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NAÇÃO — Comunidade de homens, estável, historicamente formada, surgida na base da comunidade de idioma, de território, de vida econômica e de psicologia, que se manifesta na comunidade da cultura nacional. A nação é um fenômeno histórico que tem não só o seu princípio como o seu fim.

NACIONALISMO BURGUÊS — Ideologia e política da burguesia que tende a excitar os ódios nacionais entre os trabalhadores e a reforçar a dominação de uma nação sobre outra. A burguesia difunde o seu nacionalismo para semear a discórdia entre os trabalhadores de diferentes nações para impedi-los de se unirem em sua luta emancipadora, para desviá-los da luta de classes e para substituir esta pela hostilidade entre as nações. Não se deve confundir o nacionalismo burguês com o nacionalismo popular da classe operária e das massas trabalhadoras e progressistas, que é sadio e de fato patriota, cuja bandeira é a luta antiimperialista pela libertação nacional, a autodeterminação dos povos e o progresso social em bases realmente democráticas.

NATURALISMO — Em filosofia, tentativa de explicar o desenvolvimento da sociedade por meio das leis da natureza (condições climatológicas, meio geográfico particularidades biológicas e raciais dos homens, etc.). O naturalismo é aparentado com o antropologis mo (vide).

NATUREZA — A matéria em toda a diversidade de suas manifestações e das formas de movimento. A unidade da natureza (do mundo) consiste em sua materialidade. "A concepção materialista da natureza não significa outra coisa que a simples compreensão da natureza tal como ela se apresenta, sem acréscimos estranhos…" (Engels, Dialética da Natureza).

A natureza é uma realidade objetiva que existe fora e independentemente da consciência. A natureza está em desenvolvimento perpétuo e não tem começo nem fim no tempo e no espaço. A matéria inorgânica dá origem à vida orgânica que é a matéria dotada de sensibilidade. O homem é uma parte da natureza, seu produto superior.

NECESSIDADE E CASUALIDADE — Categorias filosóficas de grande importância para a compreensão do caráter dos processos que se operam no mundo objetivo.

Por necessidade, o materialismo dialético entende tudo que tem a sua causa na essência mesma dos fenômenos e processos, o que deriva das conexões internas das coisas, de suas relações e não pode ser diferente em suas características essenciais. O materialismo dialético admite o caráter objetivo da necessidade. Por outro lado, o materialismo não nega a casualidade, pela qual entende aquilo que tem a sua causa não em si, mas em outra coisa, o que deriva de causas accessórias, que podem se produzir de tal ou qual maneira, o que pode ser ou não ser. A casualidade também tem caráter objetivo. Explicá-la pela ignorância de suas causas, como o fazem os mecanicistas, é cometer um grave erro.

Partindo da tese acertada sobre o condicionamento causal de todos os fenômenos na natureza e na sociedade humana, muitos cientistas e filósofos chegaram à conclusão falsa de que no mundo só existe a necessidade, não há fenômenos casuais.

Em oposição à metafísica, a dialética materialista demonstrou que é falso contrapor absolutamente a casualidade à necessidade, encarar a casualidade isoladamente da necessidade, como fazem as pessoas que pensam metafisicamente. Não há nenhuma casualidade absoluta. Só existe casualidade em relação a alguma coisa.

É errôneo pensar que os fenômenos podem ser ou somente necessários, ou somente casuais. Qualquer casualidade contém em si um momento de necessidade, do mesmo modo que a necessidade abre caminho através de uma massa de casualidades. A dialética da necessidade e da casualidade consiste em que a casualidade surge como uma forma de manifestação da necessidade e como seu complemento. Conseqüentemente, as casualidades têm lugar também dentro do processo necessário.

De acordo com a teoria de Darwin, as modificações casuais e imperceptíveis dos organismos, que são úteis para eles, consolidam-se através da hereditariedade, aumentam no curso da evolução e conduzem à modificação da espécie. As diferenças casuais, desse modo, transformam-se em características necessárias da nova espécie.

As regularidades, a que estão submetidos os fenômenos casuais, são generalizadas numa série de teorias científicas, em particular, na teoria matemática da probabilidade.

