praticarmos a meditação diariamente, chegará uma hora em que nenhum pensamento nos afetará, e essa é a conquista da liberdade, a partir da destruição do ego. Mas está aí, para debatermos ou ir postando textos novos. Essa biografia do Nisargadatta estava em inglês. Fiz a tradução com o Google tradutor, e depois fiz uma "retradução" do português para o português - parece que alguma coisa ficou inteligível. Tudo o que tenho postado aqui - Nietzsche e agora o Nisargadatta - é com objetivos práticos. É fácil compreender e praticar. Basta querer. Abçs,
MonstrinhoMembroOlá Acácia, tudo bem? :happy_mini:
Estando a fonte adormecida, a quem caberia a ação do despertar da consciência ? ??? :'(
Talvez a chave para esta questão esteja nesta frase de Nietzsche, no canto "Dos Virtuosos":
Vós amais a vossa virtude como a mãe ama o filho; ouvimos alguma vez dizer que a mãe queria ser paga de sua ternura?
A mesquinharia e a mediocridadade, para Nietzsche, residem no "espírito de vingança".A vingança, o ódio ressentido é que se transmutam milagrosamente e emergem em forma de moral. Não que isso seja novo, mas pelo menos no âmbito da História da Filosofia, a crítica de Nietzsche nesse sentido é única e singular. Essa crítica já havia sido feita por Jesus, quando por exemplo, num dos quebra-paus com os fariseus, diz ironicamente a estes: "O Sábado foi feito para o homem e não o homem para o Sábado ;), de modo que o Filho do Homem é senhor também do Sábado" e que portanto, faz as curas no dia de Sábado - o que era rigorosamente proibido pela lei judaica. Para eu não me delongar muito aqui, direi que o primeiro reduto enquanto instituição social a ser questionado como locus privilegiado de culto à Ideologia Dominante, é a família. Na família, é certamente onde se reproduz as tradições, costumes, normas, preceitos e condicionamentos sociais sem questioná-los. "Se o meu pai me obrigou a isso, também obrigarei você; "meu pai fez isso comigo, por isso faço com você, que é para você se tornar "homem de bem"" ::).O despertar, portanto, consiste em sair do unânime formigueiro. É como na parábola da Ovelha perdida. Por que o pastor larga as 99 ovelhas sozinhas, abandonadas, e vai atrás daquela que se apartou do rebanho? Porque, em primeiro lugar, as ovelhas tem um instinto de rebanho, ou seja, se uma pula a cerca, todas pulam; se uma corre para um lado, todas correm, de modo que, o pastor estando ausente elas estão "auto-protegidas" porque estão sempre juntas. Mas a ovelha que se aparta do rebanho, fica perturbada e sem rumo, e por isso ela precisa do pastor para buscá-la, e assim, ela é alvo de interesse pelo pastor. A ovelha perdida é a Vontade de Poder amadurecida; o rebanho, é claro, é o unânime formigueiro ;D; a ovelha que se aparta do rebanho é o Além-homem, aquele que se tornou "acima do homem", que transcendeu a condição de humanidade que caracteriza o rebanho e o pastor é o despertar a partir de nós mesmos, do EU SOU, de Nisargadatta Maharaj: "eu não sou isto e nem aquilo, simplesmente EU SOU", de outro modo, acabo por acreditar naquilo que o unânime formigueiro diz acerda de mim ;). O dia em que a humanidade entender que a chave para todos os problemas humanos está lá nos Evangelhos, haverá então "um só rebanho, um só pastor" (Aqui entendido como unidade, o rebanho fundido com o pastor, e não um rebanho sendo conduzido por um pastor, o que é diferente). Mas aqui é que entra a importância de Nietzsche, porque os condutores de rebanho já têm, a priori, as suas miríades de explicações sobre a Boa-nova, que não faz senão distorcê-la a ponto de transformá-la na "Má-nova", dirá Nietzsche em O Anti-cristo. Portanto, é preciso ficar de olho nesses condutores de rebanho, e aprender com Nietzsche que grandes mestres como Jesus, Buda, Krishna, Krishnamurti e outros, não são de modo algum construtores de religiões, condutores de rebanhos e tampouco salvadores do mundo, mas são a antípoda de tudo disso: são os que mais contundente e impiedosamente atacaram as religiões estabelecidas e os diversos tipos de moralidades instituídas.
MonstrinhoMembroOlá a todos!Cadê as almas viventes do fórum? Tomaram chá de sumiço???
Na leitura que faço da obra de Nietzsche a questão central que se deve ter em conta é a questão da autoridade - e essa autoridade sempre está representando poderes, interesses e idéias dominantes - a que, o unânime formigueiro está constantemente hipnotizado e atraído irrestivelmente no sentido de trocar a sua liberdade pela proteção oferecida pela autoridade.
Gostaria de argumentar que o "unânime formigueiro" ;D não está hipnotizado e sim, que possui o espírito em si adormecido, [...]Estando a fonte adormecida, a quem caberia a ação do despertar da consciência ? ??? :'(
A quem senão ao próprio indivíduo? O que o unânime formigueiro ;D espera é isso mesmo: que a alguma espécie de autoridade ou algo exterior a si venha despertá-lo.Ainda ontem eu estava lendo - aqui neste fórum mesmo - o tópico sobre o importante conceito Vontade de Poder, que é uma vontade de auto-superação, uma demanda da própria vida, vejam: http://forum.consciencia.org/nietzsche/vontade-de-poder-520/ Eu mesmo não saberia definir o que é a Vontade de Poder... Para despertar do sono é preciso demandar a Vontade de Poder = "O Reino dos Céus, que é como uma sementinha de mostarda que está dentro de vós, e que é a menor de todas, mas que, quando cultivada se torna uma árvore tão grande de modo que as aves do céu vêm fazer ninhos em seus ramos" :o.Há uma descrição de Nietzsche em "Assim Falava Zaratustra", canto "Dos Virtuosos", em que ele já começa falando
“É com grande reforço de trovões e de celestes pirotécnicas :D que é preciso falar aos sentidos sonolentos e adormecidos.Mas a beleza fala em voz baixa; ela só penetra nas almas mais despertas.
