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13/03/2002 às 20:02 #76050Miguel (admin)Mestre
“Aprender a pensar” poderia indicar-nos um caminho da felicidade, nos moldes em que tem referido, Márcio, já que isso permitiria ajustar de modo coerente a ilusão???
Substituiria:
Sentimentos=Pensamentos captados pela mente (talvez porque inconscientemente tenha presente o Freud…)Sim, a mente estimularia o cérebro…
13/03/2002 às 22:02 #76051márcioMembro“aprender a pensar” em ultima instancia, poderia significar adquirir a capacidade de modificar o cerebro ao ponto de que mesmo aqueles “pensamentos menores” (sentimentos?) emitidos pelo cerebro e nao percebidos pela mente, mas sim pelo piloto automatico nao fossem geradores de infelicidade.
Acho que uma ilusao corretamente estabelecida, pode ser uma forma.Sentimentos = Pensamentos captados pela mente ?
curioso: Feche os olhos e ouvidos (reduzindo a entrada de pensamentos/sinais), procurando apenas “olhar” aqueles pensamentos que chegam na mente. Seriam os Sentimentos “visiveis” pela mente ? A principio, penso que nao. Nao consigo “ve-los” com a mente. Mas sei que eles estao presentes. Por deducao, imagino que eles estao sendo captados pelo piloto automatico e de la para o meu ser biologico.13/03/2002 às 22:22 #76052márcioMembroKaren, disfuncoes mentais. Nao entendo disso mas vamos tentar usar o “modelo”, afinal um modelo é para isso, fornecer respostas para as nossas perguntas.
Disfuncoes Mentais. Talvez a principio fosse interessante encarar como Disfuncoes Cerebrais.
O Cerebro gera os pensamentos. Por algum motivo, ele pode estar falhando nessa funcao.
A Mente “ve” esses pensamentos. Se eles estao de alguma forma comprometidos, podemos dizer que a mente tambem vai estar comprometida pois ela estara “vendo” pensamentos comprometidos.
Por sua vez, o piloto automatico tambem estara “vendo” pensamentos comprometidos e implicitamente o ser biologico estara sendo guiado por instrucoes comprometidas. Caos !!Talvez com ajuda externa (palavras vindas de uma mente externa que “ve” um cerebro em boas condicoes) a mente que “ve” o cerebro com disfuncoes, possa produzir um feedback que lentamente inicie um processo de mudanca biologica no cerebro disfuncional.
O problema é aprender a induzir corretamente esse feedback no cerebro (conscientemente, nao sei como).14/03/2002 às 0:07 #76053Miguel (admin)MestreEm última análise, a “chave” estaria no controle da mente sobre o cérebro que é o gerador de pensamentos?
“Sentimentos = Pensamentos captados pela mente ?
curioso: Feche os olhos e ouvidos (reduzindo a entrada de pensamentos/sinais), procurando apenas “olhar” aqueles pensamentos que chegam na mente. Seriam os Sentimentos “visiveis” pela mente ?”…Se fechar as “portas” aos estímulos externos tenho acesso a estímulos internos e, portanto, (eu acho) talvez eu consiga “ver” com a mente esses pensamentos que não “veria” de outra forma…não sei…suposições…14/03/2002 às 0:27 #76054Miguel (admin)MestreBem, vou tentar dar uma “ajuda” em relação ao que a Karen pediu ao Marcio em relação à aplicação do esquema cérebro/piloto automático/mente e disfunções mentais (cerebrais)…
As perturbações mentais resultam, de um modo geral, da existência de sistemas cerebrais afectados (sistema cerebral afectado= perturbação mental).
Há que distinguir, contudo, aquilo que se chama de distúrbios neurológicos que se prendem com lesões cerebrais e distúrbios psiquiátricos que não se prendem com lesões cerebrais (já não estaríamos ao nível do cérebro, mas daquilo que é descodoficado pelo piloto automático e pela mente…)mas com o “dano” de operações cognitivas e aspectos emocionais.Há ainda, neste momento,muito terreno a desbravar no estabelecimento de relações directas entre determinadas perturbações mentais e uma base fisiológica. Sabemos que há perturbações, como por exemplo, o déficit de atenção, que implica a presença de neuroquímicos envolvidos na manutenção da excitação e do estado mental associado ao sonho. Se estes neuroquímicos não estiverem a funcionar bem- a dopamina, p.ex.-a atenção não pode operar normalmente…
Sugere-se também hoje que a depressão grave tem (como já foi referido neste fórum) uma base neurológica…
Ou seja, parece-me que nesta óptica, o cérebro começa a ganhar algum terreno o que poria um pouco em causa o que o Marcio referiu acima acerca de potenciar o feed-back da mente no sentido de processar uma mudança biológica no cérebro…
Uma coisa…penso que nos estamos a afastar bastante da discussão inicial…sugeria que procurassemos aproximar-nos mais da relação de tudo isso com a felicidade!…
abs.14/03/2002 às 0:54 #76055Miguel (admin)MestreUma ideia:
distúrbios psiquiátricos=funcionamento deficiente do piloto automático
Uma possibilidade???
