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Miguel DuclósMembro
OláFaz tempo que não consigo comprar livros novos, porém tenho acompanhado um pouco a distância. Todas essas coleções como "Simpsons e a Filosofia" ao meu ver devem ser evitadas, assim como as que aproximam filosofia da auto ajuda ( como mais Platão, menos prozac) ou da psicologia. Além disso, existem muitas editoras pequenas, como a Scala, editando... é preciso analisar caso a caso, pois o texto é o material da filosofia, e a tradução é um problema crucial, se não for confiável, você tem um pensamento que se perde.Aliás, é isso que afirma o maior tradutor de filosofia do Brasil : Rubens Rodrigues Torres Filho, que edita na editora Iluminuras uma coleção que busca a excelência nas traduções, onde o papel do tradutor é central e vai impresso na capa. A Iluminuras já publicou vários livros na coleção Biblioteca Polén, e não são muito caros.Uma coleção boa e com traduções responsáveis é a clássica Pensadores, quanto mais antigo for o livro dessa coleção, geralmente melhor. (expus isso no link do site que passei acima). Muitas outras casas editoriais de uma tradição de grandes edições de filosofia, alguns exemplos: Companhia das Letras, Martins Fontes, Zahar, Edições 70, Calouste Gulbenkian de Portugal (!!!) e as editoras universitárias, como Edusp, Unesp, Unb.
Miguel DuclósMembrolrvf: Eu li uma edição do início dos 1980 do Ideologia Alemã que não tem a obra completa, somente as teses sobre Feuerbach e a primeira parte. Creio que a segunda parte só foi editada recentemente, pela Martins Fontes. A coleção "Obra-prima de cada autor" é da editora Martin Claret, e é totalmente desaconselhável. Dizem que esta editora publica péssimas traduções, quando não são plagiadas, pegando-se uma tradução existente e trabalhando o texto. Coloca-se o nome de um tradutor laranja, não se paga os direitos autorais, e pronto, dá para vender por um bom preço. Por conta do preço, prefira somente os textos de domínio público (com os de machado, da literatura brasileira, ou a tradução do goethe, do agostinho dornellas). As traduções de filosofia vão fazer você remar contra a maré. Aliás há hoje no mercado de edições de filosofia uma grande avalanche de lixo, junto com outras edições muito boas. É preciso ver caso a caso.
Miguel DuclósMembroFlag, já viste as opções listadas em http://www.consciencia.org/livros.html ?
Miguel DuclósMembroFinalmente, a visão dualista admite a existência de dois sistemas normativos éticos, cada um aplicável a uma esfera específica da vida humana. O exemplo mais óbvio é a doutrina contida em O Príncipe, de Maquiavel, que deixa claro que o Príncipe, para bem governar, haveria de seguir um código de condutas próprio, bastante distinto da ética cristã que predominava à época. Com base nessa visão, poderíamos, por exemplo, imaginar a existência de uma “ética do alpinismo”, uma “ética dos fortes”, segundo a qual a morte seria o preço a ser pago pelos que falhassem e ser salvo por outrem ou pedir ajuda representaria uma desonra para aquele que deveria ser sepultado pela montanha que o derrotou, etc.(...)Conseqüentemente, não há como justificar a omissão de socorro de outro alpinista, salvo se o salvamento colocasse em sério risco aquele que tentasse o salvamento.
