Miguel (admin)

Respostas no Fórum

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  • em resposta a: Existencialismo na educação #80153

    Sim, em “Temor e Tremor”, Kierkegaard reflete sobre o significado da fé e analisa o caso paradigmático de Abraão. É um clássico da literatura, não é uma leitura fácil, mas traz passagens de rara beleza e profundidade. A propósito, leia com atenção para não levar gato por lebre, o texto é recheado de ironia :-)

    em resposta a: Filosofia Oriental #80113

    Eu discordo. Se não fosse um tipo de sabedoria tão comum, o rei não procuraria ocultar a miséria de seu povo de uma forma tão maquiavélica. Ou seja, o rei era esperto o bastante para saber quais sentimentos esse conhecimento despertaria no jovem. Isso é só mais um indício de que essa sabedoria já não vinha sendo posta em prática, desde aqueles tempos remotos…

    …e o que aconteceu com o jovem Gautama não é muito diferente do que acontece com muitos jovens das classes altas atualmente…

    em resposta a: Filosofia Oriental #80112

    Talvez hoje esse tipo de sabedoria pareça comum para nós, mas na época talvez não fosse uma conclusão tão obvia.
    O mais interessante é que, mesmo sabendo disso, nós não colocamos em prática.
    Mas postei sobre o budismo pois o fórum é sobre filosofia oriental de modo geral. Por isso vou postar coisas desse tipo, que tenham a ver com a cultura oriental.
    Foi uma excelente idéia esse fórum, para fugir do comum (filosofia ocidental) e para conhecermos valores que as vezes são ignorados ou desprezados pelo resto do mundo.

    em resposta a: Filosofia Oriental #80111

    Olha, penso que não seja preciso ser algum Buda pra chegar a esse tipo de sabedoria.

    MIDEN AGAN

    em resposta a: Filosofia Oriental #80110

    História do budismo:
    O nome primitivo do Buda era Siddhartha Sakya-muni Gautama. Era um atleta e numa competição ganhou a mão de sua futura esposa. Nasceu cinco séculos antes de Jesus, na Índia, filho de poderoso Rajá. Portanto ele tinha origem nobre e farta, até os quinze anos de idade não conheceu nenhuma forma de dor, velhice ou tristeza. Seu pai fazia questão de educa-lo para ser um rei, e criou o jovem Gautama numa “redoma de vidro”. O rei escondeu do príncipe o sofrimento do mundo. Toda vez que Gautama visitava a cidade, seu pai ordenava que se escondessem os doentes, os velhos, os mortos, a fome e mandava jogar pétalas de flores nas ruas.
    Um dia, quando Gautama ia até a cidade, o cocheiro da carruagem fez, a pedido de Gautama, um caminho diferente. Assim o príncipe viu pela primeira vez, o sofrimento, a morte, a dor da existência humana. Foi um choque! Ele se propôs a questionar sobre o sofrimento do mundo (por que as pessoas sofrem tanto? Por que existe a tristeza, a dor, a velhice, a morte?).
    Para buscar respostas, tornou-se monge. Na época os monges viviam uma vida de total desapego material, a ponto de beber água exclusivamente da chuva. Gautama, assim o fez, renunciou ao seu reino e tentou viver negando a matéria e o luxo.
    Um dia, ao ver uma tocadora de cítara, observou que a corda do instrumento deve ter uma tensão para produzir a nota. E que esta tensão não pode ser muito forte, se assim fosse a corda se arrebentaria. E a tensão não deve ser muito fraca, se assim fosse a corda não produziria som. Assim o Gautama entendeu que o caminho do meio (nem o luxo excessivo e nem o desapego total) seria o melhor caminho. Quando atingiu sua “iluminação” após meditar por muito tempo, se tornou Buda e chegou a conclusão que a verdadeira sabedoria é viver o caminho do meio (sem extremos, nem faltando e nem sobrando). O caminho do meio é como a corda de uma cítara: não se pode tocar o instrumento deixando a corda larga demais, nem esticada demais, (é preciso a medida exata). Passou a ensinar a nova doutrina que pregava o caminho do meio e a alegria não da posse, mas da renúncia.Assim como Jesus e Maomé, Buda teve vários discípulos.

    Parábolas budistas:
    As parábolas ilustram com estórias a moral de uma doutrina.