14/03/2002 às 3:19 #76056Miguel (admin)MestreUm extracto sobre sanidade:
Muito antes que uma guerra termonuclear possa sobrevir, teremos precisado dar cabo da nossa própria sanidade. Começamos com as crianças. É imperativo surpreendê-las a tempo. Sem a mais completa e rápida lavagem cerebral, suas mentes sujas seriam capazes de ver através dos nossos truques sujos. As crianças ainda não são tolas, mas nós as transformaremos em imbecis como nós mesmos, se possível com altos QIs.
Desde os instante do nascimento, quando o bebê da Idade da Pedra se vê diante da mãe do século XX, a criança é sujeita às forças da violência, chamadas amor, como o foram, antes dela, sua mãe, seu pai, o pai e mãe de seus pais e os pais dos pais de seus pais. Essas forças se concentram principalmente em destruir a maior parte de suas potencialidades e, de um modo geral, esse empreendimento é bem-sucedido. Na época em que o novo ser humano atinge os quinze anos, ou coisa que o valha, vemo-nos ao lado de um ser como nós mesmos, uma criatura meio enlouquecida, mais ou menos ajustada a um mundo louco. Em nossa era atual isso é normalidade….
A condição de alienação, de estar adormecido, de estar inconsciente, de estar fora de si, é a condição do homem normal.
A sociedade dá grande valor ao seu homem normal. Educa as crianças para que se percam e se tornem absurdas e, assim, se normalizem.
Os homens normais já mataram talvez 100 milhões de semelhantes normais nos últimos cinquenta anos.
do, na minha opinião, visionário psiquiatra Ronald David Laing em “A Política da Experiência”. Se não me engano escrito na década de 60.Um jogo de regras autocontraditórias?
abs.
14/03/2002 às 13:18 #76057Miguel (admin)MestreIsabel
ref. estoicismo versus felicidade ( meu ponto de vista). –
fiquei surpresa pelo fato da noção que tenho de felicidade estar parcialmente enquadrada num sistema filosófico, de fato , aparentemente, parece que isso ocorre, no entanto, pelo o que entendo do estoicismo, há alguns pontos destoantes , ainda bem … pois ficaria muito surpresa ( decepcioanda ) caso se enquadrasse.
essa visão não ilimina o imediato nem os aspectos sensíveis, o homem tb é libertado de uma dependência externa, por conta da busca da harmonia com os cosmos para fins de adquisição da felicidade, no entanto, tudo isso será mediado pela razão correcta, nesse sentido, o homem comum deverá refletir racionalmente acerca da ação a ser tomada , a qual é determinada por causas antecedentes, que eles chama de causas auxiliares.
O ponto que me separa digamos um pouco dessa visão é a questão desse racionalismo espiritualista, pois o que torna a felicidade passível de ser alcançada seria uma ordenação “harmonica” com a natureza, fazendo que a razão tome corpo de tudo.
Nesse sentido, a paixão é comparável à loucura ou transtorno orgânico, pois a paixão implicaria em perda de controle.
Daí que surja uma tendencia apática, e a busca da felicidade mediante malabarismo mentais , ou através da serenidade intelectual, ou como Freud denominou tb de “felicidade de quietude ” , se bem Freud se referia e essa felicidade , ou melhor, a esse método de tentar alcançar a felicidade mediante um afastamento voluntário decorrente de sofrimentos nos relacionamentos humanos, mas enfim , voltando à questão dos estoicos, não me alinho nesse sentido, por conta desse afastamento das paixões, que vejo como fuga, e pelo fato de ter uma razão mediadora e ponto crucial para a obtenção da felicidade.
Mais concordo em que alguns pontos aparentes parece ser estoica, tenho q admiti q meu conhecimento do estoicismo é limitado e que o meu comentário é uma leitura do mesmo.
abs.
