brunopi

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Visualizando 15 posts - 31 até 45 (de 58 do total)
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  • em resposta a: O Deus do PARADOXO #88546
    brunopi
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    Eu não aprendo mesmo… Lá vamos nós de novo. O fato de percebermos o tempo com nossos sentidos não exclui o fato dele ser uma ilusão. Você acha mesmo que os sentidos são confiáveis? Não sei se você se deu ao trabalho de assistir ao vídeo cujo link postei aqui, mas citarei alguns exemplos que lá estão. Seus sentidos lhe dizem que você está sentado bem firme em sua cadeira. Ora, seu corpo está claramente encostado nela. Você sente, você sabe, você não tem dúvida quanto a isso. Porém, basta olhar um pouco mais de perto para perceber que o maior órgão de seu corpo, responsável pelo sentido do tato, não está sendo totalmente "sincero".Como vimos na escola, a matéria é composta por átomos. A região mais externa dos átomos é composta por elétrons, que têm carga negativa. Quando dois átomos se aproximam, eles se repelem, correto? Isso acontece porque os elétrons têm cargas iguais e cargas iguais se repelem. Embora não esteja na Bíblia (até onde eu sei), você acredita nisso, né? Pois bem. Quando você "senta" na cadeira, não está realmente tocando em coisa nenhuma. São apenas átomos se repelindo. Acredite: seu corpo está só flutuando no vazio. Explico. Os átomos são compostos em 99,999999999999% de espaço vazio. Isso não é apenas maneira de falar, este é o valor atribuído pela Física (e fiquemos com ela, por enquanto, já que você parece ter medo de Metafísica). Imagino que você esteja entendendo aonde quero chegar. Os sentidos nos oferecem uma decodificação da realidade, mas não nos apresentam a realidade de fato. O que parece um bloco maciço, concreto, assemelha-se, olhando mais de perto, a um enorme buraco. Você acha que vê as próprias coisas, mas o que você vê é apenas o reflexo da luz nas "coisas". A realidade é, por assim dizer, invisível. Mas não é isso que seus olhos lhe dizem. Os olhos lhe fazem crer que há objetos, pessoas, árvores, coisas diversas, que sofrem a ação do tempo, que se desgastam, etc. Tudo isso existe, mas nada disso é real. Uma pessoa cega não ouve o mundo como você, pode acreditar. O que acontece neste caso? O mundo é outra coisa para ela? Sim, é. Para os sinestetas (pessoas que ouvem as cores, que sentem o gosto do som), o mundo é também outra coisa. Suponho que já tenha ouvido falar disso. E o que é o tempo para uma árvore de 1.900 anos? Para uma borboleta ou uma mosca, seres tão breves?Qualquer coisa em que se pense, inclusive o tempo, só é de tal maneira porque é dessa forma para alguém. O universo é um vazio de possibilidades infinitas (que a Física atual chama de campo quântico). Veja, houve um experimento, repetido diversas vezes com o rigor que a ciência geralmente exige e sempre com os mesmos resultados, que vou lhe descrever. Espero que entenda. Se não entender, sugiro que veja o vídeo, pois ilustra melhor.A mecânica quântica se ocupa do ‘mecanismo’ das coisas minúsculas, que se comportam de uma maneira diferente das coisas maiúsculas. Em 1976, um cara chamado John Wheeler propôs uma variação da chamada Experiência da Dupla Fenda, de Thomas Young (médico e físico inglês que viveu entre os séculos XVIII e XIX), a fim de testar a natureza da luz. O experimento, realizado com sucesso em 2007, consistia no seguinte: um aparelho lançava partículas de luz (fótons) contra uma barreira onde havia duas fendas, e registrava-se em que lugar essas partículas iam parar do outro lado da barreira. É como se você jogasse um monte de bolinhas contra uma parede com duas janelas estreitas, e depois visse, numa parede que estava atrás dessa primeira parede, as várias marcas dos locais onde as bolinhas bateram. Bom, o que se observou foi um estranho fenômeno: assim como a experiência de Young havia demonstrado com outras partículas minúsculas, os fótons se comportavam ora como partículas (materialidade), ora como ondas (não materialidade). Mas o que Wheeler verificou, algo sem dúvida revolucionário, é o fator que determina esse curioso comportamento da luz: o fato de o experimento estar ou não sendo observado! Imagine... Quando estavam sendo observadas, as partículas seguiam em linha reta, e marcavam a segunda barreira de forma homogênea, ordenada. Quando não estavam sendo observadas, elas se comportavam como ondas, e atingiam a barreira espalhadamente. Incrível, né? Ou seja, é a presença do observador que determina o comportamento da luz. Não é impressionante isso? É uma descoberta científica que, verificada em laboratório há meros quatro anos, comprova um dos conceitos-chave do Budismo. A consciência tece a realidade aparente. Pois é, meu caro: sem sua presença, ou seja, sem sua