==> http://mascarasdedeus.blogspot.com/2011/06/dos-virtuosos.htmlPenso que não há, efetivamente, uma maneira de se despertar, fazer surgir o Além-homem de modo coletivo. Isto só é possível "para as almas mais despertas", como diz Nietzsche aí nesse Canto de Zaratustra. Assim, se conseguirmos despertar a nós mesmos, já é alguma coisa (Um pequeno passo que transpõe um abismo); de outro modo ficamos como cegos a conduzir outros cegos e ambos caem no abismo. Abçs,
MonstrinhoMembroEsse negócio de "Senhor dos Espíritos" é coisa de espíritas
>:( Jesus Reina absoluto entre os vivos e os mortos portanto, Ele é o Senhor dos espíritos! Essa história de reencarnação (espíritas) não me atrai. E Rousseau dentre outros muitos filósofos devem ser levado a sério sim. Por que não? São pensamentos vivos acorrentados dentro da diversidade filosófica do mundo ocidental. Se Cristo vive naquele que com ele comunga, por que a filosofia dos grandes pensadores não teria seu espaço?
Amiga Mirtes, Eu havia convidado você para tomar um cafezinho, mas parece-me que está a precisar de uma chícara de chá :D ;) Bjuxx :biggrin_mini:
02/08/2011 às 21:13 em resposta a: Fundamentos Epistemológicos da Filosofia Advaita-Vedanta de Nisargadatta Maharaj #88723MonstrinhoMembroMas e aí?
Pela sua pergunta, suponho que você desconheça o assunto por completo. Alguns locais onde poderá encontrar textos sobre o assunto. http://dim-dim-universos.blogspot.com/ Este é o blog de um amigo. Os melhores textos sobre Filosofia oriental. http://www.mascarasdedeus.blogspot.com/ Este meu, que também contém textos sobre o assuntohttp://mascarasdedeus.forumeiros.com/ Fórum de Debates sobre o assunto Vou esperar você ler mais alguma coisa sobre o assunto, de outro modo torna-se inexeqüível qualquer resposta à sua questão "e aí"? Abçs
MonstrinhoMembroOlá caro Monstrinho! :bye_mini:Eu gosto muito do espiritualismo nestes termos tão bem definidos por você, assim, vou "teletransportar-me " aos "forumeiros do mascarasdedeus" :wink_mini:posso?
O que eu acho estranho todavia, é a sua contradição: você é contra a institucionalização do novo, mas quer institucionalizar - uma vez mais - Jesus Cristo como salvador do mundo (O "libertador", segundo você), e pior, num tópico sobre Nietzsche, cuja proposta é demonstrar - e isso já está demonstrado aí para trás, acho que não leu os posts - que Jesus ou quaisquer outras pessoas ou instituições como "salvadoras" disso ou daquilo é um grande engodo.
Nietzsche tem razão pois as " as tábuas de valores de uma sociedade é o credo dos interesses de uma classe dominante..."porém, quanto a Jesus, Ele é o salvador pois Ele é o Mestre dos mestres e o Senhor dos espíritos, de forma que não há nada de "novo" e sim, apenas novas aparências do que há de vir. :bye_mini: Vou até o "café filosófico" do seu sítio, ok?Abraços!
Vá lá Mirtes, tomar um cafezito conosco :)Esse negócio de "Senhor dos Espíritos" é coisa de espíritas ;D. Mas há, em todo o fórum, uma única secção dedicada ao Espiritismo, e olhe que ficou chique o título hein: "Espiritualismo científico: doutrina espírita e seus fundamentos". Homenagem melhor aos espíritas, num fórum sobre espiritualismo oriental, não poderia ter não é? :D ;)Abçs,
MonstrinhoMembroCara Mirtes, Entendi a sua colocação, também não desejo que mais uma esfera de conhecimento seja uma vez mais institucionalizada. Mas creio que não estamos fazendo isso aqui. A indústria da meditação está vendendo às mancheias seus produtos como livros, cds com músicas relaxantes, exercícios de Yoga, textos de aut0-ajuda, e os budistas se impondo regras, rituais e vestuários exóticos que nada tem a ver com Buda. Portanto, não vejo de minha parte nenhuma tentativa de "institucionalizar" nada. Espiritualista é aquele que acredita na existência do Espírito - e isto não tem nada a ver com acreditar ou não em Deus, pelo menos da forma como o conceito de Deus foi colocado pela Filosofia Ocidental. O que eu acho estranho todavia, é a sua contradição: você é contra a institucionalização do novo, mas quer institucionalizar - uma vez mais - Jesus Cristo como salvador do mundo (O "libertador", segundo você), e pior, num tópico sobre Nietzsche, cuja proposta é demonstrar - e isso já está demonstrado aí para trás, acho que não leu os posts - que Jesus ou quaisquer outras pessoas ou instituições como "salvadoras" disso ou daquilo é um grande engodo. Abçs,
MonstrinhoMembroOlá!!! ;D Como eu sei que vocês são fãs do Michel Foucualt :biggrin_mini2: vou postar algo do Alberto Caeiro (Fernando Pessoa) (de novo! :D).A manhã raia. Nâo: a manhã não raia.A manhã é uma coisa abstrata, está, não é uma coisa.Começamos a ver o sol, a esta hora, aqui.Se o sol matutino dando nas árvores é belo,É tão belo se chamarmos a manhã "começarmos a ver o sol"Como o é se lhe chamarmos a manhã;Por isso não há vantagem em pôr nomes errados ;D às coisas, Nem mesmo em lhes pôr nomes alguns. ::)
MonstrinhoMembroEscrevi algo aqui também http://mascarasdedeus.blogspot.com/2011/07/o-que-e-filosofia-oriental.html sobre Filosofia Oriental Abçs,
