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Miguel DuclósMembro
HericaÉ uma questão complicada, uma vez que inicialmente, Foucault não nega a ligação com o estruturalismo, e admite sua influência. Esta negação se deu num momento posterior, quando já estava saturado de levar a pecha. Habermas aponta essa oscilação de Foucault como um problemática no seu campo teórico, como vemos no Discurso Filosófico da Modernidade: "Tão problemática quanto a proximidade com Heidegger é a com o estruturalismo. Em As Palavras e as Coisas Foucault quisera tratar com uma gargalhada filosófica libertadora todos "aqueles que não querem formalizar sem antropologizar, que não querem mitologizar sem desmitificar" e, em geral, " todos os advogados da reflexão da esquerda e esquerdizante". Com esse gesto que evova o riso de Zaratustra, quer arrancar do sono antropológico aqueles que não "querem pensar sem pensar imediatamente que é o homem que pensa". Eles devem esfregar os olhos e perguntas simplesmente se o homem, na verdade, existe. Evidentemente, neste momento, Foucault considerava que só o estruralismo contemporâneo, a antropologia de Lévi-Strauss e a psicanálise de Lacan eram capazes de "pensar o vazio do homem desaparecido". O subtítulo de Arqueologia do Estruturalismo, originalmente previsto para o livro, não tinha em absoluto uma intenção crítica. Mas foi preciso desfazer essa perspectiva assim que se tornou claro que o estruturalismo já havia oferecido secretamente o modelo de representacionismo semiótico para a descrição da forma clássica do saber. Uma superação estruturalista do pensamento antropocêntrico não significaria, então, uma suplantação da modernidade, mas apenas a renovação explícita da forma de saber proto-estruturalista da época clássica".Dois textos indicados nas notas de Habermas podem ser importantes:
O que significa Neo-Estruturalismo, de M Frank , lições 9 e 10. ( infelizmente creio que não há tradução).
- DREYFUS, H.L & RABINOW, P.
Michel Foucault: beyond Structuralism and Hermeneutics. Chicago, 1993. pp. 21 ssNa Wikipedia em inglês este problema é abordado também, de forma concisa, durante o verbete: http://en.wikipedia.org/wiki/Michel_FoucaultO esforço de achar um significado profundo por detrás do discurso parece conduzir Foucault através do estruturalismo. Entretanto, enquanto o estruturalista busca a homegeneidade numa entidade discursiva, Foucault concentra-se na diferença. Ao invés de perguntar o que constitui a especificidade do pensamento europeu, ele pergunta que diferenças se desenvolveram com ele através dos tempos.
Miguel DuclósMembroEu diria que atualmente não, embora essa distinção entre filosofia e ciência tenha surgido com o desenvolvimento da ciência moderna, a partir do século XVII. Os termos se confundiam. Veja o caso da herança platônica: existe toda uma argumentação para embasar que através da filosofia, do método dialético, o homem pode chegar à conhecer, pode chegar à epistem (ciência) se livrando do reino da doxa (opinião).Mesmo na Idade Moderna, o diálogo entre filosofia e ciência é bastante próximo. Descartes era um matemático, por exemplo, e investigou o problema do método para dirigir a razão e procurar a verdade nas ciências. Então, a necessidade científica do método, por exemplo, tem uma origem filosófica. Mas a filosofia busca uma unidade do conhecimento, ao contrário da especificidade da ciência, e por isso leva em conta também questões morais e de valor, sendo muito mais propensa a verdades não assertivas, ou sistemas especulativos. O método científico busca uma validação na experiência, uma prova. A ciência natural se baseia nos fenômenos, e depende da repetição de fenômenos para formular seus postulados. A investigação filosófica pode se preocupar com o próprio limite do ato de conhecer, e especular sobre o mundo além dos fenômenos, nos limites da razão, porém.Contenporaneamente a filosofia tem dialogado com a ciência a partir das correntes da epitesmologia. A epistemologia se preocupa com a validade do conhecimento científico, com o ato de conhecer, com os limites, com a formulação de teorias. Existem várias correntes que coexistem divergindo: os pragmatistas, os realistas, os idealistas, por exemplo. A ciência formula teses mas adota paradigmas, de acordo com um critério de validade. Porém essa posição privilegiada da filosofia de julgar o conhecimento científico tem sido muito questionada. Rorty, que quer aproximar a filosofia da literatura, por exemplo, é um dos críticos.
