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ppauloMembro
Prezado Philipon,Ainda vejo um problema lógico na afirmação de que a consciência é a essência de tudo.Se assim fosse, somente nós humanos teriamos essencia ou, por outro lado, todos os objetos teriam consciência.Então, se seguirmos por uma linha de pensamento em que se admita que somente humanos tem consciência (raciocínio indutivo para se chegar a esta afirmação) e, que todos os entes (coisas) têm essência (colocação de um primeiro postulado, a ser discutido), então, consciência necessariamente não pode ser essência.Sob a ótica heideggeriana, a consciência (razão) é o meio pelo qual se pode apreender a essência (ser) das coisas (ente).
ppauloMembronenhuma…. não havia democracia na Grécia…
ppauloMembroCaro Nairan,Muito interessante sua colocação. Jamais tinha visto sob este raciocínio, e, sinceramente não sei dizer se entendi. Vou ler e reler algumas vezes e fazer algumas consultas.Apenas tentando continuar na sua linha de raciocínio, no caso este ser, posto pela consciência, passa a ser "ser" apenas quando questiona de si mesmo. A intencionalidade da consciência neste caso é de si mesma (algo como o ser-para-a-morte heideggeriano).
ppauloMembroBom dia,Com os rumos destes últimos posts sinto-me navegando perdido em águas desconhecidas. Não tenho o menor conhecimento de física quântica.Apenas uma observação (filosófica): o ser não é o "ente humano" - pelo menos não o sentido habitualmente utilizado. O ser é algo que os antigos gregos tratavam por essência das coisas, e, o ente é a coisa. Essa definição ou uso destes termos ser e ente passou a ser muito utilizada desde Heidegger, mas Kant chamava de numenum e fenomenum e outros filósofos deram outros nomes a isso.Por este aspecto, a parte física da pedra é o ente.Quanto ao tema do post era algo sobre uma idéia de Sartre onde o ser seria anterior ao ente (tomadas as devidas proporções).Um exemplo, seria a pedra que foi citada no post anterior. Para demonstrar a intencionalidade do sentido, veja como se dão os questionamentos: O que é isto? É uma pedra. O que é isto que chamamos pedra? ... com isto caminhamos ao ser. Nesta caminhada ao ser é que imprimimos a intencionalidade humana (intencionalidade da razão) ao ser dos entes.Veja bem que a segunda resposta pode ser: é um mineral formado pelos seguintes elementos, C, Si, Mg etc. Esta resposta é a intencionalidade de um geólogo ou de um cientista.Mas, a resposta pode ser que é um bloco de construção - e quem responde pode ser um pedreiro.Ou então, a resposta pode ser que não é bem uma pedra, mas que é ouro... ou diamante, ou rubi etc. Pois em algum momento da intencionalidade humana alguém separou algumas pedras diferentes e imprimiu um sentido novo a elas.Por isso, não creio ser de tanta importância o questionamento de Sartre, me parece mais uma justificativa, algo para libertar o homem. Muito mais uma defesa ideológica do que filosófica.Eu entendo, que no momento da percepção ou definição do ser, ambos essência e existência já estão postos. (no sentido de Sartre que é eminentemente dirigida ao ser humano).Abraços cordiais a todos,
ppauloMembroPrezado Philipon,Gostei do seu comentário, mas tenho certa relutância em aceitar a definição de que "a consciência é a essência do ser".Me explico: no caso, você coloca num mesmo plano consciência e ente (no caso vc chamou de ser) e mais ainda, o ente englobaria a consciência!Entendo que a consciência está em outro plano, é a consciência que põe o entendimento dos entes, buscando o ser dos entes, ou seja, é a intencionalidade da consciência que imprime o sentido (ser) dos entes.Gostaria de continuar este debate, creio que pode ser bastante construtivo.abraços,
