Miguel (admin)

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  • em resposta a: Definição para o tudo e o nada #76928

    Olá Rodrigo…filosoficamente falando…só se pode comprender o Nada na sua relação com o Ser, no entanto, esta oposição é uma falsa oposição porque o Nada não pode ser um termo da oposição já que o Nada nada é, certo? No fundo, trata-se do dualismo Ser/Não Ser já levantado por Parménides que, como julgo que deve saber,definiu o não ser como ilusão, pois só há conhecimento do ser, daquilo que é.

    O Nada acaba por surgir, no nosso espírito, como sinónimo de negação..o nada, a negação acaba por exprimir a própria contingência, a finitude..”Porque é que existe o Ser e não antes o Nada”?? (veja-se Leibniz…Heidegger..)..e poderíamos ainda discutir se se trata de um Nada relativo ou, pelo contrário, de um Nada absoluto. Repare…isto tem implicações…se admitirmos que tudo é contingente, que as coisas são, mas poderiam perfeitmente não ser, somos conduzidos, inevitavelmente, ao absurdo..as coisas estão aí ,mas não há razão para que elas sejam…veja que se cai no seguinte: a afirmação de que o Ser não é inteligível é auto-destrutiva! Porquê? Porque admite-se a inteligibilidade da não inteligibilidade do Ser..conclusão: sustentar o Nada absoluto revela-se insustentável! Ou impensável, com rigor!

    Se quiser pegar numa linha de filósosos para ver como este problema tem sido entendido, veja Parménides, os Atomistas, Platão e até Kant, Hegel…Bergson,segundo o qual o Nada não se pode pensar. Veja Heidegger, Sartre…para Heidegger, a experiência do Nada é descoberta na angústia…

    Mas atenção..o problema do Nada não se reduz ao campo da metafísica..pode também encontrar na filosofia medieval, no campo da lógica e da linguagem, algumas teorizações…

    Bem..espero não ter sido muito confusa..termino com uma citação de F. Pessoa: Se alguma coisa foi, porque é que não é? Ser não é ser?

    abs.

    em resposta a: O que Epicuro tem a dizer #75070

    Certo, mas se seu pai biológico não tivesse criado você, não haveria crime e culpa a ser atribuída…não? A criação já tem seu berço no erro.
    …Onisciência? Onde está?

    em resposta a: Por que tanta gente acha que existe um Deus ? #76217

    Esta é talvez uma das questões mais polêmicas e que mais instiga a mente humana pois esta diretamente ligada à três outros questinamentos, não menos polêmicos e instigantes e que dizem respeito à nossa origem (De onde viemos?), à nossa existência (Por que ou para que estamos aqui?)e ao nosso destino após a morte (Para onde vamos, se é que vamos para algum lugar?)
    Basta olharmos o mundo à nossa volta para encontrarmos a resposta quanto à existência ou não de Deus. E aí esta o grande problema: ela tanto pode ser afirmativa, quanto negativa, depende da interpretção dada por quem busca a resposta.
    Quanto a mim, creio e não creio. Muito embora aparentemente contraditório, é perfeitamente explicavel.
    Não creio na existência de um Deus antropomórfico, naquele velhinho de barba branca, sentado em um trono julgando e condenando os maus e trazendo os bons para junto de si. Até porque, se formos ver bem de perto, o bom não é assim tão bom e, da mesma forma, o mau também não é assim tão mau.Essa imagem pueril que nos foi ensinada desde criança, não mais se sustenta dentro de minha concepção de Deus.
    No entanto creio na existência de uma força ordenadora da natureza, desde o macro até o microcosmo, num fio condutor que liga a parte ao todo e este à parte, de forma que o todo esta contido nela da mesma forma que ela esta contida no todo.
    Nisso eu acredito. E se a isso quisermos dar o nome de Deus, aí então, posso dizer que acredito na sua existência.

    em resposta a: O que Epicuro tem a dizer #75069

    RESPOSTA A EPICURO
    DEUS NÃO PODE ESTAR TUTELANDO TODA A HUMANIDADE A VIDA INTEIRA, SENÃO ONDE ESTARIA O LIVRE ARBÍTRIO.
    SE ASSIM FOSSE(NUMA VISÃO MAIS SIMPLISTA) SEU PAI BIOLÓGICO SERIA RESPONSÁVEL POR TODOS OS SEUS ATOS.
    VIVEMOS EM SOCIEDADE QUE NOS IMPÕE REGRAS DE CONVIVÊNCIA BASEADO EM CERTOS PRICÍPIOS MORAIS QUE DEVEM SER OBEDECIDOS. CABE-NOS OBEDECÊ-LOS. SE EU COMETO UM CRIME O CULPADO NÃO É MEU PAI BIOLÓGICO OU MEU PAI ESPIRITUAL, SOU EU MESMO.

