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Miguel (admin)Mestre
Por exemplo, em Assim falou Zaratustra, Nietzsche diz que “Deus é apenas uma suposição” a que em determinado período histórico recorremos. Com o esgotamento dessa suposição, abre-se enfim a possibilidade de construir um novo sistema de valores, afeito às realidades do ser humano finito e não a projeções ideais. No prólogo desse mesmo livro, ele simplesmente contrasta o que deve ser desprezado e o que deve ser exaltado na construção dos novos valores.
“Eu vos conclamo, irmãos, permanecei fiéis à terra e não acrediteis nos que vos falam de esperanças ultraterranas! Não passam de envenenadores, conscientes ou não…”Fica nítido que esse método aforismático adotado por Nietzsche não nos deixa muitas opções, e pelo contrário as restringe. Ou concordamos com ele ou não.
Apesar da problemática em função do método aforismático de Nietzche, acho importante ressaltar um tema examinado detalhadamente no livro “A genealogia da moral”, que é a distinção entre moral nobre e moral servil.
O escravo pensa as categorias da moralidade a partir de sua própria fraqueza e impotência. Incapaz de aceitar sua condição real ou de lutar contra ela, ressente-se da força do tipo nobre , na qual vê espelhada a sua impotência. Como, em razão de sua falta de confiança e fraqueza não consegue confrontar diretamente o nobre e seus valores, reage desvalorizando as qualidades deste, tratando-as como moralmente negativas.
Para Nietzsche, o código moral do tipo humano servil está na raiz de nossas concepções presentes da moralidade graças ao sacerdote ( o “ideólogo” religioso).
O nobre então “proibido” pela moralidade escrava de expressar sua natureza afirmativa, volta suas forças contra si mesmo, tornando-se culpado, impotente e infeliz.
Na segunda dissertação da Genealogia, Nietzsche descreve como os resultados dessa agressão moral aos instintos se combina com a domesticação das pulsões humanas imposta pela vida em sociedade.
Com o aparecimento da perspectiva servil, a “primeira interiorização do homem”, fruto da sociabilidade e gênese do sentido de obrigação e responsabilidade exigido pelas necessidades de vida em grupo, torna-se ainda mais dolorosa. Agora, o ser humano passa a considerar-se responsável por seu próprio sofrimento.Miguel (admin)MestreParece que é esse o caso sim.
Mas entao entramos noutra problemática, algo que já foi, de certa forma, ventilado antes aqui… e ao que parece nao agradou alguns.
O método aforismático de Nietzsche nos deixa sem base para aprovar ou reprovar o q ele diz. Vc tem apenas a opção de concordar com ele ou repudiá-lo como se faz com Guimarães Rosa ou Clarice Lispector. Infelizmente Nietzsche nos deixou em suas obras apenas o reflexo da sua vida, não nos legando nada q possa ser aferido. A moral é só uma parte deste pensamento subjetivo. (MHanemann, 17-12-2001)
A abordagem que estamos considerando parece que reforça a idéia acima, se nao no todo, pelo menos em parte, pois a filosofia deixa a preocupaçao pela verdade (nos moldes anteriores) para se tornar uma forma sofisticada de terapia. O “abandono” da ética e moral, resulta do esfacelamento do direito e da política, considerados agora dentro de um quadro clínico de patologia existencial a ser autoclinicada com a busca da transvaloraçao.
Claro que a coisa é mais complexa do que isso, mas quem quiser por a prova a agudeza dessa forma de crítica que experimente ler as obras de Nietzsche como se escritas por outro e direcionadas a crítica do próprio Nietzsche. É impressionante como as armas do discurso nietzschiano podem ser contundentes contra a própria postura de Nietzsche. Isso parece que vem corroborar a idéia de que nao há base para aprovar ou reprovar o q ele diz. Vc tem apenas a opção de concordar com ele ou repudiá-lo. Mas, ao apelar para o lógos como retórica (próprio do sofista) em detrimento do lógos como episteme (próprio da tradiçao platonica), nao é surpreendente que Nietzsche se torne vítima de algo do tipo. Afinal, nao era isso que era chamado de doxa?
[]'s
Miguel (admin)Mestre“Com este livro começa a minha campanha contra a moral.” (Referiu-se anos mais tarde à Aurora)
Uma campanha ausente de instruções…Nietzche não fornece, e nem chega a cogitar, uma receita, até porque ele já se encontrava de certa forma satisfeito (creio eu) com o resultado obtido.
