Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › Qual é o sentido da vida? › O que é a felicidade?
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11/03/2002 às 23:40 #76035Miguel (admin)Mestre
Marcio, bem, sendo assim a mente “conspiraria contra” na medida em que cria as tais ilusões e o “piloto automático conspiraria a favor” na medida em que procura preservar a mente de, certo?
Há só um problema que eu vejo nessa sua colocação que é o facto de dizer que “podemos deixar o subconsciente conduzir ou não”…penso que isso não é possível, ou quase impossível…isto porque o seu papel é o de funcionar automaticamente como protecção que é accionada no sentido de nos preservar…quer dizer, eu acho difícil controlar essa zona de margem…aí, depois, já se torna difícil prosseguir a analogia com Freud porque a mente que eu associei ao consciente tem um papel modesto para Freud(o que não está a ser suposto nos últimos desenvolvimentos desta nossa discussão) ao passo que o inconsciente que associei ao cérebro, tem um papel fundamental na determinação do comportamento…embora o papel do “piloto automático” continue alinhado, em parte, com a ideia de subconsciente, o mesmo já não está a acontecer com as outras duas noções.Estamos a valorizar o poder da mente sobre o cérebro no sentido de o poder modificar, portanto, se calhar é melhor abandonarmos a analogia para não nos metermos em “trabalhos”!!!
abs.11/03/2002 às 23:44 #76036Miguel (admin)MestreMarcio:
Se quiser um “abstract” do tal livro sobre a mente que falei aqui no fórum, mande-me um mail que eu depois envio-lho a si…
abs.12/03/2002 às 0:13 #76037márcioMembroagradeçeria muito o envio do “abstract” (o email esta no link).
Com relacao ao controle dessa “zona” de margem, acho que ai esta um ponto interessante (Como inferir no “piloto automatico”). Nao falei que é facil. Tenho a impressao que dentro de certos limites ate consigo algo. Mas sem duvida existem limites.
Curiosidade: Interessante a mente ter um papel modesto. A principio nao parece. Pergunta: Os estudiosos de filosofia de uma maneira geral concordam com essa colocacao ?
Certo. Eu tinha a impressao que usar um outro modelo traria confusao, como voce assim o demonstrou. OK: O uso do termo “piloto automatico” ajuda a identificar que estamos usando esse outro modelo.
12/03/2002 às 0:59 #76038Miguel (admin)MestreJá enviei Marcio.
Em relação à sua pergunta, não há uma linha definida até porque essa questão da mente acaba por entrar mais no domínio da psicologia.Mas o facto e que essa noção de insconsciente (e do seu peso) abalou muito a tradicional concepção de homem como ser racional que exerce o controlo sobre si próprio…de um modo geral, a história da filosofia sublinhou sempre essa dimensão racional…Freud traz-nos uma espécie de Homo demens…Ficamos, então, com a sua terminologia inicial e deixamos o Freud sossegado, está bem assim?
abs.12/03/2002 às 10:37 #76039márcioMembroCerto.
Livro: Obrigado. Curioso: o resumido “abstract” menciona constantemente a palavra Cerebro e no titulo usa a palavra Mente. Seria interessante ver se ele propoe um modelo posicionando o cerebro e a mente e por que nao, algo semelhante ao “piloto automatico”.
Olhando pela perspectiva desse modelo cerebro->piloto automatico->mente, analisar a atividade cerebral (PET) corresponde a analisar a atividade de todos os pensamentos, entretanto nem todos chegariam a mente (nem todos seriam “vistos” pelo “paciente”). Se o autor se concentrou tambem nesse ponto, a leitura deve ficar muito interessante …12/03/2002 às 10:50 #76040márcioMembroIsabel, dei uma olhada na Amazon.com e peguei alguns comentarios de leitores:
1. “… The book nods at other technologies that produce and/or record signals from the brain, including MRI and electroencephalography, but it is basically a book about PET. The acronym stands for Positron Emission Tomography.”
