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Miguel (admin)Mestre
Muito rica a discussão acima, parabéns a todos pelo conhecimento.
Me arrisco a fazer uma colocação:
Observando a história de uma forma mais ampla, percebemos que, até pouco tempo, estavamos em um processo de segmentação do conhecimento. Todas as escolas estavam (e algumas ainda estão)se dividindo e se especializando, o que levou a ciência a se distanciar cada vez mais das bases filosoficas. A própria filosofia passou por esta segmentação, formando a filosofia física ou natural, filosofia positiva, filosofia racional, filosofia social, filosofia transcendente, entre outras que servem de berço para diversos áreas científicas. A medida que este processo foi crescendo, as diversas subdivisões do conhecimento foram esbarrando umas nas outras. Atualmente o que muito se nota é a fusão destes conhecimentos que se tornaram especialistas de um determinado assunto, dependendo uns dos outros para obter melhores resultados, ou seja, dentro do meu ponto de vista, a ciência já passou pela fase do distanciamento da filosofia na grande maioria de seus assuntos e, na atual situação, volta a recorrer as origens filosoficas para aplicar e complementar suas descobertas. O conhecimento hoje tende a ser holístico. Apenas como exemplo, Aristóteles foi o pai da lógica, e praticamente nenhuma ciência sobrevive sem ela. Por mais que não percebamos, jamais poderemos negar a origem dos questionamentos científicos são filosóficos e por este fato não podemos desvincular a ciência da filosofia. Para entendermos de um assunto, precisamos recorrer as origens…Miguel (admin)MestreConcordo, eu porém entendi que ela queria “filósofas” e não filósofas. Explico. Não existe um chaunismo na mesma medida em que existe um hegelianismo ou um platonismo. Ou seja, a contribuição dela, creio eu, é no campo da historiografia e dos comentadores. Uma enorme contribuição, sem dúvida, especialmente na área de filosofia moderna, embora eu não conheça o bastante para julgar. Eu apenas quis destacar essa diferença entre o filósofo autor e o filósofo que é aquele que lê profissionalmente textos de filosofia e escreve profissionalmente sobre filósofos autores. Segundo a própria Chaui diz, em algumas entrevistas que dela li, ela se encaixa mais na segunda categoria. Embora talvez ela seja em certos aspectos uma filósofa “autora”, pois tem, alguns estudos originalíssimos sobre a realidade brasileira.
A discussão perde a relevância, porém, diante do brilho e competência da professora, uma das pessoas que mais contribuiu e contribui para a filosofia do país. É tudo.
Miguel (admin)MestrePeço desculpas pelo meu equívoco. Dou minha mão à palmatória, que se repare o palpite: a Profa. Marilena Chauí é da Universidade de São Paulo. É muito válida a correção, não obstante, sendo da USP ou da UNICAMP, em nada se altera o que ela é e significa.
Por outro lado, o que se pretende com referência a uma produção filosófica própria a âmbito mundial? Em que tal referência presta como critério conclusivo para a avaliação do trabalho intelectual de alguém?
O fato é que não há como não percebê-la, seja como historiadora, como comentarista, seja lá como for, voltada a uma preocupação e pensamento nas circunstâncias e métodos pretendidos dos filósofos.
Miguel (admin)MestreEm filosofia, muitos termos tem o significado diferente do usado no senso comum.
Por exemplo, para o senso comum e opinião vulga, alienação é uma espécie de afastamento do mundo e ideologia é um sistema de idéias que busca um ideal.
Para filosofia, no entanto, ideologia é um termo mais especificamente usado na terminologia marxista, principalmente a partir da obra “A Ideologias Alemã” de Karl Marx, no qual este critica os filósofos alemães pós kantianos e os hegelianos de esquerda por reivindicar que a revolução que empreenderam no campo das idéias foi mais importante do que a Revolução Francesa, por exemplo. A isso se segue o famoso corolário: “Os filósofos de todos os tempos se preocuparam em interpretar o mundo, agora devem transformá-lo”.
O termo ideologia tem outras utilizações, e foi primeiramente usado por um grupo de pensadores denominado ideólogos, comandados por Destutt de Tracy.