consciência, o que você chama de mundo é o Vazio, um magnífico campo de possibilidades infinitas que se constrói permanentemente, como uma tela em branco em que imprimimos nossas experiências. Os mestres do Zen, por exemplo, buscam conduzir seus discípulos justamente a se manterem focados nesta engrenagem, a não se distrairem dela em momento algum, de modo que tal percepção do mundo se torne natural. No Zen, isso geralmente ocorre de forma não-gradual, num susto a que dão o nome de Satori.Abusando da possibilidade de definir algo dessa natureza (um absurdo, realmente), aqui vai: o presente é o “momento” em que o observador testemunha os “eventos”. O passado é o registro desses eventos, fruto da memória do observador, responsável pela ilusória sensação de continuidade, de passagem do tempo. O futuro é também uma abstração (uma projeção, pra ser mais preciso), em que se supõe haver algo para frente, já que há algo que ficou para trás (o passado). Quando chega o futuro, ele se torna o presente; ou seja, ele existe apenas como potencialidade, assim como qualquer coisa no universo. Quem é que está limitado ao tempo, como você diz? O tempo é um conceito, útil para organizarmos nossas vidas, nada mais. Ele não nos controla necessariamente. Bom, saindo dessas questões tão interessantes, vamos à parte chata, que é refutar certas bobagens simplistas...Eu citei as palavras de Cristo. Você não concorda?Gênesis e Romanos 8:18, por exemplo, não contêm nenhuma ‘palavra de Cristo’. Você não concorda?O que diz a Bíblia... diz a Bíblia, o que eu digo... é o que eu digo, portanto, sei o que estou citando. Velho, que doideira é essa...? O que você diz é o que você diz, ok, pra mim isso parece bastante claro, embora seja geralmente confuso... mas como isso prova que você sabe o que está citando? Porque é você que está dizendo, é? Cite apenas a si mesmo que aí não tem erro (eu acho). Escrevi um texto enorme no qual falo, entre outras coisas, sobre a importância da simbologia para a compreensão da Bíblia, e você, além de ignorar isso, citando o cifradíssimo texto de Gênesis, ainda me vem com essa maluquice aí. Você escreveu isso a sério ou é uma piada? Por favor, me diga.Eu acho trágico para aqueles que não tem a mínima noção do que está estudando (exceto ciências aplicadas) e não abre o coração para considerar os fenômenos como fenômenos, antes procuram explicações para ancorarem as expectativas nas especulações. É comigo isso? Não, né? Se for, peço que me diga o que eu falei para que você tivesse a pachorra de afirmar que não sei o que estou falando ou que não abro o coração para considerar o que quer que seja.É melhor achar engraçado... pois a gravidade que há acerca de Deus ao homem é paradoxal a ponto de não dar-nos a menor chance de entendimento.Estude bem muito que você consegue algum entendimento, se for de seu interesse. Mas concordo com você: é melhor achar engraçado.Não abro mão da realidade de que todos os religiosos são presunçosos... Hum, então tá, ó grande generalizador. Mas me diga uma coisa: você já ouviu falar em Yazidi? É uma das mais antigas religiões do mundo... Já ouviu falar em Iazdanismo, Jainismo, Tenrikyo ou Ayyavazhi? Sabe como agiam/agem seus membros, como eram/são seus ritos, suas crenças? Não? Pois é. São todos religiosos. Muitos podem ser bastante presunçosos; outros podem ser muito humildes, sem qualquer traço de vaidade ou arrogância. Você não sabe nada sobre eles, portanto recomendo que reflita sobre o triste preconceito que soltou aqui. Aliás, você sabe mesmo o que é presunçoso? Tá lá no dicionário: “Que ou quem mostra excessiva confiança ou orgulho exagerado em si próprio; vaidoso”. Eu devo ser presunçoso, mas você realmente acredita que isso se aplica a todas as pessoas que seguem alguma religião neste mundo? Admita, que tolice, né não?Ah, vá falar sobre a necessidade de um “facilitador” para um ermitão taoista... Ele vai achar bem engraçado. Você sabe o que é taoista, claro, conhece tudo sobre todas as religiões... Bom, posso lhe dizer que, nas diversas religiões, esses “facilitadores” desempenham muitas vezes papéis bem diferentes. Há quem cobre dinheiro dos fiéis para manter o templo bonito e cheiroso; outros compram carros caros e viajam para a Terra Santa todo mês; outros recebem apenas o necessário para se manter dignamente; há quem diga que apenas por seu intermédio se chega ao Céu; outros dizem que apenas as boas obras podem salvar a alma; há outros ainda que dizem que todos estão salvos, bastando para isso acreditar e seguir a Palavra; e há também aqueles que propõem que se deve buscar descobrir quem se é de fato, pois assim é possível se libertar das malhas da ilusão... Há tantos “facilitadores”, tantos interesses, não é mesmo? Alguns de fato se dizem os porteiros; outros apenas indicam a porta – ultrapassa quem quer. Fico com a segunda opção.