2. “… The problem with using brain imaging to understand how it works is that currently all the published papers contain irreproducible data. This means that these nice papers show us more noise than real data, and 'contribute' confusion rather than understanding.”
3. “Instead of more theory, Images Of Mind describes the machinery neuroscientists use to take all the pictures that have sparked all the theories about how the brain works. Complete with lush illustrations and lucid descriptions, Images takes the reader on a historical tour of the devices scientists have used to “watch” the mind work. From EEGs to PET scanners, Raichle and Posner describe how neurotechnological devices work and what they measure.”
12/03/2002 às 14:51 #76041Miguel (admin)Mestre“Seria interessante ver se ele propoe um modelo posicionando o cerebro e a mente”… eu estou no início do livro, mas parece-me haver uma certa primazia do cérebro sobre a mente…há até um capítulo intitulado “O cérebro desenvolve a mente”…surge também a possibilidade de os sentimentos conscientes poderem ser produzidos por macanismos biológicos básicos…
abs.12/03/2002 às 19:26 #76042Miguel (admin)MestreIsabel,
ref. a questão de se submeter incondicionalmente versus sujeição à, resignação e silênciar ….
como falar de liberdade me referindo a uma submissão ….. parece destoante, mais o que sucede é que essa submissão diz respeito à uma aceitação tácita do que está implícito no estado de ser feliz, ou na felicidade, quando nos deparamos com a felicidade, na verdade não é um estado absoluto que aterriza de repente, digamos , acredito que venha a ser consequência de outros muitos acontecimentos passados e produto de subniveis de pensamentos, de emoções, ambivalentes, dolorosas, são nesses nívels de processos que se enquadra o ato de sujeição, de resignação e de silêncio, não que seja algo premeditado objetivando a felicidade mais é algo inerente ao processo e cabe sermos , ora humildes, ora corajosos para caminhar sem atalhos de forma quem sabe apreciar a felicidade, sob uma optica mais humana e holística.
ref. comentário seu e do Márcio sobre a questão de viver intensamente devido a consciência que temos da morte . –
ref. viver intensamente / consciência da morte .-
me parece dimensionar a morte como sentido de vida, acredito que na maior parte dos casos, esses sentidos tomam ou melhor damo-lhes um atributo de poder maior seja profano ou sagrado, com o intuito preciso de nunca serem atingidos de fato e por isso eternamente almejados ; a morte, vista com sentido de viver intensamente , seria talvez como disse o Márcio uma referência que fizesse com que a vida ficasse no registro de vive-se para morrer, zerando com isso seu propósito ideal.
Márcio
ref. .- qual seria a condição que leva a crer que está perto da morte ?
acredito que não tenha uma condição concreta sobre o que levaria a uma pessoa estar mais condicionada à se sentir mais próxima da morte, pois a dor e a consciência de impotência frente ao inevitável podem ser fatores que favoreçam o estímulo à vida do que o contrário , nesse sentido, dependerá muito da leitura do sujeito , seus questionamentos , assim como da qualidade da vida desse sujeito, tal como mencionou , talvez a felicidade consista em se submeter de forma incondicional a sua qualidade de vida naquele momento, mais eu penso que essa modificação contextual limita a felicidade, na medida em que o sentido de o que seria essa qualidade de vida seria restringido a uma leitura subjetiva e por outro lado congelaria a felicidade à aquele momento … seria então um momento estanque … é nesse sentido que ocorram essas demarcações
de referências .A leitura da Isabel foi correcta na medida em que não deve-se apegar à morte como me referi acima.
Márcio
ref.- ausência de infelicidade pode parecer estar num estado de felicidade . –
acho pouco provável que a ausência de infelicidade implique num estado de felicidade .-
pelo q eu entendi essa ausência de infelicidade faz com que o sujeito por haver registrado, ou zerado certo comportamento, ( ou sentimento ? ) faz com que pense estar num estado de felicidade … é mais ou menos isso ? se for como fica a questão dos sentimentos ???
abs.