Miguel DuclósMembroVocê é universitária de que curso, qual foi o enfoque do curso, quais foram os textos trabalhados? Os diálogos de Platão – vasta obra, podem ser enfocados segundo inúmeros prismas, fators etc. O que não falta é material: comentadores, resumos etc. Você encontra um bom resumo em algumas histórias da filosofia e comentadores, pode-se indicar o Havelock, clássico, o Jaeger, na Paidéia, para algumas questões, o Giovanni Reale.
Miguel DuclósMembroOlá Ariane, que legal… Mas por que não posta aqui no fórum diretamente o resumo? Pode ser como anexo.abs
Miguel DuclósMembroSegue texto com pós escrito ao nome da rosa escrito por Umberto Eco dois anos após a publicação do livro.
Miguel DuclósMembroVocê citou um trecho e não disse da onde. Procurando no google, deu uma entrevista do Correio Braziliense com o professor – já falecido – Gerd Borhein:http://www2.correioweb.com.br/cw/EDICAO_20020915/sup_pen_150902_25.htmEu arriscaria dizer que essa confusão é respondida pelo próprio Sartre, por exemplo, no "Existencialismo é um humanismo". Mesmo que haja condicionamento, isso não interfere no grau mandatório da liberdade, uma vez que se admite a consciência fenomenológica, a intencionalidade. Quer dizer, eu tenho que lidar com um universo de escolhas possíveis que se apresentam em qualquer circustância. Se tiver preso numa cela, ainda assim serei livre, pois terei que assumir minha liberdade diante do universo de escolhas que se apresentam, e tenho total responsabilidade sobre elas. Isso num caso extremo, mas você pode tomar esse condicionamento em diferentes níveis, mesmo a condição fisiológica de ser compelido a respirar, por exemplo.
Miguel DuclósMembroSegundo o Ferrater Mora, Aristóteles trata dos sofistas nas seguintes passagens: Aristóteles, Met. T1007b 18; Ret. III 24, 1402 a 23; Sof. El., 183 b 36Existe um texto chamado "Dos Argumentos Sofísticos" que está na coleção Os Pensadores e trata dos diferentes tipos de sofismas, erros de pensamento, falsos silogismos, usados pelo método sofístico.Além disso, creio que você pode abordar pela própria doutrina aristotélica, que era um Platônico, e apesar de divergir do mestre em vários pontos, seguiu a crítica à sofística em muitos outros, por exemplo na ética a nicômaco em que o bem não é relativo, ou na política que o direito é natural, e não positivo.Poste mais um pouco o resultado de suas andanças pelo pensamento do estagirita.
Miguel DuclósMembroOlá VictorA sua colocação de que Nietzsche foi o maior filósofo bate com a maneira que o próprio Nietzsche referia-se a si. Veja esse trecho, por exemplo:"Confidencio que não é impossível que eu seja o principal filósofo desta era, e mesmo um pouco mais que isso, algo decisivo e fatal permanecendo entre dois milênios"http://www.consciencia.org/wiki/index.php/Nietzsche_Letters_1888:ptQuanto ao Zaratustra, é considerada a "obra-prima" do autor, a começar por ele mesmo, que se refere ao Zaratustra sempre com muito zelo e carinho. Declara mesmo que escreveu o livro em absoluta segurança, como se o livro fosse citado. Nesse texto que coloquei aparece um pouco disso, na correspondência.Porém, talvez não seja uma boa "porta de entrada" para o pensamento nietzscheano, se podemos colocar nesses termos. É uma obra densa, pesada, com uma forma de escrita que, embora muito rica e profunda, não revela ao iniciante a sutileza do estilo do autor. Nietzsche escreve muito bem, e é um mestre da língua alemã, um filósofo para ser lido em voz alta. Por isso, aliás, que tem que se tomar muito cuidado com a tradução: prefira as responsáveis. Uma escolha mais adequada talvez seja, sem ordem cronológica, além do bem e mal, genealogia da moral, ecce homo ou nascimento da tragédia.A questão do Nietzsche e as mulheres é bastante delicada, podemos tentar desenvolvê-la um pouco mais, com base em alguns parágrafos e aforismas que constam nas obras, especialmente Gaia Ciência e ALém do bem e Mal. A própria Scarlet trabalha essa questão, que foi abordada especificamente em alguns cursos que ela e que ela provavelmente incluiu nos livros dela (não tenho conhecimento a respeito, mas seria oportuno consultar, caso venhamos desenvolver esse tema).abs
Miguel DuclósMembroMORENA RJEvite a caixa alta , o Caps Lock, em seus textos.Obrigado