OláPrimeiramente, obrigado pela resposta plena de conteúdo segundo a proposta do tópico. Não conhecia esta classificação dos sistemas éticos segundo o Bobbio, e me pareceu bem interessante. O dualismo ético permitiria apenas duas éticas, ou no mínimo duas éticas? i.e , uma variação ética particular para cada grupo envolvido. Esse ponto me parece importante. Com o fim da noção de um Absoluto no campo teórico ético, foram tentadas várias maneiras de fundamentar a ética unicamente com a razão. O esforço de Kant no imperativo categórico aparece nesse sentido. A busca por justiça, grosso modo, está ligada ao temor da ira divina. Depois da desconstrução do conceito de Deus na filosofia, no século XX o relativismo ganha força - lembrem-se da frase do papa quando assumiu seu papado, de que é preciso combater o império do relativismo. As pesquisas antropológicas, por exemplo, mostraram que muitos valores éticos que julgavam-se inatos à natureza humana, eram na verdade contingentes. Com a amplitude de estudos de comportamento, e sua aceitação plurivalente, digamos, na sociedade democrática, os valores éticos não são necessariamente praticados por toda a sociedade, mas antes contingentes a grupos legítimos que o mantém. O Habermas faz um esforço e tanto para fundamentar uma ética intersubjetiva válida, nesse sentido.O ponto peculiar do alpinismo não parece ser a rivalidade, mas, nesse caso, o grau de extrema dificuldade em manter-se vivo, dadas as condições geográficas e climáticas. Certamente, a poucos metros do topo da montanha, consiste em perigo iminente desviar-se da programação e abrir mão de preciosos recursos para sacrificá-los em favor de outro.Mas assim, chegamos à questão do Brasil. O número de 40 alpinistas passando pelo moribundo chama a atenção. Nesse caso, parece que algo poderia ter sido feito, ou ao menos, dada a frequência dos acidentes, algum plano de resgate poderia já estar previamente disponível. O fato deles passarem indiferentes parece sinalizar uma decadência ética, não somente particular do alpinismo, mas geral. Como disse o velho senhor na reportagem, antigamente os valores eram outros. Numa expedição pioneira de um grupo, cada vida parece mais valorizada. O grupo não abriria mão de usar todos os recursos para tentar salvar o amigo, pelo menos na tentativa, não importanto o sacríficio próprio.Uma decadência ética pode estar presentes em vários fatores, como apontado: a vil busca pela fama, a questão do patrocínio e do prêmio, o currículo, ou qualquer outro caso que o particular, o egoismo, se sobrepõe ao interesse geral.
Miguel DuclósMembroOláTestei as teclas Ctrl+Home e Ctrl+End no IE no Opera e funcionou, no tema padrão. Acho que isso é um comando do navegador, independente do site. Copiei as imagens para o diretório adequado (no tema Classic) e agora está funcionando.Fique a vontade para reportar esses bugs do fórum..
Miguel DuclósMembroVocê tem razão. Minha afirmação foi um pouco precipitada. A fama literária de Voltaire é complexa, pois enfrentou reações dos mais diferentes tipos ao longo da vida por conta do seu estilo polêmico (pelo menos em grande parte), como você mesmo afirmou.Porém ele era o líder inconteste do movimento Iluminista, e continuou sendo. Ao passo que Rousseau, que era reconhecido como um dos Iluministas, tendo colaborado com a Enciclopédia, rompeu com o Iluminismo e mesmo acabou por defender uma posição contrária à do movimento. Rousseau foi excluído da turma, digamos assim. Mesmo Condillac, que se manteve neutro, não retorna nenhum comentário significativo sobre os manuscritos que lhe foram confiados.A tradução estou levando lentamente. É bom para treinar. Eu já fiz alguns outros textos dessa turma:A famosa carta de Voltaire a Rousseau que marca o início da ruptura e fala das "quatro patas" que teve vontade de andar depois de ter lido o Segundo Discurso:http://www.consciencia.org/wiki/index.php/Voltaire_Lettre_30_08_1755:ptA resposta de Rousseau à carta acima:http://www.consciencia.org/wiki/index.php/Rousseau_Lettre_10_09_1755:ptUma carta de Rousseau aceitando a oferta de proteção de David Hume na Inglaterra:http://www.consciencia.org/wiki/index.php/Rousseau_Lettre_04_12_1765:ptPanfleto que Rousseau distribuiu de mãos em mãos no centro de Paris dois anos antes de morrer, tentando defender sua reputação:http://www.consciencia.org/wiki/index.php/Rousseau_A_Tout_Francois_Aimant_Encore_la_justice_et_la_verite:pt
Miguel DuclósMembroOláO texto é o Sentiment des citoyens (1764) e eu estou abordando ele na oficina de traduções do site.1764 é o mesmo ano que Voltaire publicou o célebre Dicionário Filosófico. Pouco tempo antes Rousseau havia publicado o Emílio e o Contrato Social. Emílio, principalmente por causa do capítulo Profissão de Fé do Vigário Saboiano havia sido condenado pela Igreja Católica e pelo corpo de teólogos de Sorbonne. Os livros foram queimados em praça pública e a casa de Rousseau chegou a ser apedrejada. Voltaire, que já havia rompido a amizade com Rousseau pelo menos desde a publicação do Segundo Discurso e a carta-resposta ao poema sobre o terremoto de Lisboa, fez circular anonimamente este panfleto, no qual, tomando a perspectiva dos cidadãos de Paris, atacava cruelmente Rousseau, acusando-o de várias coisas e tornando pública sua negligência como pai - já que Rousseau tinha abandonado à roda do orfanato seus filhos com Thèrese. Esse panfleto foi muito impactante para Rousseau, que viu sua honra pública destruída e viu-se obrigado na ocasião a deixar Paris. Depois do Emílio e do Contrato, todos os escritos posteriores de Rousseau são de certa forma autobiográficos e uma espécie de justificativa para sua pessoa, como as Confissões, Rousseau, Juiz de Jean-Jacques e os Devaneios do Caminhante Solitário. Ao passo que Voltaire, que era bem mais velho que Rousseau, no mesmo período gozou de uma fama e prestígio literários sem precedentes.