ppauloMembroOlá Branco,Este é um conceito eminentemente existencialista, se não me engano foi primeiro utilizado por Sartre em uma conferência.Após o seu primeiro parágrafo, entendo existir uma certa confusão, pois Sartre jamais disse tal coisa, de que toda ação dele é fruto do meio, não dele mesmo.Entendo ser até o contrário na visão de Sartre. A existência preceder a essência é um conceito libertador do homem, que lendo seu post, você acorrenta ao meio social como determinante. A idéia existencialista é a idéia de um livre arbítrio.Pessoalmente não sou seguidor desta vertente existencialista, mas seria necessário um estudo muito mais aprofundado.Quanto à sua pergunta, somos as duas coisas e nenhuma delas. Desnecessário dizer que somos livres para fazer o que quisermos (como por exemplo nos atirarmos de um penhasco) mas também - paradoxalmente- somos reféns de uma realidade histórica. Por exemplo, poderia optar por viver como os homens das cavernas, mas, qual o sentido disso? agregamos então à existência e à essência o conceito de sentido. A essência não pode se desprender de sentido. Neste ponto, nossa liberdade de sermos frutos de "nós mesmos" encontra a barreira do sentido. O sentido sempre é um sentido histórico-cultural, e, existir livremente é também buscar sentido nesta realidade histórica. Existir rompendo com esta realidade, apesar da aparência de total liberdade (não seguindo nenhum parâmetro histórico) é na verdade tornar-se escravo dos desejos e paixões e, reduzir sua essência a não mais do que um animal.Abraços cordiais,
ppauloMembroPrezada Acácia,Como texto histórico não pode nem deve ser questão de fé. O estudo histórico tem seus próprios métodos e critérios, sendo um deles a comprovação dos fatos. Senão qualquer lenda ou mito poderia passar a ser parte integrante de nossa história.Quanto ao espírito, veja bem, o "que é" é o "ti estin" grego, não aquilo que se apresenta à primeira impressão, é a busca do "quid!, o "ti". É a busca de sua essência, no caso "canal de comunicação entre o homem e Deus" pode no máximo representar uma de suas funções, mas não podemos ser reducionistas a este ponto, em que o ser se reduza tão somente ao meio que lhe é peculiar.Dito isto, vamos à raiz do termo espírito, que tem sua origem no latim, spiritus que deriva do grego pneuma. É algo em oposição ao termo alma, do latim anima e do grego psykhé.Para essa discussão seria interessante transportar isso para um novo tópico...
22/06/2010 às 18:43 em resposta a: Quais livros ler desta lista? Livros em promoçao, ajudem indicando alguns #87941ppauloMembroNão conheço a tradução desta editora, mas são títulos variados, difícil aconselhar sem saber aonde você pretende chegar.Notei que escolheu vários livros de Nietzsche, se gosta das obras dele, escolha também as outras obras dele, assim você terá todas.No mais, poste aqui a linha de estudos que você pretende realizar, para que possamos melhor lhe aconselhar - ou tentar.Meu conselho é que separe pelas épocas e correntes de pensamento e dentro do tema que lhe interessa.por exemplo: se vc se interessa por filosofia grega, separe todos que sejam de filósofos gregos (Platão, Aristóteles etc), se lhe interessa os racionalistas da teoria do conhecimento separe por exemplo as obras de Kant e assim por diante.abraços,
ppauloMembroE o que é o espírito?
