Miguel (admin)

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  • em resposta a: Banquete de Platão #74109

    Adaptado de Émile Bréhier, História da Filosofia, Platão e a Academia, Ciência e Dialética do Amor.

    ___________________________________

    A inspiração requer também um complemento mítico, é necessário captar pela imaginação as influências que se exercem na alma. A inspiração é um aspecto da loucura amorosa, porque a filosofia é para Platão, como havia sido para Sócrates, não meditação solitária, mas gênese espiritual na alma do indivíduo, já que não se engendra mais do que no belo, sob a influência do amor. O amor tende para a imortalidade, o amor dos corpos belos prolonga a vida de um indivíduo em outro, e o amor das almas belas desperta as potências dormentes da inteligência, tanto no mestre quanto no discípulo. A vida do espírito está como inserida na vida do corpo. Desde o desejo instintivo que empurra o indivíduo a gerar semelhantes seus, até a visão súbita do belo eterno e imperecível, há um progresso contínuo, que é um progresso da generalidade, um progresso para sentir-se comovido não pela beleza de um só corpo, mas por toda a beleza plástica. Mas, acima da beleza plástica se encontra a beleza das almas, a das ocupações e das ciências e, mais acima, o mar imenso so Belo, de onde saíram todas as coisas belas.

    Platão insiste amplamente sobre a natureza demoníaa do amor. Segundo ele, os demônios (daimons) tem no culto religioso um papel de primeiro plano, são intermediários entre os homens e os deuses. Eros seria para ele um dos demônios, e não um deus, o filho de Poros e de Penia, que uniu à pobreza de sua mãe os férteis recursos de espírito e a engenhosidade de seu pai. É o patrono dos filósofos, simboliza em si tudo há neles de inspiração e ímpeto, é na ordem afetiva o que são na ordem intelectual os matemáticos. Se sente atraído até o belo, como os matemáticos se sentem atraídos até o ser.

    Assim como o Eros personificado é um demônio entre outros, a loucura amorosa é também uma espécie de um gênero mais amplo, que compreende toda a loucura vinda dos deuses. Fedro, 345b. Platão pensa aqui principalmente nas crenças e práticas religiosas que se referem a uma espécie de adivinhação cuja importância social era imensa: a adivinhação da Pitonisa de Delfos que “fez tantos bens à Grécia graças à sua loucura, que ninguém faria em estado normal.(244b)”. A loucura do profeta que vaticina é comparada com a do poeta possuído pelas Musas, aquelas a cujas obras instruem as gerações futuras. Com estes dois delírios, cujo valor é aceito por todos os gregos, compara PlatãO o delírio do namorado; e não é de menor valor, já que spõem a agitação de uma alma que reconhece, nas coisas sensíveis. a imagem da beleza eterna que contemplou quando vivia, antes de sua vida terrrestre, na companhia dos deuses.

    O tema de Eros, é, de uma maneira geral, o da inspiração divina, que revelam o fundo afetivo da ciência platônica. A filosofia não é, para Platão, um método pura e rigidamente racional. “O orgão pelo qual se aprende é como um olho que não pode voltar para as trevas sem levar o corpo todo, do mesmo modo esse orgão deve ser desviado, juntamente com a alma toda, das coisas que se alteram até ser capaz de suportar a contemplação do ser e da parte mais brilhante do ser.” (República, 518) A isso chamamos Bem. A visão dos medíocres se opõe à visão do Belo, que parte do amor e que é o coroamento do exercício amoroso.

    em resposta a: Palavras nao permitidas #76934

    Ok, resolvi o problema, o script estava confundindo essa combinação com um palavrão.