Certas passagens de sua obra e correspondência atestam o quanto de alegria Nietzche encontrava no seu esforço intelectual , que lhe anunciava uma “nova saúde”, isto é, uma libertação da doença da moralidade e suas avaliações negativas sobre a existência humana.
E essa alegria apresentava um motivo: seu sofrimento pessoal finalmente encontrara serventia; transmutara-se em uma interpretação de experiência humana capaz para conduzí-lo além do niilismo – para a criação(retórica) de valores de aceitação plena das características da existência humana.
Miguel (admin)MestreUm breve registro, se é que é necessario…
Pedantocracia, nunca tinha ouvido falar neste termo, em pesquisa(fiquei intrigado com o “ele”) cheguei a Tragtenberg.
Ao associar educação com sistemas e consequentemente Taylor, tinha como fonte Peter Drucker. É uma pena, uma vez mais deveria saber…
um abs.
Miguel (admin)MestreA descriçao está correta. Nao há necessidade de retocá-la. A pergunta que vou colocar é a partir daí:
Nietzche pretende a criação de uma nova tábua de valores morais, de acordo com a nossa condiçao natural e finitude.
1) Não há nenhuma sociedade sem normas e mesmo um único indivíduo vivendo sozinho tem as suas. É próprio do humano o processo de simbolizaçao, é um dos fatores que o diferencia dos outros animais.
2) Assim, a própria idéia de um grupo humano partindo do nada para construir valores nao passa de outra coisa que uma figura de expressao para tipificar um lugar dentro de um certo discurso que almeja comunicar uma certa mensagem. Figuras como essas nao sao patrimonio exclusivo de Nietzsche e as podemos encontrar nos discursos, por exemplo, de Platao (a polis ideal), de Freud (a horda primeva), de Rosseau (o estado de natureza) etc. E essas figuras sempre se tornam um problema quando depois começam a imaginá-las como algo mais além do que são.
3) A moral, segundo diversas correntes, mas especialmente quando observada fenomenologicamente, aparece também como um certo tipo de discurso específico, nao redutível a outro. Evidentemente que as considerações de Nietzsche nao sao para se desprezar dentro da filosofia, como também nao sao a de outros filósofos notáveis. Muito menos, também, é o pensamento de Nietzsche algo para ser dogmatizado e levantado como norma única, feito isso é melhor decretar a morte da filosofia (e viva a ideologia).
4) A moral sempre apresenta-se ao exame fenomenológico dentro de um discurso contínuo assossiado a uma tradição, a primeira vista estática, mas dinânica, dentro de uma dialética própria. É o que se vê no estudo da ética, da moral, do direito.
5) Enfim, a pergunta: com base no que foi colocado, parece uma falácia a tentativa de construçao de uma “nova moral” a partir do próprio indivíduo isolado, sem continuidade com uma tradição. Filosofar “com o martelo” é muito mais fácil do que ajuntar depois os cacos.
Nao é preciso muita imaginaçao para associar o quadro como mais uma repetiçao do velho engano do “marco zero”. Esse engano já aconteceu em outras áreas, em sitações mais simples com maiores chances de sucesso, como em Descartes e sua busca do ponto zero do conhecimento via dúvida metódica. Na moral, com muitos mais agravantes.
O próprio Nietzsche devia estar ciente da dificuldade, já que nao apontou receita para a construçao da “nova moral” apregoada. Ele nao sabia a resposta, apenas manifestou o desgosto pela situaçao presente e gritou o problema. Cabe entao aos que defendem a mesma, se nao admitem o conceito como uma figura, mas como algo a ser concretizado, responderem à tarefa:
Como construir essa “nova moral” sem nos destruirmos uns aos outros?
[]'s
Miguel (admin)MestreDe fato, isto sei.
Neste e em outros Fóruns vc publicou ótimas participações falando sobre Educação, inclusive merecedoras avaliações muito boas.
Mas aqui ao ler Pilgrim, um participante(leitor) não tão assíduo poderia não associá-lo com as demais participações, ou seja, com o seu depósito de idéias.
um Abs.
Miguel (admin)MestreAlex,
Do modo que vc explicou, acho que já até concordei de outra feita. Também penso que ocorre em muitos lugares aquilo que “ele” chamava de pedantocracia, nichos de erudiçao calada que nao dizem nada ao resto do país – fazem menos ainda -, por medo de se expor e ter sua imagem arranhada, por pactuar com o sistema que os alimenta na mão, ou sei lá por que outra razao estranha.
