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Miguel DuclósMembro
Esses dias um amigo meu trouxe essa citação, que é uma das muitas passagens em que o próprio Nietzsche comenta a influência de Schopenhauer sobre sua vida e pensamento:"Anotação de Nietzsche em um de seus cadernos (Fragmento Póstumo 34 [13]): "Estou longe de crer que compreendi corretamente Schopenhauer, creio apenas que aprendi a compreender-me um pouco melhor através de Schopenhauer. É por isso que lhe devo minha maior gratidão. Não me parece tão importante, como hoje se crê, que se investigue com exatidão algum filósofo e que se traga à luz o que ele propriamente ensinou ou não ensinou, no sentido mais rigoroso da palavra. Tal conhecimento não é de todo apropriado para homens que buscam uma filosofia para sua vida, e não um novo saber erudito para sua memória: além disso, parece-me inverossímil que algo assim possa ser realmente investigado"."
Miguel DuclósMembroNesse texto há links para as aulas de um professor de Harvard que trata de Benthan e Mill > http://edu74.wordpress.com/2012/06/02/prof-michael-sandel-e-suas-licoes-de-justica/
Miguel DuclósMembroNunca estudei Benthan nem Mill (ler os próprios), mas sim Locke, Hobbes, Rousseau e Marx. Talvez se você postar mais infos sobre o que está procurando.O Rousseau geralmente é elencado com Locke e Hobbes quando a questão é o contratualismo, sendo posterior a ambos. Ele escreveu o clássico com esse nome: O contrato social. Tem vários resumos sobre Rousseau no site. A democracia de Rousseau baseia-se na aceitação do indivíduo da vontade geral, que só pode ser expressa pelo voto direto. A questão do estado de natureza é melhor tratada no Discurso sobre a origem e a desigualdade entre os homens. O estado de natureza de Rousseau é bastante diferente do de Hobbes, já que este preconiza a necessidade do contrato para vencer o estado de "guerra de todos contra todos". Já o Rousseau imagina o estado de natureza de forma mais amena, quase idílica, e os problemas começariam justamente com a proporpeidade privada e a desigualdade que tiraram o homem deste estado, sendo necessário, portanto, o contrato para por fim aos conflitos.O contexto que Marx surge é um pouco diferente, na sociedade industrial, com o problema da exploração da classe trabalhadora, ele diagnostica a relação da burguesia com a modernidade, e, dialogando com a filosofia e outros autores da época, elabora seu sistema de forma a propor uma maneira de construir uma sociedade mais igualitária. Nesse sentido, o indivíduo é pensado dentro do socialismo, com a presença forte do estado, o fim da propriedade privada etc. Também tem vários resumos de Marx. Mas enfim, esse seu trabalho parece muito abrangente, de forma que não é possível examinar cada caso de maneira mais precisa.
Miguel DuclósMembroNa questão da biografia X biografado, o próprio Nietzsche precaveu-se quando escreveu: “uma coisa sou eu, outra são meus livros”. Também fica patente quando ele fala do momento inspirador de Zaratustra, que tornou-se um dos seus Alter Ego literários (chegou também a assinar Dioniso naultima carta à Cosima Wagner) “de repente, de dois fez-se um, e Zaratustra passou por mim”. Cito de cabeça, não sei se é exatamente assim.Sobre Nietzsche e seu legado, ele foi crescendo de importância aos poucos, principalmente através da recepção francesa, de forma que foi tornando-se um ponto fulcral da tradição posterior, sendo impossível ignorá-lo, mesmo que fosse para adotar uma postura crítica ou contrária. É o que faz Heidegger, por exemplo, dizendo que Nietzsche não superou a metafísica com o "Eterno retorno" e a "vontade de potência", ou Habermas, minimizando o seu alcance ao reduzi-lo como uma inquietação pós romântica burguesa que não oferece alternativa ao paradigma racional da modernidade. Um pensador católico com Giovanni Vattimo tenta ainda incorporá-lo à filosofia católica, de forma a agregar o conjunto das críticas, pensando pós-modernização e reformismo, mas sem sair de dentro dos dogmas do cristianismo.Juntanto as duas coisas, mesmo alinhando-se com Nietzsche, que dirige-se à "espíritos livres" o difícil é aceitar uma leitura superficial do seu pensamento, uma redução do seu alcance, ignorar o que disse por si e como influenciou os outros, ou vendo simplesmente tentativas burlescas e falhas de adonar-se de sua força contundente em reveses históricos, como no caso do nazismo - e isso ainda servir de embasamento para desqualificações.
03/11/2011 às 18:56 em resposta a: OVNIS e ETS – Realidade, patologia ou experiencia religiosa? #88798Miguel DuclósMembroO Carl Sagan é “guru” nessa área mesmo, mas só um adendo, ele morreu em 1996 já.
