Início › Fóruns › Questões sobre Filosofia em geral › Você acha que existe um Deus? › A religião: Uma prisão perpétua
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08/02/2011 às 10:48 #88213ppauloMembro
E por que a Bíblia seria confiável como fundamento?
08/02/2011 às 16:03 #88214massMembroNão acredito em falsa filosofia. Acredito que filosofia é um ideal de busca, com vários caminhos e um objetivo. Podem haver caminhos que não levem a esse destino, falso caminho, ou falso conceito. Do mesmo modo a Bíblia. É um material no mínimo contraditório, com divergências entre antigo e novo testamento muito grandes, e interpretações tamanhas que o Antigo testamento serve de base para católicos romanos, ortodoxos, luteranos, muçulmanos, muçulmanos radicais e judeus. Esse é o tamanho do leque de interpretação da Bíblia. Povos buscam no mesmo livro razões para o outro povo estar errado. Sobre a religião ser uma prisão, isso é falta de análise de religiões diversas. Taoismo é muito livre, e o conceito de culpa do lucro que temos aqui é católico romano e suas variações. Luteranos e calvinistas, que ambos surgiram próximos a Nietzsche, não acusam, e até defendem o ponto de vista do "forte", segundo Nietzsche. Por isso mesmo foram tão difundidos, sendo que os EUA em maioria hoje deve ser "protestante", deve, não sei ao certo. Sobre felicidade, este também é um conceito que nós criamos, mas não a maioria das religiões. A grande maioria das religiões orientais não instigam a busca da felicidade, mas sim de uma espécie de tranquilidade, que seria um abstrato de meditação, uma paz mental para eliminar a ansia por prazeres. Marcos Aurélio, no seu livro Pensamentos (alguns traduzem o título como Meditações), também cita que, pelo que havia percebido ao longo de sua vida, era de maior valia buscar tranquilidade do que felicidade, sendo tranquilidade algo mais estável. Falou isso, porém, sem fundo religioso algum.
09/02/2011 às 13:28 #88215umamartMembroCaro mass,Para mim, na minha definição de felicidade, entendo que ela seja justamente um estado de tranquilidade, serenidade e paz. Felicidade não é um estado de euforia, mas de serenidade. Portanto, concordo com você, o objetivo final é conquistar o estado de paz, paz interna, sem ansiedades, sem conflitos, um estado de tranquilidade. Isto, ao menos da forma como eu vejo, é a felicidade.Talvez a igreja católica tenha mesmo, historicamente, impregnado o conceito de culpa do lucro, uma vez que o real interesse hipócrita da igreja foi monopolizar o lucro somente para si. Mas realmente não há nenhuma culpa no lucro, não é pecado lucrar, só que não é o lucro que levará a este estado de paz. Quer lucrar? Pode, só que é perda de tempo, pois não é isso que vai satisfazer o teu espírito. Este estado de tranquilidade, de paz, ou de felicidade, só se consegue ao propiciar meios a outros de também chegarem à paz. Não se passa por esta porta sozinhoQuanto a Nietzsche, sujeito desprezível que prega esse "forte" que domina outros e que compaixão é propriedade dos "fracos", muito pelo contrário, o egoísmo e o individualismo são nativos do ser humano, é instinto humano por natureza, portanto é muito fácil ser dominado por estes instintos. Fortaleza não é dominar outros. Dominar outros é deixar-se dominar por instintos primitivos, portanto fraqueza. Fortaleza é dominar-SE, ter domínio sobre os seus instintos egoístas e manifestar o altruísmo. O altruísmo se conquista com muito trabalho, e pra isso é necessário ser forte.O que Nietzsche fez nada mais foi que observar e descrever os instintos humanos, mesmo os mais cruéis, e estabelecer que este é o caminho da verdade. Caminho fácil, e portanto atraente, pois não sugere a necessidade de superar-se, de transpor obstáculos. O caminho da bondade, entretanto, é infinitamente mais difícil, pois é necessário vencer-se, superar-se.É muito fácil dizer que esse negócio de bondade e compaixão é tudo bobagem, coisa de fracos, eu vou atrás do que é bom pra mim, da minha realização individual. Só que esse comportamento gera conflito, gera guerra, gera miséria, violência, não gera paz, de forma nenhuma. O comportamento individualista vai gerar somente ansiedade e angústia, nunca a paz. É lógica, somente.Sábios do passado sabiam disso. Cristo sabia disso, e ele, mais que qualquer um, venceu-se, ele também foi tentado, mas venceu-se, por ser forte, absteu-se de qualquer individualismo, e doou-se completamente, cada gesto, cada palavra, e até a própria vida, doou em favor de outro, da humanidade, para dar-se como exemplo. Ora, você pode ou não acreditar em Deus, pode ou não acreditar nos milagres Dele, mas não dá pra negar que Ele tinha uma Verdade, e que foi exemplo desta Verdade.Na minha visão, quem quer realmente se dizer filósofo, deve buscar a verdade onde quer que ela esteja, e a verdade pode estar tanto em Sócrates e Platão, como no Taoismo, no Cristianismo ou na cultura Yanomami.
