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Tradução de Odorico Mendes
Fonte: Clássicos Jackson
Resumo e apresentação da Ilíada de Homero
Argumento do Livro III
Os
dois exércitos avançam um contra o outro. — Páris a frente dos
Troianos
provoca os mais bravos dos Gregos ao combate. — Menelau
vai
ao seu encontro, mas Páris amedrontado busca refúgio entre os
Troianos.
— Exprobrações de Heitor. — Resposta de Páris ; propõe
sustentar
um combate com Menelau do qual Helena será o prémio. —
Heitor,
contente leva o desafio de seu irmão ao herói Grego. — Dis-
curso
de Menelau. — Preparam-se sacrifícios. — Entretanto íris,
tomando
a forma de Laodice, vai ter com Helena, e lhe anuncia as
disposições
dos dois exércitos. — Helena vai às portas Ceias, onde
ela
acha a assembleia dos velhos Troianos, que fazem o elogio de sua
beleza.
— Ela designa a Príamo os principais chefes Gregos. —
Retrato
de Agamémnon, de Ulisses, de Menelau e de Ajax, entre os
quais
Helena sente não ver Castor e Pólux, seus irmãos. — Por
conselho
de Ideu, Príamo vai com Antenor ao meio dos dois exércitos.
—
Agamémnon levanta-se, chama a cólera dos deuses sobre os perjuros
e
sacrifica. — Discursos de Príamo, que volta a ílio para não teste-
munhar
uma luta em que um de seus filhos pode ser vítima. —
Aprestos
e fases diversas do combate. — Páris vai sucumbir quando
Ténus
o livra dos golpes de Menelau, o transporta ao leito nupcial, e
lhe
faz esquecer a derrota nos braços de Helena, que resiste a princípio
e
cede enfim. — Menelau procura em vão seu rival; e Agamémnon
reclama
para seu irmão o prémio da vitória.
Canto III
Os
Teucros em batalha, após seus cabos,
Gritando
avançam: tal se eleva às nuvens
Dos
grous o grasno, que em aéreas turmas,
Da
invernada e friagens desertores,
Contra
o povo Pigmeu com ruína e morte,
O Oceano transvoam. Desejosos
De
entreajudar-se, tácitos os Gregos,
Força
e coragem respirando, marcham.
Qual
se, ingrato ao pastor, Noto enche os cumes
De
névoa, mais que a noite ao furto asada,
Pois
que a tiro de pedra mal se enxerga;
Aos
pés túrbido pó não menos surge
Dos
que iam pelo campo acelerados.
Perto
eles já, da prima Troica fila Páris nítido sai: com arco e espada,
Pele
de um pardo enverga; de énea ponta
A
vibrar dois hastis, os mais valentes
Um
por um desafia. Em grave passo
Vendo-o
vir Menelau, como esfaimado
Leão
exulta que, ao topar fornido
Galheiro
cervo ou corpulenta corça,
Ferra-o
voraz, embora em cerco o apertem
Viçosos
moços, vívidos subujos.
Do
coche em armas vingativo salta;
Mas
Alexandre, que na frente o avista,
Para
os seus retraiu-se estremecendo.
Se
alguém no serro ou brenha encontra serpe,
Trépido
recuando empalidece:
O
deiforme elegante assim do Atrida
Aos
suberbos Troianos retrocede.
Agro
o invectiva Heitor: "Funesto Páris ,
Mulherengo
falaz, nunca nasceras;
Ou
solteiro acabar melhor te fora
Que
escárnio a todos ser. És sim bonito;
O
Argeu cornado, que pugnaz te cria,
Ri
de que alma tão vil teu corpo aloje.
A
navegar, poltrão, forçaste amigos,
Da
Ápia ousando a beleza peregrina,
Consorte
e irmã de heróis, trazer contigo?
E
és a teu pai flagelo, aos teus e à pátria,
Mofa
de estranhos, de ti mesmo opróbrio?
Fugiste
a Menelau? provaras que homem
Houve
as primícias da mulher que usurpas;
Cítara,
nem madeixas, nem beldade,
Nem
Vénus com seus mimos te valera,
No
pó submerso. Por devida paga,
Se
os nossos Teucros tímidos não fossem,
Tu
já vestiras túnica de seixos."
