Miguel (admin)

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  • em resposta a: A questão do suicidio #75737

    Apesar de tudo, uma coisa é certa. Nunca saberemos o que passa na cabeça de um suícida nos últimos segundos de sua vida.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75669

    Marcio,

    Qd concordamos que talvez seria melhor contrapor fé com ciência, corremos o risco de imaginar que as coisas se tornariam muito mais simples do que sao. Ainda há uma relaçao complexa envolvida.

    Definir de modo preciso o limite entre conhecimento cientifico e conhecimento nao-cientifico é uma tarefa de pouca probabilidade de sucesso, e, em termos praticos, seria melhor investirmos nosso tempo em algo mais prometedor.

    Um exemplo dessa dificuldade é a discussao sobre as fronteiras entre a ciencia e a filosofia. É uma discussao que me parece mal colocada o mais das vezes.

    Como primeiro modo de abordagem, estou proponho a tese de que o que entendemos por ciencia é fruto de convençao. Se aceito isso, assim, o que torna algum procedimento ou pesquisa cientificos é a aceitaçao de normas, padroes e métodos estabelecidos por uma comunidade que constitui a comunidade de linguagem conhecida por nós como ” a comunidade cientifica”. Linguagem essa que nao foi estabalecida por um “tribunal divino”, mas historicamente, atraves de congressos, acordos, simposios, intercambios, debates, discussoes, convençoes etc.

    Mas, posto isso, a ideia de restringir o racional a essas limitaçoes estipuladas por convençao é, no minimo, ideologico. E, evidentemente, o metodo utilidado nas pesquisas já induz, orienta, conduz e compromete a compreensao do todo do conteudo. Sobre isso é só recordar Gadamer em “verdade e método”.

    Outro ponto é a ilusao de que uma informaçao, por poder ser enquadrada como cientifica, nao carrega o onus da crença. A ciencia aceita toda uma base de pressupostos pelos quais nao pergunta mas aceita de antemao (metafisica).

    E que analogias podem ser feitas com relaçao aos conhecimentos da fé? Entramos no campo da hermeneutica.

    PS: tb desconfio dessas porcentagens, mas, se fosse para ser, nao seria o contrario? 90% de fé e 10% de ciencia?

    []'s

    em resposta a: Por que tanta gente acha que existe um Deus ? #76224

    Caro Marcio,

    Seu raciocínio está correto, desde que visto dentro de uma ótica de limitação em termos de tempo e de espaço, i. é, dentro de uma ótica de finitude, característico do se humano, dada à sua própria finitude.
    A chave para sairmos da parte (limitada) para o todo (ilimitado) está justamente no fato de que a necessidade (quase vital) de dar nome às coisas é nossa, dos seres humanos, daí decorrendo sua irrelevância.
    Sendo Deus, ou qualquer outro nome que se queira dar à Ele, absoluto, portanto não estando limitado em termos de tempo e de espaço, temos que Ele sempre existiu e sempre existirá, independentemente de nós existirmos ou não. Ou será que antes de nós existirmos Ele não existia?
    Considerando como verdadeira a premissa de que Deus sempre existiu e sempre existirá, independente de nossa existência, temos que Ele também existe independente de estarmos ou não conscientes da existência d’Ele ou de, eventualmente, não acreditarmos em Sua existência. Assim sendo Ele é Deus para tudo e para todos, não só para nós humanos. Isso significa que todos os seres e coisas existentes no universo estão sob a ação de Suas forças e leis.
    O capim, que serve de alimento para a gazela que, por sua vez, vai servir de alimento para o leão, não tem consciência da existência de Deus, assim como também não a tem nem a gazela nem o leão. No entanto eles, o capim, a gazela e o leão, estão sob a ação das forças e leis da natureza, que são as forças e leis de Deus.
    O ateu nega a existência d’Ele, mas isso não o isenta de estar sob a ação das forças e leis da natureza portanto, sob a ação das forças e leis de Deus.
    Resumindo, Ele existe para tudo e para todos, independentemente de termos consciência disso ou de, eventualmente, não acreditarmos nisso.
    Dentro desta ótica acredito ser absolutamente irrelevante o nome que damos.
    Uma verdade, para ser verdade, precisa estar fundamentada em outra verdade i. é, partimos de uma premissa aceita como verdadeira para chegarmos a uma verdade aceita que, por sua vez servirá de premissa verdadeira para outra verdade.
    Busquei explicar como vejo esta questão, ou seja, mostrar minha verdade que não é, obrigatoriamente “A Verdade”, mas é a minha, ao menos até esse momento.