MonstrinhoMembroOlá, Uma Breve História da Filosofia Vedanta (Filosofia Oriental) O que é Vedanta?“Aquilo que permeia tudo, que nada transcende, e o qual, como o espaço universal à nossa volta, preenche completamente tudo, por dentro e por fora, esse Brahman Supremo não-dual – isso és Tu.” ShankaraA corrente filosófica na qual o pensamento de Nisargadatta Maharaj se insere é acadêmicamente conhecida como Vedanta Advaita. Para essa corrente filosófica, o conhecimento fundamental é Atman é Brahman. Atman é o Self e Brahman significa a Alma universal ou Consciência Universal. Os Vedas falam da união mística como sendo a compreensão de que Atman é Brahman.Advaita é uma palavra em sânscrito cujo significado literal é “não-dois”. A interpretação moderna do Advaita é algumas vezes apresentada como “Não-dualidade” ou mesmo como o final dos Vedas ou “Não-dualidade além do conhecimento”. Outro nome ainda para o estudo do Advaita é Jnani Yoga (Yoga do Conhecimento). No século 20, os mestres modernos do Advaita Ramana Maharshi e Nisargadatta Maharaj quebraram o caminho tradicional, de trasmitir o ensinamento por via escrita, e falaram diretamente de sua experiência.Gaudapada, pensador do século VII, autor do tratado Mandukya-karika, defende que não há dualidade; a mente, acordada ou sonhando, move-se através de Maya (ilusão ou transitoriedade); apenas a não-dualidade é a verdade final. Esta verdade é obscurecida pela ignorância da ilusão. Não há o tornar-se, seja de uma coisa por si mesma, ou de uma coisa vinda de outra coisa. Na verdade não há Self individual ou alma, apenas o Atman (Consciência Universal).O filósofo indiano medieval, Shankara (700? – 750?) desenvolveu ainda mais os fundamentos de Gaudapa, principalmente nos seus comentários aos sutras do Vedanta, os Sari-raka-mimamsa-bhasya (Comentários sobre os Estudos do Self). Shankara, em sua filosofia, não parte do mundo empírico e o submete a uma análise lógica, mas, ao invés disso, parte diretamente do Absoluto (Brahman). Se interpretado corretamente, ele questiona, os Upanishads ensinam a natureza de Brahman. Ao construir seu argumento, ele desenvolve uma epistemologia completa para contabilizar o equívoco humano de tomar o mundo fenomênico como sendo real.O fundamental para Shankara, é o postulado de que Brahman é Real e o mundo é irreal. Qualquer mudança, dualidade ou pluralidade é uma ilusão (no sentido de que é ilusório, é momentâneo, transitório, não-permanente. Já o que é Real, não muda, é permanente e constante). O Self não é outra coisa senão Brahman. O insight dessa identidade resulta na libertação espiritual. Brahman está fora do tempo, do espaço e da causalidade, as quais são simplesmente formas de experiência empírica. Não é possível nenhuma distinção em ou de Brahman.Origens do Advaita (não-dualidade) nos textos Védicos :O Self que é livre do pecado, livre da velhice, da morte e do pesar, da fome e da sede, que não deseja nada além do que deseja, e que não imagina nada, além do que imagina, isso é o que devemos procurar, isso é o que devemos tentar compreender. Aquele que descobriu esse Self e o compreende, obtém todos os mundos e todos os desejos. (Chandogya Upanishad 8.7.1)Tudo isso é Brahman. Deixe um homem meditar nisso (no mundo visível) como começando, terminando e respirando nele (Brahman)... ( Chandogya Upanishad 3.14 1, 3)O Self separado dissolve-se no mar da pura consciência, infinita e imortal. A separatividade provém do identificar o Self com o corpo o qual é feito de elementos; quando a identificação física se dissolve, não pode haver mais um Self separado. É isso que eu quero dizer a vocês. (Brihadaranyaka Upanishad. Chapter 2, 4:12)Assim como os rios que fluem para o leste e para o oeste se fundem no oceano e se tornam um com ele, esquecendo que eles eram rios separados, assim também todas as criaturas perdem sua separatividade quando se fundem finalmente no puro Ser. (Chandogya Upanishad. 10:1-2)O que os sábios procuravam eles finalmente encontraram. Nenhuma pergunta a mais eles têm a fazer para a vida. Com a vontade própria extinta eles estão em paz. Vendo o Senhor do Amor em tudo a sua volta, servindo ao Senhor do Amor em tudo a sua volta eles estão unidos com ele para sempre. (Mundaka Upanishad. 3:2:5)…Mas aqueles que me adoram com Amor vivem em mim, e eu passo a viver neles. Aquele que me conhece como seu próprio Self divino se desvencilha da crença de que ele é o [seu] corpo e não renasce como uma criatura separada. Este está unido comigo. Libertos do apego egoísta, medo e raiva, preenchidos de mim, rendidos a mim, purificados no fogo do meu ser, muitos alcançaram o estado de unidade comigo. (Bhagavad Gita 4:9-10)E este Self, que é pura consciência, é Brahman. Ele é Deus, todos os deuses: os cinco elementos – terra, ar, água, fogo, éter; todos os seres, grandes ou pequenos, nascidos de ovos, nascidos de úteros , nascidos do calor, nascidos do solo, cavalos, gado, homens, elefantes, pássaros; tudo que respira, os seres que andam e que não andam . A realidade por detrás de tudo isso é Brahman que é pura consciência. Todos estes enquanto estão vivos e depois que deixaram de viver, existem nele. (Aitareya Upanishad)Quando identificado com o ego, o Self parece outra coisa diferente do que ele é. Pode parecer mais fino que um fio de cabelo. Mas saiba que o Self é infinito. (Shvetashvatara Upanishad. 