Já a alienação é outro termo que adquire maior relevância na terminologia marxista, especialmente por causa dos manuscritos econômico-filosóficos de 1844. A alienação é uma espécie de idéia precursora do conceito posteriormente desenvolvido na obra-prima Capitasl, o fetiche.
A alienação é o estranhamento do trabalhador com o produto do seu trabalho, algo típico da mudança do modo de produção pela revolução industrial. O trabalhador perde o contato e o controle com o produto final de seu trabalho. É quase uma perda de sua essência. Assim, ele é levado a projetar uma essência num plano supra-mundano.Estes tópicos são melhor desenvolvidos em A maturação no pensamento de Marx
Miguel (admin)MestrePreciso fazer um trabalho sobre senso comum e ideologia,urgente!!!!!!!
16/04/2001 às 18:08 em resposta a: Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os h… #74370Miguel (admin)MestreOlá
Temos algum texto sobre Rousseau aqui no site. Você pode encontrá-los Na seção de filosofia moderna . Eles fazem referências sobre o tema, porém, o meu trabalho específico sobre o livro eu não publiquei. Se você falar mais especificamente o que quer, poderemos conversar sobre aqui mesmo.
Aliás, existe uma edição da UnB que é toda comentada por um professor francês, e a tradução é bastante responsável também.
Miguel (admin)MestreO existencialismo sartreano é ateu. Deste ateísmo parte uma condição de liberdade total no arbítrio humano. De fato, ele chega mesmo a dizer que o homem está condenado a ser livre. Essa liberdade pode gerar uma angústia, mas ela não implica de irresponsabilidade. Ao tomar uma decisão, ao praticar um ato, espelho a humanidade inteira em minhas intenções.
Miguel (admin)MestreOlá.
O único problema é que Marilena Chaui é da USP, e não da Unicamp. Além disso, ela é uma historiadora da filosofia, professora, e comentadora brilhante, mas não tem uma produção filosófica própria a âmbito mundial…
Mas é mais uma prova de que as mulheres estão com tudo no Brasil. Ela é sem dúvida a maior filósofa brasileira.
Miguel (admin)Mestre…de certo não somos iguais…. um homem saciado e um homem faminto olham para o pão de maneira diferente….externas são as coisas pelas quais as pessoas costumam formar opiniões…
Miguel (admin)Mestreolá marcus
…penso que a justiça não aceita o cativeiro imposto pelo lógica.. isto nos dá a sensação de que ela, a justiça, seja APENAS sobrenatural, pois aprendemos que tudo pode ser resolvido pelo mesmo processo, o processo da lógica..esse ensinamento nos esvazia de nosso caminho….
…átila era considerado o flagelo de deus em sua época.. um instrumento do sobrenatural, justo ou injusto(?)
…as pessoas não estão conscientes do seu condicionamento… e quando não compreendem algo, simplesmente, afirmam-na inútil…isto faz lembrar a fábula do falcão do rei que pousou numa ruína habitada por corujas.. estas concluíram que ele viera com o propósito de expulsá-las da sua casa e tomar posse dela… contudo…o falcão diz “esta ruína pode parecer-lhes um sítio próspero, mas para mim o melhor lugar é o braço do rei”… e algumas corujas gritaram “não acreditem.. ele está mentindo para roubar-nos a casa….” …e nessa sócrates foi condenado a tomar cicuta e cristo crucificado…
…penso que a justiça-absoluta é possível, pois não só no campo do direito como em todo o processo de nossas vidas estamos tomando decisões para conosco e para com os outros.. agora para alcança-la, a justiça(?!)….sabemos que a lã na presença de um homem de conhecimento transforma-se em tapete..e a terra em palácio…e o que seria do dia sem a noite(?).. e da mesma forma pergunto: o que seria da justiça sem a injustiça(?)… tanto uma quanto a outra causam em nós certas sensações… contudo é preciso ter consciência dos condicionamentos para se ter consciência do que é justiça e do que é injustiça…
..hans kelsen tem uma excelente obra(a meu ver) que fala sobre este assunto no campo do direito, chama-se A ILUSÃO DA JUSTIÇA… nesta obra ele comenta que apenas duas grandes cabeças foram a fundo nesta questão.. uma cingida pela glória da especulação filosófica de um Platão, a outra pela coroa de espinhos da crença religiosa de um Jesus de Nazaré que paga com sua vida…a obra de kelsen basicamente é espelhada nas idéias de Platão…
abs
Miguel (admin)MestreÉrico,
Tenho ainda um nome para sua lista, este de uma brasileira que, sem dúvidas, muito merece reconhecimento pela sua valiosa produção – Marilena Chaui, da UNICAMP. Espero que concorde.