14/03/2002 às 13:42 #76058Miguel (admin)MestreMárcio ,
estou relendo alguns pontos anteriores, e para tentar compreender o raciocínio mente -cérebro, gostaria de entender alguns pontos :
a felicidade é uma ilusão provocada pelo cérebro .-
nesse sentido vc acharia correcto fazer a seguinte leitura : a possibilidade de que certos estados de “felicidade ” pode vir ser alcançada pelo fato do corpo ter substâncias naturais, tal como a serotonina, que provocariam sensações de “euforia “; essas substâncias ao mesmo tempo, seriam ativadas pela oração, meditação, contemplação, certas atividades físicas , cantos e estados profundos de concentração da alma ….
nesse sentido para poder compreender o que viria , ou melhor , onde se situaria a mente no seu raciocínio, pois vc mencionou q a mente seria parte do cérebro, nesse sentido a mente está sitiada no cérebro ??? e se for o caso, a mente seria im processo cerebral, e a partir desse ponto é admitir que têm limites e regras , assim passível de disfunções.
” Concomitantemente com uma nova visão do mental, surge uma nova psiquiatria, não mais confinada nos hospícios e tratada como tabu , mais inserida no dia-a-dia de todos aqueles que entendem os conceitos básicos de operação cerebral. A disfunção mental deixa de ser estigma, transformando-se na evidência de que um órgão tão complexo quanto o cérebro e um produto tão rico quanto a mente constituem fenômenos delicados e com enorme potencial de desvio. ”
( O Sítio da Mente .- Del Nero , Henrique Schutzer ).
abs.
14/03/2002 às 13:58 #76059Miguel (admin)MestreAlex,
a normalidade legitimaria uma loucura ao avesso , porque a loucura no seu sentido dialéctico seria sufocada, nesse sentido a contradição nesse jogo “lúdico ” está próximo de um jogo estático, em que as cartas já estão marcadas ….
Heráclito remete a idéia de que o jogo redime o filósofo de notórios dogmatismos e o preserva para a liberdade reinaugurada em cada vida …
porcos …
” Porcos deleitam-se com pocilgas mais do que com água limpa. ( B13).
e o que viria a significar a felicidade para esses seres humanos normais ?
abs.
14/03/2002 às 14:59 #76060Miguel (admin)MestreA propósito de sanidade…
“A que tentações, a que extremos nos conduz a lucidez! Abandoná-la-emos para nos refugiarmos na inconsciência? Qualquer pessoa pode salvar-se por meio do sono, qualquer pessoa tem génio quando dorme: não há a menor diferença entre os sonhos de um carniceiro e os sonhos de um poeta. Mas a nossa clarividência não pode tolerar que semelhante maravilha seja duradoura, nem que a inspiração fique assim ao alcance de todos: o dia arrebata-nos os dons que a noite nos concede. Só o louco possui o privilégio de passar sem barreiras da existência nocturna para a existência diurna: não há qualquer distinção entre os seus sonhos e a sua vigília. Renunciou à nossa razão como o mendigo aos nossos bens. Um e outro descobriram o caminho que leva para lá do sofrimento, um e outro resolveram todos os nossos problemas; por isso permanecem como modelos que não podemos seguir, salvadores sem adeptos”
“Devemos a quase totalidade das nossas descobertas às nossas violências, à exarcebação do nosso desequilíbrio”…
E.M.Cioran
15/03/2002 às 12:06 #76061Miguel (admin)MestreOlá
como já dito antes… o consumo de prozac cresce geometricamente…isto, acredito, é resultado da nossa adolescência tecnológica, pois adquirimos um grande controle “exterior”…um domínio.Ao avaliarmos a nossa espécie, ou a evolução humana, do ponto de vista do conhecimento “exterior” podemos dizer que evoluímos, contudo, a perspectiva contrária(mundo “interior”) já nos indica resultados muito diferentes.A saber: o grande consumo da pílula do prazer….Dizer que os sonhos, as fantasias, os transes ou a imaginação não são realidades, pois não costumam ter presença na realidade “exterior” é tão dogmático quanto dizer que a mulher é um produto direto da costela de um adão, digo, é um argumento fundado na fé…como já dito antes, segundo Freud e Jung “o inconsciente” é apenas aquilo de que nós em nossa histórica alienação não temos consciência… Em termos gerais podemos dizer que o inconsciente faz parte de nós.. e age sobre nós sem que tenhamos consciencia disto… Podemos dizer, desta forma, que o inconsciente tem mais conscienca de nós do que nós temos consciencia dele…O que quero dizer é que não precisamos ser inconscientes de nosso mundo “interior”… Vivemos a adolescência tecnológica…
Karein..
esta é a questão…. é possível a felicidade para atual humanidade?