    em resposta a: A violencia se forma em casa #71546

    Considerando a complexidade do tema “Violência e Criminalidade” podemos aceitar apenas parcialmente a afirmativa de que ela, a violência e, muitas vezes, sua parceira a criminalidade comecem em casa. Ainda assim, apenas se considerarmos o uso do substântivo “casa” como sinônimo de lar, uma vez que uma casa só poderá ser um lar se for habitada por uma família.
    Da mesma forma, tendo em vista a complexidade do tema, cada um dos que aqui deixaram sua opinião e visão do problema tocaram, mesmo que superficialmente, em algumas de suas causas, quer adjacentes, quer remotas, quer atuais.
    Não tenho a pretenção de aqui aponta-las todas, até porque, dada a amplitude da questão, torna-se praticamente impossível abarcar todas as suas causas.
    Entretanto uma me parece fundamental na medida em que, na minha visão do problema, se encontra na sua origem mais remota, em sua raíz.
    Me refiro à educação, repito educação e não repasse de conhecimento dentro do modêlo tecnicista mecânicista. O abandono do modêlo humanista deixou um vazio muito grande na formação etica e moral do povo ao longo dos últimos 30 anos, aproximadamente.
    Se somarmos a isso as questões de ordem econômica e política que afetaram o mundo de um modo geral e o Brasil em particular nas últimas três décadas do século passado, principalmente à partir da crise do petróleo teremos, se não a fórmula ideal, pelo menos uma receita bastante razoavel para buscar explicar esse estado de coisas que vivemos nesse início de século XXI.
    Nossa sociedade vive uma crise de valores sem precedentes, está cega pelo consumismo e rende homenagens ao deus mercado. O “ter” se apossou de tal maneira das pessoas que não deixou nenhum espaço, por menor que seja, para o “ser”. E, diga-se de passagem, em todos os níveis de nossa sociedade. Basta ver a corrupção e as negociatas nos altos escalões, passando pela futilidade e vazio do consumismo da classe média, até chegar no menino de rua, no trombadinha, daqueles que vivem à margem do mercado, os ditos excluidos.

    em resposta a: Mito, fábula e lenda #76139

    Ivaldo,

    O tema “mito” é muito vasto e vc pode encontrar algo sobre isso em praticamente qualquer dicionario de filosofia. Citar fontes seria complicado, dependeria muito da profundidade e da amplitude da abordagem que vc quereria… Mas, como introduçao eu nao sugeriria nenhum filosofo em especial (embora muitos tenham tratado disso, recordo-me agora de Platao, ou Aristoteles, qd falavam da passagem do mito ao logos, e da admiraçao da qual nascia a filosofia, ou mais atualmente de Paul Ricoeur). Seria mais facil mesmo consultar um dicionário ou algum comentarista sobre esse tema.

    A título de resumo, vou tentar colocar alguma coisa:

    Mito – do grego mythos, expressao, mensagem. Sao narraçoes, geralmente referentes às origens, que buscavam justificar. Nos mitos se recriam, através de fábulas ou alegorias, os fatos primordiais que, supostamente, dão explicaçao e fundamento tanto às normas sociais como às crenças, costumes, etc. mediante a exposiçao da genealogia dessas normas e funçoes, ou da origem ou genesis do mundo e do homem.

    Essas narraçoes tem um tipo proprio de “racionalidade” que, atualmente, tem voltado a ser valorizada. Principalmente na filosofia pos-nietzschiana encontra-se uma critica aos simbolos que busca justamente questioná-los para resgatar a sua verdadeira funçao, e desta forma aparece como um tipo de critica à pretensao da razao logico-argumentativa como unica forma de racionalidade. Exemplos dessa corrente, podemos considerar, na obra de Paul Ricoeur. Já a critica nietzschiana seria mais a critica ao simbolo pela sua destruiçao: filosofar com o martelo. (Evidentemente que tudo isso está bastante simplificado e as coisas “no real” sao bem mais complexas.)

    Mas nao precisamos vir tao longe, mesmo antes podemos encontrar exemplos de filosofos que buscavam uma revaloraçao dos mitos. Schelling, sec. XIX, considerava-os como autenticas manifestaçoes culturais dos povos. Embora, em geral, nessa época, em que se estudou muito a origem e evoluçao dos mitos, eles eram concebidos como meras fábulas, invençoes ou ficçoes.