[]'s
(Mensagem editada por fox em Dezembro 27, 2002)
Miguel (admin)MestreNietzche constata que toda cultura de sua época – na verdade, da história ocidental – está investida de uma determinada moralidade e de uma determinada concepção filosófica sobre a realidade. Observa que ambas nos induzem a considerar a própria existência como uma imperfeição, como algo de q devemos descartar.
A moralidade aparece a nós de uma forma tão impositiva que criticá-la parece desrespeito. A moral, “Circe dos filósofos”, não se apresenta apenas como incontestável . Ela seduz, ora atemorizando( o desaparecimento de uma determinada moral leva à insegurança e à anarquia, ameaçando a estabilidade do ser humano), ora promtendo ( promessa de vida melhor, e até mesmo, de uma vida perfeita). Sê moral e serás melhor, serás feliz!
Segundo Nietzche, uma combinação de promessa, ameaça, imposição e valorização da moral nos tem impedido de formular as perguntas q realmente nos interessam. Além disso, a ignorância a respeito da origem da moral torna ainda mais difícil formular certas questões.
Já que a moral não tem uma raiz transcendente e nossos juízos sobre o certo e errado expressam necessidades da nossa vida pulsional e instintiva, Nietzche reexamina nosso sistema de juízos e categorias morais. Concluindo q os tipos de forças q estão cristalizadas nas categorias morais, são aquelas q, ao invés de promover a afirmação da vida, sustentam sua negação. Portanto, Nietzche pretende a criação de uma nova tábua de valores morais, de acordo com a nossa condiçao natural e finitude.
Miguel (admin)MestreEmbora repita o que alguns colegas anteriores expuseram, espero estar contribuindo de alguma forma…
A noção de “super-homem” designa um ideal de ser humano ainda por surgir, condensando a mensagem que Zaratustra, seu profeta(“Assim falou Zaratustra), vem trazer aos homens imersos no niilismo. O “super-homem”, criador de seus próprios valores e fiel à sua vontade de potência, viverá conciliado com seu corpo , com o incessante perecimento de tudo que existe e com o inevitável transcorrer do tempo.
A “vontade de potência” não é simplesmente uma vontade que deseje dominar ou que aspire à potência, e sim um princípio criador que, através de uma hierarquia de forças, impõe uma direção a uma parcela da realidade.
Afirmação da vontade de potência indica que a perspectiva dessa vontade prevaleceu, que uma nova hierarquia passou a vigorar e portanto, novos valores foram criados. O super homem é apresentado como o ser humano no qual essa vontade de potência afirma-se na plenitude , criando novos valores.
Miguel (admin)MestreMuito boa a explicação de Pilgrim, de minha parte estou satisfeito, contudo caberia algum comentário de natureza política, uma vez que o assunto acabou, pelo bem ou pelo mal, chegando até este patamar ou indo além como disse Pilgrim.
A crítica anti-acadêmica que observamos aqui no Brasil é antes uma crítica política contra a idolatria aos sistemas, dos quais nos tornamos demasiadamente dependentes.
Não haveria uma crítica contra o academicismo, mas sim contra a inércia dos acadêmicos na sua medrosa relutância em saltar do ninho e bater asas. Ora, se és forte meu filho então escolha um adversário que não sejas perneta. Não tenhas medo de se encarar no espelho, pois se penteias todos os dias seus cabelos, sem dúvida não pareceras um monstro.
Outro dia um amigo e colega de profissão, pessoa que admiro pelo saber jurídico, disse-me que a democracia imposta é sempre um pernicioso veneno. Tb sempre ouço isso de empresarios que vão até os meios de comunicação e dizem que o país deve flexibilizar. Num pais onde é comum ouvirmos nos bares que a “lei não pegou” fica fácil entender o que este meu colega queria dizer com democracia imposta, como tb compreender a legitima crítica dos empresários.
Como funcionário público sei bem o que significa não ter alternativas e ser obrigado a se sujeitar aquela velha opinião formada sobre tudo. Sempre a mesma justificativa para os mesmos problemas. No mundo jurídico brasileiro não é diferente, e os alunos a repetir feitos papagaios. Esta filosofia de sistemas atinge em cheio os brasileiros.
Tem gente que diz que a produção de grandes obras literarias tende a acontecer em épocas dificeis, pode ser… como pode não ser.