Miguel DuclósMembroOlá RubineroConcordo... os quadros de História não "vingaram". Mas o esvaziamento deve-se principalmente, ao meu ver, pela ascenção das redes sociais, como orkut, facebook etc. Essas "sugaram" o público da área.Sobre o design, eu estou usando o tema padrão do software SMF. Se você tiver alguma sugestão...na verdade dá para instalar vários temas e cada usuário escolhe. Eu não acho que seja uma questão crucial...MAS talvez mudar o software do fórum, o que seria um trabalho bastante delicado, valha a pena. Abs
25/10/2011 às 21:50 em resposta a: faça uma comparação entre a certeza imediata de Descartes e Nietzsche #85451Miguel DuclósMembroAcredito que em Nietzsche você não pode passar sem o corpo, ao passo que em Descates a substância do pensamento é totalmente independente da corporeirdade (res extensas)
Miguel DuclósMembroOlá.O filósofo chave para essa questão, de maior pioneirismo, influência e alcance é o Thomas Kuhn. No site tem um apanhado sobre ele, para futura referência dos que caírem nesse tópico.http://www.consciencia.org/thomas-kuhn-ciencia
Miguel DuclósMembroA questão é justamente essa Artur Capano, uma pessoa com vontade boa seria alguém com vontade livre, pois estaria em conformidade com o imperativo categórico. No entanto, a vontade não é algo que seja completamente voluntário pela razão, mas sim é um conjunto, uma constelação…um grêmio de sensações e desdobramentos envolvidos diante do indivíduo, do sujeito que percebe, quando este tem que agir. O sujeito racional, então, submetido ao princípio moral kantiano, age conforme seu julgamento para que a concretização do ato se mostre boa, ou seja, universal, como a razão, e não submissa a princípios imediatistas, egoístas, vaidosos etc. Creio que nisso reside o arbítrio que você aponta, diante do caldeirão da vontade que temos na mente, a ação justa e reta, conforme a ética e a moral.
Miguel DuclósMembroJoão Guedes, é muito interessante, confesso que desconhecia essas referências. Por isso gostaria de saber mais qual ciência e instituições e tal trabalham com isso. O princípio desse postulado científico parece ser semelhante com o de alguns pensadores místicos e ocultistas, como por exemplo o Gurdjieff. De qualquer forma, parece ser bastante difícil chegar a um estado mais elevado sem uma busca assídua e disciplinada. De forma que a dúvida reside principalmente é nos métodos de medição, e para que fins são usados…Obrigado pela postagem.
14/10/2011 às 0:46 em resposta a: Por que usam a fantasia religiosa para responder a perguntas simples? #88784Miguel DuclósMembroEu prometo postar um caso quando ver um, bruno… mas de memória, apenas explico melhor o que disse no meu post: O desenvolvimento de uma postura ateísta foi meritório, dentro da civilização ocidental, da história filosofia (na liderança, obviamente, mas junto com muitos inter-pares). Foi um esforço por assim dizer, hérculeo. Inclusive na propagação do mérito das ciências como a melhor ferramenta para o alcance da “verdade”.A coisa toda é bastante complexa. Por mais que estudemos, por exemplo, nunca chegaremos nas nuances. Mas o que eu tenho observado hoje é uma postura "ateísta" difererente. Passado mais de um século de Nietzsche, por exemplo, atacam a religião "cegamente", ou, unilateralmente, apontando somente os erros (o que chamo na linguagem chula de chutar cachorro "morto"). Por exemplo, que a igreja católica é pedófila, que a igreja não condenou escravidão, que a igreja fez inquisição, que a igreja é dogmatista, que a igreja e a bíblia são contraditórias...creio que os exemplos estão em toda parte. Então, talvez seja hora de colocar advertências às tais críticas. No campo popular, por exemplo, acho um nome como Richard Dawkins completamente desmeritório, tanto em termos de ateísmo filosófico, quanto de divulgação científica. No entanto, aparece idolatrado.Ao mesmo tempo, vemos por parte dos que se afirmam "religiosos" uma defesa também primária se adonando da cultura popular, via empresas evangélica ou mesmo na atuação da igreja (por exemplo, pela rendição carismática ou mesmo pela contrafação de Ratzinger em insistir na "medievalidade" durante as missas em latim. Então acho que nosso papel, como o que você mesmo deu exemplo, ao entrar dentro de tais debates, é justamente o de tentar refletir mais, procurando sempre mais informações, seja na católica ou qualquer outra corrente religiosa. Apontando sempre as informações e os caminhos que já foram percorridos, enfim, cumprindo o papel filosófico da crítica, que é de "problematizar" as coisas. Não tem resolução fácil. Eu, por exemplo, confesso que conheço "en passant" as correntes orientais citadas, mais a partir do viés de divulgação que elas tiveram em tempos recentes, dos 1960 para cá. Tanto teoria quanto prática.Quando vemos alguém chutar "cachorro morto" por aí, como disse, só dá uma certa amargura, pois, dentro da religião, mesmo, o que mais existe é debate e discordância; é mesmo toda uma arte que foi desenvolvida, e a crítica também não foi leve, nem rápida... De forma que meu post se resume ao que defendo há tempos, reduzir o "euzismo" e tentar o amplexo dos clássicos, claro que o percurso dentro desses é via de regra, pessoal e editorial, depende da formação. O que não consigo ver são as pessoas escancarando "portas abertas". Ai também reduzo ironizando: ah tu que descobriu a pólvora? Não sabia... Ou nem me meto. :)