Miguel DuclósMembroObrigado aos colegas que ajudaram a responder à dúvida. Gostaria de lembrar dois pontos1) O primeiro é a ligação de Platão com o Egito, Platão viajou todo o mediterrâneo e chegou ao Egito. Essa influência é atestada em vários diálogos, como o Crítias e o Timeu, ou a expressão "Pelo Cão" usada pelos interlocutores de Sócrates. Ora, no Egito o Sol era um dos principais deuses, não? Poderia ser abordado isso.2) a segunda é a etimologia da palavra deslumbrado, ou seja, "ferido pela luz". Os olhos acostumados às trevas e ao lodo da ignorância teriam dificuldades em captar o que a luz do Sol revela. O filósofo que chega à superfície da realidade é cegado pela intensidade da luz que abunda. Aí entra importância da dialética, da ascese por degraus. Ele primeiro acostuma seus olhos a enxergas as formas adjacentes iluminadas pelo Sol para somente depois desse treino fitar o sol diretamente? Seria o Sol a Idéia de Bem? A luz é sempre associada ao conhecimento. Descartes por exemplo usa bastante da expressão "luz natural", ou a razão, a única capaz de iluminar os caminhos obscuros que o homem se encontra na passagem do conhecimento mítico ou da ignorância para o conhecimento. Daí aliás que vem o nome do movimento Iluminismo, ou esclarecimento.
Miguel DuclósMembroÉ uma questão muito interessante felix. Como disciplina filosófica, a teoria do conhecimento, ou epistemologia, só foi formalizada em correntes definidas mais contemporaneamente, porém sua problemática vem de muito longe.Em Platão está explícita a questão: é possível conhecer? O Filósofo acredita que sim, e apresentou esta convicção à tradição que dele derivou, de forma dominante, na filosofia, pelo menos até o século XIX. A outra resposta à questão: Não, não é possível conhecer, representa uma tradição talvez um pouco menos prestigiada. O ceticismo por exemplo, apesar de sua enorme influência e alcance filosófico, era considerado uma espécie de derrotas pelos filósofos que buscaram trabalhar o problema da verdade.Para Platão é possível conhecer. Os primeiros diálogos são os chamados aporéticos. Ou seja, um beco sem saída onde é levantada uma questão. São desbancados os conceitos que respondem essa questão. Mas não se apresenta uma solução ou resposta e o diálogo se encerra. Os diálogos de maturidade do filósofo mudam essa engenharia. É a famosa Teoria das Formas de Platão que vai possibilitar o acesso do filósofo que se dedicar à investigação e ser agraciado pelos deuses o alcance inconteste da verdade.
Miguel DuclósMembroAntes de postar, poderia ter lido o tópico fixo “Como Postar” e encontrado a seguinte mensagem, logo de cara: "Bem, peço desculpa, mas lendo certos "pedidos de ajuda" é difícil ficar indiferente. Penso que é preciso perceber que isto é um fórum de Filosofia, nomeadamente um tópico sobre "Pedidos de ajuda" e não um tópico intitulado "Faça por mim os trabalhos e me envie rápido!". Isto não é um pedido de ajuda, é um ABUSO e falta de bom senso e honestidade intelectual!"O nome do tópico deve se referir ao seu tema, e não ao prazo de entrega. Também não fazemos a prova inteira dos alunos.att.
