Espinosa ou Spinoza?

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    Qual é a grafia mais adequada para este filósofo?
    Espinosa, Spinoza, Espinõsa, Spinoza …?
    Segundo a biografia de Nadler o mais correto seria “Espinosa” ou “Spinoza”, mas não há dados conclusivos. E essa controvérisa se estende também ao primeiro nome. Baruch (abençoado, blessed), Bento, ou Benedito? Parece , da mesma forma qie o mais correto é Benedito. Alguém tem mais alguma informação a respeito?

    #71311

    Segundo Steven Nadler em seu livro: Spinoza: a life, uma obra publicada pela Cambridge UP em 1999, que, no que concerne a dados biográficos, pode, sem dúvida, ser considerada autoritativa, responde a esta questão, escrevendo:

    “Among the Sephardim who could be found working or worshiping along the canal was one Abraham Jesurum de Spinoza, alias Emanuel Rodriguez de Spinoza. He often went by the name of Abraham de Spinoza de Nantes, to distinguish himself from another member of the community, Abraham Israel de Spinosa de Villa Lobos (alias Gabriel Gomes Spinosa). The name «de Spinoza« (or «Despinosa,« or «d'Espinoza,« among other variants) derives from the Portugueses _espinhosa_ and means «from a thorny place«. The family may originally have been Spanish, escaping, like so many others, to Portugal in the fifteenth century. (Nadler: 27). Eu traduzo e ressalvo: a sua família _poderia ter sido espanhola_, escapando, como muitas outras, a Portugal no séc. XV.

    Quanto ao seu nome:
    “In most of the documents and records contemporary with Spinoza's years within the Jewish community, his name is given as «Bento«. The only exceptions are the membership roll of the Ets Chaim educational society, the book of offerings listing contributions to the congregation, and the _cherem_ document in which he is excommunicated, all of which refer to him «Baruch«, the Hebrew translation of Bento: blessed.” (Nadler: 42)

    A linguagem usada por Spinoza era português:
    “The language spoken in the Spinoza home was, of course, Portuguese. The men, at least, knew Spanish, the language of literature. And they prayed in Hebrew.” (Nadler47)
    Mais adiante:
    “In 1665, writing to Willem van Blijenburgh in Dutch, Spinoza closes by saying, 'I would have preferred to writen in the language in which I was brought up [de taal, waar mee ik op gebrocht ben]; I might perhaps express my thoughts better'; he then asks Blyenburgh to correct the mistakes in the Dutch himself. It is clear that the _taal_ he is referring to here is Portuguese, and not, as some scholars have assumed, Latin” (Nadler: 47)

    Levando em conta estas informações, pode-se dizer que a família de Spinoza continuava ligada às suas raízes portuguesas falando a língua em casa e dando o nome de «Bento« ao filho.
    A partícula «de» pode ser uma adaptação ao costume holandês de associar o nome à região de origem da família através da partícula «van«.

    Todas as variantes, desde que estejam documentadas, são corretas e seria violentar as fontes caso se procurasse uma forma que pudesse ser _a mais correta_. A forma ” Baruch Spinoza” consagrou-se pelo uso, pelo menos aqui na Europa, talvez por influência de seus primeiros biógrafos: Jean Maximiliam Lucas e Johan Colerus.

    #71312

    Caro Schwerig: Obrigado por sua atenciosa mensagem. Não li o livro do Nadler, mas já ví críticas que apontam sua autoridade, devido ao grande trabalho de pesquisa que empreendeu junto à documentos originais. Todavia, não vou dar a questão por encerrada porque, embora haja muitos aportuguesamentos estrangeirismos em nomes de filósofos (já vi livros até com Thiago Rousseau), creio que devemos tentar achar o nome que o próprio filósofo usava e assinava. No caso do primeiro nome, parece que há variações mesmo nos documentos pessoais de Espinosa, mas o sobrenome creio que deveria ser um só. Mas como você mesmo afirma, foram inúmeros os fatores que levaram a essa diversidade de grafia. Neste caso, seria preferível usar a grafia que a tradição confirmou : Spinoza. Como no caso de Platão, ou Plato, o nome sofre modificações conforme a localidade, mas deve pelo menos conservar a sonoridade original