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88540
    brunopi
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    Fica a dica, se alguém quiser dar uma olhada fora da caverna paradoxal…http://www.youtube.com/watch?v=8gxoaShPdf0&feature=related

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88539
    brunopi
    Membro

    Não sei se acho engraçado ou trágico o que você disse.Não, eu não estava rebatendo meus argumentos contra de Cristo, mas contra os seus... porém, não é justo com você. Apenas não confunda o que diz a Bíblia com o que você muito toscamente entende dela, beleza? Seguindo por aí, já é um bom começo.Que nos seus caminhos você consiga se libertar da letra e lhe seja dado entendimento.

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88535
    brunopi
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    Ó mai gode.Na ignorância a consciência será o processo de julgamento de Deus... ?Deus não julgará ninguém. Não há tempo futuro, meu querido. O tempo é uma ilusão, é apenas uma perspectiva mental, uma criação objetivada. Você não percebe. Até a física quântica (ou seja, a tão honrada ciência) contempla essa compreensão tão comum entre povos antigos. Está tudo lá, oculto (que medo dessa palavra, né não?) em seus escritos empoeirados: a não linearidade do tempo, a interferência do observador criativo nos eventos, a afinidade entre partículas... enfim. O Reino de Deus é um estado que você pode acessar a qualquer momento, inadvertidamente até. É mais uma imagem, uma metáfora, e não tem nada a ver com a vinda Jesus dos Céus numa nuvem resplandecente... Bom, não será por minhas palavras que você vai abrir seus olhos e descobrir quem você de fato é.Hehehe... É, na verdade, bastante esquizofrênico esse exercício aqui, você nem faz ideia.

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88533
    brunopi
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    Avijja…A ignorância é mesmo o único mal.

    em resposta a: Concordas com "deus"? #80479
    brunopi
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    E se o que chamamos 'desígnios de Deus' for simplesmente aquilo que se dá, da exata maneira como se dá (nas forças da natureza, nos pensamentos, nos desejos, no movimento das sombras, etc.)? E se os 'desígnnios de Deus' não forem algo possível de ser posto em palavras? E se apenas consiguimos descrever perspectivamente o que ccorre?

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88526
    brunopi
    Membro

    É comum ter sensações estranhas com relação a uma palavra quando não sabemos o que ela quer dizer. Mesmo sem saber se é o caso, escrevo: karma é uma palavra do sânscrito (aquela língua antiga e sagrada que mencionei no último post aqui nesse tópico) que quer dizer, simplificadamente, 'ação'. Claro, como qualquer tradução de um idioma como o sânscrito, esta é falha e incompleta. É comumente associada à lei de causa e efeito, em seu aspecto factual. Certamente, esse também é um modo raso de compreender este que é um dos conceitos centrais do budismo (e de outras tradições orientais). Mas, claro, para entender melhor isso geralmente é preciso ouvir as palavras de um mestre ou de alguém que estudou o assunto. Também é possível recorrer a livros ou até, para os mais 'práticos', a enciclopédias… risos!¬¬

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88524
    brunopi
    Membro

    “Em verdade te digo que de maneira nenhuma sairás dali enquanto não pagares o último ceitil”. Mateus 5:26"Digo-te que não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil". Lucas 12:59E se eu disser que isso, obviamente, refere-se ao conceito de karma, você acredita?"Os religiosos são presunçosos, sem exceção, pois vivem sob a mesmas impressões que não são os de Cristo".Depois dessa pérola da generalização preconceituosa, desisto dessa "discussão".