09/02/2011 às 15:48 #88216massMembroDesculpando-se por fugir um pouco do tema, mas só um comentário quanto a Nietzsche. Considero ele como um pensador, como qualquer filósofo, mas que tem seus defeitos, como qualquer um. Poucos são os “filosofos” ou pensadores que não tem defeitos. Considero Cristo, Buda, Krishna, Nisargadatta ou Socrates como filósofos perfeitos, pois suas filosofias seguem uma linha que não consigo criticar ou achar falhar. Mas claro, isso é opinião minha e só minha. E tem mais nomes nessa lista… até Machiavel, restrito ao seu ramo de filosofia política. Essa idéia ai acima atribuída a Nietzsche eu considero falha, porém não irei por isso considerar tudo o que o mesmo escreveu falho, mas acho que a aceitação de suas visões são também um pouco de romantismo da auto-flagelação dos pensadores desse século, onde todo o homem é errado ou faz algum mal. Freud, por exemplo, aclamado, para mim é um cara com sérios problemas sexuais, e por isso fala tanto dos problemas sexuais da humanidade.
09/02/2011 às 22:08 #88217ppauloMembroVejam bem, coloquei a correspondência com Nietzsche no começo da discussão não por concordar com sua filosofia, mas apenas indicando ao autor do tópico que o caminho de sua reflexão se assemelhava e, como forma de que ele pudesse ler e tirar suas conclusões.Porém, os fundamentalistas religiosos muitas vezes deturpam um mero exercício de raciocínio.Perguntar filosoficamente é não ter medo da resposta, seja qual for.Voltando ao tema do tópico, a religião é uma prisão, não perpétua, mas por opção. É a prisão da mente, é o medo do que a mente livre possa encontrar, como sempre na história da humanidade, é o medo do desconhecido. São os fanáticos religiosos aqueles do mito da caverna de Platão, aqueles que irão assassinar aquele que se atrever a olhar o mundo real e não apenas as imagens refletidas.A quem duvidar posso dar infindáveis exemplos.Saudações cordiais e com grande alegria vejo que este fórum anda mais movimentado por estes dias!
10/02/2011 às 12:14 #88218massMembroppaulo, acho que não só os fanaticos, mas também qualquer pessoa, mesmo que uma pessoa de bem, calma e tolerante, que não busque respostas para seus problemas, resumindo eventos como “Deus quis assim”.Eles iriam responder que é a Fé, que sem fé não se vai a lugar algum. Mas eu acho essa resposta como aquele "Porque não!".Mas claro, a prisão não é necessariamente um lugar ruim. Três refeições por dia sem precisar gastar a cabeça pra consegui-las. É uma questão de escolha.
10/02/2011 às 13:01 #88219ppauloMembroSim, é muito cômodo deixar que outros pensem por você. Deixar que um livro escrito por homens lhe diga como dirigir a sua vida.Pensar filosoficamente é tomar as rédeas da própria existência.
10/02/2011 às 13:51 #88220umamartMembroPensar filosoficamente é tomar as rédeas da própria existência.
Verdade inquestionável. Porém faço protesto quanto ao uso da palavra religião como sinônimo de prisão. O dogma é prisão, deixar que outros ditem a sua vida é prisão. Infelizmente, a palavra religião ficou quase universalmente associado ao dogma, porque quase todas (senão todas) as instituições religiosas fazem uso do dogma. Eles dogmatizam seus fiéis, porque, se eles não questionam, fica mais fácil dominá-los. Mas, na verdade, religião não é dogma. Religião é religar. Religar à que? Ao ponto gerador, à origem de todas as coisas. É religar-se à fonte de todas as respostas. É a busca por respostas, um caminho em busca pela paz.Filosofia também é religião. A filosofia permite questionar e questionar-se sempre, na busca de verdades que elucidem e ampliem a consciência. Isto é religião, não aquela religião do dogma, mas a religião razoável, religião da razão.Eu apenas gostaria de dar um outro sentido à palavra religião, o sentido que ela realmente deveria ter, de algo nobre e libertador. Eu gostaria de desfazer todo o mal que as igrejas fizeram durante séculos.