    A parábola da semente de mostarda

    Conta-se que certa vez uma mãe ficou desesperada quando seu pequeno filho faleceu. Ela andava com o corpo do menino por todos os lugares procurando um remédio que o ressuscitasse. Todos diziam: está doida, a criança está morta!
    Finalmente encontrou um camponês que respondeu a suplica dizendo: não tenho o remédio, mas procure o Buda. A mulher encontrou o Buda, e perguntou a ele se havia um remédio. O Buda disse: Sim, há um remédio que pode curar teu filho e a ti. Tudo que deves fazer é encontrar um grão de mostarda, porém esse grão deve ser dado por uma família onde nenhuma pessoa da casa, nenhum parente, nenhum servo tenha morrido.
    A mulher começou sua busca. Sempre que encontrava uma casa ela pedia uma semente de mostarda para curar seu filho. As pessoas demonstravam intenção em dar a semente, mas quando a mulher perguntava se já havia morrido alguém daquela casa, ou parente ou servo a resposta era sempre a mesma: Sim.
    A mãe encontrava sempre pessoas dispostas a dar a semente, mas nenhuma casa estava livre da morte, sendo assim, nenhuma semente serviria. Vendo isso, a mulher foi até a floresta e enterrou seu filho. Em seguida retornou ao Buda dizendo: Não encontrei tal semente, pois tal semente não existe. A morte é destino comum de tudo o que vive e não há um lar que esteja livre disso. Fui até a floreta e enterrei meu filho, assim também enterrei minha dor e egoísmo. Agora estou pronta para seguir-te, Bem-Aventurado.

    O sermão sobre a injúria

    Buda pregava a seus discípulos sobre o amor, dizendo que se deve revidar o mal com amor. Certo homem ouvindo isso começou a esbravejar e insultar o Buda, esperando que ele abdicasse da calma e partisse para a agressão. Quando o homem acabou de insulta-lo, o Buda chamou-o dizendo: “Meu filho, se um homem declina de aceitar o presente que lhe é ofertado, com quem o presente ficará?” “Ficará com a pessoa que ofertou” – respondeu o homem. Então disse Buda: Meu filho, tu me injuriastes, porém eu declino de aceitar seus insultos. Rogo-te que guarde-os tu mesmo. O homem que censura o virtuoso é como o homem que cospe para cima. O escarro recairá sobre seu próprio olho. O caluniador é como o homem que joga pó sobre o outro quando o vento sopra contra quem atira o pó, e o pó recairá sobre ele. O insultante partiu envergonhado.

    Os três macacos:
    a

    Simbolizam uma máxima budista: “Não veja o mal, não fale o mal, não ouça o mal”. Ou seja, cada cabeça sua sentença. O mal é relativo e os budistas pedem para que não veja maldade onde não há. Se a pessoa vê maldade, talvez seja a própria malícia da pessoa que vê. Talvez seja má a pessoa que vê. Talvez ela crie maldade. A maldade está nos olhos de quem vê.

    (Mensagem editada por renan_m_ferreira em Agosto 13, 2005)

    em resposta a: Filosofia Oriental #80109

    Para Lao Tse a Grande Virtude é uma não-virtude, é uma espécie de retorno à não-existência. Ele a chama de virtude da fenda ou virtude do orifício – aquele mesmo que aparece no centro da figura do Tao.


    O ideagrama de cima representa “o local onde nasce a andorinha” e o de baixo “os passos que seguem direto ao coração”…

    …pode-se traduzir como “A Ética do Vazio”.

    Portanto, essa virtude difere até mesmo da pretenção do superar-se. Aqui pode-se perceber que Kong Fu Tse e Lao Tse não pensavam de maneiras semelhantes…

    em resposta a: Filosofia Oriental #80108

    “realiza a obra pela não-ação”, “pratica o ensinamento através da não-palavra”, etc…
    – Parece coisa de meditação.

    Gostei do que Tsé diz do ying-yang, eu não sabia, e tem muito a ver com a meditação.
    Porém, não vou ficar discutindo o que é ou não é meditação. Eu recomendo a leitura do livro “Elementos da Meditação, de David Fontana”. Ainda assim meditação não se entende, se pratica, se vivencia. Então, para quem quiser “entender” a meditação, recomendo que pratique.

    “Não sei de que adiantaria a meditação se ela fosse apenas percepção. Se você sai dela sem entender o que percebeu”
    -Primeiro você apenas percebe, depois você interpreta. Ou então você interpreta no mesmo momento, mas com uma atenção bem focada, com uma concentração unidirecional, possível só no estado de meditação. Sua atenção não deve fugir do momento presente (da sensação presente) para seguir outros pensamentos que você possa vir a ter no momento, fazendo-o perder o “insight”.

    Mudando de assunto, vou jogar vários temas sobre filosofia oriental e deixar que as pessoas leiam e debatam se quiserem, tirando suas próprias conclusões e se aprofundando no tema que quiserem.

    1) Confúcio ( China, 551 a.C.)
    “saber do que se esqueceu e lembrar do que se aprendeu”

    Confúcio não se dizia sábio, nem se considerava filósofo, ele achava que seu conhecimento vinha da sabedoria de seus antepassados (Confúcio estudava a tradição e valorizava muito isso), então por essa razão ele pensava mais em si mesmo como um historiador, e não filósofo.

