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ppauloMembro
Prezado Brasil,Não creio que o termo descoberta do conceito traga em si a indicação de que a história já existia antes dos fatos históricos.Apenas que o conceito sim.Não há predestinação nisto. Podemos nunca descobrir-desvelar certos conceitos. Apenas de depois de descobertos-desvelados, se tornam indisponíveis.Algo como depois de se descobrir que 2+2 são 4. Ou que a terra gira em torno do sol (claro que neste exemplo, devem ser guardadas as devidas proporções e tendo-se em vista serem de áreas diferentes da que discutimos agora).
ppauloMembroA minha razão me faz assim pensar.Mesmo que muitos trabalhem contra... veja que a maioria apóia tal idéia em público.Interesses escusos e meramente materialistas empurram a grande maioria em ações que contrariam a idéia de igualdade.Mas o conceito permanece.Querendo ou não, o mundo hoje é mais igualitário (ou menos desigual) do que na idade média.Sei que são migalhas... Mas isto não faz com que a descoberta do conceito não tenha ocorrido. Mesmo se ninguém adequar a práxis ao conceito, ele aí estará.Veja que não estou seguindo discursos prontos. Apenas defendo que como descoberta de conceito, não poderemos voltar atrás.Abraços,
ppauloMembroPrezado Brasil,Respondendo ao seu último parágrafo: porque ao descobrirmos, mesmo que não se confirme pela práxis, nossa razão já não pode rejeitar tal conceito, por mais que as ações sejam contrárias ao conceito descoberto, o desconforto é evidente. Sabemos que agimos mal, mesmo que imediatamente não possamos mudar a práxis.Quanto ao início de seu último post, talvez o comunismo idealizado por Marx... mas este jamais se implantou. Talvez o anarquismo... mas veja bem, são todas teorias que tentam levar os conceitos à práxis.Como conceito, a igualdade entre os seres humanos é perfeito.É intrínseco pois depois de sua descoberta, já não podemos renunciar a tal idéia, nossa razão já não encontra argumentos que possam refutá-la. Por mais que a práxis seja diferente, já não podemos deixar de almejar tal igualdade.Tal igualdade é o direito de nascer igual, brancos, pretos, vermelhos, amarelos... a igualdade de acessos e, por enquanto um mínimo de igualdade material - por esta idéia é que muitos países almejam uma melhor distribuição de renda.Mas como disse, a práxis é para sociólogos e cientistas políticos... que tomem nossas idéias, de nós filósofos e dali tentem transformar o mundo em um lugar melhor.Nosso caminho é a descoberta, mesmo que aquilo que venhamos a descobrir seja utilizado daqui a mil anos, ou, jamais venha a ser utilizado.Somos a voz da razão.Abraços,
ppauloMembroPrezado Brasil,Compreendo perfeitamente o que dizes, mas temo que não me fiz compreender.Estávamos no campo dos conceitos-valores. E você trouxe no seu último post a práxis. Por óbvio que encontraremos conflitos entre idéia e práxis.Os sociólogos e cientistas políticos se ocupam bem da práxis. A nós filósofos a caminhada pelo desvelamento dos conceitos e idéias.Como por exemplo o valor da vida humana: descobrimos cada vez mais o seu valor dentro de nossa humanidade. Mesmo que não seja respeitado por um, por dez, por dez milhões; mesmo que não seja respeitado pela maioria em determinado tempo; não é mais possível renunciá-lo. O que se fazia às claras, hoje se faz às escondidas. O que era orgulho, hoje é vergonha. Podem atropelar o valor indisponível da vida humana, mas, atropelam pela práxis e não mudam o valor.Ter escravos já foi motivo de orgulho e status social... hoje é motivo de vergonha, pois descobrimos conceitos-valores dos quais não podemos mais dispor.O que eu disse antes, é que certos conceitos-valores depois de descobertos se tornam indisponíveis como conceitos e valores.A práxis é outra história...