10/02/2011 às 16:09 #88221ppauloMembroTem toda a razão. A palavra que por si só era nobre, ficou deturpada ao longo do tempo. Hoje é difícil pensar em religião e não associar aos dogmas impostos. Por que é assim? Porque eu digo que é...Porque assim está escrito.... Eu não concordo...Infiel... herege... ateu... você é partidário do mal... vamos queimá-lo na fogueira...Não existe a filosofia sem a possibilidade de se contradizer ou contra-argumentar.A verdade imposta não passa de uma mentira acompanhada das armas.Já notou que quando existe uma tentativa de conversa para com os "religiosos" ou eles se socorrem em textos como se fossem verdades absolutas ou, dizem para você: coitadinho... não sabe o que fala... não é um iluminado... não foi tocado por Deus... etc etc
10/02/2011 às 16:36 #88222brunopiMembroCreio que prisão é se perceber preso. O mass citou o Nisargadatta, cuja leitura recomendo largamente, por ser tão direta e sem arestas. Realmente, não há prisão alguma. Também entendo a dificuldade de aceitar todos os malefícios que séculos de hegemonia cristã (= malversação da doutrina de Cristo) legaram ao ocidente, mas penso que já é tempo de abandonar essa postura infantil, cheia de pedras nas mãos e choramingos. Prisão… O que sempre me parece é que, de fato, não é possível chegar muito longe por meio das palavras. Apenas indicações.Interessante quantas pessoas aqui mencionam Nietzsche. Penso que era uma mente poderosa, um homem enormemente determinado, mas ter vivido na Europa vitoriana não deve ter sido das coisas mais saudáveis ao espírito.
10/02/2011 às 19:04 #88223massMembroCabe também lembrar do porque que a religião no ocidente tomou tal fama. Digo do ocidente considerando o antigo testamento, que é o livro mais lido e seguido do mundo, por acredito que quase metade do mundo. Mas na época de sua expansão, justamente na europa e arábia medievais, o clima era caótico. No próprio feudalismo, que foi o grande “criador” da igreja católica, era de muito mais valia ser súdito de um nobre e pagar à igreja (onde ambos possuiam os restos militares e estruturais de roma) do que ser assassinado e saqueado pelos que não fizeram isso, vulgo bárbaros. Esse clima criou medo, e esse medo foi aproveitado pela igreja, mas que também ofereceu esperança em troca. É difícil imaginar uma época em que fazia um homem preferir dár a honra da noite de núpcias de sua recém casada esposa para o Nobre proprietário do castelo onde você vive por um pouco de segurança de seus muros. E foi nesse ambiente que emergiu a igreja católica. Culpa-la pondo culpa nos seus integrantes também é errado, a cultura da época era de medo. Imagine, por exemplo, um governo como os EUA acabando. Chineses, Russos, Ingleses, Franceses e Alemães tomam um pouco das beradas do que era o antigo EUA e Canada. Como ficaria a vida das pessoas que vivem no centro do país? Quem sabe plantar, planta, se tiver terra, e quem não sabe e nem quer? Saqueia. É mais ou menos o que aconteceu ai por 500 depois de cristo.Algumas religiões, por sua vez, fazem jus ao seu conceito inicial. O hinduísmo eu vejo como o maior exemplo do que é religião. Na India e região, existem muitos livros, livros imensos, muito maiores que a Bíblia, e muitíssimas interpretações desses livros. Existem pessoas extremamente aceptativas, e existem radicais que apedrejam muçulmanos. Existem quem analisa o sistema de castas como propriamente dito nos textos de Manu, e existe quem os analisa como Gandhi, que dizia que as castas descritas por Manu serviam para usarmos como parametro para classificar o homem quando jovem, entre suas aptidões, não sendo hereditária.Por fim, há quem não come carne de gado por ser um animal sagrado, e há venerados mestres como Nisargadatta que comem, bebem e fumam, e explicam seus motivos, todos usando as mesmas bases. O hinduísmo pode ser o mais liberto e filosófico, ou o mais aprisionante e dogmático. Pode-se escolher dentre as 100 e tantas escolas.