    “É por retomar o antigo, que se aprende o novo” – Confúcio.
    Assim, ele via importância nas tradições e atribuía seu conhecimento ao fato de valorizar a memória de seus antepassados.

    “Perceber a cada dia o que se
    perdeu,e em um mês não esquecer daquilo que
    aprendeu; pode-se afirmar que isto é gostar de
    aprender”.

    A virtude.

    Confúcio dizia que uma pessoa deve tornar sua própria conduta correta antes de tentar corrigir ou mandar nos outros.

    Preste atenção nestas duas frases:

    “A virtude consiste em amar os homens, e a sabedoria em compreende-los”.

    Pense por um instante sobre ela.
    Agora passe para a próxima:

    “O homem se conhece como tal quando entra em contato com outro homem”.

    A palavra para virtude em chinês é REN.
    REN significa virtude, vencer a si mesmo (não outro homem).
    Obs: Os ideogramas são símbolos que representam idéias, não apenas letras ou palavras.
    REN é uma palavra, cuja pronúncia serve tanto para expressar virtude como o próprio homem, pessoa, gente. Tal identidade não é casual: a grafia (da palavra ren) é a mistura de dois ideogramas que representam o homem.
    REN
    Virtude = dois seres humanos (homem em contato com outro homem)
    Ou seja, no chinês ainda hoje, o ideograma que escreve a idéia de virtude é a junção de dois ideogramas que escreve a idéia de homem.

    em resposta a: Sobre a filosofia pré-socratica! #78349

    gostaria de obter informaçoes sobre acusaçoes sobre socrates quais as acusaçõesque poderiamos trazer para a realidade?

    em resposta a: Bruce Lee; o filósofo. #78185

    “Pessoas sempre me perguntam: Hey, você é tão bom? Se eu disser que sou bom, dirão que sou orgulhoso. Se eu disser que sou ruim, saberão que estou mentindo. Vou ser sincero. Vamos colocar assim: Não tenho medo de nenhum oponente na minha frente, sou auto-suficiente. Eles não me incomodam, e se decidir lutar, se decidir fazer qualquer coisa, já estarei resolvido. É melhor você me matar antes”.

    “Não acredito em estilos. A não ser que o homem tenha três braços e quatro pernas, não teremos estilo diferente de luta. Temos duas mãos e duas pernas, o importante é usa-los ao máximo”.

    “Estilos separam pessoas. As pessoas que entram nele tornam-se seu produto”

    “A arte-marcial deve ser um processo de crescimento contínuo, e não a cristalização de um estilo”.

    “Para mim, arte-marcial significa expressar-se honestamente. É fácil fazer uma demonstração e ficar orgulhoso com movimentos bem eloqüentes. Mas expressar-se honestamente, sem mentir para si mesmo é muito difícil de fazer”.

    Um bom artista marcial não fica tenso, mas preparado. Não pensa, não sonha, mas fica pronto para o que vier. Quando o oponente expande, eu contraio. E quando ele contrai, eu expando. Quando surge a oportunidade, não o atinjo…ele atinge a si mesmo”.

    “Esvaziem as mentes, fiquem sem forma como a água. Se colocar água num copo, ele se torna o copo, se coloca-la numa garrafa, ela se torna a garrafa. Ela pode fluir ou pode quebrar. Sejam como a água”.

    Bruce Lee

    (trechos de entrevista retirados de um documentário sobre Bruce Lee)

    em resposta a: Filosofia Oriental #80107

    Não sei de que adiantaria a meditação se ela fosse apenas percepção. Se você sai dela sem entender o que percebeu, todo o trabalho semântico posterior não passa de reles conjectura.

    Por isso eu acho que é mesquinho esse tipo de discussão para formalizar o que deva ser a meditação, se ela deve ser considerada apenas a experiência perceptória ou se o pensamento, a semântica linguageira, integraliza ela. Nem os dicionários fazem bem essa distinção…

    A moral é um pouco assim, e acaba deixando de ser um bem, para se tornar algo neutro.

    Acaba deixando de ser um bem, para se tornar algo indiferente, ou até maléfico, dependendo do tipo de caso.

    E sobre as mandalas? Você acha a “contemplação das mandalas” um bom tema para esse fórum de filosofia oriental? Leu o que postei em sexta, 05 de agosto de 2005-2:48 am?

    Não sei. Fale mais sobre esse tema…

    Outro tema interessante é a figura do ying e yang. Esse símbolo tem muito a nos dizer.

    Mas é bom tomar cuidado. Pois o taoísmo de Lao Tse não é um dualismo. Quando se diz que o bem pode comportar algo de mal, e vice-versa, isso passa a ser uma desconstrução do conceito tradicional de bem.