    Obrigado pelo relato.

    em resposta a: A questão do suicidio #75734

    Estou adorando este Forum de discussões. Com todo respeito a todos os participantes, acho mesmo que quem aborda de forma mais culta e inteligente a questão do suicídio é a moça Isabel.Por aqui, travei contato sobre a abordagem do suicídio de A. Camus( Já conhecia a de Durkheim, vagamente). Escrevo em momento de depressão( sofro de um tipo de depressão moderada, a distimia, que volta e meia se agrava, mas controlo com medicação). Desistí de encontrar um sentido para a vida, embora encontre alguma alegria no sexo. Por hora é só. Estou pensando em registra-me para participar mais intensamente deste Forum.Abraços

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75661

    Sobre as “racionalidades da fé”, continuamos:

    Os termos “fé” e “crer” tem muitos significados, e os fenomenos correspondentes a estes diversos significados podem se distinguir em funçao de maior ou menor presença da:
    (1) confiança,
    (2) conhecimento (tanto dos motivos por que se crê como daquilo em que se crê).
    ______________________________________________

    Em sentido impróprio (que nao realizam bem os elementos constitutivos da fé) teríamos:

    (a) fé como opiniao: fé no sentido mais fraco – é um tipo de julgamento ou maneira de ver as coisas que se adota sem ter certeza de que é verdadeiro, por exemplo: “crei que o time A vencerá o campeonato”. Desde que nao seja absolutizada, pode até ser uma opiniao razoavel (no sentido de mais provavel), mas nao implica atitude existencial e a dimensao afetiva da confiança aparece como praticamente nula.

    (b) fé como crença: crenças sao opinioes (nao se fundam em evidencias) que nao resultam de decisao pessoal baseada na “avaliaçao” das razoes pró e contra de determinadas posiçoes. Sao assumidas espontaneamente por influencia do meio, mas tem adesao superficial enquanto nao resultam de evidencias pessoais nem de persuasao racional.

    (c) fé na informaçao: conhecimento indireto adquirido mediante testemunho alheio. Há algum tipo de racionalidade envolvida, na medida em que tenho razoes suficientes para considerar o testemunho aceitável (creio que a velocidade da luz é de 30 mil km/s pq aceito o testemunho de outros, creio que Jesus ressuscitou pq aceito o testemunho dos apostolos etc). Aparecem entao como irracionais tanto a atitude de excessiva desconfiança como a de excessiva credulidade: essa atitudes revelam pouco senso critico.
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    Em sentido proprio (fé que implica necessariamente confiança e conhecimento) teriamos uma compreensao intuitiva existencial da realidade. É sempre uma fé pessoal, que envolve a pessoa toda.

    (i) fé pessoal na pessoa: é um tipo de fé na informaçao, mas no campo da comunicaçao estritamente interpessoal. Por exemplo: confiança no médico que vai além da capacidade tecnica, mas abarca o seu interesse e seriedade; confiança da criança em seus pais, etc.

    (ii) fé pessoal radical: adesao da pessoa àquilo que dá sentido a sua existencia, isto é, àquilo que fundamenta e orienta sua vida toda. Implica, portanto, confiança, liberdade (é uma opçao livre necessariamente), lealdade. Enquadra-se aqui Camus, qd afirma que Sisifo precisa ser feliz?

    (iii) fé pessoal religiosa: é uma modalidade de fé radical que consiste em atribuir a Deus o sentido ultimo da existencia humano-mundana.
    ______________________________________________

    Entre os argumentos que podem ser invocados para procurar mostrar a racionalidade de uma fé bem constituida (e razoavel entao!) estao:
    (A) o carater hermeneutico da justificaçao,
    (B) a “fundamentaçao cumulativa” que busca demonstrar a coerencia interrna do conteudo da fé e da sua capacidade de interpretar a experiencia da realidade sem falseá-la,
    (C) a compatibilidade da fé com a investigaçao (nao se escandaliza com a duvida?!).


    Esse tema fé e razao sempre dá o que falar

    []'s

    em resposta a: Palavras nao permitidas #76933

    Comigo bloqueou “fé”, seguido de “.” ou “-“, e “esse”.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75660

    Olá Márcio (outra vez!!)

    “2. Assumir a fé com racionalidade. “…o que é assumir a fé com racionalidade??? Apresentar razões para a crença, por exemplo, como referiu..eu tenho fé que existe vida em Marte porque..etc,etc…não tenho como provar, acredito que existe, mas apresento razões para acreditar!!

