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Miguel (admin)Mestre
Os anarquistas tem seu lugar, sim na história da Filosofia política. O que acontecer, porém, é que os grandes anarquistas foram mais ativistas do que teóricos, assim, o anarquismo nunca foi, nem pode ser, sistematizado. Contudo, temos grandes textos sobre o assunto principalmente de Proudhon, Bakunin e Kropotkin. Existe uma coleção chamada Biblioteca Anarquista da L&PM editores que tem várias edições de obras anarquistas. O anarquismo se estruturou no século XIX, e os anarquistas foram adversários ferrenhos de Marx durante a primeira internacional e dos “marxistas” durante a internacional seguinte. No início do século, o anarquismo atingiu seu auge, com vários militantes e operários aderindo a essa corrente, que levantavam a bandeira negra, seu símbolo. Algumas colônias anarquistas foram fundadas, e algumas tiveram boa duração e resultado. No Brasil, o movimento chegou em São Paulo através de imigrantes italianos, e o Brasil teve também uma colônia célebre, Colônia Cecíla, que virou até tema de novela na Bandeirantes, e de livro.
Atualmente, porém, o anarquismo perdeu sua força. Existem, claro inúmeros simpatizantes, mas em geral ele é tido como inviável. Alguns grupos localizados e sem importância efetiva, como os punks, se auto proclamam anarquistas, e ainda hás algumas comunidades alternativas pelo mundo afora que obedecem o pricípio básico do anarquismo, que ninguém obedecerá a um governante. Isso não gera o caos, como o preconceito acredita, mas o respeito mútuo e a organização descentralizada, em pequenos grupos.
Este tópico é importantíssimo, mas não estão bem localizado aqui na Dívida Externa: Que tal mudarmos ele para outro lugar?
Miguel (admin)MestreO que Onofre Veiga diz em sua participação do forum, é verídico. Agostinho não estudou as obras de Platão diretamente, mas foi através de Plotino, um neo-platônico, que Agostinho conheceu a filosofia do velho Platão. Quanto a sua aversão ao grego também é verídica. Na sua obra intitulada Confições, nos dá o relato de sua pouco inclinação à língua grega. Praticamente toda a sua formação foi de língua latina, tanto que é chamado de o primeiro dos padres latinos.
Eu tenho agora algo a deixar no fórum. Agostinho foi um homem que muito influenciou o pensamento católico até o surgimento de São Tomás de Aquino, mas acredito que ambos estão na idéia de um mundo espiritual onde nós encontraremos a “verdadeira verdade”. Agostinho como Platão, busca a verdade através da contemplação de idéias. Aristóteles já busca um caminho inverso parte das coisas reais para chegar ao sumo bem. O que quero dizer é que os homens devem buscar na realidade e não na idealidade o conhecimento. Não é possível universalisar o homem e seu ser, é possível conhecer sua realidade que está em constante mudança. O homem é o ser-aí de Sartre, e seu conhecimento está a sua volta e não em outro mundo. Como Kant,concordo que não é possível fazer metafísica do trascendente mas da forma de conhecimento do homem; de como ele é capaz de conhecer. Enfim os idealistas até o mesmo Kant são homens pusilânimes que cultivam a esperança de que o mundo será melhor, magnânimo são os realistas que vivem de acordo com seus impulsos e força de caráter, são homens de grandes virtudes,sabem conviver com a glória e com a desgraça. Como Ortega y Gasset o disse, “A maturidade começa quando descobrimos que o mundo é sólido, que a margem de folga concedida à intervenção de nosso desejo é muito escassa, e que um pouco além dela levanta-se uma matéria resistente, de constituição rígida e inexorável.” Digo que estas palavras são uma higiene das idéias e uma volta para a realidade.Miguel (admin)MestreCaro Calixto
Nao consegui definir em que momento do meu discurso se podia deduzir que dou enfase a etica voltada para o estudo. Talvez tenha me expressado mal.
Venho lutando ha um certo tempo contra a confusao que existe entre moral e etica. Sao conceitos diferentes, fundamentalmente diferentes, embora os dois se refiram a comportamentos (que e o unico ponto em comum, pelo resto diferem).