12/03/2002 às 19:30 #76043Miguel (admin)MestreMárcio,
quero ler com mais detalhes em mais tempo sobre a questao do piloto automático / mente/ cérebro, pois há muita informação tb …. voltarei a retomar esses pontos.
abs.
12/03/2002 às 23:26 #76044Miguel (admin)MestreKaren:
Eu compreendo o que quer dizer e até concordo que a felicidade resulte de tudo isso que referiu-“pensamentos, emoções ambivalentes, etc…”. O problema, para mim, reside nessa noção de “aceitação tácita” que me faz lembrar a anulação do indivíduo pela integração no todo. A questão é: o que é que está implícito no estado de ser feliz? É que, repare, aquilo que implicitamente constitui felicidade hoje, poderá não constituir amanhã, noutro contexto…pegando na perspectiva que o Marcio vem defendendo, essa “aceitação tácita do que está implícito no estado de ser feliz” dependeria das condições do momento em que eu ajustasse o tal ponto zero…
Eu penso que a sua perspectiva de felicidade é bonita, humana, diria até, ideal. Contudo, continuo a achar que, embora sejamos seres gregários, embora ninguém se possa tornar humano se está só (só com os outros nos tornamos humanos), eu morro só e só podemos pensar na felicidade na primeira pessoa, por mais aspectos envolventes que ela englobe, são os meus anseios, desejos, projectos…Penso que a felicidade passa por um acordo com o mundo e com nós próprios que acho ser impossível (ou quase) de alcançar. Vamos obtendo, vivendo pequenos sucedâneos de felicidade que, enganosamente, nos traduzem a ideia de felicidade…
…E um dia um homem feliz salta do cimo de um arranha-céus, definitivamente e para sempre, em direcção ao desconhecido…será isso o resultado, a afirmação da consciência-limite de que não é possível a felicidade, mas apenas sucedâneos ou, paradoxalmente, significará o topo de uma vida vivida na felicidade onde chegados ao extremo desse bem-estar, nada mais podemos aspirar a não ser ao eterno retorno do mesmo??…
Obs: é uma ideia radical, mas surgiu-me de momento!…
abs.13/03/2002 às 3:50 #76045Miguel (admin)MestreIsabel,
tb entendo seu ponto de vista e por ter uma visão por vezes, algo pragmática, posso compreender perfectamente o que vc disse . E essa visão de hj vem de um passado um tanto cético, mas embora possa parecer uma visão de felicidade romântica (talvez …) mais ao mesmo tempo real pela conotação de interdependência e humana ( social), não se insere numa anulação do indivíduo pela integração no todo, como vc disse, por conta da dita “aceitação tácita ” eu acredito q trata-se desprender-se do ego sem com isso perder as perspectivas individuais, nossos anseios, nossos desejos, eu diria que é um equilíbrio de energia diria psíquica dentre outras.
concordo parcialmente em que o que está implícito seja tão relativo, aliás o que está implícito no estado de ser feliz depende das variáveis , das condições e que sucessivamente vão “zerando-se ” digamos assim, mais por outro lado penso que na condicionalidade do estado da felicidade é inerente um sentido maior, seja sagrado ou profano que faz com que essa felicidade não seja demarcada por referencias que por ventura venham a ser re-inventadas novamente ou zeradas .
se o implícito é transparente demais ou quase obvio, a felicidade passa a ser uma apropriação a mais de nossos desejos , mesmo que nesses desejos participem terceiros , pois acredito também que a felicidade tem um carácter atemporal no que diz respeito ao tempo imediato em que ocorre, é muito sútil , quando descancarada não passa de uma ilusão , nesse sentido a consciência a limita tornando-a um sucedâneo, não quero dizer que a felicidade ocorra no nível do inconsciente, apenas resalto a questão da sua não temporalidade no imediato presente.