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88522
    brunopi
    Membro

    SE7MUS, peço sinceras desculpas por ter lhe dito que você parece não saber do que está falando (quanto à dualidade). Cada um tem sua história de vida, seu modo de compreender as coisas, suas crenças. Acredito que nossos pontos de vista diferem, em grande parte, por causa exatamente disso: crenças.No meu entender, a história dos estudos bíblicos aprofundou alguns aspectos de seu rico texto e deixou outros um pouco “de lado”. Creio que um ponto importante, nesse sentido, é compreender que traduções nunca são absolutamente fiéis ao original (ler o Tao Te Ching em chinês deve ser outra coisa). Isso é impossível, particularmente quando o texto original em questão é escrito em uma língua antiga como o hebraico, o sânscrito ou o chinês arcaico. São línguas consideradas sagradas. Elas, ao contrário de línguas recentes de origem latina, por exemplo, guardam nos próprios caracteres muitos sentidos e conceitos; não há tanta prevalência das palavras, se posso dizer assim. No hebraico, por exemplo, as letras têm valores numéricos. Dessa forma, ao traduzir o texto do Gênesis, por exemplo, traduzem-se as palavras que lá estão e que compõem realmente o texto, mas o conteúdo múltiplo (numérico, simbólico, figurativo, etc.) se perde. A Bíblia popularmente conhecida entre nós é uma tradução do grego. Imagine o que se perdeu neste processo.Visto isso, há outra questão. O Antigo Testamento foi escrito pelos judeus para os judeus. Não foi escrito para o mundo – essa concepção de mundo que temos hoje, de um povo relativamente interligado e comunicável, era simplesmente inimaginável para os judeus de milênios atrás. Cada povo era por si, mesmo que fossem pacíficos e tivessem alimentos em abundância (o que não era o caso dos judeus, ou de qualquer povo do deserto).Em todos os grandes textos sagrados da humanidade (que tratam de coisas, digamos assim, poderosas) foram utilizados símbolos, analogias, imagens figuradas etc., que serviam para ocultar o sentido mais profundo daquilo que se dizia. Posso sugerir alguns livros, se for de seu interesse pesquisar a respeito. Por hora, peço apenas que acredite em mim. Esses conteúdos eram ocultados, entre outras razões, porque seria perigoso se caíssem em “mãos erradas”, como eu já havia dito. Isso não só porque essas “mãos erradas” poderiam causar danos a outras pessoas ou mesmo à humanidade (o que vem acontecendo desde antes da história ser a história), mas porque poderiam causar danos a si mesmas (procure saber sobre a Kundalini, por exemplo, e compreenderá alguns riscos que se corre inadvertidamente). Ou seja, há também amor e cuidado nesse ocultamento.Dessa forma, penso que não é sensato ler livros como Gênesis e Eclesiastes sem alguns conhecimentos prévios e achar que entendeu o que está dito ali, de fato. Ler o Pentateuco sem conhecer a Cabala, sem estudar a Árvore da Vida, é perder os principais ensinamentos transmitidos. Foram escritos por iniciados judeus para iniciados judeus. Por serem textos simbólicos, com uma rica imagética, repleta de significados profundos, para alcançar o que está neles posto é preciso ter a “chave”, é preciso ter um guia, ser iniciado por alguém que estudou e vivenciou o ensinamento que o texto traz. Se você pedir a Jesus, por exemplo, que o esclareça e oriente, de coração, certamente receberá o ensinamento – e irá receber exatamente o que estiver pronto para receber. Isso pode se dar por meio de sonhos, de pessoas que cruzem seu caminho, de insights... Tudo isso é também uma iniciação. Você poderia pedir a Buda, aos oito imortais taoístas, a Oxalá, tanto faz. Pode também procurar algum grupo de estudos, a maçonaria, os rosacruzes, enfim, há diversas ordens que podem lhe instruir. Mas acredite: num esforço solitário e guiado pela lógica, pela razão, com base no conteúdo do texto traduzido em português, muito estará lhe escapando. Digo-lhe isso com amor.Veja um exemplo. É dito que o gato é considerado um animal sagrado para os egípcios, relacionado ao Princípio Feminino (procure por Binah, na Árvore da Vida judaica). Um mito egípcio dá conta de que a lua é o olho de um gato gigantesco. Muitos veem nisso uma crendice com algum fundo irracional e ignorante. Mas observe que os olhos dos gatos brilham no escuro; eles refletem a luz, assim como a lua reflete a luz do sol. Eles utilizam o gato como