Geralmente quem cresce dentro de uma família católica se torna católico, mas o catolicismo não é a única opção de religião, há filhos de católicos que são protestantes ou até mesmo islâmicos ou ateus.
Espinosa nasceu e cresceu judeu, infelizmente não teve a liberdade de mudar, e mudando fora banido e deserdado. Venceu pq a providência lhe foi generosa. Um outro dia li em algum lugar algo mais ou menos assim: É preferivel morrer de pé do que viver a vida de joelhos. Espinosa certamente concordaria com esta acertiva.
Nesta mesma linha muitos cristãos foram levados às feras.
Mas de fato nada justifica o terrorismo, apesar de um Bin Laden ser uma espécie de reação virulenta a política internacional comandada pelos Estados Unidos.
Internamente falando(brasil), para não me complicar demais, diria que as referências e os valores não devem ser pregados ou estabelecidos por grupos que se julgam acima do bem e do mal, todos sabemos quais são os valores e as referencias corretas, e entre estes temos a Liberdade. Ou seja, nada de invencionismos bonitinhos ou intelectualizoides numa sempre tentativa de parecer aquilo que não é, personificada naqueles que desejam ser mais realistas que o rei.
Exemplo disto é o nosso presidende FHC que teima em ser chamado de Estadista, coisas de Brasil!
Nesta mesma linha ninguém parece ver que no centro de São Paulo o contrabando e o descaminho corre solto na 25 de março dentro de prédios infestados com lojas cheias de chinas vendendo muamba. A nossa imprensa parece não ver isto, como tb não percebe que num raio de 800 metros da 25 de março temos os prédios da Secretaria da Fazenda Estadual e Federal, o Palácio da Polícia Civil, a Prefeitura de São Paulo, a Polícia Federal e a Militar, o Tribunal de Justiça e o Fórum Civil. Esta cegueira parece ser uma doença adquirida no curral, coisa de vaca louca.
No entanto os âncoras dos telejornais, os desembargadores, os cardeais da polícia e os auditores do tribunal de impostos e taxas não são e nem devem ser considerados uns fracassados, pelo contrário são vencedores.
Um diploma de filosofo, jurista ou jornalista não quer dizer nada, pq sabemos que a verdadeira personalidade de um homem não está naquilo que ele possui, mas sim naquilo que ele é, contudo depois de Frederick Taylor – one best way– o sistema se tornou imperador absoluto, portanto, um diploma fala alto.
É uma pena que nós ainda estejamos vivendo nas trevas, e saber que Abraham Lincoln se formou em direito por correspondência.
Bom,… o Lula paz e amor disse que ia acabar com o voto obrigatório, vamos ver…
Concordo que nos dias de hoje um filosofo deve ser um acadêmico ou profundo conhecedor da filosofia e dos diversos ramos da ciência, de modo que possa englobar numa estrutura o conhecimento e o saber humano, tendo capacidade de criticar outras estruturas e com isso ficar imune aos espertinhos. Deve tb ter coragem de falar e opinar, aliás o que é fundamental para um filosofo. A filosofia passa pela política, mas no Brasil parece que está rouca.
Um boi deve ter o direito de crescer fora do curral, até pq quando só há bois confinados alguma coisa está errada. É como se o mundo fosse em preto e branco.
um abs.
p.s. Chardin foi sem dúvida um dos grandes Gênios do século XX.
abs.
(Mensagem editada por alex em Dezembro 27, 2002)
Miguel (admin)MestreDe fato a pergunta é boa.
Ah… só como lembrete, citei Chardin como teólogo e nao como filósofo
Entao, ao que parece, estamos tratando agora dos problemas de fronteira. O que é filosofia? Quais sao as suas fronteiras? O que qualifica um pensamento como filosófico?
Diversas obras reconhecidas como “fora da filosofia” acabaram gerando depois filosofia nos atos de “retomada” posterior destas por quem as abordou pela via do discurso do filósofo. De fato, um artigo interessantissimo de Paul Ricoeur, “Filosofia e profetismo” (Esprit, 1952), tratava justamente disso. Exemplos interessantes do porte de Pascal (apologeta), Blake (poeta), Amós (profeta) e até Rosseau (romancista). Retomadas posteriores da obra desses deu origem a obras filosóficas originais, parece que a filosofia sempre se alimenta de algo anterior, já que nao brota do nada. Poder-se-ia dizer que a diferença do filósofo e do poeta, profeta ou místico, está nao tanto na qualidade mas no viés de olhar, a separaçao entre filosofia e nao-filosofia nao ocorre entre a visao e a nao-visao, entre o pensamento-antigo e o pensamento-novo, ela se dá muito mais sutilmente a partir da visao.