na mesma linha de R. Laing… temos muitos anos antes um gênio de Dostoiewski que ensina:
“Mas prestem-me atenção por um momento. Não estou tentando justificar-me dizendo todos nós. Quanto a mim, tudo que fiz foi levar até o limite extremo o que vocês não tiveram a coragem de empurrar nem mesmo até a metade do caminho – tomando a sua coverdia por sensatez e, assim, fazendo-os sentir-se melhor. Assim, ainda posso mostrar que estou mais vivo do que vocês, afinal. Vamos olhem mais uma vez para isso! Hoje nem sabemos sequer onde está a verdadeira vida, o que ela é, nem como se chama! Deixados a sós sem literatura, imediatamente nos enredamos e perdemos – não sabemos ao que devemos associar-nos, o que devemos acompanhar; o que devemos amar, o que devemos odiar; o que devemos respeitar, o que devemos desprezar! Achamos até doloroso ser homens de carne e osso, e com o nosso próprio corpo particular; temos vergonha dele a ansiamos por converter-nos em algo hipotético chamado homem médio. Somos natimortos e, durante muito tempo, fomos trazidos ao mundo por pais que também estão mortos: e gostamos cada vez mais dele. Estamos desenvolvendo uma inclinação a ele, por assim dizer. Logo inventaremos um jeito de ser gerados inteiramente po idéias.” Notas do Subterrâneose o cientista não experimentar(e é possível experimentar) os sonhos os transes ele não poderá transpor a barreira que deseja… alguns que ousaram experimentar
o psiquiatra R. laing, o fisíco nuclear David Bohm, o teorico da psicologia transpessoal Ken Wilber, o filósofo-místico-e-genial Aldous Huxley, físico nuclear Fritjof Capra, o psiquiatra Stanislav Grof, o médico oncologista Carl Simonton e o premiado físico Amit Goswami, entre outros, ousaram desafiar o dogmático mundo acadêmico…ousar perceber
abs.
15/03/2002 às 15:59 #76062Miguel (admin)MestreAlex:
Gostei muito da sua frase:
“o inconsciente tem mais consciencia de nós do que nós temos consciencia dele…”
talvez porque a consciência desse interior seja dolorosa, porque simplesmente o caminho mais fácil é o mais desejado pelo “homem normal”…a pílula do prazer transfigurou o nosso mundo interior…por pouco, temos acesso a muito…ilusão. A sociedade do Prosac vive de inutilidade e esquecimento! “Feliz o que não pensa”, “diz” lá dentro da caixinha, na literatura inclusa, “feliz o que não pensa”…vivemos na “cultura McDonald” acreditando num desenvolvimento sustentável à custa da inconsciência partilhada!…Se é possível a felicidade num mundo assim? Na dimensão da realidade de uma qualquer ilusão…
“Assim se vive, e é pouco para nos julgarmos superiores aos animais. A nossa diferença deles consiste no pormenor puramente externo de falarmos e escrevermos, de termos inteligência abstracta para nos distrairmos de a ter concreta, e de imaginar coisas impossíveis. Tudo isso, porém, são acidentes do nosso organismo fundamental. O falar e escrever nada fazem de novo ao nosso instinto primordial de viver sem saber como.A nossa inteligência abstracta não serve senão para fazer sistemas, ou ideias meio-sistemas, do que nos animais é estar ao sol. (…) Todo o mundo, toda a vida, é um vasto sistema de insconsciências operando através de consciências individuais”.
F.Pessoa16/03/2002 às 3:22 #76063Miguel (admin)MestreAlex,
.- felicidade … exercício da liberdade em busca do prazer …?
” Hoje eu olho pro meu braço … eu sinto a maior felicidade com meu braço. Antes eu não conseguia olhar para ele . Ele era todo picado.”
(trecho de uma declaração de um usuário de drogas da Comunidade Terapêutica Maxwel).
viver no sentido extremo .-
seria apenas viver de acordo com a condição de sermos humanos, não sermos invenções e/ou representações de nós mesmos (fragmentos ) , ser sendo um todo em contínuo … para não corrermos o risco de sermos inventados por uma idéia/fragmento de representação concreta.
abs.
18/03/2002 às 1:04 #76064márcioMembroIsabel, super obrigado por ter enviado o material “scaneado” (sobre mente/cerebro). Li com muito interesse.
Curiosidade: Interessante a colocacao que Descartes teve que separar diametralmente mente de cerebro (dualidade) para que a Igreja daquela epoca, permitisse o estudo do cerebro, uma vez que a consciencia (a essencia divina) nao estava no cerebro e sim na mente.
Parece que em funcao disso (conclusao minha), fizemos (ou ainda estamos fazendo) um longo loop e somente agora (parece) que estamos começando a “aceitar” (ou entender) a “fusao” mente-cerebro.
Mesmo assim ainda parece que existem divergencias, por exemplo, a “memoria” ser classificada como um processo mental e nao um processo cerebral. -
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