    Um abraço.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75667

    Marcio,

    parece uma boa idéia

    nao acho que alguem se aventuraria a defender a fé como uma experiencia científica.

    []'s

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75666

    Mauricio,

    Ser ateu é provocar grande polêmica, mesmo nos dias de hoje.

    Essa afirmaçao é questionavel, ou, no minimo, é condicionada pelo lugar e pelo tempo.

    Pessoalmente, acho que ser cristao (cristao de fato) sempre causou, e causa, maior polemica. Muitos se dizem cristaos mas nao o sao, e, na verdade, nem sabem o que significa se-lo. (Nao pretendo, todavia, definir quem o seja. Já teve gente demais que praticou a tolice de tentar separar o joio do trigo.)

    A sociedade está bastante mais secularizada, e em alguns paises causa espanto maior alguem declarar a propria fé do que se declarar ateu.

    ninguém realmente se preocupa se uma pessoa é católica, budista, espírita ou evangélica. Ter uma religião, qualquer que seja, parece ser um comportamento bem aceito na sociedade de hoje. Entretanto, a falta de religião é vista como um radicalismo extremo, algo impensado e sem razão

    Afirmaçao bastante questionavel tb, nao?

    Ter uma religiao de conveniencia, sim, pode ser mais cômodo, já que é uma “profissao de dé fé” de conteudo basicamente social. Mas frequentemente vemos é o contrario, um catolico ou evangelico fiel às suas crenças serem taxados de radicais, fundamentalistas, ignorantes etc. Inclusive, algumas msgs anteriores já insinuaram alguma coisa desse teor. Alguem que se declara ateu, frequentemente posa é de esclarecido.

    Quero, entretanto, recordar que – e espero já ter deixado isso claro, mas, se nao o fiz ainda, que seja feito agora – nao acuso o ateismo de irracional. Apontei para o fato de que é uma opçao muito séria, que muitos fazem levianamente, como no caso do cristianismo.

    O paradoxo é que é a fé que exige a falta de razão de um indivíduo.

    ????

    Eu posso ter fé que Adão e Eva existiram ou que existe o coelhinho da páscoa, papai-noel ou Deus. Em que esses exemplos são diferentes?

    Nao me recordo de ter lido sobre coelhinhos da páscoa na historia da filosofia. Nem da fenomenologia ter associado o problema do coelhinho da páscoa à experiencia de toda e qualquer cultura humana. Ou, fico a imaginar o que poderia ser o argumento ontologico no caso do coelhinho…… Sem citar mais.

    é possível ter uma moral e uma ética sem ter uma religião.

    Depende! Para falar de religiao, tem que se falar de Deus, mas, se se imagina Deus como um velhinho de barbas brancas, ou um colega do coelhinho da páscoa, entao nao fará mesmo muito sentido a questao.

    Observando a história da humanidade podemos ver que muitos fenômenos naturais, antes de serem explicados cientificamente, eram tidos como obras de Deus. Em tempos mais remotos, os homens rezavam para que o sol nascesse no dia seguinte,

    Isso está lembrando o “Catecismo Positivista” de Comte…

    Por que acreditar em Deus, mas não acreditar em elfos, duendes, fadas, vampiros, no capeta ou qualquer outro ser que eu acabar de inventar?

    O problema em questao (existencia de Deus) nao foi compreendido, como deixam transparecer muitas colocaçoes. E enquanto ficar no senso comum, vai parecer tudo contos da carochinha; só que assim o problema nem será arranhado.