5:8-9)O Self supremo nem nasce nem morre. Nao pode ser queimado, movido, perfurado, cortado ou seco. Além de todos os atributos, o Self supremo é a eterna testemunha, sempre puro, indivisível, único (não-composto), muito além dos sentidos e do ego... Ele é omnipresente, além de todos os pensamentos, sem ação no mundo externo, sem ação no mundo interno. Separado do externo e do interno, esse Self supremo purifica o impuro. (Atma Upanishad. 3)Apesar de todas as galaxies emergirem dEle, Ele não tem forma e é incondicionado. (Tejabindu Upanishad. 6)Medite e compreenda que esse mundo é preenchido com a presença de Deus. (Shvetashvatara Upanishad. 1:12)Você é o Brahman supremo, infinito, e mesmo assim escondido no coração de todas as criaturas. Você permeia tudo. (Shvetashvatara Upanishad. 3:7)“Aquilo em quem residem todos os seres e que reside em todos os seres, aquele que é o doador das graças para todos, a Alma Suprema do universo, o ser ilimitado – eu sou Aquilo." Amritbindu Upanishad“Aquilo que permeia tudo, que nada transcende, e o qual, como o espaço universal à nossa volta, preenche completamente tudo, por dentro e por fora, esse Brahman Supremo não-dual – isso és Tu.” Shankarahttp://dim-dim-universos.blogspot.com/p/vedanta.html
MonstrinhoMembroNão foi, obviamente, desta perspectiva nesse meu post anterior, que Nietzsche viu o mundo como ilusão – lógico também que ele não usou esse termo; o termo usado por ele é mentiras :D ;D ;). “O padre é um mentiroso”, dirá Nietzsche! :D (Adoro esses emoticons rs).Veja que, mesmo da perspectiva espírita, nem mesmo os próprios Espíritos (As almas dos que viveram na Terra ou em outros mundos) saberiam dizer acerca da sua verdadeira essência uma vez que, não se despindo da carapaça do ego quando em vida, levariam para o além-túmulo todas as idéias do mundo material. E os espíritas argumentam, baseados em Platão: "O mundo material é uma cópia imperfeita e mal acabada do mundo espiritual". Não! O Espírito é que mergulhou na matéria (na ilusão) e voltou para o "mundo espiritual" iludido, e construiu cidades espirituais. Alguém assistiu o filme "Nosso Lar"? Nosso Lar é o nome dado a uma suposta cidade espiritual que existe um pouco acima da atmosfera da cidade do Rio de Janeiro. Na verdade, se tal cidade existe, ela existe como uma ilusão criada pelos próprios Espíritos, que ainda precisam de um "fetiche" ou seja, de representações simbólicas para conferir inteligibilidade ao local onde se encontram no além-túmulo. Assim, se os próprios Espíritos não saberiam definir o que seja o mundo espiritual como é que se poderá acreditar em quaisquer narrativas do post-mortem, pelos "Espíritos-humanizados"? (= seres humanos).Não é à toa que Nietzsche chama Jesus de "o grande simbolista", porque, ali naqueles Evangelhos, não há uma passagem sequer que não seja senão símbolos e metáforas para se falar da "vida interior", desse "EU superior", que não é o ego. Veja ==> http://mascarasdedeus.forumeiros.com/t40-auto-conhecimento-em-friedrich-nietzsche-a-psicologia-dos-evangelhos-segundo-nietzscheMas o Cristianismo, teve que "fetichizar" a coisa - dirá Nietzsche - ou seja, ele tem que criar algo que seja representativo da própria condição humana. Assim, o Reino dos Céus aparece como algo exterior e a vida após a morte é algum lugar circunscrito em que as almas viverão as suas bem ou más aventuranças. Jesus: "Se não nascerdes de novo não entrareis no Reino dos Céus"; Nicodemos: "Mestre, como poderei eu, estando velho, voltar para o ventre de minha mãe para nascer de novo?"; Jesus: "Se não entendeis das coisas da Terra, como se irá compreender as coisas do "céu"?", numa alusão a que todos eles não enxergavam os simbolismos. Mas também, como se poderá falar da cor vermelha a um cego de nascença? Contudo, a crítica de Nietzsche ao Cristianismo é uma crítica que se estende muito além, e que não poupou gregos e troianos da sua época, entre eles os filósofos idealistas, os metafísicos de toda espécie, os defensores de doutrinas de igualdade social e também os cientistas. Na leitura que faço da obra de Nietzsche a questão central que se deve ter em conta é a questão da autoridade - e essa autoridade sempre está representando poderes, interesses e idéias dominantes - a que, o unânime formigueiro está constantemente hipnotizado e atraído irrestivelmente no sentido de trocar a sua liberdade pela proteção oferecida pela autoridade. Essa questão pode ser ilustrada pelo trecho a seguir, do livro O Grande Inquisidor, de Dostoievski:
Um dos quadros mais notáveis do conflito entre a sensitividade ética e as instituições existentes, e da ansiedade acarretada pela liberdade, encontra-se no conto de Dostoievski: “O Grande Inquisidor”. Cristo voltou à Terra um dia, curando tranqüilamente as pessoas nas ruas, e por todos reconhecido. Isto aconteceu durante a Inquisição Espanhola, e o velho cardeal, o Grande Inquisidor, encontrando Cristo na rua, mandou prendê-lo.Na calada da noite, o Inquisidor vai explicar ao Cristo silencioso porque jamais deveria ter voltado à Terra. Durante quinze séculos a Igreja vinha lutando para corrigir o erro inicial de Cristo ao conceder ao homem a liberdade e não lhe permitirá que desfaça seu trabalho.O erro de Cristo, diz o Inquisidor, foi que, “em lugar da rígida lei antiga”, ao homem deu um encargo: “de coração livre decidir por si mesmo o que é bom e o que é mau”, e “essa temível responsabilidade do livre-arbítrio” é demasiada para o homem. Cristo respeitava