Miguel DuclósMembroSe você tivesse lido o tópico fixo no início de pedidos de ajuda, teria encontrado logo de cara: "Bem, peço desculpa, mas lendo certos "pedidos de ajuda" é difícil ficar indiferente. Penso que é preciso perceber que isto é um fórum de Filosofia, nomeadamente um tópico sobre "Pedidos de ajuda" e não um tópico intitulado "Faça por mim os trabalhos e me envie rápido!". Isto não é um pedido de ajuda, é um ABUSO e falta de bom senso e honestidade intelectual!" E assim teria evitado essa mensagem, ou modificado-a e conseguido uma resposta. Um prazo dilatado é sempre muito bem vindo para a resposta das questões e o nome do tópico criado deve ser referente ao seu tema, e não ao seu prazo de resposta.
Miguel DuclósMembroMarcelleO filme Show de Truman sempre é lembrado junto com o Matrix como produções norte-americanas recentes que abordam uma problemática clássica, já abordada na filosofia e formalizada por Platão em sua obra, onde é sempre lembrado a Alegoria da Caverna. Aliás, embora use-se os dois termos, prefiro Alegoria da Caverna a Mito da Caverna. Platão se utiliza de mitos, como o Mito de Er no final da República ou o Mito sobre Prometeu contado por Protágoras. Um mito é uma narrativa indeterminada no tempo que tem uma simbologia própria, oferecendo explicações de origem para alguns fenômenos. Uma alegoria é igualmente uma narrativa que busca ilustrar um ponto de vista segundo artíficios linguístico. Ora, fica claro para quem lê o livro que Sócrates usa esse recurso para ilustrar a Teoria das Idéias. Tanto que a primeira ordem que dá no livro VII da República é o de "imaginem", ou seja, não há uma pretensão mitológica de verdade na narrativa.Para fazer uma possível comparação e analogias entre os elementos do filme e a passagem de Platão é mister primeiro que você entenda a Alegoria. Primeiro, lê-la, já é que curta, depois procurar algum material de apoio. Aqui mesmo no fórum já a abordamos diversas vezes.Uma fala na entrevista do personagem Crhisloff, o "programador" responsável por criar o mundo falso que Truman vive pode ser uma chave para evidenciar uma relação explícita, em termos de inspiração. Responde ele algo como "o homem tende a aceitar a realidade que lhe é dada". Truman desconfia que algo está errado, e já teve evidências para isso, mas continua, enquanto reúne provas e forças que lhe possibilitem uma ação, a viver o mundo das aparências. Truman tem que se livrar das amarras sociais, da convenção, para buscar a verdade acerca da condição da sua existência. Mas o contexto é bem diferente do de Platão, uma vez que o roteirista opta por colocar a encenação toda como explicitamente planejada em programa de TV, onde todos os outros homens estariam cientes do que está acontecendo, menos o protagonista. O que revela uma tendência ao messianismo que é contrária à problemática grega. Tanto que o "programador" no final tenta convencer Truman a ficar no Mundinho como se fosse uma espécie de Deus falando a seu filho, com a voz vinda das nuvens. Em Platão todos os homens são escravos, menos o filósofo que consegue romper as amarras e ascender até a visualização da Idéia. Não há nenhum Deus monoteíco como o Jeová nem tampouco uma ação como a entendida pela divina providência. O filósofo depois de conseguir a ascese dialética tem a obrigação política de voltar à caverna e alertar os demais companheiros. Ora, no Truman todos parecem muito esclarecidos, considerando que são humanos. Aí surge a pergunta: os outros personagens de Truman seriam mesmo humanos? Ou uma "alegoria" para alguma outra coisa? O fato é que parece despontar uma predominância de uma sociedade do espetáculo onde o mundo se vê presa da armadillha da representação,. através da propagação da imagem. É interessante notar a importância que se dá a Televisão. Isso pode ser problematizado: ocuparia hoje ainda a Televisão um lugar tão central na vida das pessoas e dos costumes?
Miguel DuclósMembroNo site temos um trabalho acadêmico sobre Piaget:http://www.consciencia.org/contemporanea/causaljune.shtmle um conhecido e frequentado repertório de links sobre psicologia está emhttp://www.ufrgs.br/faced/slomp/psico.htm
Miguel DuclósMembroVanessa, Aristóteles não pode criticar Hume porque viveu cerca de 2000 anos antes do filósofo escôces. Só se ele tivesse uma maquininha de viajar no tempo…
Miguel DuclósMembroCaro Bode:Já leu o textinho em http://www.consciencia.org/arist.shtml ?
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