12/02/2011 às 20:06 #88224AcáciaMembroNão é a religião nem as ideologias que aprisionam o homem e sim, a tentativa aniquiladora de si mesmo ao tentar “condensar” no homem com o mal uso destas, a energia vital cedida por tempo limitado, e por amor, pelo próprio Deus.
13/02/2011 às 12:44 #88225ppauloMembroE como saber se o uso é bom ou mau?No momento em que valoramos em bom ou mau, imprimimos a característica humana ao objeto.
13/02/2011 às 13:29 #88226AcáciaMembroE como saber se o uso é bom ou mau?No momento em que valoramos em bom ou mau, imprimimos a característica humana ao objeto.
É exatamente esta a questão. Todos questionam a Bíblia e chegam a descreditá-La porque fomos ensinados a vê-la de acordo com as impressões para os fins ao quais Ela foi destinada . Acontece que a Palavra de Deus não foi feita para permanecer aprisionada no homem. É por isso que a humanidade não evolui mesmo possuindo um Livro de inestimável valor. É culpa dos governantes, religiosos e elaboradores de sistemas? Claro que não. Deus é perfeito e todos somos Sua criação. Acontece que o Verbo de Deus significa ação e não pensamentos. Não podemos ter Vida ativa se não saírmos da posição inicial. A Bíblia é fonte. Jesus nos ensinou o significado, na prática, do exercitar o aprendizado. A cura nos dias de Sábado nos mostra o quanto o Mestre dava importância a ação e não se contentava com preceitos. Nos mostra o quanto o filho se importou com o Reino de Seu Pai e seus irmãos que somos nós. Não devemos nos permitir acorrentar pela ignorância e, as vezes, pela inoc~encia de muitos. Nossa meta e continuarmos em busca da aproximaçao da Luz maior em benefício de todos. No entanto, temos que aprender como saírmos destas amarras, destes círculos nos quais fomos aprisionados. Se nosso DNA está recheado de tradições humanas, temos que atentar para a Voz Superior do Espírito Criador, a Voz do próprio Deus. E para tanto, temos orientações na voz de diversos intelectuais, espíritas, cristãos, muçulmanos e outros, mensageiros do Próprio Deus. Contraria interesses humanos maiores? Sim, contraria. Mas o que fazemos, eles ainda não se deram conta de que é em prol de uma causa infinitamente Superior. Já estamos entrando no estágio dos próximos alimentos e não estaremos a mercê dos nossos Pais para nossa própria nutrição. Cada um terá que mostrar ao que veio. Este é o estágio do filho que aprendeu com seus pais.
13/02/2011 às 17:55 #88227OpiniaoBSMembroTá cheio de threads neste site que já dão a resposta.Então não vou por ora acrescentar nada. Quem estiver realmente interessado, vai ver que intelectualmente há uma direção apontada. Que mostra a natureza da idéia de religião que vale a pena enfocar quando se quer incluir na questão a nossa, humana, condição de existir, e Deus.E a resposta é....Depende. Você (leitor) consegue diferenciar Instituição, Igreja, de Religião ?Homem todo.Ciência parte.Literalismo X analogia, metáfora.Incerteza X CertezaPois é. Uma vez confortável com um certo grau de incerteza é possivel reconhecer o quê certas formulações podem querer indicar. A direção de um treco (prá não usar nem sujeito nem objeto, nem Deus) invisível e não uma foto.E o aroma é invisível. Os medievais conheciam. (E nós também)Hoje falamos em moléculas odoríferas e etc... Mas o aroma continua uma experiência humana.Então, só prá responder:Prisão perpétua é a não religião. (O não Alto-conhecimento)Mas é claro que primeiro tem que se libertar de condicionamentos. Um deles é a aceitação inquestionada (ou sub-questionada) de dogmas (tanto científicos quanto religiosos).A solução não é o branco nem o preto. Mas o bom uso dos dois.Alguém já tentou grafitar um muro preto ?A justificação (só indicação da direção, sorry) está nas threads.
Palavras chaves de busca: perene, deus, filosofia, bíblia, consciência.Membro: Alex Haydin (ele é mais doce, maduro, metódico e informado que eu, que geralmente sou dado a esperneios e aforismos místicos. -
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