NEGAÇÃO DA NEGAÇÃO — Noção filosófica que traduz um dos aspetos do desenvolvimento dialético. Tendo abandonado a doutrina de Hegel sobre a natureza lógica do desenvolvimento, Marx e Engels conservaram o truno "negação", interpretando-o de modo materialista. Na dialética marxista, compreende-se como negação a substituição, regida por leis, que se verifica no processo do desenvolvimento, da velha qualidade pela nova qualidade,-surgida da velha. Freqüentemente, esta substituição da velha qualidade pela nova, no processo do desenvolvimento, representa o resultado natural da ação da lei da unidade e luta dos contrários, É que, em cada objeto, fenômeno ou processo, verifica-se a luta de aspetos e tendências que se excluem mutuamente, e esta luta conduz, em conclusão, à "negação" do velho e ao aparecimento do novo. Mas, o desenvolvimento não se detém no fato de que um fenômeno é "negado" por outro que vem substituí-lo. O novo fenômeno, que surge à luz, contém novas contradições. Estas, inicialmente, podem ainda ser imperceptíveis, mas, com o decorrer do tempo, obrigatoriamente se revelam. A "luta dos contrários" se trava sobre nova base e, no final de contas, conduz a nova "negação".

O mundo objetivo, como um todo, é eterno e infinito, porém todas as coisas que o formam, são limitadas no tempo e no espaço, são transitórias, submetidas_à "negação". Nenhuma "negação" é a última. O desenvolvimento continua, e cada "negação" derradeira é, ela mesma, por sua vez, "negada".

NEO-HEGELIANISMO — Corriente filosófica reacionária dos séculos XLX e XX, baseada nos elementos reacionários da filosofia de Hegel. Os neo-hegellanos criticam o idealismo objetivo de Hegel do ponto-de-vista do idealismo subjetivo e tranfosmam a dialética he-geliana numa dialética subjetiva, rechaçando o seu núcleo racional: a idéia do desenvolvimento.

NEO-KANTISMO — Corrente filosófica da segunda metade do século XIX que sistematiza os elementos idealistas e subjetivos mais reacionários e mais caducos da filosofia de Kant.

Com poucas variantes, o neo-kantismo_ foi a filosofia oficial da II Internacional. Bernstein, Kautsky, M. Adler e outros esforçavam-se por combinar o neo-kantismo com o marxismo. Os socialistas de direita, continuadores atuais dos antigos reformistas, apoiam-sé igualmente no neo-kantismo na sua luta contra o marxismo.

NEOPLATONISMO — Filosofia mística reacionária da época da decadência do Império Romano (séculos III a IV), ideologia da aristocracia escravista. A doutrina idealista de Platão de que o mundo real é uma sombra do mundo supra-sensível das "idéias" converte-se, entre os neoplatônicos, na teoria de uma "emanação mística" do mundo material, a partir de um princípio espiritual. O neoplatonismo desempenhou um papel essencial na patrística (vide) cristã e exerceu grande influência sobre toda a ideologia feudal nos países cristãos e muçulmanos.

NEO-REALISMO — Uma das correntes da filosofia idealista contemporânea. Apareceu nos começos do século XX e difundiu-se sobretudo na década de vinte. Os neo-realistas fazem uma identificação idealista do ser e da consciência. A maioria deles não são mais do que partidários da fenomenologia, a qual reduz o ser às sensações.

NEOTOMISMO OU NEOESCOLÁSTICA — Doutrina filosófica oficial da Igreja Católica, uma das correntes mais influentes da filosofia contemporânea, arma ideológica da reação. O neotomlsmo exuma e adapta às necessidades da reação o sistema teológico do escolástico Tomás de Aquino, que o Vaticano considera como o mais conforme com os dogmas católicos.

NOMINALISMO — Escola filosófica medieval cujos adeptos sustentavam que as noções gerais não são mais do que nomes das coisas particulares. Por oposição ao "realismo" medieval, os nominalistas afirmavam que apenas os objetos individuais existem realmente, enquanto que os conceitos gerais, criados pelo nosso pensamento, longe de existir independentemente dos objetos não refletem nem sequer suas propriedades e suas qualidades.

NOUMENO, FENÔMENO — Na filosofia de Kant, os únicos objetos de experiência, os fenômenos seriam devidos à ação exercida sobre o homem por uma entidade desconhecida (as "coisas em si"). Essências absolutamente incognoscíveis, os "noumenos" se situariam mais além dos fenômenos.

NOVO E VELHO — A filosofia marxista entende por "novo" não tudo o que nasce e existe, mas unicamente o que nasce para se desenvolver, o que tem um porvir e acelera o progresso da sociedade em conjunto ou em algum do seus aspetos.

A filosofia marxista entende por "velho" tudo o que deixa de ser motor do progresso e se converte num obstáculo ao avanço. O velho e o novo lutam entre si, pois traduzem as tendências diferentes da realidade, o seu passado e o seu presente, o que morre e o que nasce, o negativo e o positivo, o elemento conservador e o elemento revolucionário.

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