Resumindo novamente (como a ligacao cai toda hora reluto em escrever longos trechos de uma vez!), a moral e um codigo revelado. “revelado”, neste caso, estabelece justamente a diferenca . A moral esta sempre a servico, mesmo que indiretamente, de uma classe ou interessa muito uma classe dominante (nao cito exemplos para poupar as sensibilidades).
A etica , por sua vez, (poderei desenvolver sua etiologia em outra oportunidade) se refere sempre a atos positivos responsaveis, por exemplo, da coesao social.
A historia nos mostra que a moral integra certos conceitos eticos quando nao ameacam seu edificio.
Donde a brincadeira que fiz do “adage” moralizante que diz que nao se deve fazer ao outro o que nao gostariamos que ele nos fizesse. Ha uma frieza de comportamento.
A etica , para contraporse, rezaria que se deve fazer ao outro o que gostariamos que ele nos fizesse.
Repare que o direito positivo encontra sua origem em valores morais. Genericamente se fundamenta naquilo que nao se pode fazer definido por um conjunto de regras reveladas por uma instancia divinizada.
A etica diz respeito aquilo que e recomendavel fazer percebido intuitivamente a partir de um instinto acoplado a um traco cultural (Bergson).
A contravencao a ordem moral e passivel de pena.
Contrariar uma regra etica , nao. A nao ser que a nao observancia dessa regra etica tenha provocado prejuizos quantificaveis o que nos leva novamente ao direito positivo.Se voce achar qualquer exemplo em contrario ficarei muito feliz de debate-lo e de integra-lo a minha teoria ou modificar esta.
Cordialmente
Miguel (admin)MestreCaro Calixto
Nao consegui definir em que momento do meu discurso se podia deduzir que dou enfase a etica voltada para o estudo. Talvez tenha me expressado mal.
Venho lutando ha um certo tempo contra a confusao que existe entre moral e etica. Sao conceitos diferentes, fundamentalmente diferentes, embora os dois se refiram a comportamentos (que e o unico ponto em comum, pelo resto diferem).
Resumindo novamente (como a ligacao cai toda hora reluto em escrever longos trechos de uma vez!), a moral e um codigo revelado. “revelado”, neste caso, estabelece justamente a diferenca . A moral esta sempre a servico, mesmo que indiretamente, de uma classe ou interessa muito uma classe dominante (nao cito exemplos para poupar as sensibilidades).
A etica , por sua vez, (poderei desenvolver sua etiologia em outra oportunidade) se refere sempre a atos positivos responsaveis, por exemplo, da coesao social.
A historia nos mostra que a moral integra certos conceitos eticos quando nao ameacam seu edificio.
Donde a brincadeira que fiz do “adage” moralizante que diz que nao se deve fazer ao outro o que nao gostariamos que ele nos fizesse. Ha uma frieza de comportamento.
A etica , para contraporse, rezaria que se deve fazer ao outro o que gostariamos que ele nos fizesse.
Repare que o direito positivo encontra sua origem em valores morais. Genericamente se fundamenta naquilo que nao se pode fazer definido por um conjunto de regras reveladas por uma instancia divinizada.
A etica diz respeito aquilo que e recomendavel fazer percebido intuitivamente a partir de um instinto acoplado a um traco cultural (Bergson).
A contravencao a ordem moral e passivel de pena.
Contrariar uma regra etica , nao. A nao ser que a nao observancia dessa regra etica tenha provocado prejuizos quantificaveis o que nos leva novamente ao direito positivo.Se voce achar qualquer exemplo em contrario ficarei muito feliz de debate-lo e de integra-lo a minha teoria ou modificar esta.