demasiado o homem, argumentava o Inquisidor, esquecendo que na verdade as pessoas querem ser tratadas como crianças e ser levadas pela “autoridade” e o “milagre”. Deus deveria apenas ter-lhes dado o pão, como o demônio sugeriu na tentação, “mas não quisestes livrar o homem da liberdade e rejeitastes o oferecimento, pensando: “de que vale a liberdade se a obediência é comprada com o pão?... Mas, no final, eles colocarão a liberdade aos nossos pés, dizendo: ‘Façam de nós “escravos”, mas dêem-nos pão’... Esquecestes que o homem prefere a paz até a morte ao livre-arbítrio, com conhecimento do bem e do mal? Há pessoas fortes, heróicas, que poderiam seguir a liberdade de Cristo, continua o Inquisidor, mas o que a maioria procura é estar unida “num só unânime e harmonioso formigueiro... Digo-vos que o homem não vive atormentado por ansiedade maior do que encontrar alguém a quel possa rapidamente entregar o dom da liberdade, com o qual toda malfadada criatura nasceu”. A Igreja aceita o dom: “Nós lhes permitiremos ou proibiremos viver com suas mulhres e amantes, ter ou não ter filhos – segundo sejam obedientes ou desobedientes – e se submeterão alegremente a nós... pois isto os salvará da grande ansiedade e terrível agonia que sofrem ao tomar uma livre decisão”. O velho Inquisidor, fazendo a pergunta retórica meio triste “Por que voltastes para perturbar nossa obra?”, acrescenta que no dia seguinte Cristo será queimado. Dostoievski não quer dizer, naturalmente, que o Inquisidor fale de todas as religiões, católica ou protestantes. Quer antes retratar o lado coercitivo da religião que procura “o unânime... formigueiro”, o elemento que escraviza a pessoa, tentando-a a ceder, como fez Esaú por um prato de lentilhas, suas mais valiosas posses – a liberdade e a responsabilidade. IN: "O Homem à Procura de Si Mesmo", Rollo May. ==> http://forum.consciencia.org/qual-e-o-sentido-da-vida/a-consciencia-criativa-psicologia-existencialista/msg20572/#new
Não somente a religião, mas também a Filosofia e a Ciência, bem como as instituições sociais, estão o tempo todo oferecendo aos indivíduos quadros explicativos sobre o porquê de a sociedade e sua organização social, ser assim e não assado. Segundo o físico e sociólgo português Jorge Dias de Deus, hoje cabe à ciência fornecer o quadro explicativo do porquê da sociedade está organizada assim e não assado; cabe à ciência fornecer a explicação sobre as desigualdades sociais, sobre a questão dos méritos e deméritos sociais, sobre a lógica do trabalho e da vida em sociedade, coisa que, na época medieval, cabia à religião e à filosofia - ninguém duvida que o Positivismo suplantou a Filosofia como forma de explicação da realidade não é mesmo? (http://forum.consciencia.org/sociologia/sociologia-e-ideologia-da-ciencia-a-ciencia-como-mito-e-representacao-simbolica/).Mas todas essas explicações, dirá Nietzsche, são apenas invenções, suposições e idealizações do que seria a realidade. Portanto, para Nietzsche - ou na leitura que faço dele - todas essas instituições (e são todas de cunho cristão, incluindo a Filosofia; a sua mentalidade é cristã) estão apenas iludindo o homem; mas a questão é que os fracos e covardes (termos de Nietzsche) se comprazem em estar iludidos, pois se se retira todo esse quadro explicativo da "realidade", o que é que fica na frente do homem senão um "nada", um vazio, que irá obrigá-lo a buscar a verdade por si mesmo? E a busca da verdade - que segundo Nietzsche e os mestres orientais - deve ser feita individualmente, mas como é difícil e doloroso essa busca, então preferem delegar e outorgar à autoridade os seus destinos. Sei que Nietzsche também - vendo agora a outra face da moeda - valoriza e destaca a força dos grandes impérios, como algo que é constantemente invejado e atacado de maneira covarde pela mentalidade cristã, que procura tirar a força do forte mediante a constituição de um novo quadro moral, que ponha em dúvida a legitimidade dos valores de uma dada organização social. Foi o que aconteceu com o império romano, que ruiu de dentro para fora, mas eu não saberia dizer se o Cristianismo nascente então, teria tido alguma influência digna de nota nesse processo de decadência do império romano. Como já disse, estou fazendo uma leitura de Nietzsche, e o próprio Miguel, me alertou sabiamente que, há outras leituras e que não podemos fazer vista grossa a elas. Mas nesse contexto aqui, Nietzsche vê a distorção da Boa-nova como a instauração da "Má-nova", e com isso, surge, a partir do Cristianismo, um mundo de "anti-cristos", uma humanidade doente na medida em que é dependente de autoridades e instituições cujo papel consiste em dizer "como é a vida", como se deve vivê-la e como será o futuro da humanidade. O Além-homem é o que desdenha e nega a autoridade com a sua moralidade instituída socialmente e, para desgosto de Nietzsche, é também o que sai da Caverna de Platão :D ;).Abçs,
MonstrinhoMembroE a outra "descoberta para mim mesmo" foi a de que nós somos personagens aqui neste mundo. O ser humano não é real! Ele é uma criação da sociedade. É a questão do ego. O Ego é criado socialmente. Eu tenho agora, uma certeza sobre isso, nem crença é mais. Quando a gente fala dessa "teoria" as pessoas logo se lembram do Matrix, mas eu infelizmente não assisti o filme Matrix.