Ora, se nao é da visao inicial que se distingue o filosófico, entao é através da obra, ou melhor, do discurso que a faz, discurso filosófico que acontece a modo de depósito, de sedimento no corpo da filosofia. Por isso, dificilmente se encontrará reconhecidos como filósofos quem está fora do que vcs estao chamando de “filosofia acadêmica”. Esse preconceito anti-academicista muitas vezes acaba se tornando preconceito anti-filosofico. Vale afirmar, para evitar mal-entendidos, que nao estou fazendo uso do termo “acadêmico” ao modo pejorativo com que o fazem muitos, e sim no sentido de quem se dedica sistematicamente e com afinco na formaçao em uma das áreas do saber. E nesse sentido, um médico, a título de exemplo, tem que ser um acadêmico se nao quiser ser acusado de curandeirismo. Ora, ainda nesse sentido, criticar o filósofo acadêmico se torna pura tolice, já que ele é o que mais se dedica à filosofia. Evidentemente que nao quero dizer que basta um canudo para ser filósofo, mas tambem nao basta falar qualquer bobagem confusa ou criticar a sociedade, a religiao, ou amaldiçoar tudo para ser filósofo. É mais que sabido que há um bando de fracassados e pessoas revoltadas que saem por aí apregoando isso e aquilo, pregando a falta total de referencias e valores, e que por isso se julgam filosofos. Esses sao menos que os tais “academicos” (no pior sentido do termo) antes aqui criticados; aliás, esses dois frequentemente se confundem.
Para ser coerente com o mesmo depósito a que fiz referencia, digo isso, que filósofo é academico, nao de modo absoluto; bastaria citar a discussao entre Kant e Hegel – sobre a possibilidade do ensino da filosofia -, mas tanto, um quanto o outro, ainda que nao concordassem quanto ao conteúdo, muito provavelmente concordariam quanto à forma, e essa se aprende de modo sistemático na academia. Basta recordar que o maior defensor do nao-ensino da filosofia como conteúdo era um professor academico. Para falar contra a filosofia, acabe-se tendo que filosofar.
Fui muito mais longe que o proposto, no caso que deu partida ao tema, a saber, Darwin, era bem marcada a sua posiçao de cientista, e ele nao fez questao de ser nada além disto. A obra de Darwin pode, sim, ser abordada filosoficamente, como de fato aconteceu, mas o trabalho de Darwin foi um trabalho científico, baseado em experimentaçao. Só me resta entao torcer para que nao apareça agora alguem propondo a criaçao de um laboratório de filosofia. Seria algo digno demais de pena.
[]'s
Miguel (admin)MestreA questão está sendo distorcida ..a pergunta era qual o maior filósofo do ´seculo XX. Teillhard de Chardin, e outros sim..mas Darwin, Marx, são homens do século 19. Mas já que é assim…que tal respondermos, quem é o maior filósofo do século 19 até agora? Karl Marx…seria o maior filósofo, de todos os tempos?. Homem de século 19, mas até hoje estudado, atacado, debatido, mas sempre presente. Qual o termo, a ” rotulação”, mais comum…ser um Teillardiano, um Sartreano ou um Marxista?. Um não-filósofo como eu, sente-se pouco a vontade para falar sobre este tema” ,mas quem estaria a altura de Marx? De Hegel, ele pegou a dialética e virou de ponta-cabeça. Dos economistas David Ricardo e Adam Smith ele , radicalizou e inverteu muitos conceitos. Por qual filósofo alguém mais resolveu sacrificar toda uma existência e dedicar-se a causa do proletariado? Por quais outros filósofos se justificariam tantos sacrifícios? Um “ suicidinho” após ler Schopenhauer ou Camus? Por quem mais se estaria disposto, ao tentar criar uma utopia, matar milhões de pessoas, expatria-las como fez o Estalinismo? Sim, a esquerda deve assumir, também seu lado sanguinário, até para expurga-lo. Enfim…o maior filósofo dos tempos modernos deve ser, mesmo, Marx. Alguns apressados decretam a sua morte, mas a realidade, vem sempre mostrar o contrário
Miguel (admin)MestreMas o que é um filosofo?