E
o formoso Alexandre: "Essa
fraterna
Mereço,
Heitor; mas no âmago tens rijo
Coração,
qual secure que, aumentando
Ao
pulso a robustez, penetra o lenho,
Talha
e em navais aprestos o afeiçoa.
Da
áurea Vénus os prémios não me exprobres;
Nem
são de recusar os dons celestes,
Nem
alvedrio é nosso o consegui-los.
Se
me queres na liça, Aqueus e Troas
Sossega:
eu só com Menelau a braços
Dispute
Helena; o vencedor aceite
E
reconduza a dama e os seus tesouros.
Ferido
o pacto, em sólida amizade
Neste
pingue torrão fiquem-se os nossos;
De
cavalos fecunda aqueles Argos
E
Acaia busquem de gentis mulheres."
Folga
Heitor, e hasta em punho, os seus retendo,
Se
adianta; mas alvo era de pedras,
Frechas
e lanças, té bradar o Atrida:
"Basta,
Aquivos, cessai, crinita gente;
Que
acena o galeato herói Priâmeo."
Ei-los
subitamente se aquietam,
E
chama Heitor: "Sabei de mim,
Dardânios
E
Aqueus de fina greva, o que Alexandre
Propõe,
da guerra autor. De parte a parte
Largadas
no almo chão fulgúreas armas,
Menelau
marcial a sós com ele
Dispute
Helena; o vencedor aceite
E
reconduza a dama e os seus tesouros;
Nós
outros aliança e paz firamos."
Calam-se,
e Menelau sonoro troa:
"Sede-me
atentos; esta angústia é minha.
Atormenta-me
a guerra: Aqueus e Troas
Por
mim, por Alexandre origem dela,
Nímio
têm padecido! Os mais pactuem;
Morra
qualquer dos dois que a Parca assine.
Preta
imole-se à Terra uma cordeira,
Cordeiro
branco ao Sol, branco ao Satúrnio.
Mas
Príamo o tratado ratifique;
Seus
filhos com perfídia os juramentos
Podem
quebrar, sem pejo do Supremo.
Dos
mancebos a mente é sempre instável:
O
ancião, reportando-se ao passado,
Olha
ao futuro, concilia todos."
Alegram-se
os Trojúgenas e Aquivos,
Terminar
concebendo a luta .infausta.
Dos
coches apeando, os enfileiram;
As
armas despem, que ante si descansam:
Breve
espaço medeia. Dois arautos
Expede
logo Heitor, que as reses tragam,
E
a Príamo convida. A rês terceira
Manda
vir Agamémnon por Taltíbio,
Que
ao rei submisso para as naus caminha.
A
Helena bracicândida vem Íris,
Nas
feições de Laodice, do Antenório
Príncipe
Helicaon dilecta esposa,
E
a mais bela de Príamo gerada.
Acha-a
tecendo em casa dupla trama,
Luzida
e larga, onde as acções bordava
Que
arnesados Aqueus e équites Frígios
Sustentavam
por ela encruecidos.
Chega
a núncia veloz: "Sus, ninfa
amada,
Contempla
e admira os Graios e os Troianos:
Não
há muito, em combates lagrimosos
Ardiam
por matanças; quedos ora,
Sem
contenda, arrimados aos escudos,
Os
longos piques junto a si pregaram.
Só
lança a lança Menelau com Páris
Vai
duelar: do que vencer o nome
Terás
de queridíssima consorte."
Assim
na alma a saudade se lhe estampa
Do
marido e dos lares e parentes.
De
véu cândido ao rosto, água nos olhos,
Saiu
do gineceu; não vai sozinha,
Vai
com fàmulas duas, a Piteia
Etra
e Climene de bovinos lumes.
As
portas Ceias já de assento encontra
A
Príamo na torre, e Panto e Clício,
Hiceteon
belaz, Timetes, Lampo,
Mais
Antenor e Ucalegon sisudos,
Que
por velhos abstinham-se da guerra;
Porém,
bons oradores, semelhavam
A
cigarras que, n’árvore pousadas,
A
selva adoçam com suave canto.
À
torre vendo aproximar-se Helena,
Dizem
baixo entre si: "Não sem motivo
Povos
rivais aturam tantos males!
Que
porte e garbo! efígie é das deidades.
Mas,
tal qual seja, embarque; a nós de exício
Não
continue a ser e a nossos filhos."