O ser humano é real e o personagem também. O que não é real é apenas o ego que é imposto ao ser humano sem que o mesmo possa exercer o direito ao livre-arbítrio na escolha de seu personagem.
Salve! Há espiritualistas aqui neste fórum também! :D ;) Acho que o Miguel não se importará se eu passar aqui (novamente ;D) o endereço do meu fórum sobre Espiritualismo ==> http://mascarasdedeus.forumeiros.com/ (Façam o cadastro e participem!).Olá mirtes! Mirtes, se o ser humano não exerce o livre-arbítrio na escolha do personagem, quem então, é que exerce? ::) O ser humano é o personagem, logo, ele é o próprio ego. Mas eu me baseio aqui, numa miscelânea de raciocínios advindos por um lado, do pensamento oriental, e por outro, da lógica kardequiana, que está contida em O Livro dos Espíritos. Na questão 266 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta aos Espíritos se "Não parece ser lógico que os Espíritos escolham as provas menos dolorosas"? E a resposta é "Para vós sim, para o Espírito não; quando ele está liberto da matéria, a ilusão cessa, e o seu modo de pensar é diferente". Durante 20 anos como espírita, eu mesmo e de maneira geral, todos os espíritas, não entenderam essa questão a contento. Por isso mesmo, um amigo nosso que é estudioso de O Livro dos Espíritos, se refere a este como o muito citado, pouco lido e raramente compreendido Livro dos Espíritos. Vamos analisar essa importante questão, que parece muito simples à primeira vista, mas seja por uma questão de tradução, ou até por uma questão de uma maneira incorreta de expressão, a resposta suscita abordagens dúbias. Esse "vós" é o ser humano, que pensa diferente do Espírito, apesar de o "Espírito estar nele" ::). Esse "liberto" da matéria (é aqui que surge o problema, a dubiedade), não é estar livre do corpo físico apenas - o que gerou a mentalidade em grande parte do movimento espírita de que, uma vez estando desencarnado, o Espírito se livraria não só do corpo, mas das idéias mundanas, e isto não é verdade, em face das comunicações dos Espíritos que continuam após a morte acreditando que têm amigos, inimigos, nome próprio, profissão, esposa, filhos, bens materiais, idéias "próprias", ou seja, continuam vivendo o personagem após a morte, uma prova de que não se libertaram do ego. Então esse "liberto da matéria" é quando o Espírito se despiu do ego, e isto pode (deve, de outro modo o Espírito perde a reencarnação e volta para a Roda do Samsara) se dar em "vida". Se "a maneira do Espírito pensar" é diferente da do ser humano (o "vós", na resposta), é porque, quem escolhe representar o personagem é o Espírito, ou seja, ele exerce o seu livre-arbítrio na escolha das provas, e Deus, provê os meios (tudo aquilo que o ser humano chama de dores, desgraças, ou contrariamente, prazer, felicidade - isso é tudo ilusão) para que o Espírito cumpra a sua prova. Vamos exemplificar. O (a) Mirtes é um Espírito e escolhe nascer como mulher e terá como prova (além de ser mulher, que já é uma prova) ter um marido infiel. Ora, o Espírito é que está pedindo isso, não obstante, uma vez reencarnado, Deus proverá os meios para que a prova seja cumprida, a saber que surgirá em sua vida o homem infiel. A Mirtes se casará com ele, e será traída. Mas a Mirtes, que agora é uma personagem, verá isto como uma dor terrível, como uma injustiça, dirá que ela não merece passar por aquilo, porque ela se dedica ao marido, é fiel, companheira, amiga, batalhadora ao lado dele, e ele é infiel com ela. E aí surge aquele mar de lamentações e imprecações contra Deus e contra a vida. Quem está criando essa idéia de "infelicidade" e desventura, é o ego, porque a Mirtes nasceu num mundo, cuja sociedade ensina uma moralidade que preconiza a fidelidade como algo correto, e a infidelidade como algo imoral; preconiza mais: que o ato de ser fiel tráz "recompensas" socialmente falando - e também após morte - e o ato de ser infiel, provoca dor e sofrimento naquele que é alvo da infidelidade. Quer dizer, todas essas idéias são criadas pelo ego, mas o que é o ego senão o próprio ser humano? O que é ego senão esse ser social que é moldado pela sociedade e levado a acreditar nos valores e idéias dominantes dessas sociedade? E o Espírito? Onde e como fica nessa? O Espírito está assistindo a tudo isso e pode amar incondicinalmente (= não acreditar nas estorinhas que o ego nos conta) ou não. Quando o Espírito assiste a isso? Nos momentos de desdobramento pelo sono em que algumas vezes toma consciência do que realmente está acontecendo. Se ele acredita nas mentiras ou estorinhas que o ego conta, ele não é capaz de amar incondicionalmente, mas se ele duvida das estórias que o ego conta, então vê a infidelidade como algo natural, já que vivemos num mundo de impermanência, que é o mundo de Maya, e o que suscita todos esses "males" são as próprias condições que Maya, suscita ao Espírito, cujo objetivo é fazer este mergulhar na ilusão a fim de poder discernir a realidade.Assim, o ser humano não existe. O ego é que cria a idéia de que o ser humano é real. O ego é o próprio ser humano, o que levou Paulo de Tarso a dizer que "O ser humano é inimigo de Deus" (= é inimigo do Espírito, que pensa diferente dele). Então, não existe homens e mulheres; pais e filhos; pobres e ricos; poderosos e fracos; sábios e ignorantes. Isso é tudo ilusão! O que existe são Espíritos representando todos esses papéis fictícios. Isto fica claro nos romances mediúnicos do Victor Hugo e Manoel Philomeno de Miranda entre outros, quando o filho de um