Miguel DuclósMembroOlá CarllucciaA editora da UNESP está lançando boas edições da obra de Schopenhauer: O mundo como vontade e representação e Metafísica do Belo por essa editora são as melhores edições em português que dispomos.Além da editora da UNESP, a editora Martins Fontes lançou várias obras do filósofo em boas e confiáveis edições:
Sobre o Fundamento da Moral
- A Arte de Lidar com as Mulheres
- Aforismos para a Sabedoria de Vida
Saiu "O mundo" também pela editora Contraponto. É a tradução portuguesa de M. Sá Correira.E existe também o volume Schopenhauer da coleção Os Pensadores.Muitas outras editoras estão publicando ou já publicaram esse filósofo, porém aí já não tenho referência para indicar com segurança.abs
Miguel DuclósMembroOlá Antonio.Parece que na busca do google tem material suficiente para você fazer essa pesquisa. Indica-se especialmente a wikipediaInternacionalhttp://en.wikipedia.org/wiki/TotemUm livro sobre o assunto, que Sigmund Freud usou para elaborar as teorias do seu Totem e Tabu é o TOTEMISM AND EXOGAMY (1910) de James FrazerVeja mais sobre a bibliografia de Frazer em http://www.kirjasto.sci.fi/jfrazer.htmMuitos dos livros você encontra no Google Books:http://print.google.comboa sorte ;)
Miguel DuclósMembroA frase na tradução do site de referência marxists.org aparece assim:"O conjunto dessas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se levanta a superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas formas de consciência social.O modo de produção da vida material condiciona o processo da vida social, política e espiritual em geral. Não é a consciência do homem que determina o seu ser, mas, pelo contrário, o seu ser social é que determina a sua consciência. Ao chegar a uma determinada fase de desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade se chocam com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a sua expressão jurídica, com as relações de propriedade dentro das quais se desenvolveram até ali."http://www.marxists.org/portugues/marx/1859/contcriteconpoli/prefacio.htmIntrodução à Contribuição para a Crítica da Economia Política - Karl MarxPortanto, creio que a frase foi citada corretamente, e a interpretação também traz bons pontos. Marx é como um ápice do processo moderno, pois aplica a racionalidade em todas as esferas. A frase em questão é também uma reação contra o idealismo. Na Ideologia Alemã, Marx critica os filósofos do Idealismo Alemão pós kantiano por julgarem que a revolução copernicana foi mais importante que a Revolução Francesa. Ou seja, como sea virada de Kant, de colocar o sujeito como determinante para a percepção da realidade, através das categorias a priori do entendimento pudesse ter mais impacto que todas as transformações econômicas e sociais causadas pela revolução. E aí aparece a famosa frase que os filósofos vêm se limitando a intepretar o mundo, mas é preciso transformá-lo.A pós-modernidade, como o colega falou, clama ter superado essas dicotomias modernas entre o sujeito e objeto. Mas o próprio conceito de pós moderno é controverso. Na Condição Pós-moderna, de Lyotard, há uma definição como um "estado de cultura" diagnosticado por alguns teóricos diante de uma série de fatores, como o fim das utopias, a crise dos discursos e o relativismo epistemólogico. Embora os marxistas tenham criticado os utópicos - pois consideravam o materialismo dialético científico - Marx foi sim influenciado pelas utopias, leu o Thomas More e acho que essa crítica dos pós-modernos se dirige também ao marxismo. Este, porém, se renova. A escola de Frankfurt fez a união entre marxismo e a crítica da razão - psicanálise, Nietzsche.A pós-modernidade, porém, carece de teóricos de peso que a conceitualizem e tem muitos críticos de peso, como o próprio Habermas, da Teoria Crítica, para quem a Modernidade é um "projeto inacabado" e as críticas ao discurso não conseguiram sair da aporética contradição perfomativa. O contexto de desilusão com o marxismo alimenta uma leitura da pós-modernidade como a explosão da publicidade. Tem um artigo interessante do prof. Vladimir Safatle que fala da Pós Modernidade como a Utopia do Capitalismo na revista Trópico em http://p.php.uol.com.br/tropico/html/textos/2446,1.shl
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