    “3. S Tomás de Aquino, por exemplo, diz-nos que o saber da fé não é um saber evidente e, como tal, convive com a dúvida, com a suspeita, com a opinião “…sim, ter fé em Deus é conviver com a dúvida…penso que um “bom exemplo” disso é o segundo a Bíblia se haveria passado aquando da crucificação de Jesus…a pergunta final, sem resposta, a dúvida da fé: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste??”…(não estou a dizer que acredito…penso que já fui clara ao “declarar” a minha “liberdade” no que concerne a assuntos religiosos!!)

    “4. Só quando há capacidade de crítica é que a adesão ao religioso adquire valor. “…sim, mas não apenas como brasileiro..penso que essa ideia de que a fé é adesão “cega” prespassa a maioria das pessoas e dos crentes que não sabem de que são crentes…daí a importância da crítica…é ela que vai permitir a abertura ao diálogo, às questões…essa capacidade de crítica que refere Márcio ( e ainda bem que deu esse salto!!) não tem de ser sinónimo de recusa, mas antes de consciência..trata-se de saber, no fundo, por que sou ateu? Por que sou crente? Quais as razões dessa minha posição? Quais as perguntas que pairam no ar?…a isso eu chamo a atl “fé esclarecida”…

    abs.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75658

    Olá Márcio!!!

    A relação Fé/Razão é uma relação complexa..sempre o foi!!! Agora, quanto ao facto de serem antagónicas..bem..não concordo Márcio..mas eu explico porquê!!! A razão é insufuciente, como todos sabemos e bem deixou antever…nem sempre possuimos elementos de carácter racional que justifiquem atitudes, escolhas,etc. Todavia penso que razão e fé não se excluem! Acho que uma fé onde a razão esteja ausente não é fé mas “crendice”…julgo que a fé só é digna desse nome quando ela se reconhece nos seus limites e na sua especificidade. Uma fé cega vira crendice na medida em que se torna, com facilidade dogmática (no sentido de “cega”)e inconsequente. Ter consciência de que a fé é um domínio, apesar de tudo, distinto da razão e reconhecer os seus limites, ter consciência do que ela significa é assumi-la com racionalidade, eu penso. É evidente que ter fé seja no que for, significa aderir, sem que para isso existam razões de carácter racional, mas uma coisa é reconhecer isso mesmo (fé esclarecida) e outra coisa é negar que existam outras formas de atingir os mesmos objectivos (fé cega=crendice)…fui confusa????

    S Tomás de Aquino, por exemplo, diz-nos que o saber da fé não é um saber evidente e, como tal, convive com a dúvida, com a suspeita, com a opinião..estas perguntas e estas dúvidas que acompanham a fé impedem-na de ser “cega” e ao fazê-lo, humanizam-na liberatando-a de cair no fundamentalismo…

    Termino com uma citação de J. Antonio Estrada a propósito: haveria que fazer um elogio da dúvida em relação com as crenças. Só quando há capacidade de crítica é que a adesão ao religioso adquire valor. Pelo contrário, a identificação com uma religião determinada carece de validade última, quando não é possível expressar a dissidência ou indagar criticamente o valor das crenças assumidas.

    abs.

    em resposta a: Palavras nao permitidas #76931

    Olá Marcio

    Realmente, esse é um dos recursos do programa de fórum. O nosso está configurado com uma lista de palavrões comuns. Não entendi qual foi a palavra que ele bloqueou.

    Todos os recursos do programa estão descritos na página http://www.discusware.com

    abs

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75656

    Olá Walace…

    Se calhar a pergunta não faz muito sentido a não ser que nos coloquemos numa perspectiva cartesiana do génio maligno!!!

    Penso que o atributo “bondade” sempre foi um atributo da divindade…o que poderá ser discutido é se deus é sumamente bom..mas isso é outra coisa…e como isso é ou não conjugável com a perfeição é outro assunto ainda…

    abs.}

    em resposta a: Santo Agostinho #71231

    Bem, se esse tal “pesquisador” usou a palavra “adulteraçao”, em se tratando da biblia, e se baseando em Agostinho, entao falou bobagem!