ppauloMembroO post anterior infelizmente não teve nada de filosófico… nem mesmo teológico. Não respondeu ao comentário da jam. De tão genérico fica difícil extrair algo… ou pode-se daí extrair o que se quer. Citações que se fazem herméticas às vezes são apenas desprovidas de conteúdo."felizmente, graças a Deus que existe a Bíblia tal qual como é!" (sic). E se fosse de outra maneira, também seria graças a Deus e felizmente.Quanto ao comentário da jam, em primeiro lugar, a bíblia encarada como texto religioso e não histórico, é questão de fé. Feito este parênteses, e abandonando de certa maneira uma abordagem filosófica (mantendo-a apenas na questão da interpretação) e sob um prisma teológico, discordo totalmente desta visão demonizante do Deus do AT. Não podemos para um conceito de bem e mal, nos atermos a valorações de bom e mau, estes últimos apenas o são para os observadores de cada época a partir de um certo conceito e valoração. O bem e o mal presente na bíblia ultrapassa esse senso comum de determinada época.Sob este aspecto Cristo não veio falar de um outro Deus, mas sim de uma Nova Aliança, de um jugo mais suave e um fardo mais leve. Pois, a justeza divina do AT era fardo por demais pesado para nossos ombros. E, quando se fala que ninguém o conhece, não é por se referir a outro, mas sim da questão do entendimento, pois, aquilo que deveria estar dentro de nós, foi transportado para mera aparência. Não o conhecíamos por não endendê-Lo.Não vou me alongar aqui pam, mas, se desejar, podemos continuar esta linha de raciocínio aqui nos posts.Abraços fraternos,
ppauloMembroPrezado Lincolnpsi,Se o ser humano tivesse apenas um único dia, com certeza as mesmas questões seriam levantadas, nos perguntarmos das coisas é nossa característica.Com certeza o capitalismo e tantos outros "ismos" "moldam" (no sentido de uma pré-interpretação, algo como Gadamer definiu em seu círculo hermenêutico) a nossa filosofia da existência, pois, tudo é histórico, e a história é sempre a história dos vencedores. Não sei se usaria a palavra "pré-determina", num sentido de determinismo, creio que isso seja a filosofia, aversão ao determinismo, no momento em que nos perguntamos das coisas nos libertamos do determinismo. A formiga talvez tenha sua existência pré-determinada pelos instintos, pela sua carga genética. Com certeza nossa razão nos liberta (ou deveria).Qualquer civilização tem ou já teve dúvidas sobre o propósito de tudo... aí estão as religiões para nos mostrar a incompletude do ser humano, a sua busca pelas respostas, este é o caminhar humano.A última parte de seu post considero de uma beleza extrema, apesar de discordar me fez pensar durante todo o dia de ontem, mas a resposta é não... não deixa de haver sentido e por consequência propósito apenas porque pessoas não levam uma vida ética... aqui estamos nós filósofos, consciência da humanidade, reserva da razão, sempre questionando das coisas... questionamento há em ti, mesmo no niilismo do final do seu post... Mesmo quando não há navios, ali está o farol a iluminar o horizonte pois, não se sabe quando, perdida estará uma embarcação à procura de sua luz. Se, se queima o farol... por onde hão de se guiar?abraços.
ppauloMembroCom todo o respeito, gostaria de dizer que discordo de nosso colega lincolnpsi.Somente a razão pode imprimir um propósito e interpretar o seu sentido. É uma faculdade da razão. No exemplo citado, apenas se imaginássemos as formigas dotadas de razão.