    É importante notar que, quando digo ateísmo, não estou me referindo ao ateísmo dogmático, aquele em que o indivíduo nega a existência de Deus de forma categórica e radical (se igualando, de forma contrária, aos teístas). Defendo o ateísmo não-dogmático, que duvida da existência de Deus até que se encontre alguma prova irrefutável desta.

    Duvidar até que se encontre alguma prova chama-se agnosticismo, mas: “gostaria de argumentar que o ateísmo é realmente uma opção mais racional do que o agnosticismo. O agnóstico está sim em cima do muro com relação à existência de Deus“.

    Sobre o cetiscismo:

    Portanto, parece-me que a opção mais coerente é manter-se cético com relação a qualquer tipo de crença não comprovada, até que essa crença seja de fato comprovada.

    Faz lembrar o erro de Descartes, pelo menos no principio originário.

    Recordo-me de ter postado tempos atras algo sobre filosofia do conhecimento, com relaçao a ceticismo, com base em Wittgenstein, na lista: “Qual o sentido da vida? -> Em que consiste a verdade?”

    Filosofia da religiao é um campo bastante fértil, e tem recebido muitas contribuiçoes recentes. Se nao por outras razoes, já seria algo para se pensar: tantos filosofos de peso desperdiçariam seu tempo se tudo fosse tao simples?

    []'s

    em resposta a: Por que Marx errou? #73772

    Parabens Sofia , vc compreendeu muito bem o marxismo, Vc assim como diz nietzsche é um espirito livre , e os marxistas diriam que vc naum esta alienada por este sistema terrorista,o capitalismo mata muito mais pessoas que qualquer sistema , e se vc quer mudar algo procure livros de marx e cia , sobre socialismo cientifico e prepare uma galera firmesa e faça grupo de estudo da sociedade com ponto de vista marxista e faça um jornalzinho de cocientização para o proletario e se prepare pq o Brasil esta no caminho da Argentina e devemos estar preparados para uma revolução…

    Cris, segue alguns apontamentos sobre temporalidade feitos em uma aula sobre este capítulo do Ser e o nada de Sartre…
    Está desconexo em várias partes, mas talvez você possa extrair alguma valia. Foi digitado rapidamente, desculpe os erros.
    ___

    Não há problema mais tradicional e difícil da História da Filosofia do que o problema do tempo, que deve estar presente em qualquer ontologia. A ele se liga o problema da essência e da aparência, da contigência e da existência.

    O tempo não foi nunca resolvido como problema na filosofia. Nenhum autor entende que chegou numa solução satisfatória para esse problema. É, portanto, um tema aporético.

    A formulação agostiniana diz: “Eu sei o que é o tempo, mas se me perguntarem o que ele é, não saberei responder”. Vemos aí a ressonância existencial. Eu apreendo o que é o tempo mas essa experiência não é passível de objetivação.

    De onde provém essa dificuldade? Resposta possível: da maneira como se focaliza o tema. Para Sartre, a visão analítica das dimensões temporais é constante na História da Filosofia. Costumos dizer que o tempo é constiuído em três dimensões, passado, presente e futuro.

    E como se define o passado? Aquilo que já não é. O futuro é aquilo que ainda não é. O presente é uma transição entre suas dimensões.

    A grande dificuldade é que, embora possamos dizer como ele se constitui, não podemos apreender como ele se constitui. Pois a definição passa pelo não ser. A experiência do tempo nos afeta muito, mas é difícil apreender a realidade do tempo.

    O tempo, como uma descontinuidade de momentos, é paradoxalmeente constituído por instantes que nunca são realmente. Se fossemos tirar alguma conclusão, teríamos de dizer que o tempo é uma série do que não é.

    O tempo, como fluxo contínuo, tem uma dificuldade semelhante. É uma realidade visada aquem o além do que é.

    O Sartre nota uma predominância do aspecto constitutivo do tempo. Há dimensões interelacionadas, mas separadas. Ele busca outro caminho além da análise, síntese. As dimensões são absolutamente interdependentes umas das outras. A melhor maneira de se referir a elas é pensá-las como totalidade. A partir dessa totalidade as 3 dimensões do tempo acontecem. Isso não é apenas uma diferença metódica, mas antes ontológica, que quer visa o tempo primeiro como totalidade sintética estruturada. Depois como interdimensionalidade articulada. A compreensão da síntese deve ser anterior à compreensão dos seus elementos.