Então
chamou-a Príamo: "Anda, ó cara,
Teu
cônjuge primeiro e afins e amigos
Atenta
ao pé de mim. Não és culpada;
Guerra
tão crua, os deuses ma enviaram.
Aquele
Argeu quem é, bizarro e esbelto?
Outros
se lhe avantajam na estatura;
Mas
nunca os olhos meus tamanho viram
Decoro
e majestade: um rei parece."
Respondeu-lhe
a mais nobre das mulheres:
"Amado
sogro, temo-te e venero;
Oh!
morte eu padecera, antes que o toro
Por
teu Páris tivesse abandonado,
E
os irmãos e a só filha e as companheiras I
Eu
vivo e em mesto pranto me definho.
Mas
vou satisfazer-te: o herói que apontas
É
rei sublime e campeão tremendo,
O
pujante Agamémnon; que vergonha!
Se
um dia o mereci, foi meu cunhado."
Pasma
e exclama o ancião: "Feliz
Atrida!
Mimoso
da fortuna, que em florentes
Graios
dominas! Muitos vi peritos
Cavaleiros
na Frigia pampinosa,
E
as de Migdon divino e Otreu falanges,
Que
do Sangário às bordas acampavam;
Lá
como auxiliar no ataque estive
Das
viris Amazonas: mor quantia
De
olhinegros Aquivos se apresentam."
Prossegue
a interrogá-la: "A quem do
Atrida
Sobrepuja
a cabeça, dize ó filha,
E
é dos peitos mais largo e das espáduas?
Em
terra as armas, as fileiras corre:
De
espessa lã guieiro se me antolha
Que
entre infindo passeia alvo rebanho."
Torna
a Dial vergôntea: "Esse o
prudente
Laércio
Ulisses é, de Itaca rude,
Em
todo estratagema e ardis sabido."
E
Antenor: "A verdade, ó mulher,
falas.
Por
teu respeito aqui já veio Ulisses
De
embaixador com Menelau: prestei-lhes
Uma
franca e amigável hospedagem.
Discerni
a cordura e o génio de ambos.
Eles
em pé, dos Teucros no conselho,
Menelau
sobranceiros tinha os ombros;
Sentados,
o Laércio mais nobreza.
Não
multíloquo e vago, embora jovem,
Sim
conciso os discursos bem tecendo,
Razões
argutas Menelau volvia.
Mas,
se o ítaco a orar se levantava,
No
chão pregada a vista, o ceptro imóvel,
Direito
e sem pender, o creras homem
Inexperto,
iracundo, ou quase louco;
Do
imo ao soltar a voz, qual neve hiberna
As
palavras em flocos lhe choviam:
Com
ele então ninguém se comparasse;
Na
facúndia e no gesto era um portento."
"Quem
é, pergunta Príamo, o guerreiro
Que,
espadaúdo e grande, a fronte acima
Dos
Dânaos assoberba?" — "É, disse a nora,
Ajax,
dos Gregos fortaleza e muro.
Idomeneu
Cretense ali dos cabos,
Como
um deus, se rodeia: ao vir de Creta,
De
Menelau nos paços o acolhíamos.
Outros
vejo daqui de negros olhos,
Que
eu fácil nomeara; mas não vejo
Castor
na picaria, insigne Pólux
No
pugilato, príncipes das gentes,
Maternos
meus irmãos: ou não largaram
Da
leda Esparta, ou nos baixéis detidos,
Pejam-se
de empenhar-se nas pelejas
Que,
por meu vitupério, se prolongam".
Oculto
lhe era que ambos já na doce
Pátria
Lacedemónia descansavam.
Traziam
da cidade os messageiros
As
hóstias e odre cheio do jucundo
Bom
licor de natio; Ideu cratera
Também
traz luzidia e copos de ouro,
E
assim convida o rei: "Sus,
Laomedóncio;
Magnatas
Frígios e emalhados Gregos
Rogam
desças e o pacto nos confirmes.
De
hastas com Menelau contenda Páris :
Quem
vencer haja Helena e seus tesouros.
Ferida
a paz, em Tróia ficaremos;
De
cavalos fecunda aqueles Argos
E
Acaia busquem de gentis mulheres."