ppauloMembroPrezada Acácia,Refletindo acerca de seu questionamento, em primeiro lugar gostaria de dizer que a morte do sentido é impossível (explico-me mais adiante). Mas, se possível fosse, com certeza sua morte seria também a morte do propósito, já que o sentido engloba o propósito.Mas, e já me explicando, creio não ser possível uma morte do sentido, visto que sentido não tem existência, sentido é interpretação, e, o ser humano sempre será capaz de interpretar. Aliás, vivemos interpretando o mundo que nos cerca, dizendo dele e de suas coisas.O ser que está no ente, no momento em que o percebemos como ser, já é sentido. No momento em que indagamos do ser, indagamos de seu sentido.Vou descrever um exemplo, numa livre interpretação heideggeriana: imagine um martelo, de uma forma diferente, em que à primeira vista você não o reconheça como martelo. Quando indagamos a respeito do ser deste objeto, já estamos indagando de seu sentido. Com algum esforço e tentativas, veremos que sua utilidade é de ser martelo.Neste momento, descobrimos de seu ser e indubitavelmente descobrimos o seu sentido. Este sentido do objeto martelo é como disse no post passado, sentido histórico e, um sentido de utilidade numa construção histórico-cultural.O propósito neste caso específico é sua utilidade para o homem (ser humano). Num exemplo abstrato da morte do sentido, é como se não houvessem mais pregos no mundo... seria a morte do sentido do martelo, e, com certeza a morte de seu propósito, qual o propósito de se construir algo chamado martelo quando não teremos mais pregos? Para gerações futuras, não haveria um sentido presente para tal objeto... somente seria possível resgatar o seu sentido passado...Quanto ao último ponto que visualizo em seu post, que é o do cumprimento do propósito, se não houver um sentido, não haveria em que se falar de propósito. Como no caso do martelo, seu propósito se cumpriu enquanto houve sentido. Para mim, o propósito sempre é algo intencional, possível de ser impresso no mundo apenas pela nossa razão.
ppauloMembroPropósito e sentido.Tão semelhantes e ao mesmo tempo tão distantes, separados pela "vida", o segundo já tem em si o primeiro, na medida em que sentido é direção e significado, lato sensu sentido é propósito e sentido stricto sensu. O primeiro, algo se que anuncia para poder iniciar a caminhada, o outro, quando já longe, olhamos ao passado. Um como algo a guiar nossos passos, um fim a que se destina; o outro, o algo a justificar tudo o que foi feito pelo propósito.Toda vida que é justificada em seu sentido, tem justificado o seu propósito e, nenhum propósito sem sentido será justificado.Então, indagar da vida, sempre será sobre seu sentido, pois, ali estará seu propósito. E aqui, sentido não como direção que é seu propósito, mas, sentido como significado. E, significar é interpretar, pois a significação apenas pode ser àqueles que o podem interpretar.Aqui o paradoxo: o sentido só se pode saber no depois, a interpretação, o significar é sempre sobre aquilo que já está posto, acontecido. O propósito é parte integrante do sentido, não existe apartado do sentido. Como então ter um propósito se ainda não podemos apreender o sentido? Esta é a tarefa hermenêuntica. O sentido ali está no início da caminhada, como o índice de um livro. Este índice dará o propósito à vida, mas seu completo sentido apenas se desvelará no fim. O sentido também é história.abraços,
ppauloMembroAcácia,Cuidado com aquilo que se toma como verdades absolutas, no seu caso o Cristianismo. Nada contra o cristianismo.Mas, li alguns dos seus posts anteriores. Num entendimento livre e buscando aqui pela memória, entendo que para ti seria ideal um mundo de amor e harmonia entre iguais.Utopia delirante, não tanto pelo amor e harmonia e muito mais pelos iguais. Pergunto-lhe, por que deve ser vitoriosa a idéia de iguais? Em que se baseia tal igualdade senão apenas na percepção de que todos somos humanos? A própria razão já nos diz que por sermos racionais somos diferentes e não iguais, do contrário seríamos animais. Então, este mínimo de igualdade é o mínimo do conceito de ser humano, e só. Querer um mundo absolutamente de iguais, seria reduzir os brilhantes à situação de medíocres e, tornar insuportável a vida dos gênios; de outro lado, alçar à condição de medíocres os completamente idiotas seria no mínimo temeroso, imagine um ser completamente idiota pilotando um avião...Brincadeiras a parte, o mundo não é de iguais. O conceito de igualdade ou o conceito de médio, medíocre é um conceito racionalizado, tal conceito existe apenas porque a razão o criou. Lembro-te que o conceito de igualdade é sempre um conceito comparativo e não absoluto.Para alcançar o seu ideal de amor e harmonia, primeiro é preciso aceitar o diferente, do contrário sua verdade absoluta tanderá a se sobrepor à verdade absoluta do alter.Abraços.
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