Teillhard de Chardin, paleontologo, é reconhecido pela sua poesia, ou pela sua obscuridade, ou como místico, e até mesmo filósofo, etc….
Somente depois de sua morte é que seus escritos mais controversos ou cósmicos foram publicados, os superiores de Teilhard na Igreja não gostavam muito do seu jeito não convencional.
Acontece é que os escritos de Teilhard não alcançaram ainda aceitação generalizada, pois para alguns ele é piega e sem respaldo cientifico.
Portanto citar Teilhard é sempre perigoso no mundo da filosofia, geralmente quem o faz não reluta em mostrar cautela.
De minha parte o pouco que li sobre Teilhard foi o bastante para admira-lo.
Will Durant em sua Historia da Filosofia nos ensina a extrema dificuldade que a filosofia enfrenta nesses dias enquanto coordenadora do vastissimo conhecimento humano e suas dúzias de ciencias novas…
Aldous Huxley, filosofo?
Amit Goswami e seu Universo Autoconsciente, filosofia? (parecido com Teilhard com um pouco mais de ciência?)
Ken Wilber e o espectro da consciência, filosofia?
(tb parecido com Teilhard?)
Robert Wright, com seu livro Não Zero, filosofia?
(tb parecido com Teilhard?)Estes que acabo de citar são não raras vezes chamados de mistificadores nem age, mas nem tudo que é novo deveria ser nivelado por baixo como filosofia pobre, isto aconteceu com Teilhard, antes dele com Giambattista Vico(tb conhecido como obscuro e incompreendido por seus contemporâneos) e outros.
Nesses dias onde muitos tem acesso ao conhecimento, e as universidades do mundo todo produzem pensadores aos montes, fico pensando quando é que surgira o messias(?), pois tem profeta para tudo quanto é lado.
Haveria tb um certo consenso sobre a limitação filosófica e margem de erro em cada grande filosofo conhecido,isto é, “não há um justo, nem um sequer”(Paulo, Apóstolo. Romanos 3;10).
Considerando que todo creme tem ovos… o meu, o seu, e o de todos os demais, e sendo este imperceptível aos olhos… as visões espantosas serviriam como colher que busca agitar o creme e mantê-lo sempre com uma certa consistência qualitativa.
Outro pensador… no Brasil
Quando adolescente me deparei na biblioteca juridica de meu pai com uma coleção de livros com poesias, contos, pensamentos diversos e discursos famosos(editora logos, 1967), que até hoje tenho como leitura muito agradável. Alguns destes livros remetiam a um pensador chamado Mario Ferreira dos Santos. Nunca me preocupei em pesquisar quem era(foi) este senhor, e somente neste mês de dezembro quando o Pilgrim falou em Olavo de Carvalho, e pesquisando este, é que fui saber quem foi Mario Ferriera dos Santos.
Mario Ferreira do Santos, filósofo?
O que é um filosofo?
abs.
Miguel (admin)MestrePor partes…
Há muita metafísica em Darwin. Ele era um cientista e como cientista é encharcado de metafísica, basta ver a importancia dada à experiência, pressuposto de que há uma ordem no universo que pode ser acessada através dos sentidos. A saber, partem pelo menos de 2 pressupostos metafísicos: que há uma ordem na natureza, que somente é real aquilo a que temos acesso atraves dos sentidos.
A metafísica de Darwin ainda é aquela materialista e pobre do positismo, seria preciso esperar pela mecanica quantica, relatividade e outras correntes modernas partindo das proprias bases cientificas para colocar o sistema positivista em curto a partir de dentro. Tratando-se de filosofia, o positivismo pressupoe uma razao mutilada e incapaz de filosofar, logo, é um sistema que se contradiz.
Depois, Darwin nao quebrou a ideia de que o homem é obra de Deus, apenas colocou em cheque uma interpretaçao fundamentalista do mito da criação. A ideia da evoluçao inclusive já foi integrada a muito em algumas correntes teológicas como a de Teillhard de Chardin, muitas vezes mal compreendida já que ela nao admite compromisso facil.
Se a pergunta tem algum sentido além do gosto pessoal, que tal apontarem algum filosofo como maior filosofo do século XX?
Miguel (admin)MestreBom, já que foi citado Darwin, por que não Marx?
ainda pega melhor! não esqueçam que “o captial” foi oferecido a Darwin e ele recusou por não ter “caído a fixa”. -
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