ppauloMembroPrezado Brasil,Sim, com certeza alguns conceitos descobertos jamais poderão ser abandonados a não ser sob uma ditadura ou algo similar, não poderão ser abandonados sob pena de afronta à nossa consciência, a consciência de que estes valores-conceitos descobertos são partes de nossa humanidade (no sentido de sermos humanos).O valor da vida humana, a igualdade entre os seres humanos, o valor da dignidade humana entre muitos outros.Você imagina que mesmo que a maioria assim decidisse, poderíamos renunciar ao valor maior da vida humana? Ou, se a maioria decidisse, poderíamos novamente escravizar outros povos?Esse patrimônio cultural humano descoberto é indisponível porque não pertence a nós ou a outros em futuras épocas, é intrínseco à humanidade.Abraços,
ppauloMembroPrezado Philipon,Tratei como para ganhar dinheiro, para ter poder etc., pois são as respostas usuais para a pergunta do para que temos nossas faculdades.No momento que também para ganhar dinheiro se torna para que, com certeza é um passo filosófico. deixa de ser fim para ser meio. Uma lástima que a maioria não pense assim e trate meios como fins.Abraços fraternos,
ppauloMembroPrezada Acácia,Acho que você fez alguma confusão entre particularidades e singularidades.Prezado Brasil,Neste ponto concordamos, que talvez não seja possível conhecer de forma absoluta. O que não quer dizer que o absoluto não seja um parâmetro do dever ser.Por isso falo em descobertas, somamos particularidades de uma singularidade. Ou seja, a tal construção histórico-cultural é na verdade descoberta histórico-cultural. Melhor ainda, não podemos construir quaisquer coisas. Isto explicaria porque certos conceitos depois de descobertos não podem jamais serem abandonados, nem mesmo pela vontade da maioria, nem mesmo numa tentativa de nova construção histórico-cultural.abraços a todos,
ppauloMembroPrezado Philipon,Alegro-me que tenhas comentado meu post.Quanto à questão da utilidade, não disse que a filosofia não é útil, apenas coloquei que o fim da filosofia e da jornada do filósofo não é a utilidade em si, per si.Quando diz "todos os seres humanos possuem os atributos inatos" trata-se de condição humana."para que?" indaga um caminhar. Onde, quando, que; direção, tempo, sentido. Para onde, para quando, para que.Nesta definição, "para que" é um caminhar para um sentido, é questionar o sentido e significado de algo que apenas pode ser humano! se fosse algo genérico, com certeza teria usado o por que.Por que o cachorro come... com o intuito de se alimentar. Não seria correto questionar para que o cachorro come...Dito isto, o seu questionamento é na verdade a pergunta pelo sentido (para) e não pela causa (por).Consciência, percepção, discernimento, curiosidade, reflexão, raciocínio, dedução e lógica.Para ganhar dinheiro, para ter poder, para vender uma religião, para ser um operário, para ser um professor.Aos gregos, foi primeiro descobrir a arché, depois com Sócrates foi eudamonia (felicidade).A cada um, um para que diferente, ou igual na medida da cultura de massas que vivemos.Para mim, em último sentido, quando a razão pergunta do sentido de suas faculdades, ela pergunta do sentido de sua existência. Utilizando a razão para responder o sentido das condições da razão; para mim, tenho que para que é:Interpretar o mundo. Abraços cordiais,
ppauloMembroColega Brasil,Podemos dizer que estamos separados por uma fronteira teórica. A grosso modo, um certo tom de jusnaturalismo ao qual me filio e de outro uma certa nuance de juspositivismo ao qual te filias :biggrin_mini2: (uma separação bem grosseira).Esta idéia de construção ao longo do tempo ao invés de consenso ou de auditório universal com certeza lhe afasta um tanto dos discursistas e talvez lhe aproxime mais de Alexys e Rawls, enquanto que ao me filiar à idéia de descoberta, me aproximo mais de Heidegger.Esta discussão que estamos tendo, é com certeza algo muito contemporâneo e tema recorrente nas academias jurídicas.Abraços cordiais.
ppauloMembroFalar em dívida social é trazer um utilitarismo para dentro da filosofia. Pode-se até propor uma filosofia utilitarista, mas não é possível olhar toda a filosofia sob um prisma de utilidade. A filosofia não se propõe a ser útil.
ppauloMembroBom dia colega nairan,Creio que seria interessante num primeiro momento diferenciarmos alma e espírito, por uma questão metodológica.Abracos cordiais, e posto em breve meus comentários!
ppauloMembroPrezado Brasil,Tens toda razão, ficou horrível o post. Teria ficado melhor assim:Se por um prisma a justiça é uma construção histórico-cultural, por outro, podemos entender que esta construção é nada mais do que o descobrimento de algo que à primeira vista estava enterrado. O que descobrimos ou vamos descobrindo são caminhos para atingir a equidade, ao longo do tempo tentamos definir o parâmetro do que seria equinânime.Por isso, a moral de determinada época com certeza exerce influência, mas apenas num sentido de nos deixar mais próximos ou mais distantes da equidade. Resta aí explicado porque para mim a justiça tem um conceito absoluto em si.
ppauloMembroDeixando de lado Habermas, Perelman (entre diversos outros) não sem antes prestar minhas homenagens aos partidários das teorias discursivas, entendo que a justiça vai muito além de um consenso da maioria ou da idéia de um auditório universal.Para mim, a justiça se por um lado é aquilo que se constrói pela cultura (vejam aí o conceito moral) por outro lado, tal construção nada mais é do que revelação (não num sentido religioso), desvelamos aquilo que sempre foi mas não nos era claro.Isto tratando de casos aparentemente singulares, para descobrirmos que nada mais são do que particularidades de um todo.Em uma única palavra, justiça é equidade.A demora está em encontrar qual o parâmetro equinânime.
ppauloMembroTenho comigo um conceito um pouco diverso de justiça. Para mim a justiça é princípio e conceito absoluto em si mesma, um dever ser onde o ser humano deveria se espelhar ao dirigir suas ações.Assim, condutas justas ou injustas pressupõem indubitavelmente mais de um ator, ou seja, o justo ou injusto é referido diretamente em relação a uma conduta humana dotada de vontade (filio-me diretamente a um conceito aristotélico de justiça).Abraços cordiais,
ppauloMembroVejo que o nobre colega Brasil está filiado às teorias discursivas :good_mini:Não concordo plenamente, mas respeito 100%. A discussão filosófica é isso mesmo... idéias e conceitos diferentes para um mundo melhor! (o que não dá é ficar jogando coisas sem sentido e sem pé nem cabeça).
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