    S.Agostinho foi contemporaneo de S.Jeronimo, inclusive se tornaram grandes amigos (uma amizade forjada em meio a dificuldades). Agostinho nao poupava elogios à qualidade do trabalho de Jeronimo, reconhecidamente um dos maiores, senao o maior, conhecedor dos textos sagrados, tanto do hebraico, aramaico, qt do grego. O respeito de Agostinho pelo trabalho de Jeronimo pode ser atestado em muitos de seus escritos.

    E considerando que S.Jeronimo foi o tradutor que escreveu a Vulgata, texto que se tornou meio que “padrao” para todo o ocidente latino, entao, falar de adulteraçao com base em textos agostinianos soa bastante estranho.

    Sem contar que uma infinidade de estudos de filologia e de hermeneutica relacionados aos textos biblicos desautorizam a maioria das criticas feitas qt à qualidade da traduçao deles. Bem, a nao ser que… Há muitas traduçoes, vc está falando de alguma em especial?

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75655

    Oi Isabel,

    De certo modo eu tinha entendido que vc tinha colocado algo parecido já antes, o que escrevi nao foi destinado especialmente para vc mas obrigado por esclarecer ainda mais.

    Essa relação fé-razão foi tema constante na filosofia medieval. Entrou em crise com o iluminismo, depois das guerras de religiao, com a fé sob suspeita. E agravou-se com o assoberbamento da razao, que se tornou totalitária e “produziu” varios absurdos. Com o holocausto, o sistema marxista-anti-religioso da extinta URSS do pós-guerra, o sistema marxista-anti-cultura-burguesa de Mao, por exemplo, alguns começaram a perceber que algo nao ia bem… Mas mesmo antes algumas vozes mas esclarecidas já percebiam que havia algo de podre no reino da dinamarca, e nesse contexto se entende melhor as obras de Kierkegaard, Freud, Schopenhauer, Kafka, Bergson, Nietzsche e outros. De qualquer modo, esse tema tem retornado com força enorme, e, especialmente, na midia sempre atrasada, depois do ataque as torres no dia 11 de setembro.

    Entre os que tem se aventurado mais recentemente nesse assunto estao nomes do porte de Gadamer, Vattimo, Derrida, Rorty, Levinas, Wittgenstein, Jaspers, Habermas e muitos outros.

    Coloquei isso só para, como vc disse, colaborar no desmonte do lugar comum

    E, falando de lugar comum, o tema de origem dessa lista: “por que deus deve ser bom?”. Essa pergunta tem (ou teve) algum sentido?

    []´s

    em resposta a: Banquete de Platão #74108

    Bem Larissa, é como eu falei.

    O banquete é justamente o diálogo sobre amor de Platão. Sócrates conta a história de seu encontro com Diotima, quando tinha por volta de 30 anos. O amor é definido como carência daquilo que se ama, do objeto amado. É o que inspira os seres a partir em busca do Belo. Esse belo, a Idéia eterna da qual todas as coisas belas participam gradativamente, é alcançado pela ascese dialética, por degraus. Primeiro, pode-se ver o belo nos corpos, depois na natureza etc, até chegar ao Belo em si.

    Se quiser discutir mais diga em que ponto está sua pesquisa. Você já terminou de ler o diálogo?

    abs

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75654

    Olá Walace….

    Tem toda a razão quando diz que a religião evoluiu e que muitas críticas estão descontextualizadas. Tem havido, efectivamente, por parte de muitos teólogos um esforço de reflexão e uma tentativa de mudança.

    No entanto,quando referi a expressão “fé cega” estava a reportar-me à forma como, de um modo geral, a fé é entendida, ou seja, como um domínio que se encontra afastado da razão, onde a razão não tem lugar. Mas atenção, não estou a dizer que são domínios opostos ou que se auto-excluem…limito-me a referir aquilo que é lugar comum e o nosso papel é, justamente, desmontar esse lugar comum. Muitos dos equívocos que existem em relação às relações Fé/Razão, provêm da compreensão da fé como “fé cega” e ESSE é o problema…a fé não tem de ser cega, não pode ser cega até porque, de uma forma ou de outra, ela está presente a partir do momento em que aderimos

    Aliás, penso que a verdadeira Fé é esclarecida pela razão…

    abs.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75653

    Bem, essa palavra “cega” com que vc adjetivou a fé nao parece ser muito adequada nao