Miguel (admin)MestreErico,
Eu acrescentaria à lista do Miguel a filósofa Hannah Arendt, e sua principal obra “A Condição Humana”. Hannah, de origem alemã, foi aluna de Heidegger, Husserl e Karl Jaspers.
Miguel (admin)MestreÀ todos
Partindo do final da mensagem do Alex, vemos a contraposição entre igreja e ciência, tão diletada por Freud. Partindo do conceito de Igualdade -reza o princípio constitucional que todos somos iguais perante a lei -, e analisando os 3 pilares da humanidade, quais sejam, a Família, a Religião e a Escola, vemos claramente que não existe Igualdade entre os homens.
Tomemos a Bíblia: “Ora, o Senhor disse a Abraão:..E eu farei sair de ti um grande povo, e te abençoarei, e engrandecerei o teu nome, e serás bendito” (Gn.12:1,2). “Ora, ele (Abraão) era muito rico em ouro e prata”(Gn.13,2). “Rico e pobre encontram-se: o Senhor criou a ambos”(Pr.22,2). Onde está a igualdade, se o Deus da Bíblia criou e pregou diferenças?
Na realidade, quando damos iguais condições a duas pessoas, e uma tem inerente um maior potencial de melhor trabalhar estas condições, fatalmente vai amealhar melhores resultados que a outra, tornando-se desigual. Se, por outro lado, damos mais condições ao menos avantajado, estamos pregando a desigualdade. Em suma, igualdade é uopia. Somos iguais em nascimento: Temos o direito divino ao ar que respiramos. O resto é conquistado.Miguel (admin)MestrePrezada Lívia,
No meu entendimento a alegoria do Mito da Caverna foi uma forma de Platão superar os pensamentos de Parmênides e de Heráclito. Para Parmênides o Ser era uno e imutável(“o ser é e não pode não-ser”), constratando com a visão Heraclitiana de que tudo flui (“ninguém pode tomar banho duas vezes no mesmo rio”). No Mito da Caverna pretende Platão sinalizar a divisão do mundo em dois planos, a saber, o mundo das essências (idéias), onde tudo é imutável e o mundo sensível, onde tudo que existe é simulacro do mundo das essências. Dentro desse raciocínio, acredito que a analogia possível seria a de que a mídia contribui para confirmar a tese platônica de que o que aqui conhecemos é cópia imperfeita da verdadeira essência das coisas. Acho que é isso. Não sei se consegui clarear um pouco mais a alegoria do Mito da Caverna, de modo a que você mesma encontre a resposta para a sua pergunta.
Miguel (admin)MestreRetomando essa discussão inacabada, quero externar meu ponto de vista que, à luz da obra deixada por Marx, não existe a menor possibilidade de se inferir sobre o seu ateísmo ou não. O que Marx registrou, com bastante clareza, foi o efeito nocivo da religião sobre o desenvolvimento do homem como ser social. A religião, e em especial o cristianismo, na visão de Marx, contribuía para inibir uma “praxis” que pudesse levar, ao pleno desenvolvimento material de vida, as classes exploradas (camponeses e proletariado). A religião prometia o reino dos céus, enquanto que para Marx o homem tinha o direito e o dever de construir sua felicidade no plano terreno. Nesse aspecto ele foi tão-somente pragmático e não ateu. De qualquer forma, é irrelevante se saber qual era a crença de Marx, mesmo que tenha sido ateu, legou-nos uma obra permeada de senso de equidade e justiça, talvez tenha sido mais cristão do que o próprio Cristo.
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