certo pai nesta encarnação, se reencarna como pai daquele que lhe foi pai numa outra encarnação. Então, não faz sentido acreditar que eu tenho um pai, um filho, um inimigo, que eu tenho riquezas ou que sou poderoso. Outro exemplo mais contundente: o indivíduo acredita que pessoas "de cor" são inferiores. Ele é racista, e persegue esse tipo de pessoas. Quando ele desencarna, vê que aquilo tudo era ilusão, pois os Espíritos não têm cor! ;) Espírito tem sexo? Espírito tem riquezas? De modo que, ele mesmo pede para reencarnar no meio daquele povo que perseguiu, mas não para "colher o que plantou", "pagar dívidas pretéritas", mas como ensejo para ele compreender, que cor da pele, sexo, classe social, etc, é tudo ilusão. Agora, não me faça a complicada pergunta do porquê os Espíritos necessitarem demandar o mundo de Maya, ou seja, encarnarem em mundos materiais em que "os sentidos enganam" (Descartes), porque isso ninguém sabe responder. Pai Joaquim de Aruanda diria que o objetivo da reencarnação é o Espírito "amar incondicionalmente", ou seja, suprimir o dualismo e, em deixando de acreditar na variedade/multiplicidade, que são modos de manifestação da Realidade Absoluta ou Brahman (Se quiser pode chamar isso de "deus" também) enxerga a unidade. Há até uma estória interessante, que, Swami Vivekananda uma vez riu de seu mestre Sri Ramakrihna, quando este dizia ver Deus. E Ramakrishna respondeu que "vejo Deus quando olho você, aquela pedra, aquela mulher, aquele pássaro", etc. E essa foi a grande descoberta de Buda, de que o ego é uma ilusão. Se as representações simbólicas criadas socialmente é que conferem inteligibilidade ao mundo, e se essas representações são construídas por um "ego coletivo", então o mundo e as próprias pessoas são ilusões, o que levou Buda a ver em tudo e em todos apenas modos de manifestação da Realidade Absoluta, e com isso, fez a descoberta do "não-eu", a descoberta mais importante de toda a história da humanidade, na minha opinião. Bom, isso do ponto de vista da Doutrina Espírita - quando bem compreendida, é claro. Sem levarmos em conta a reencarnação, o EU SOU é a testemunha silenciosa que observa as ações, pensamento e sentimentos do ego. O EU SOU, o EU SUPERIOR não pensa. Pensar é uma atividade exclusiva do ego. O EU verdadeiro, conhece a realidade através da percepção não condicionada, que consiste numa postura céptica, ao questionar todas as estorinhas e mentiras que o ego nos conta. Este mister é passível de obtenção pela meditação, que consiste em observar os pensamentos, observar o ego, mas sem se envolver emocionalmente com ele, advindo então o conhecimento de que, eu não sou o ego, eu não sou fulano e sicrano, pai de beltrano, "eu não sou isto nem aquilo, EU SOU!" (Nisargadatta Maharaj). Então o ser humano é uma ilusão, ele não é real. Talvez ele seja real dentro de uma perspectiva relativa, mas de um ponto de vista absoluto "tudo o que existe debaixo do Sol é ilusão e vento que passa", como nos pontuou, sabiamente, o rei Eclesiastes. Abçs,
MonstrinhoMembro"Então o cristianismo, NEGA - assim como a Filosofia Idealista - o aqui e agora, e sempre projeta no futuro a realização da felicidade, o que é um engodo e uma mentira, segundo Nietzsche. "Sobre esse ponto, em particular, que é bastante interessante, você já tenha viu o livro do Feuerbach "A Essência do Cristianismo" que trata do mesmo tema, mas de um ponto de vista mais político talvez?
Não li não, mas me parece muito interessante. Precisava arrumar um orientador e tentar fazer doutorado em alguma coisa - Filosofia ou Antropologia do Conhecimento. Você sabe que há estudos que temos que fazer para dar aulas e há outros que fazemos para nós mesmos, porque nem tudo pode ser ensinado na Academia. A propósito, você é da Academia? O meu fórum to deixando de lado também, porque as pessoas gostariam que houvesse temas religiosos lá para ficarem postando, e não têm! Há o Coronel que posta lá, militar reformado, um senhor de apenas 90 anos que sabe tudo e mais um pouco sobre Misticismo Oriental, e que vive encurralando os religiosos, a partir da dialética socrática. Mas ali não dá para aplicar a dialética, pois os poucos fanáticos inscritos não postam nada :D :diablo_mini:. A gente fica esperando eles postarem alguma coisa só para ir lá e dar um sermão daqueles! ;DEnfim, tornou-se insuportável ler e escrever na internet - embora eu não resista, rsrs, veja o tamanho dos meus posts. Agora até cansei de falar e postar sobre Nietzsche :D ;). Mas também né? Já falei tudo o que tinha que dizer. Eu aprendi com esses espiritualistas, coisas que para mim são novas. É sempre muito bom quando surge um insight "daqueles" não é mesmo?? Eles dizem que os pensamentos não existem, que os pensamentos não são nossos. Há dois argumentos para sustentar essa tese: a de que já somos condicionados a pensar e a de que os pensamentos surgem na nossa mente "do nada", e assim, não são nossos já que não temos controle sobre eles. Isto pode ser comprovado na prática da meditação, em que, observando os pensamentos sem fazer objeções ou julgamentos sobre eles, e sem vivenciá-los emocionalmente, eles desaparecem. Podemos até matar alguns pensamentos, eu já consegui fazer isso algumas vezes na meditação. O Nisargadatta Maharaj, por exemplo, argumenta que se nós somos capazes de observar os próprios sentimentos e pensamentos, então não somos os pensamentos e sentimentos! :o. A Filosofia Advaita Vedanta, do Nisargatta Maharaj é a Filosofia do EU SOU, ou seja, eu não sou isto e nem