    Os mitos normalmente buscam justificar valores, instituiçoes e crenças, que as sociedades constroem mediante representaçoes simbólicas que geralmente expressam as características proprias da sociedade que os gera.

    Fábula – mais proprio da fábula seria a tentativa de transmitir alguma norma ou ensinamento moral ou prático – por isso Esopo foi considerado um grande educador -, nao tanto procurar justificar pela razao narrativa através dos relatos das origens.

    Lenda – Narração escrita ou oral, de caráter maravilhoso, na qual os fatos históricos são deformados pela imaginação popular ou pela imaginação poética (cf. Aurélio). Mas, percebe-se, aqui aparece mais a distorçao (cópia) que a criaçao. (Também muito simplificado, e nao esgota mesmo, já que nem foi citado o valor literario, pra dizer o minimo.)

    Espero ter ajudado, fica com primeiro passo.

    []´s

    em resposta a: Quem é o maior filosofo do século XX? #71198

    Ninguém no século XX foi tão crítico com relação à Filosofia que Wittgenstein que, de certo modo, a “mata” no Tratactus e a faz “renascer” nas Investigações Filosóficas.

    Sua conceção dos “jogos de linguagem” simplesmente remodelou o modo como costumavamos pensar a linguagem. Aliás, pode-se separar a filosofia da linguagem em antes e depois de Wittgenstein.

    em resposta a: Copa do Mundo e Alienação #76847

    Que horror…. estou me referindo a este movimento tenebroso de endeusamento dos jogadores da seleção brasileira. A mídia, principalmente a emissora do Sr. Cidadão Marinho, não cansa de mostrar o DIA INTEIRO a chegada da seleção. Os aviões da FAB em escolta, Trios elétricos, decretação de feriados…. devem ter tocado a música “Festa” da Ivete Sangalo umas 500.000 vezes. Inevitável… mas não pude deixar de lembrar do Senegal ao vencer a França no início da Copa, o presidente senegales, se não me falha a memória, decretou feriado, foi às ruas festejar com o povo.

    Bom, como já fora dito outrora: “Dai a Cesar o que é de Cesar”(só por hoje estou com a thelma)… sei lá… é que fiquei envergonhado(frente ao mundo como brasileiro) perante o episódio que se iniciou nesta terça-feira tenebrosa.

    vai passar….. ESPERO.

    abs.

    em resposta a: Em que consiste a verdade? #74646

    Oi, posso entrar na discussao?
    Estava lendo as msgs e ocorreu-me o seguinte:

    O problema que se coloca é o da existência de uma fundamentação última (uma base segura, uma justificação absoluta ou um “ponto arquimédico”) para o conhecimento. Existe ou não uma fundamentação última para o conhecimento?

    Descartes foi quem primeiro apresentou o ideal de um conhecimento absolutamente seguro (“inteiramente indubitável” ou “necessariamente verdadeiro”). Mas esse ideal não permaneceu incontestado: a ele, opõe-se o ceticismo.

    Temos, então: de uma lado, o cartesianismo, que defende a necessidade e a possibilidade de uma base segura para o conhecimento; e, de outra parte, o ceticismo, que nega a possibilidade de encontrar-se esse fundamento. Esse conflito ainda não encontrou uma solução definitiva.

    Wittgenstein e a superação do conflito entre cartesianismo e ceticismo:
    As anotações de Wittgenstein reunidas sob o título “Da certeza” constituem-se num “diálogo tríplice” em que os parceiros de Wittgenstein são, de um lado, o cartesianismo (representado por Moore) e o ceticismo filosófico.
    Em “Da certeza”, Wittgenstein propõe uma possível mediação ou superação do conflito entre o cartesianismo e o ceticismo.

    [1] Crítica wittgensteiniana de Descartes:
    Com o objetivo de encontrar uma base segura para o conhecimento, a partir da qual fosse possível construir todo o sistema da ciência, Descartes adotou, como procedimento metodológico, a dúvida universal: ou seja, ele se pôs a duvidar de tudo onde fosse possível imaginar a menor possibilidade de engano. Por essa via, ele chegou ao “cogito” (“Penso, logo sou”), que não é mais possível colocar em dúvida.