    Acho que entendi o ponto, mas acho que falar de “fé cega” já traz em si uma conotaçao negativa, nao? De alguma forma, mesmo a fé é (deve ser e é) avaliada pela razao (mais ou menos adequadamente, de acordo com a capacidade de cada um). A razao nao é um instrumento de que eu possa abrir mao quando nao quero usar, faz parte de mim, entao, mesmo o ato mais absurdo (aos olhos de outro) faz algum tipo de sentido para quem o comete. Por outro lado, o uso da razao tb envolve uma experiencia de fé, já que o sonho de um conhecimento “puro”, que nao parta de nenhum pressuposto, é bem inocente (embora muitos ainda se esforcem para cultiva-lo). Isso acaba gerando uma dialética interessante… razao-fé trabalham juntas. Melhor que tentar acabar com essa tensao pela exclusao ou achatamento de um desses polos seria “afinar a corda” para buscar conseguir uma musica melhor.

    Como coloquei acima, pareceria que nao há lugar para o ateismo, o que poderia soar bastante estranho (!). Mas a Isabel lembrou que algum tipo de crença sempre há, e o ateismo nao está excluido disso. E doutra forma acabaria por apresentar a fé pragmaticamente, o que seria ao fim descalifica-la como fé. O tema da relaçao (ou nao) entre razao/fé é sempre complexo, pq trabalhamos no limiar do conceito de razao. Na filosofia da religiao costuma-se falar, além do racional, no razoável. É mais alguma coisa para se pensar…

    Esse assunto, a importancia da fé, tem sido retomado por alguns filosofos contemporaneos noutros termos, o que traz novos aportes interessantes. Só para citar um filosofo mais conhecido, vale lembrar Derrida, que fala da importancia da religiao (e da fé), como algo que nao pode ser colocado a parte se se quer pensar a experiencia humana. Nesse contexto ele alerta contra a tentaçao de se colocar religiao como alguma coisa descartavel, e fala da importancia da “experiencia do fiduciário e do fiável” (fé como confiança ?!) para a possibilidade de qq processo de socializaçao. De fato, sem a confiança, é obvio, nao conseguiriamos conviver juntos.

    O que ocorre com frequencia é que muitos ainda vivem uma religiao como algo “infantil”, uma fé nao amadurecida, e que nao suporta dialogar com algo que a questione. Acaba em fundamentalismo. É a tentativa de resolver (destruir) a tensao (que apontei acima no exemplo razao-fé) pelo achatamento/silenciamento da razao (ou de qualquer outra coisa que surja como negaçao).

    Outro lado do mesmo problema é que muitos atacam toda religiao como se ela pudesse ser sempre reduzida, necessariamente, a alguma coisa do tipo descrito no paragrafo anterior. O que é, mais uma vez, buscar resolver (destruir) a tensao pelo achatamento/silenciamento agora da fé. Fundamentalismo da razao?

    Nao se encontra muitos com um conhecimento filosofico razoavel, e menos ainda com conhecimento teologico. Por razoes historicas, a teologia ficou muito associada com uma vertente ontoteologica. O que poucos parecem saber é que a religiao contemporanea (da qual o cristinismo é, evidentemente, o carro chefe por diversas razoes, e entre outras uma historica) evoluiu tanto que muitas da criticas antigas passam a kilometros do alvo. Pena (será?) que essa religiao dos teologos esteja ainda fora do alcance da grandississima maioria. Alguns teologos hoje sao mais criticos do que muitos filosofos antes tidos como ameaça.
    Mas, evidente, buscam resolver o problema da fé pela procura da sua maturidade, e nao atraves da sua morte.

    []´s

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75652

    Penso que quando falamos da existência de deus, quer se trate de ateus ou crentes, o nível é sempre o da crença…sim, crença. Não há “conhecimento” da existência de deus ou da sua não existência..falamos, por isso, de crença, de adesão ao “sim” ou ao “não” adesão essa que pode implicar mais ou menos argumentos de carácter “racional”.Quanto à Fé…não creio que ela tenha de ser incondicional, entendendo aqui “incondicional” no sentido de “cega”…

    abs.

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