símbolo complexo, associando seus olhos ao brilho da lua na escuridão; a lua, por sua vez, com a influência que tem sobre os fluidos na Terra (veja os movimentos das marés, os ciclos menstruais, etc.), está associada ao feminino. Compreende o que digo? É com base em argumentos semelhantes que eu disse que provaria facilmente que não há paradoxos na Bíblia. E posso mesmo provar, desde que partamos dos fatos de que a letra morta é apenas a letra morta e de que os símbolos guardam/protegem os ensinamentos mais profundos.Entender a simbologia do “Verbo feito carne”, por exemplo, esclareceria muita coisa, e muitos cristãos não estariam confundindo o Verbo (que é o som cósmico que mantém a tessitura do universo, o AUM dos hindus, o Logos dos neoplatônicos, o próprio Vishnu) com a Sabedoria de Deus. Na Árvore da Vida, o Verbo (ou Logos) é Kether, a primeira sephirat; a Sabedoria relaciona-se com a segunda sephirat, que é Chokmah. Jesus não é a Sabedoria de Deus, mas o Logos, “aquele que está com o Pai desde o princípio”. Sugiro que procure estudar a Árvore da Vida; é um universo de descobertas fascinantes. Há, inclusive, diversos artigos sobre o assunto na internet.Compreendi sua explicação quanto à comunhão nas trevas, embora acredite que isso não coubesse nessa sua fala aqui: “Se trevas for comunhão com os irmãos então todos estão em comunhão com Deus; quem anda isolado do mundo?”. Realmente esse trecho eu continuo sem entender.Você disse que apelei para manuscritos aos quais só poucos têm “acessibilidade de entendimento”.  Desculpe, mas a que manuscritos você se refere? O único texto que me lembro de ter citado foi a Bíblia.Você disse: “Entedemos claramente que Jesus (a Sabedoria de Deus) foi ocultada diante das vistas dos doutores das letras mortas. Do contrário, não matariam o Senhor. PARADOXO? Matar Jesus para ter vida? Perder a vida para ganhar a Vida? Crer em Jesus é passar da morte para vida. Como estando vivo estou morto? Que vida abundante é esta? Há algo de errado me dizer que para minha vitória Cristo, o meu aliado, tem que ser morto? Que comunhão esquisita? A paz que provoca guerra?”. Compreendo que você tem muitas dúvidas, muitas questões, mas tenho que dizer que achei esse trecho confuso e de difícil entendimento. Insisto que não há contradição, apenas mal entendidos.Aqui passamos a falar realmente de crenças. Concordo que crer em Jesus é passar da morte para a vida, mas de que maneira? Apenas crendo em que ele é o filho unigênito (?) de Deus, que ele morreu na cruz por nós, e com isso nos livrou do pecado? Parece-me tão cômodo. Acredito que isso não é suficiente, e que não é isso que Jesus nos exorta a fazer. Penso que é preciso viver como Jesus. Não é nada absurdo. Ao meu ver, ser cristão deveria ser e agir sempre com o exemplo de Jesus em mente, tê-lo como modelo de todos os seus comportamentos: ser desapegado, compassivo, amoroso, reto, sincero, dedicado, intuitivo. Muitos são – há tantos cristãos assim, embora raros. Mas avalio que a maioria não se interessa em entregar a Deus sua vida e, ao mesmo tempo, tomar pra si a responsabilidade de seus atos. Ser cristão, é claro, não é culminância de nada. Concordo com a opinião de que pertencer a uma religião é apenas uma ferramenta para adquirir compreensão, entendimento. Chegar à outra margem é o que importa. Para isso, há diversas formas, contempladas em todas as tradições: para os que têm inclinações devocionais, para os pensadores, para os místicos, para os pobres de espírito, para os ativos, para os contemplativos... na psicologia, na filosofia, no autoexílio do mundo, no parto... A Verdade está aí para todos, multifacetada e eterna.Ainda no terreno da crença, penso também que Jesus era um homem versado nos mistérios, ou seja, que era um iniciado nas mais altas tradições de sua época. Há especulações de que essas iniciações teriam ocorrido justamente no longo período de sua vida que não é mencionado na Bíblia. Ele teria viajado para grandes cidades da época (muitas delas no Oriente) e estudado com alguns dos maiores mestres de seu tempo. Há quem creia nele como se Deus tivesse se feito homem (o “Verbo feito carne”, de acordo com aquele entendimento tão difundido). Seria ele (e apenas ele) o próprio Deus, e por isso sabe de tudo, vê tudo, etc. Não acredito nisso. Jesus era um homem especial, sem dúvida. Algumas tradições o compreendem como um Avatar, a exemplo de