12/10/2011 às 22:02 em resposta a: Por que usam a fantasia religiosa para responder a perguntas simples? #88781Miguel DuclósMembroFanatismo e dogmatismo são problemáticos mesmo, mas a bela crítica que fizeram ao meu ver já descambou e a luta está girando solta que nem foguete e chicote de pólvora, sem rumo e com desatino… difícil tentar participar ou “interferir” em tais debates, ainda que os dispostos se acham tão fortes porque não abrem mão, de forma individual, do algo impoderável, que suas parcas razões não iluminaram, e nem ainda, os mistérios das ciências divulgadas…de forma que, dichavando as categorias, chegam em eletróns sub atômicos cada vez menores, além mesmo do já propagando e defendo núcleo do eu atomizado…e cada palavra, dizem, diz mais de mil letras, que diz mais de mil sentidos, com mais de um milhão de casos em cada acento…aí a coisa complica mesmo…Sou a favor de estudar melhor o que foi dito, a crítica ao que foi dito, e “arrotar” menos, quando o assunto envolve questões de fé, que a rigor, só podem ser tratadas, ainda que forma de troca de idéias, teologicamente – se firmando pelo diálogo, interno ou externo, mas não por alguma casca de catequese mal arranja em juízo e resquício…efetivando-se!
Miguel DuclósMembroNão gostei dessa, Suzana. Sobre o poema do Torga, acho que usa sempre as mesmas imagens de sempre (bíblia etc), ainda sincretiza com a Grécia Antiga e sem novidade na linguagens, versos livres com rimas pobres…Mas valeu porque não conhecia esse autor, aí fiquei tendo um primeiro contacto….Abs
Miguel DuclósMembroo Chomsky é canônico dentro de qualquer estudo linguístico, junto com saussure, searle e outros. Agora esse “Adger” eu realmente nunca tinha ouvido falar… ficou a dica.. hehe…irei ver..
Miguel DuclósMembroUma vez estava lendo as cartas do Padre Vieira e ele ilustrava a dificuldade de formatar a sua doutrina católica nos corações e mentes dos nativos, não era somente catequisar índios, mas toda a terra brasilis que já vicejava na vida colonial dessas seivas. Foi aí que me ocorreu que essa crítica ao “Sistema”, que aparece forte na contra-cultura dos anos 1960, a luta contra o “stabilishment” e o “status quo” etal, na verdade é mais um conceito “importado” que adotamos. Explico…Sérgio Buarque já falava do desafio problemático brasileiro que é o de instaurar as instituições da civilização ocidental nas nossas características peculiares, não somente históricas e humanas, direito, estado etc mas também geográficas. No caso, acho que ainda não a vivemos de forma plena. O próprio pilar religioso que foi uma base forte, já caiu em sua força, permanece como vestígio e reserva. Somente a economia, que parece ser o paradigma máximo, não se sustenta para fazer girar a vida. Ainda sequer chegamos no capitalismo clássico, o Estado senta em cima da economia e mantém o paradigma do país não soberano como "Fazenda do mundo". O totalitarismo por via militar também já perdeu força, não há a mesma imposição de disciplina que levou-os a estampar a bandeira com a frase do Comte. O judiciário, lento e ineficiente, comete desmandos e iniquidades e vive trabalhando à beira do colapso. Até a velha rede globo, pensada como fator ditatorial de unificação, anda perdendo força motriz com a internet.De forma que acho que o problema do Brasil não é o "Sistema", mas a FALTA de sistema... não o excesso, o controle, esse se dá por comandos ainda pouco sofisticados, e , também com a nossa atual crise da educação, que, se nunca foi lá essas coisas, caiu precipício abaixo sob alguma desculpa esfarrapada de aumento de índices, o que vemos hoje nas novas gerações que vêm é a presença da força vital com um condicionamento meio rasteiro, baseado em status econômico e profissional. Ou seja, o "sistema" brasileiro não se efetiva na subordinação das pessoas de forma presente, constante e limitante, mas antes, age sempre em algum limite tênue. É duro admitir que é diferente do contexto dos "países desenvolvidos", que tiveram mais razão para fazer essa crítica contra as "amarras", que aliás, impõe em maior ou menor grau aos países com vida própria decadente, como o nosso.
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