Cordialmente
Miguel (admin)MestreOlà Christophe,
Estou de acordo com você que se deve fazer uma distinçao entre comportamento (ou conjunto de comportamentos) e o logos filosofico que discorre sobre tais comportamentos. Porém querer limitar a palavra etica ao estudo e reservar a palavra moral para o comportamento, me parece um tanto arbitrario (querelle de mots). Na historia da filosofia grandes tratados que abordam o comportamento sao chamados “Moral”. Contrariamente se pode aplicar a palavra ética para designar um conjunto de comportamento e nao uma reflexao. Como por exemplo na expressao “a ética medical”. Assim senso se a distinçao da idéia é correta, a distinçao das duas palavras nao se justifica. Elas sao sinonimas, uma de origem grega e a outra de origem latina.
Cordialmente
Miguel (admin)MestreCaro Anônimo: esse determinismo tecnológico não nos leva a lugar nenhum. O que a esquerda tem de fazer precisa estar ancorado em estratos e classes sociais específicos, não nos computadores.
Miguel (admin)MestreNo entanto, amigos, se pensarmos apenas dentro da lógica do capitalismo, ficaremos em uma tautologia. É preciso pensar para além do capital, é preciso pensar relações sociais que, funcionando como subjacência da sociedade, permitam a resolução do nosso problema.
Miguel (admin)MestreHolá Luca e Vinicius,
A violencia obedece a um esquema diferente do que se pode supor. A mente humana apreende sua realidade a partir da diferenciação em relação a uma norma ou seja passa a ter significado alguma transgressão (não no sentido marginal da palavra, sem conotação pejorativa, negativa, apenas quebra de uma norma) em relação a alguma norma. Porém , qualquer transgressão apreendida pode significar uma falta de conhecimento do fenômeno diferente apreendido , logo, uma dúvida que gera um medo que por sua vez gera violencia de reação. Resumindo, a mente, quando se depara com alguma coisa que não consegue apreender ou seja quando não consegue ligar o fato novo a algum elemento conhecido ou armazenado na memória, experimenta um desconforto que gera angustia que precisa ser combatido por agressividade por uma questão de sobrevivência primordial.
Corolário: toda manifestação de agressividade humana obedece a esse modelo.Miguel (admin)MestreHolá Lucas,
Claro que não, não há justo universal pois em cada grupo nasce apenas a idéia do que é justo. Não há regra universal de justo a menos que um determinado grupo se imponha aos outros (pax romana). Voc6e vai me perguntar a seguir: existe algum sistema que possa prevalecerse por sua excelencia? E te respondo que sim!!!!! Um determinado grupo pode fazer prevalecer suas leis em relação aos outros. Fácil: basta que seu sistema produza mais equidade para o maior número de seus administrados. De facto, isto elimina as ideologias que procuram a maior felicidade individual. Como não existe conceito de felicidade individual, temos que utilizar o referencial de equidade para o maior número de administrados e colocar que: o sistema que fornece a maior equidade entre o maior número de administrados, como dizíamos, é aquele que serve de referencia. Donde pode concluir-se que o sistema ocidental faz escola em países onde a cultura, a pesar de forte, acaba cedendo a esse sistema.
A etiologia do direito não deixa dúvidas a respeito.Miguel (admin)MestreHola Lucas,
Você entendeu perfeitamente: não há sociedade perfeitamente ética, existe apenas o caminho para ética.
Porém entre duas sociedades, dois grupos, somente pode haver uma relação moral, contrariamente ao que você acredita. Dois grupos podem apenas produzir regras diferentes que se choquam em diversos aspectos.
Quanto à ética, ela abarca tanto a relação inter-individual, como a indivíduo-sociedade ou a sociedade -indivíduo.A liberdade, por influência do aspecto moral da sociedade aceita que: não se deve fazer ao outro o que nos não gostaríamos que ele nos fizesse!!!
A ética vai um poco além e afirma que se deve fazer ao outro o que nos gostaríamos que ele nos fizesse!!! Isto configura a diferença fundamental entre moral e ética. Dixit!Miguel (admin)MestreOlá para todos,
Cristophe identificou justiça com seu ordenamento jurídico( pelo menos pelo que entendi). Se aceitarmos isso como verdadeiro, a consequência imediata é que a própria idéia justiça se relativiza, visto as inúmeras diferênças jurídicas de cada território, e torna implícita uma perspectiva estritamente legalista da justiça.