aquilo, porque, se eu digo que sou isto, ou que sou aquilo, então posso observar este isto e aquilo como se eles estivessem fora de mim, e portanto EU SOU apenas. Sou o que? o observador, a testemunha que observa a tudo, e, se eu estou observando os meus pensamentos e sentimentos, então não sou eles! O que você pensa de tudo isso? E a outra "descoberta para mim mesmo" foi a de que nós somos personagens aqui neste mundo. O ser humano não é real! Ele é uma criação da sociedade. É a questão do ego. O Ego é criado socialmente. Eu tenho agora, uma certeza sobre isso, nem crença é mais. Quando a gente fala dessa "teoria" as pessoas logo se lembram do Matrix, mas eu infelizmente não assisti o filme Matrix. Mas, por que eu estou te importunando - talvez - com essas questões? Porque, descobri que há uma "ponte" entre esses conceitos e alguns filósofos como o Nietzsche, e também com as Ciências Sociais. Quando a Sociologia fala, por exemplo da Ideologia Dominante, que é um conjunto de crenças, costumes, tradições, leis, normas que são criados pelas classes dominantes, e que, uma vez transmitidas ás demais classes todos esses valores são acreditados como reais, é fácil concluir daí que, o "ser social" é uma ilusão! O ser humano enquanto ser social é um produto da sociedade, argumentam os sociólogos, logo, você não é você, você é aquilo que a sociedade fez de você, e portanto, há uma maneira de se despir desse envoltório (o ego = conjunto de crenças sobre quem ou o que sou eu) e conhecer a sua verdadeira essência! É isso o que Nietzsche está dizendo! É isso que os Budas e Jesus-Cristos do passado ensinaram! Como você deve saber, o Sidarta Gautama, o Buda, fez uma grande descoberta, a descoberta do "não-eu". O "eu" é uma ilusão, porque ele é criado socialmente, portanto ele não tem realidade em si. É possível destruir esse eu! O que você pensa disso tudo?E eu, aliás, já até escrevi uns pequenos textos sobre isso - está postado dois deles aqui neste fórum. Veja por exemplo a definição da Antropologia sobre o homem: "o homem é um animal simbólico, que constrói representações sobre o que seja a realidade", e com isso já dá para amalgamar a Teoria do Conhecimento, desde os cépticos - como David Hume e Descartes - até Nietzsche, Heiddeger e Bachelard entre outros com esse conhecimento da Filosofia ou Misticismo Oriental.Lógico que não há nada de novo em se conceber a hipótese de tudo ser ilusão; a Antropologia e a própria Teoria do Conhecimento já conhece de há muito essa possibilidade, mas o que eu havia pensado, é de tentar levar isso a sério, de escrever sobre isso numa linguagem que seja compreendida pelas pessoas. E, os religiosos são os que mais têm dificuldades de compreender isto, porque a mentalidade deles é dualista. Para você ter uma idéia, o Fórum Espírita tem mais de 70 mil membros, e os chamados - sarcásticamente - de "ilusionistas" conseguiram "converter" uma meia-dúzia ali, no máximo, entre eles, eu. As pessoas acreditam que o mundo é real! Acreditam que elas mesmas enquanto seres sociais são reais, mais isto é uma ilusão. Uma prova disso é a própria morte que dissolve esse ser social? Dissolve? :o :o Dissolve nada! Mas aí já entramos no terreno do Espiritismo e eu não quero discutir mediunidade e comunicação com Espíritos aqui. "Tudo é ilusão", logo todas as teorias também são ilusórias, incluindo o que eu estou escrevendo aqui. Mas talvez não seja ilusão se esse conhecimento vier amalgamado com a experiência mística e com o conhecimento das ciências humanas sobre esse tema. Pois, todas essas parábolas, mitos e ensinamentos dos grandes mestres são o que senão o expressar em palavras um conhecimento da realidade que eles tiveram não pela via da razão, do pensamento, mas por outras formas de percepções? Outra coisa também: muitas descobertas de filósofos e cientistas do ocidente vieram por essa percepção não-condicionada, ou seja, por outro tipo de percepção que não o pensamento e a razão. Você já ouviu falar que Descartes descobriu o cogito quando estava perto de uma lareira, e, ao adormecer sonhou com com o "penso, logo existo"? O mesmo se deu com Newton, que, segundo a lenda, ao ver uma maçã cair teria tido o insight sobre a Teoria da Gravitação. Há outros exemplos como Pascal e Niels Böhr que sonhou com a serpente que engolia a própria cauda. Repare então, que estes aspectos são poucos explorados pela Filosofia Ocidental, e se, como dizem os professores de Filosofia e os sociólogos, nós somos "livres para pensar", somos capazes de tecer "pensamentos críticos" o que mais crítico e livre do que tentar novas formas de pensar, ainda que estes, não sejam pensamentos novos, mas pensamentos que outros já pensaram? Veja a Alegoria da Caverna. O que Platão está dizendo sobre a caverna, senão que ela é o próprio mundo e esse mundo é uma ilusão? No entanto, me parece que os professores de Filosofia ensinam essas coisas aos alunos, mas eles mesmos não levam a sério. Sei que aí entra a sua proposta de também levar a sério o que os pensadores e filósofos pensam em contrário. Mas como se irá sustentar, por exemplo, que o pensamento é uma secreção do cérebro, se, na meditação, na prática de meditação esses pensamentos podem ser controlados e observados? Esse é um tema em que eu tenho trabalhado, mas como eu lhe disse, falta-me debruçar sobre leituras e mais leituras, estudos bíblicos, sobre mitos, Filosofia e etc. Agora passo a palavra, para ver o que vc acha de tudo isso... Abçs,
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