Krishna, Sidarta Gautama ou Shankara. Mas em nenhum aspecto, acredito, ele está “acima” desses que citei e de outros grandes luminares da humanidade, como Chuang Tzu ou Bodhidharma. A minha crença é de que eles são o mesmo, assim como você e eu, a partir do ‘momento’ em que nos dissociarmos de nosso ego, de nossos apegos, a partir do instante em que percebermos que somos UM.Você disse: “Bem.. temos uma avalanche de contradições. E o precipitador disso é Jesus. Por causa disso há muitas heresias, apologias e seitas; porque, atropelando os paradoxos os líderes repousam suas pressuposições religiosas e pretenções ‘markertinizadas’ para bel-prazeres”. Por favor, Jesus não tem nada a ver com isso. As heresias e as seitas existem porque um poderoso grupo de homens “convenceu” (com base na força militar e política) os demais de que a compreensão desse grupo era a ‘correta’ e que qualquer opinião ou prática que escapasse a seus ditames deveria ser condenada. Ou não é assim que História nos conta? Para o ateísmo. Eles mesmos recebem a recompensa que convèm ao seu erro -  serem gerados do macaco - e buscam as mesmas coisas que Jesus de antemão já ensinara: amai-vos uns aos outros”. Veja, isso é uma generalização... Nem todo ateu acredita no evolucionismo. E me diga: é mais 'errado' acreditar nisso do que acreditar que a mãe de Jesus era virgem no sentido estrito da palavra ou que Deus fez a mulher da costela de um homem (mais uma parábola de fundo esotérico tomada ao pé da letra por tanta gente)?Não importa onde os seres humanos estejam: Vão sair pelo mesmo buraco. Logo, cadê o livre-arbítrio? Sou livre ou não? E porque sou constrangido a seguir o que Jesus ensinou mesmo que implicitamente? A liberdade ‘condicionada’ no conhecimento (‘conhecereis a verdade e ela vos libertará. Eu sou a verdade. Eu sou a luz, quem está em mim não andará em trevas’ - palavras de Jesus)”. Você não é obrigado a seguir nada, meu irmão, apenas se você se deixar condicionar (você não acredita no Jornal Nacional, acredita?). Você não só tem livre-arbítrio, como é exatamente por causa da sua liberdade que o mundo existe – quer dizer, o mundo que você percebe. Você também é o Caminho, a Verdade e a Vida; apenas não se dá conta. Ignorância e Trevas. Parecem sinônimos?”. Não, não parecem. Não são, na verdade. Mas, a depender do contexto em que se encontram (em algumas passagens da Bíblia, por exemplo), podem se relacionar facilmente. Eu não sou Deus, mas Deus em seu Filho está em mim e eu Nele. Somos um. Entidades diferentes em ‘Um’. Todos estão em Cristo (a videira) ligados, somente a ‘vara’ que não der fruto será cortada”. Você e Cristo são um, não tenho dúvidas quanto a isso. Mas me permita oferecer outra possível maneira de compreender a parábola da videira, que se encontra no site comunidadeespirita.com.br. “A videira é composta de tronco, galhos, folhas e frutos. Os galhos saem do tronco e têm por fim produzir folhas e frutos. Assim também seus discípulos devem estar unidos a [Jesus], como os galhos à videira, e para permanecerem na videira precisam dar frutos, como galhos que são da videira verdadeira. E faz-lhes ver que a ‘vara que não der frutos será cortada e lançada fora’, mostrando assim a necessidade do trabalho espiritual para a frutificação da virtude. E assim como o galho, a vara recebe a seiva da videira, labora, manipula-a para que brotem frutos – as uvas –, assim também os apóstolos ou discípulos recebem o Espírito da fé do seu Mestre, para trabalharem com esse Espírito, abençoada seiva, a fim de brotarem os frutos desse labor”.Ainda no campo da crença, devo dizer que (assim como os próprios judeus) não consigo acreditar em Cristo como algum tipo de consumação da Bíblia, especialmente não do Pentateuco. Os livros mais antigos da Bíblia não têm nada a ver com Jesus. O tipo de 'salvador do mundo' que fizeram de Jesus é, pelo que entendo, uma invenção romana. O próprio deus do Velho Testamento não é o deus de todos, mas o deus da guerra judeu, que intercedia por seu povo e apenas por este povo. Cada povo, naqueles tempos, tinha os seus deuses – como o dinheiro para alguns povos de hoje.Sim, “SER é uma coisa, ESTAR é outra”, mas apenas em alguns idiomas, como o português. Em inglês, por exemplo, o verbo to be é usado para ambos os sentidos. Digo isso apenas para reiterar que os filtros culturais, linguísticos e lógicos não se adéquam à Verdade. Nem a fórceps.