Manda
o coche arreiar trémulo o velho:
Obedecem-lhe;
sobe e os loros tira;
Sobe
Antenor com ele; os corredores,
Das
portas Ceias despedidos, param.
Já
do assento vistoso desmontados,
Entre
Aqueus e Troianos caminhavam;
Ergue-se
o mor Atrida e o cauto Ulisses.
Prestes
as reses, na cratera o vinho
Os
arautos resplendidos misturam,
Água
às mãos régias cristalina vertem.
Puxa
Agamémnon do cutelo, apenso
Da
bainha da espada formidável,
Raspa
a moleira às vítimas, e o pêlo
Os
arautos aos próceres dividem;
Ele
alça deprecando a voz e as palmas:
"Do
Ida augusto senhor, máximo padre,
Sol
que vês e ouves tudo, rios, Terra,
Vós
que no inferno castigais perjuros,
Desta
aliança fiadores sede.
Se Páris vence a Menelau, conserve
Toda
a riqueza e a dama, e nós voguemos;
Se
o vence o louro Atrida, aqui nos rendam
Helena
e o seu tosouro, e por memória
Multa
condigna paguem: morto Páris ,
Se
Príamo e seus filhos ma refusam,
Té
que os force ao dever, não largo as armas."
Nisto,
as gargantas aos cordeiros sangra:
Exânimes
no solo e palpitantes,
Do
éreo instrumento ao gume a vida perdem.
Rasos
os copos, a cratera esgotam,
E
ao Supremo libando o voto expressam,
Ou
cada Argivo ou Teucro: "Jove
eterno
E
mais deuses, no chão, como este vinho,
Dos
que primeiro o pacto violarem
Esparjam-se
os miolos e os dos filhos,
Sejam
dos outros as mulheres suas."
Nada
firma o Satúrnio, e o rei Dardânio:
"Ó
Troas, balbucia, Aqueus, ouvi-me:
Volto
a llion ventosa; que estes olhos
Entre
o rival belígero e o meu Páris
O
duelo cruel suster não podem.
Júpiter
sabe e os imortais qual deles
Chamam
seus fados." — O varão divino
Monta,
no coche as vítimas coloca;
Tem
consigo Antenor, e as rédeas bate:
Ambos
à desfilada se recolhem.
Eis
Ulisses e Heitor o espaço medem,
Eis
num elmo sorteiam quem da lança
Aénea
encete o bote. Frígio ou Graio,
Súplice
as mãos estende e aos céus implora:
"Do
Ida augusto senhor, máximo padre,
Quem
quer que o mal causasse, a Dite o entregues;
Nós
de amizade o pacto mantenhamos."
Sacode
o elmo Heitor, e o rosto vira;
Sai
o nome de Páris . Em fieira,
Têm
seus donos ao pé cavalos e armas.
Arnesa-se
Alexandre, o pulcro esposo
Da
emadeixada Helena: as caneleiras
Com
prata afivelando, ao peito a coira
Do
irmão seu Licaon, que bem lhe quadra,
Lâmina
aénea claviargêntea ombreia,
De
grande escudo sólido se adarga;
Flutua-lhe
à cabeça o capacete,
De
crina e hórrida crista, primoroso;
Pique
válido empunha. De iguais armas
Galhardo
Menelau se adorna e veste.
De
ponto em branco, ao meio avançam torvos:
Frio
estupor, a tal conspecto, assalta
Bem
grevados Aqueus e équites Frígios.
Sanhudos
no recinto se acometem,
Hastas
brandindo. A sua arroja Páris ;
Rasca
o broquel do Atrida sem rompê-lo,
Da
brônzea rigidez se amolga a ponta.
Menelau,
por seu turno, impreca: "Ó Jove,
Dá-me
a injúria anular que hauri primeira;
No
sacrílego autor meu braço a puna.
De
atraiçoar vindouros estremeçam
O hóspede lhano que os receba amigo."
A
lança aqui desfere, que no instante
Ao
Priâmeo entra aguda o reforçado
Fúlgido
escudo, rasga-lhe a excelente
Loriga
e malha, a túnica penetra
No
quadril: curva-se ele e a morte esquiva.
De
argênteos cravos puxa o Atrida o gládio,
Que
na cimeira voa-lhe em pedaços;
Fitando
os céus então, suspira e geme:
"És
o mais sevo nume, ó tu Satúrnio,
Cuidei
nesse traidor vingar a afronta:
Estalou-me
nas mãos, oh! raiva, a espada,
E
arremessei frustrâneo um tiro cego."