    A totalidade domina suas estruturas secundárias e lhes confere significação.
    A totalidade se articula com o processo.É necessário apreender cada uma dessas dimensões nelas mesmas, perceber as estruturas temporais. A dificuldade é a conciliação. O estruturalismo causou uma polêmica, protagonizada por Foucault e Levi-Strauss, que discutia se primeiro vem a estrutura ou o processo. Segundo a visão estruturalista, tem-se uma realidade estruturada, eu apreendo como ela se articula. Isso pode ser aplicado em diversos campos de conhecimento.

    Segundo Foucault, há um primado do processo, a realidade se produz, continuamente. O estruturalismo seria meramente formal, lógica abstrata do dever.

    O Sartre quer mostrar essas duas opções, que aparentemente são opostas. Ainda que haja um processo, ele se articula estruturalmente. Na compreensão da totalidade entra tanto o processo quanto a estrutura.Para se compreender a totalidade primária, é necessário compreender as articulações dos momentos.

    Primeiro passo metódico : a totalidade em primeiro lugar não deve impedir a perspectiva das três dimensões. A dicotomia é aparente. Há que se ver a estrutura na perspectiva do processo.Não é possível apreender uma diferentemente da outra. Elas estão sempre em relação.

    Isso aparece na primeira das dimensões temporais que é o passado. Como se constitui o sentido do passado? É na obviedade da resposta que está o primado da toalidade. Só existe o passado quando é do presente.

    O passado em si é uma abstração que leva a aporia. Eu só esclareço o passado por ele mesmo se eu o vinculo. o dado fenomenológico mais primário da experiência do passado é que ele é um passado de um ato presente.

    Algumas questões da perspectiva tradicional perdem assim importância e deixam de ser obstáculo. por exemplo, a de que o passado já não é. Como ele é passado desse presente, aparece com estreita veiculação com ele. É um certo movimento que a consciência faz.

    A consciência faz assim o movimento entre o ser e o nada, como no caso da angústia. O futuro é uma transcendência. A totalidade sintética não é indivisível. As dimensóes existem, mas são secundárias. O primado é a totalidade.

    Na tradição, a tendência é ver as coisas geometricamente, sendo portanto possível reconstituí-las. O passado é passado do presente, É possível, por outro lado, conhecer o passado como perdido, inexistente, ou ainda existente, como em Bergson e Freud.

    Nunca podemos apreender o passado sem considerar seu vinculo com o presente. APesar da aparente obviedade, Sartre tira disso conclusões que a tradição não considerou.

    O passado nunca é isolado. O movimento da consciência é essencial para a atribuição de sentido. Se a transcendência é sair de si, com o passado ela faz um movimento para trás. O futuro é o projeto que a consciência faz para frente.

    O passado é a dimensão imutável da consciência. O que eu ui já tem de ser. O passado está em mim porque eu sou, eu tenho de ser, visto que o passado não muda. Essa presença do passado já tinha sido notada por Santo Agostinho como uma solução para a aporia. Não há desvinculação com o seu presente. Sobreviver ao passado, sobrepujar o passado com o presente.

    O passado já foi ultrapassado, mais ainda em mim permanece. Porque eu sou, dessa maneira tendo de ser.

    Não há presente sem o tenho de ser em relação ao passado. Sou passado.

    Na questão do tempo há um padrão, são perguntas que se repetem. O ser humano é o ser cuja existência está sempre em questão. Esse ser que está em questão é a realidade humana. O que eu era no passado, eu continuo sendo.