    em resposta a: O que justifica a manutenção de uma tradição? #85630
    brunopi
    Membro

    Existem diversas justificativas, creio. Por exemplo, se determinado grupo de pesoas julga que tal comportamento, compreensão, valor, técnica, etc. representa ou guarda uma maneira de se viver de modo mais harmônico, uma tradição que preserve essa maneira está, para esse grupo, bastante justificada. Há famílias que tradicionalmente cultivam uvas, o que proporciona ótimos vinhos a quem aprecia esta bebida. Pode-se enxergá-la como um elemento cultural unificador das sucessivas gerações, como a possiblidade de transmissão de conhecimentos (graças à tradição escrita, Einstein pôde dizer aquela imbelicidade generalizadora) ou como depositária de ensinamentos religiosos; todos esses pontos de vista me parecem justificativas. Há tradições que demandam fé cega; há as que requerem muita reflexão; outras, que ignoram fé e razão, buscando justamente a liberdade do indivíduo. Generalizar não é uma bobagem? Confesso que mais me agradaria viver "arrastando a calda na lama", como contou Chuang Tzu, despojado de tanta história, mas ainda sinto muito o apego. Há quem prefira, por exemplo, seguir a "tradição" nitzscheana, com aquele hábito curioso de ver cordeiros em toda parte, tão comum entre os muitos discípulos que conheço, em vez de se ocuparem da própria emancipação (por que Nietzsche almejava tanto a 'imortalização' de seu nome?). Acredito que muitas tradições são fruto de ignorância, mas a Ignorância é anterior a qualquer tradição.

    em resposta a: O Desespero pode levar-nos a transcendência? #83131
    brunopi
    Membro

    Ouxe, Acácia… Geralmente tenho vontade de responder a seus posts, porque me instam a isso. Nos interessamos por tópicos semelhantes e parecemos ter visões bem diferentes sobre algumas questões. Creio que compreendo um pouco seu senso de humor aqui, mas tenho que dizer que não há briga nem desejo por uma. Agradável discutir, agradável conhecer o universo de tantas mentes, só isso. De todo modo, essencialmente não seria possível “dois brigarem”, posto que há apenas UM.Quero apenas deixar claro que a compreensão do zen como um estado de espírito, caracterizado pela tranquilidade inabalável, deriva de uma má interpretação, muito comum no ocidente. O zen é algo obviamente indefinível, apenas aludível nas palavras (como em haicais), e a tradição que a ele se volta lega à humanidade um ensinamento dos mais sutis e profundos.

    em resposta a: Sentido da Vida… #87317
    brunopi
    Membro

    Alguns são variáveis, mas há um essencial.

    Olhando mundo, não grupos (religiosos, filosóficos) isolados, qual o desejo único que podemos indentificar?