    Esse dinamismo todo do símbolo do tao serve para indicar que a metafísica da presença não existe mesmo. E qual a solução que Lao Tse propõe?

    Não seja Yin, não seja Yang, pois isso tudo é ilusório, apenas “não-seja”. É no centro da figura onde Lao Tse identifica o verdadeiro…

    Daí aparecem essas frases aparentemente sem sentido: “realiza a obra pela não-ação”, “pratica o ensinamento através da não-palavra”, etc…

    em resposta a: Filosofia Oriental #80106

    ying-yang
    Representa o dualismo do universo. Tudo que há ying há também um pouquinho de yang. Tudo que é yang tem um pouquinho de ying.
    E vice versa infinitamente!
    Repare que a figura não é estática. Ela passa propositalmente uma idéia de movimento contínuo. Um elemento entrando no espaço do outro e girando infinitamente. Essa é a representação do movimento do cosmos. Eterno.
    É como a relação sexual. A paixão que une e o ódio que separa.

    em resposta a: Filosofia Oriental #80105

    “A meditação é uma forma diferenciada de perceber os fenômenos. Mas a utilização da meditação como um meio de obter respostas às questões propostas deve passar, em ALGUM MOMENTO, por um trabalho necessário de racionalização (pensamento)”
    -Sim, está correto. Até mesmo porque não precisamos raciocinar para perceber um fenômeno. E a racionalização vêm após a meditação (esse é o momento), não durante.
    Após a meditação você pode racionalizar/contemplar/transformar isso em linguagem etc.

    “Dar o peixe é bom, até quando não passar a fazer parte da omissão sistemática de ensinar a pescar. Pescaram essa idéia?”
    -Sim, entendo e concordo totalmente. É como no fime Waking Life “não quero ser uma formiga”, ou seja, agir por pura conviniência, automatizado, condicionado. A moral é um pouco assim, e acaba deixando de ser um bem, para se tornar algo neutro.

    E sobre as mandalas? Você acha a “contemplação das mandalas” um bom tema para esse fórum de filosofia oriental? Leu o que postei em sexta, 05 de agosto de 2005-2:48 am ?

    Outro tema interessante é a figura do ying e yang. Esse símbolo tem muito a nos dizer.

    em resposta a: PT ELEITO #72678

    É fato que o PT vive uma crise atualmente. Porém não dá para acreditar em tudo que se lê, se ouve ou vê na mídia (em especial na VEJA). Os meios de comunicação de massa são altamente tendenciosos. quem eles servem?
    Devemos considerar que há interesses políticos muito fortes por traz de cada denúncia e cada acusação.
    Alguns estão se aproveitando dessa crise para jogar o pedido de impeachment de Lula em cima da opinião pública. Ora, se Collor teve direito de ser investigado, por que Lula não teria? Com se condena alguém sem investigação?
    Sou a favor da apuração dos fatos e da punição dos culpados. Mas até onde podemos confiar nos fatos apresentados pela mídia?

    em resposta a: Filosofia Oriental #80104

    O que havia de fantástico na maneira de pensar de Lao Tse é que ele também não acreditava na “metafísica da presença”. Há uma proximidade aparente com a filosofia contemporânea de Jacques Derrida.

    É nesse sentido que “em se reconhecendo o bem como um bem, ele deixa de ser um bem eficaz“.

    É quase como o que acontece com aquele cumprimento de praxe: – Oi, tudo bem? – e o outro responde: – Tudo bem!

    Ora, é claro que não está tudo bem! O ser social se reveste de um certo tipo de hipocrisia necessário. Às vezes, sente-se na obrigação de fazer o “bem”, mais por uma imposição do que por, realmente, acreditar nesse “bem”. E esse sentimento de obrigação não é nada bom, é um dos pontos mais vulneráveis da estabilidade na vida social. O que se sustenta por aí é passível de desmoronar algum dia.

    As pessoas são condicionadas, são, eventualmente, induzidas a acreditar em soluções paliativas e a contribuir com elas, quando, na verdade, nada mais são do que parte de um mecanismo para fazer as pessoas se sentirem menos culpadas, menos responsáveis, pelo que, no sistema, não funciona.

    “Dar o peixe” é bom, até quando não passar a fazer parte da omissão sistemática de “ensinar a pescar”. Pescaram essa idéia?

    em resposta a: Filosofia Oriental #80103

    A meditação é uma forma diferenciada de perceber os fenômenos. Mas a utilização da meditação como um meio de obter respostas às questões propostas deve passar, em algum momento, por um trabalho necessário de racionalização (pensamento).

    É impossível dissociar a linguagem da meditação, nesses casos…

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