    #71313

    Estive consultando minhas anotações de aula, e parece que todas estas variantes do sobrenome são corretas porque foram encontradas em diferentes documentos da comunidade judaica em Portugal. Quanto ao primeiro nome, o próprio Espinosa adotou três nomes, seu nome em Português (Bento), em hebraico (Baruch) e em latim Benedictus de Spinoza. Isto não é estranho, se lembrarmos que por exemplo Descartes (que escreveu o Discurso do método em francês e as regras em latim) assinava nos trabalhos em latim Cartesius. O nome em hebraico se deve à família, pois a comunidade, mesmo excomungada, mantinha seus laços sanguíneos e sua obediência à lei do Torah (ou à lei oral, no caso dos fariseus). Havia a diferença entre os saduceus, fariseus e cabalistas. Estive vendo que muitos membros da comunidade judaica em Portugal se empenharam nas campanhas das Índias Ocidentais, inclusive no Brasil. Vou iniciar um tópico sobre a ascendência de Espinosa para não confundir com o do nome.

    #71314

    Só gostaria de informar que Schwierig escreveu para o professor Nadler, perguntando como Espinosa assina seu nome, e obteve a seguinte resposta:
    “He usually signed his letters “B. de Spinoza”. The family (at least his
    father) is from Portugal, from a town called Vidigere. The name his father
    went by in the community was d'Espinoza, which means “from thorny country”, and

    #71315

    Escrevi para a professora Marilena Chaui e ela respondeu que: “Nos texto da comunidade portuguesa de Amsterdã, o nome é grafado de muitas maneiras. A assinatura das obras é em latim. Mas, assim como não falamos de Descartes como Cartesius, nem de Bacon como Verulamius, não precisamos dizer Spinoza. Há duas possibilidades: : Espinoza e Espinosa” . Ela disse também que usa a grafia Espinosa porque o professor Livio Teixeira, do departamento de filosofia da USP se decidiu por essa grafia, e ela quis formar uma tradição. Quanto ao primeiro nome, é Bento, e você deve usar Baruch se quiser enfatizar sua origem judaica.

    Acho que podemos dar este tópico como completo, por ora.
    Miguel Duclós (Onofre Veiga)

    #71316

    BARUCH, no hebraico significa “benedictus” no latim ou Bento no português. Considerando que Spinoza, (ou espanhol Espinoza), era herdeiro de três ou quatro tradições culturais diferentes, ( portuguesa, sefardita, espanhola, holandesa, latina), a tolerância quanto a grafia de seus nomes pode ser aceita, posto que é provável( um costume daquele tempo) que o 'própio espinoza não escrevesse sua grafia de forma exata. Mas isso só os pesquisadores podem responder. . .

    #71317

    Gostaria de saber qual a melhor tradução do livro Ética de Bento de Espinoza para o português?

    #71318

    Eu acredito que Bento d'Espinoza considerava mais sua imanência do que seu nome. Usou diversas combinações segundo as ocasiões se apresentavam.

    #71319

    Qual é a grafia mais adequada para este filósofo?  Espinosa, Spinoza, Espinõsa, Spinoza ...? Segundo a biografia de Nadler o mais correto seria "Espinosa" ou "Spinoza", mas não há dados conclusivos. E essa controvérisa se estende também ao primeiro nome. Baruch (abençoado, blessed), Bento, ou Benedito? Parece , da mesma forma qie o mais correto é Benedito. Alguém tem mais alguma informação a respeito?

    Resposta: Acredito que o correto é Spinoza, segundo docs que tenho levantado sobre família e a origem é espanhola. Ocorre que por interesses pessoais, um descendente fica modificando a maneira como se escreve, alegando que está no Brasil e o correto é usar o "Portugues", confundindo à tudo e à todos.Qto a Benedito, de descendência italiana, o correto é "BENEDICTO".

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