    A maneira de ser do passado entra na realidade humana. Só a realidade humana tem o passado. As coisas não tem passado. A referência ao passado é sempre uma síntese entre o passado e o presente. A relação é interna, não espacial. A identidade diferenciada vem dessa síntese. Daí vem a expressão tenho o passado, trago, não possuo, é uma relação interna comigo mesmo. Apenas quando morro passo a ser inteiramente o que fui. Não há mais possibilidade. Daí sim se pode pensar em necessidade, em destino. A morte cessa com a liberdade de ser e escolher. Não há mais destino a cumprir, somente destino cumprido. Não é possível um destino a frente, somente em relação com o passado. É a única maneita do para si realizar suas aspirações e se tornar em si. O passado é o em si. Quanto mais se vive, mais se morre. A experiência é sedimentação, cristalização. E isso é um paradigma.

    Enquanto eu estiver vivo eu sou o meu passado. Assim a consciência está sempre distante de si. No passado a consciência coincide com o si.

    A existência é um processo marcado pela heterogeneidade. A consciência é heterêogena a si mesma. No passado é no projeto, é portanto para si.

    O presente é a dimensão do em si. É infinitesimal. A realidade temporal por excelência é o presente. Essa realidade que deveria ser mais forte é justamente a mais fugidia, por causa do movimento da consciência. A intensidade temporal mais forte perde por causa do movimento da consciência em direção ao não ser. Toda a consciência é uma consciência de alguma coisa.
    Isso aplicado à concepção de presente diz que o presente é um modo de consciência.

    A referência é o objeto. A consciência não tem substância (fenomelogia). Não é algo presente. É uma presença de alguma coisa.
    Interpretar a consciência como esse nada que se projeta em relação a alguma coisa. Tomar consciência de si mesmo no movimento da intencionalidade. A coisa intencionada é o presente.

    Para que haja presennça, é preciso que haja uma atestação, um testemunho, isso é feito pela consciência que não é uma coisa. A consciência é o terceiro termo que faz a relação entre duas coisas. A relação de presença é feita pelo testemuho.

    Há uma diferença fundamental entre o passado e o futuro. O passado já foi, o futuro pode ser. Ter de ser implica em poder ser, ou seja, em não=ser. O passado são possibilidades realizadas. Serei e também não serei, pois não poderei ser tudo. A possibilidade de negação imanente à consciência está no futuro. Isso reflete a escolha, a liberdade humana.

    Toda realização é negação de algo. Na imanência do presente é que o futuroi vai se realizando. O futuro jpa conferfe sentido ao eu presente. Em não ser o que se é. Só saberei o que serei ante a realização das alternativas. Viver o presente é projetar-se. A angústia é a vivência daquilo que ainda não existe. Da indeterminação total do futuro é que retiro algum sentido para a vida presente. Estar adiante de si é estar na possibilidade do futuro. Sou meu futuro na possibilidade constante de não ser.

    O passado sustenta-se, na medidade em que já não é. O futuro ainda não é, há a possibilidade de não-ser. A consciência, separada de si, está no futuro. Não há determinismo causal entre presente e futuro, tendo em vista a possibilidade. Eu me imponho escolhas, Eu sou o meu futuro na forma de não ser. Esta é a articulação imanente da temporalidade.

    Poder ser implica em poder não ser. Há uma escolha, um vácuo. A abertura para o poder ser e o poder não ser acaba com a concepção histórica de liberdade.

    Aristóteles diz que o tempo é a medida do movimento segundo o antes e o depois. O antes e o depois permite articular semelhanças.

    A temporalidade é algo sempre vivido pela consciência. O tempo tem uma realidade objetiva. Sem o testemunho, não há temporalidade. A consciência é o testemunho do tempo. O futuro é o que ainda não é, nem o que a consciência já viu na forma de expectativa.

    em resposta a: Por que tanta gente acha que existe um Deus ? #76221

    Caro Marcio,

    Mais uma vez voltamos à questão da terminologia e do conceito.
    Você pergunta se milagres existem.
    Eu pergunto à você: “Qual o seu conceito de milagre?”
    Se é o usual, qual seja, algo que foge do natural, que contraria as leis da natureza, que está no nível do sobrenatural, eu penso que não existe.
    Penso assim porque penso também que nada foge do natural, pela simples razão de que tudo é natural na medida em que exista.
    Se não sabemos explicar, de forma natural, sua ocorrência isso não significa que seja sobrenatural. Significa sim que não atingimos um estagio de evolução do conhecimento suficiente para explicar o fato.
    O fato de eu não ter uma explicação sobre determinado acontecimento não significa que esta explicação não exista. Significa apenas que eu não a conheço!
    Novamente, pense nisso.