eterno retorno do bem-estar .-
parece ser que a partir de atingida a felicidade , vista como realização extrema do bem estar ou do gozo/prazer além do fisiológico, do sexual, pode-se dizer assim, um gozo talvez cósmico – alguns dependentes químicos depõem nesse sentido – a relação do prazer , regresso ao ventre , egresso da maturidade … , será que esse bem-estar que demanda essa aspiraçao não estaria inserido num nível de falta ( abstinência ) em contraposição ao estado de nirvana ( resolução de tensões)…
a proximidade do gozo com a dor pode vir a ser não tão excepcional assim e sim constituir-se um tipo de ideal…
abs.
13/03/2002 às 4:02 #76046Miguel (admin)MestreMárcio,
seria possível fazer uma leitura a partir do esquema que vc fez , usándo-se dos conteúdos ( mente, piloto automático, pensamentos, cérebro) na ocorrência de disfunções mentais ?
estou te pedindo isso pois vai me ajudar na minha leitura e compreensão …
a mente surge no cérebro humano e mantém com ele uma relação determinada …. a disfunção mental poderia talvez ser encarada como um capricho … sináptico .. ?
abs.
13/03/2002 às 4:26 #76047Miguel (admin)Mestrecomplemetando a anterior, não para efeito de justificativa pelo fato de ter aparentemente desviado do tema, mais nesse sentido , estou
refletindo sobre a possibilidade do gozo da felicidade ser tb talvez … tb parcialmente um caprinho sináptico ???abs.
13/03/2002 às 18:49 #76048Miguel (admin)MestreKaren:
A perpectiva da felicidade que defende parece, até certo ponto, tocar o estoicismo.
Para os estóicos a felicidade não é algo que vem de fora, mas está no sujeito, está na natureza, na aceitação. O homem é, por natureza, um elemento do sistema, uma parte dos cosmos.Parece-me estar presente esta ideia quando diz:“a felicidade mais é algo inerente ao processo e cabe sermos , ora humildes, ora corajosos para caminhar sem atalhos de forma quem sabe apreciar a felicidade, sob uma optica mais humana e holística.”
Para os estóicos o homem não se deve deixar aprisionar com a efemeridade das coisas. Estar preparado para a morte permite o acesso à eternidade. Viver cada momento como se ele tivesse a totalidade do tempo.
Isto parece-me sugerido quando afirma que
“a felicidade tem um carácter atemporal no que diz respeito ao tempo imediato em que ocorre” ou quando fala na “questão da sua não temporalidade no imediato presente.”Traços que encontrei comuns…não sei até que ponto não estarei a deturpar a sua concepção de felicidade, mas parece-me bastante estóica!!
abs.13/03/2002 às 19:33 #76049márcioMembrocapitulo “O cérebro desenvolve a mente”…
Curioso. Baseado no esquema proposto, eu diria que:1. a mente [tambem] desenvolve o cerebro.
2. o piloto automatico [tambem] desenvolve o cerebro.
3. o cerebro [tambem] se desenvolve por si proprio.Entendo que o mecanismo ordenado de feedback da mente, e em menor escala o do piloto automatico, acrescentam um sobrecarga extra de trabalho para o cerebro, que no final das contas, promove desenvolvimento.
A mente seria apenas a parte do cerebro que “vemos” (os pensamentos maiores). Talvez possamos ampliar o nosso “campo de visao” e “ver” mais do cerebro (pensamentos menores). Outro ponto importante seria aprender os meandros da mente para conduzir uma eficiente acao de feedback no cerebro. Algo como realmente aprender a pensar.
“Surge também a possibilidade de os sentimentos conscientes poderem ser produzidos por mecanismos biológicos básicos…”
Poderiamos admitir:
Mecanismos biologicos basicos = Cerebro ?
Sentimentos = Pensamentos capitados pelo Piloto Automatico ? -
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