    Identifico, amparado nas Enéadas de Plotino (maravilhosa ponte alçada entre Ocidente e Oriente, que acabo de conhecer), o desejo do Uno de ser aquilo que é. A vontade, o "dizer sim" que dá existência ao que existe. Recomendo a leitura do livro "Plotino e neoplatonismo", de Giovanni Reale (Edições Loyola, 2008). E eu que achava que o Ocidente europeizado havia sido sempre equivocado...

    em resposta a: O Desespero pode levar-nos a transcendência? #83128
    brunopi
    Membro

    O desejo desperado de retornar ao Ser também é uma via de transcendência…

    em resposta a: O Desespero pode levar-nos a transcendência? #83127
    brunopi
    Membro

    Qual o som de uma mão bantendo palmas? Esse é certamente um dos koans mais conhecidos. Grosso modo, é uma formulação por rmeio da qual o mestre zen desafia a lógica de seus discípulos. Muitos se desesperam verdadeiramente tentando encontrar uma resposta coerente para a questão e, do próprio esgotamento que disso deriva, transcendem o entendimento ordinário e alcançam um estado que poderíamos chamar, se o quisermos, de transcedente: a iluminação. Esta é apenas uma das inúmeras maneiras de se alcançar a transcedência pela via do desespero.

    em resposta a: O Deus do PARADOXO #88518
    brunopi
    Membro

    Havia escrito uma resposta longa aqui, mas como ela sumiu, então escrevo agora mais brevemente, na esperança de ser entendido mesmo assim. SE7MUS, você disse: “Não explicou nada, simplesmente repetiu TREVAS sem mencionar a devida propriedade. Se trevas for comunhão com os irmãos então todos estão em comunhão com Deus”. Onde foi dito que trevas e comunhão são a mesma coisa? Como isso poderia ser? Realmente não vejo como explicar o que diz o texto de forma mais simples do que fiz. “Deus é luz; nele não há treva alguma. Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade”. Eu sugeri que as trevas aqui poderiam ser compreendidas como sendo as da ignorância, mas para perceber que não há qualquer paradoxo ou contradição (como em qualquer dos casos levantados por você neste tópico, como posso facilmente provar) podemos simplesmente nos ater às palavras do texto original, sem qualquer prejuízo. Lógica de fato bastante simples: o texto assume que não há trevas em Deus. Ora, se dissermos que estamos em comunhão com Deus e andarmos em trevas, estaremos mentindo. Na superfície, é apenas um conselho moral: seja reto em sua relação com Deus, não se engane nem finja aos olhos dos outros ter com Deus uma relação que você não tem. É preciso ser honesto e sincero. O que você não compreendeu? Penso que tomar ‘trevas’ como metáfora para ‘ignorância’ e substituir um termo pelo outro numa frase seja um tanto temeroso. Parece-me ser justamente essa a explicação para tantos “paradoxos”: descontextualização.Você disse: “O Deus da IGNORÂNCIA, que oculta o seu conhecimento aos sábios e entendidos e revela para os ignorantes sedentos de sabedoria, aos quais é revelada por meio de PARÁBOLAS. Parábolas que os sábios vendo não vejam, ouvindo não compreendam, escutando, mas não dircernindo”. As parábolas não são para ocultar nada dos sábios, mas daqueles que não estão preparados para receber a Verdade. Os ‘sábios’ no tempo de Jesus eram os “doutores da Lei”, certos sacerdotes judeus, homens que acabaram se atendo à letra morta das Escrituras, com vistas à manutenção de seu poder e status. Certamente, não era a esses homens que Jesus falava. Você disse: “Luz e Trevas conotam muita coisa. É uma dicotomia que vivemos e não percebemos”. Quem não percebe isso? É basicamente o que percebemos: os polos de opostos, Yin e Yang, o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, a dualidade, raiz do mundo percebido pelos sentidos. Eclesiastes 9:1 é um texto belíssimo e muito profundo, e embora a simbologia de luz e trevas também se relacione com os altos e baixos da vida, acredite, não se trata disso. Você disse: “Qual treva menciona - Comunhão ou ignorãncia? ou vice-versa”. Quê? Treva da comunhão? Como assim?Pelo que li, você não só não está familiarizado com o conceito de não dualidade, mas sinceramente não parece nem mesmo saber do que está falando. Em última instância, esse "Deus é você" não está em nada equivocado. Deus está em nós? Em nós quem? Nessas sombras, nesses pequenos fantasmas que acreditamos ser nós mesmos, nossos egos minúsculos, espremidos nos limites da pele e dos pensamentos? Deus é o que é, inclusive você.

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