    Um abraço.

    em resposta a: Por que tanta gente acha que existe um Deus ? #76220

    Caro Marcio,

    O nome que damos é irrelevante, muito embora dar nomes às coisas seja uma necessidade quase vital do ser humano.
    Eu conceituo Deus como uma força ordenadora da natureza, você me diz que chama esta força ordenadora da natureza de Acaso.
    Assim sendo o meu Deus corresponde ao seu Acaso e vice-versa.
    Portanto, estamos falando da mesma coisa, apenas com terminologias diferentes.
    Desta forma você crê, tanto quanto eu, no conceito da força ordenadora, apena a chama de Acaso, enquanto eu chamo de Deus, da mesma forma que poderiamos chamar de Arquiteto, Construtor, Criador, Mente, etc., etc., etc..
    Pense nisso!

    Um abraço.

    em resposta a: A questão do suicidio #75736

    Eu sinto ou eu cito?

    Li os diversos textos sobre o tema proposto, qual seja o do sentido da vida e a questão do suicídio.
    E o que li, com raras excessões, foi uma seqüencia de citações dos diversos filósofos e pensadores sobre o tema em questão.
    Nada contra citações e muito menos contra as diversas correntes filosóficas e suas formas de interpretar o tema.
    No entanto penso que, e aí está a diferença, justamente no “penso que…”, o que importa, pelo menos para mim é como eu, repito eu, vejo, sinto e avalio a questão!
    Se a minha forma de ver, sentir e avaliar este ou aquele tema se encaixa nesta ou naquela escola filosófica, nesta ou naquela corrente de pensamento é algo que vem depois. Primeiro o conteúdo, depois a forma!
    Me considero um livre pensador, portanto saber em qual corrente filosófica ou de pensamento se encaixa minha visão de mundo e do ser humano não tem a menor importância.
    Dito isso, quero aqui deixar registrada minha opinião quanto ao tema proposto e ela é bem clara, direta e objetiva, como os senhores poderão ver.
    Quem não consegue encontrar um sentido para sua vida, chegando ao extremo de, por esse motivo, pensar em suicidar-se é uma pessoa doente, que precisa de ajuda e tratamento.
    O desequilibrio que leva ao estado doentio pode ser de natureza psicológica ou psiquica, com muita freqüencia ambos.
    Qual se desencadeia primeiro é como perguntar quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?
    Temos problemas de natureza psicológica que, por não serem resolvidos, levam a desequilibrios bioquimicos do cerebro, com as conseqüentes perturbações psiquicas.
    Da mesma forma desequilibrios bioquimicos do cerebro produzem transtornos psiquicos que vão afetar o equilibrio psicológico. E é dentro desse estado de coisas que a vida perde o sentido, levando o individuo ao ponto de questionar se vale a pena continuar vivendo e , infelizmente, muitas vezes a resposta dada à essa questão é não.
    Portanto, para um indivíduo equilibrado e centrado, a vida sempre terá um sentido, mesmo que, em certos momentos, esse sentido não pareça tão claro.
    Todo o resto é válido apenas como abstrações, muito embora não deixe de ser importante como forma de buscar uma explicação, uma vez que é extremamente difícil, se não impossível para o ser humano, viver sem uma explicação, mesmo que esta não passe de uma grande ilusão criada por sua mente.
    Para finalizar quero dizer que inclusive este meu pensamento pode estar incluso nesta grande ilusão.}}}

    em resposta a: A questão do suicidio #75735

    Só não nos matamos à vontade pois não descobrimos ainda nada mais interessante que a vida.

    em resposta a: O que é o presente, esse momento que escapa sempre? #77042

    Olá Cris!