Nisto,
pelo cocar o aferra e empuxa
Para
os Aqueus: o pespontado loro
Que
ao mento o elmo liga, a mole goela
Cerra
e o sufoca; eterna glória obtendo,
Firme
o arrastara, se a Dial Ciprina
Rapidamente
não quebrasse o atilho,
De
hóstia bovina espólio. O herói,
sacado
O
elmo vazio, a revoltões remete-o
Aos
contentes consócios, que o recadam.
Por
matá-lo inda enresta acesa lança;
Mas
fácil, como deusa, em névoa grossa
Vénus
o leva ao tálamo fragrante.
À
torre mesma corre, onde acha Helena
Entre
as Dardânias: unectário peplo
Abanando-lhe,
o vulto imita e as rugas
Da
fiel cardadeira que na Esparta
As
lãs curava e as boas lhe escolhia;
Disfarçada
comete-a: "Vem, que Páris
No
toro conjugal te aguarda, filha:
Enfeitado
e gentil, não de um combate
Livre
o julgaras, sim que a dança o espera,
E
que já de um folguedo refocila."
A
Helena isto comove; mas, donoso
Vendo-lhe
o seio, o colo de alabastro,
Dos
olhos o fulgor, pávida exclama:
Bárbara,
em fascinar-me assim prossegues?
Rojar-me
intentas à Meónia ou Frigia?
Lá
tens algum mimoso entre esses povos?
Quando,
o guapo Alexandre hoje abatido,
Ré Menelau me aceita e me perdoa,
Traças
com teus enganos empecer-nos ?
Vai
tu própria; não ponhas pés no Olimpo.
Esquece
os deuses, dele sempre ao lado,
Soporta-lhe
o desdém, até que esposa
Tu
sejas de um mortal, ou sua escrava.
Não
mais, desse cobarde o leito ornando
Quero
a fábula ser das Teucras damas,
Curtir
nova desonra e mágoas novas."
E
a deusa irada: "Não me apures,
teme
Que
eu te persiga, mísera, e aborreça
Quanto
hoje te amo: excitarei discórdia,
Que
os Dardânios e os Gregos exaspere,
E vítima serás de horrendos
fados."
Estremece
a Ledeia, e silenciosa,
Do
peplo candidíssimo velada,
Às
Troadas se furta, e a guia Vénus.
No
palácio elegante apenas entram,
As
servas todas no lavor se apressam;
Monta
à câmara sua Helena bela.
Numa
sede a coloca a mãe dos risos
Em
face de Alexandre; aversa olhando
A
do Egífero neta o argúi severa:
"Pois
te salvaste? aos golpes sucumbisses
Do
meu primeiro esposo! Em destra lança
E
em forças te gabavas de excedê-lo:
Anda,
provoca a Menelau brioso,
Torna
ao duelo agora. Estulto, crê-me,
O
louro Menelau nem mais encares,
Que
da hasta e forte mão serás prostrado."
Brando
se excusa Páris : "Doce Helena,
Com
essas lancetadas não me punjas:
Venceu-me
o Atrida por favor de Palas;
Deuses
mais faustos me farão vencê-lo.
Vamos
em nossa cama congraçar-nos:
Tal
ardor nunca tive e tais desejos;
Nem
quando, arrebatada à meiga Esparta,
Velejava
contigo, e a vez primeira
Na
ilha Cranaé do amor gozamos;
Hoje
mais te apeteço e mais te anelo."
Então
sobe adiante, e o segue a esposa;
No
entalhado seu leito adormeceram.
Menelau,
como fera, escuma e vaga
Em
busca do formoso e divo Páris :
Nem
Troa algum, nem ínclito aliado
Ao
valente rival mostrá-lo pôde;
Que
nenhum o escondera, a todos sendo
Ódio
mortal. — Bradou-lhes Agamémnon:
"Teucros
e auxiliares, atendei-me:
Claro
a vitória a Menelau pertence;
Rendei
pois a riqueza e Helena Argiva,
Multa
pagai-nos que o porvir memore."
Dos
seus o aplauso unânime retumba.
[Canto I ]
[ Canto II] [Canto III]
[Canto IV]
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