Admitindo isso, teriamos que a justiça se identificava não apenas com as determinações do estado( apenas em sociedades que já chegaram a essa etapa, a de formação do estado) mas também que “justo” não seria nada mais do que “obedecer a lei”
Acredito que essas são as consequências necessárias da identificação feita por Cristophe entre “justiça” em seu conceito genérico e a “justiça” jurídica. Por isso acredito que o justo universal( se existir tal coisa, repito, pois em relação a isso não tenho certeza) não é necessariamente a expressão da leiMiguel (admin)MestreOlá a todos
Cristophe disse que: ” – A moral é o conjunto de regras reveladas que visa, dentro de um determinado grupo, manter uma relação estável de poder entre estado e sociedade”
Como consequência disso, quando se trata de relação entre duas camadas da sociedade civil, não há qualquer relação moral, e em sociedades que não há estado não deve haver também qualquer tipo de relação moral.Quanto ao ato ético, nos fala de uma situação um tanto utópica, um grupo onde não haja nenhuma relação de força ou dominação : ” O ato ético, por definição, recebe aprovação de todos quando se afere nos limites de um grupo onde não há relação de força ou dominação. Quando existem essas relações perversas, o ato ético é percebido como prejudicial à essa relação. ”
E quanto a sua definição de ética, me parece certa ,tirando um ponto, não é apenas a relação de um determinado individuo com a totalidade( como a sua definição poderia dara entender) por exemplo, a relação dé uma pessoa com o “público”
ou qualquer outra entidade que simbolize um grnade número de pessoas, mas abarca também a relação inter-individual, entre duas pessoas apenas.Miguel (admin)MestreHalo Calixto,
Obrigado pela tradução de “maïeutique”. Permanece a pergunta. Mas a justiça é um conceito social recente que consiste na suposta capacidade que tem uma organização de restabelecer um direito lesado.Em outro subto'pico, nesse site, dei uma definição diferenciativa entre ética e moral pois é muito mais interessante definir a idéia de justiça que vem a ser o jusnaturalismo, aquele mesmo definido em parte por Rousseau pelo menos em sua antinomia do que uma justiça cuja etiologia possui uma histo'ria bem mais recente.
Cordialmente
Miguel (admin)MestreCher Christophe,
Talvez o fato de partir de uma realidade precisa, como no caso da nossa consideraçao do conceito de justo, nao implica necessariamente em negligenciar os aspecto universalisante que deu origem a nossa concepçao de justiça. Ao contrario penso que o estudo de uma realidade precisa e imediata exige um estudo genealogico de uma tal idéia; estudo que é justamente indispensavel à compreençao do processo historico que influenciou nossa concepçao atual.
Por outro lado você tem razao em afirmar que o justo é um conteudo etereo, indefinido… Por exemplo muito sociedades que vivem em um estado “natural” e em equilibro (como você diz) consideram justo praticas que la “Charte” dos direitos humanos recusaria como complètamente injusta. Por esta razao eu penso que o carater movediço deste conceito nao somente nao impede que o consideremos gerador de conceito, mas é justamente a causa do carater flutuante e relativo da noçao de justiça a qual o tem como fundamento.Cordialmente.
PS.: Le portugais comme le français garde la même racine grecque por le mot maïeutique. En portugais ça se dit : maiêutica (sans oublier que c'est un proparoxyton. L'accent est mis à “êu”.
Miguel (admin)MestreHolá Aylton,
Veja o contexto em que foi pronunciado o “cogito ergo sum”. Era necessário um corte radical com a crença baseada na religião. É só isso. O resto, o racionalismo levado a seu extremo, é fato posterior com o qual Descartes pouco tem a ver. A afirmação cartesiana é tão somente o desejo de produzir provas racionais nas quais o raciocínio possa prosperar com uma correspondência aproveitável no campo da realidade. Pelo visto, foi seguido com eficiência pelas ciências exatas e menos pelas ciências humanas que acolhem toda sorte de produção de subjetividade, representações, preconceitos etc.
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