    Essa questão da temporalidade é uma questão filosófica bastante complexa que preocupou muitos filósofos que a procuraram equacionar…

    Normalmente, o presente é entendido como dimensão do tempo que está perto de nós, contudo, o presente constutui-se como uma espécie de corte/ruptura no próprio fluir do tempo, algo que só “é” enquanto que é na conexão entre o que já foi e o que será. Todavia e, em rigor, o presente não existe…neste preciso momento o que escrevo é passado ..o passado já não é…o futuro ainda não é!..A noção de “presente” é paradoxal…se não conhece, penso que deveria ler uma passagem de Sto Agostinho em “As Confissões” onde ele, de um modo exemplar, expressou este mesmo paradoxo (livro XI, cc.12 e ss.)..leia também Kierkegaard e Heidegger e, por que não, Platão e Aristóteles que também reflectiram sobre esse paradoxo…

    abs.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75663

    Vitor,

    “Sim, Deus existe! Foi criado a imagem e semelhança do Homem, pelo próprio Homem!”

    essa ideia já foi melhor apresentada antes, e já nao conseguiu se manter muito bem antes… Feuerbach está longe de ser considerado o apice da filosofia. Curiosamente, ao postular a nao existencia de um absoluto, nao terá vc absolutizado a razao? E do mesmo modo se esse postulado disser respeito a O Absoluto transcendente. Estamos no campo da crença e, consolo por consolo, tambem já foi dito que o consolo do ateismo seria a ilusao de que é o homem o centro de tudo (humanismo ateu) ou de que nao há nenhum tipo de liberdade/ordem (“morte de Deus” que leva à “morte do homem”, com o paradoxo da ideia de que assim estariamos finalmente livres).

    “(Sim, os crentes dirão que temos o tal de livre arbítrio)”

    Que crentes? Parece que se confunde isso frequentemente por aqui, liberdade nao é exatamente a mesma coisa que livre-arbitrio. E os nao sao um bloco monolitico, mas em se tratando de cristianismo (sem incluir as outras religioes) já se falou até de “servo arbitrio” (Lutero), isso sem falar de outras correntes teologicas cristãs menos conhecidas.

    “convenhamos que os crentes, usualmente( há grandes exceções), são pessoas “ estreitas” intelectualmente”

    Melhor ficarmos nos argumentos, já vi nao-crentes com visao bastante estreita tambem. Alias, adjetivar algo como estreito costuma ser feito com base em algum termo de comparacao, o que torna tudo bem relativo. Maniqueismos que separam blocos estanques as vezes mais atrapalham que ajudam.

    O dogmatismo ateu nao é muito melhor do que o dogmatismo de alguns crentes.

    []'s

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75662

    Sim, Deus existe! Foi criado a imagem e semelhança do Homem, pelo próprio Homem! Ora , existe coisa mais antropomórfica de um grande Pai, que a tudo controla e nos ama, apesar de todas as tristezas que vemos por aí( Sim, os crentes dirão que temos o tal de livre arbítrio). Claro, não se pode provar a não-existência de Deus, mas, convenhamos que os crentes, usualmente( há grandes exceções), são pessoas “ estreitas” intelectualmente. E tem mais…fala-se em Deus, ou seja refere-se as religiões monoteístas como o cristianismo, islamismo e judaísmo, e as politeístas, as animistas? Parece ser melhor, negar todos estes deuses, mas enfim…se tem gente que encontra consolo nisso…Abraços

    em resposta a: Governo Mundial #75394

    Sim, seria possível um governo mundial, mas isso só no âmbito do Socialismo. Por mais que essa palavra tenha se tornado anátema, por mais que o Socialismo real tenha falido. Qual sistema, laico, que apresenta caráter universal, senão o Socialismo? Como poderia ser conduzida a economia mundial se não com um planejamento planetário, também outra característica de sistemas socialistas? Apelar para o respeito humano em sociedades movidas pelo dinheiro e lucro, apelar a Deus( sou ateu), é coisa de pessoas muito ingênuas. Sim é possível, e o governo mundial já está sendo formado, mas sob o comando de empresas transnacionais, que movendo-se pelo lucro e especulação enriquecerão alguns poucos , deixando a maior parte da humanidade arruinada.

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