    Segundo Wittgenstein, em seu recurso à dúvida universal, Descartes não respeitou as condições de sentido do operador epistêmico “duvidar”.
    Com efeito, se atentarmos para a “gramática” (isto é, para as regras sintáticas, semânticas e pragmáticas) do uso do operador epistêmico “duvidar”, veremos que ele possui certas condições de sentido. Veremos que:

    (a) para duvidar, é preciso ter razões: uma dúvida que não é motivada não é compreensível; ora, Descartes, para justificar a sua dúvida universal, inventa o “gênio mau” ou recorre ao argumento do sonho;

    (b) a dúvida deve ter importância prática: isto é, ela deve fazer alguma diferença na vida de quem duvida; ora, também esse aspecto é ignorado pela dúvida cartesiana; ele mesmo declara que a sua dúvida não é prática, mas especulativa;

    (c) a dúvida pressupõe um jogo de linguagem: quem não tem certeza de absolutamente nada também não pode ter certeza do significado das suas palavras; desse modo, a dúvida cartesiana destrói-se a si mesma, porque seria impossível exprimi-la;

    (d) a dúvida não pode estar no início: a dúvida vem depois da crença; é preciso acreditar, aceitar, primeiro, determinadas coisas antes de poder expressar dúvidas que façam sentido; ou seja, a dúvida não pode estar no início, como queria Descartes;

    (e) a dúvida universal é impossível: pode-se duvidar isoladamente dos fatos relacionados com determinado jogo de linguagem, mas duvidar de todos simultaneamente destruiria o jogo de linguagem e, conseqüentemente, também a própria dúvida;

    (f) a dúvida supõe a certeza: a dúvida supõe a possibilidade de verificação ou comprovação; esta, por sua vez, supõe algo que não é colocado em dúvida nem é testado; ou seja, o próprio jogo da dúvida pressupõe a certeza; aquilo a que Descartes pretendia chegar ao fim do seu recurso à dúvida universal já está pressuposto desde o início.

    Todas essas condições de sentido do operador epistêmico “duvidar” são ignoradas por Descartes, o que invalida o meio pelo qual ele chegou ao “cogito” como base segura para o conhecimento (isto é: a dúvida cética).

    [2] Crítica wittgensteiniana de Moore:
    Em sua tentativa de refutação do ceticismo filosófico, Moore valeu-se de uma série de sentenças que ele chamou de “truísmos” (ou verdades do senso comum), as chamadas “sentenças tipo-Moore”. Exemplos:
    – “Existe presentemente um corpo humano vivo que é o meu corpo”;
    – “A Terra existiu muito antes do meu nascimento”;
    – “Nunca estive na lua”;
    – “Sou um ser humano” etc.

    Moore pretendia que essas sentenças fossem verdades indubitáveis, certezas necessárias ou metafísicas, capazes de refutar o ceticismo, acreditanto, ademais, estar diante de proposições empíricas.

    Wittgenstein, por sua vez, demonstrou que Moore interpretou erroneamente as sentenças tipo-Moore ao pretender usá-las na refutação do ceticismo.
    Com efeito, proposições empíricas apresentam bivalência veritativa, isto é, admitem ser afirmadas ou negadas.

    Mas a negação de uma sentença tipo-Moore resulta em algo incompreensível, sem sentido. Analogamente, operadores epistêmicos afirmativos podem ser negados; contudo, a negação de um operador epistêmico em conexão com uma sentença tipo-Moore resulta em algo incompreensível, sem sentido.

    Isso significa que as sentenças tipo-Moore têm um caráter não-epistêmico, isto é, que são epistemicamente neutras. Elas não possuem valor informativo, mas são meramente formulações de regras semânticas, são proposições lógicas ou gramaticais. Sendo assim, elas não podem ser apresentadas como refutação do ceticismo filosófico como pretendia Moore.

    [3] Conclusões (implicações epistemológicas):
    Para Wittgenstein, há justificação para o conhecimento: permanece valendo a concepção tradicional de que o conhecimento é um saber certo ou verdadeiro baseado em razões.

    A justificação do conhecimento tem um fim; o “regresso ao infinito” (de que fala H. Albert) é, de fato, inaceitável .

    Segundo o “trilema de Münchhausen”, de H. Albert, a exigência de uma fundamentação absoluta para o conhecimento resulta em três alternativas, todas elas inaceitáveis:
    (1) o regresso ao infinito: A é fundamentado em B, este em C, e assim, indefinidamente;
    (2) o círculo lógico: A é fundamentado em B, este em C, e C novamente em A;
    (3) a interrupção (arbitrária, dogmática) do processo de fundamentação: por uma razão qualquer, determinada instância é considerada como sendo a última, que já não necessita de justificação.

    Ocorre que esse fim não consiste em determinadas proposições imediatamente evidentes, nem em algum pressuposto não fundamentado, mas numa forma de vida partilhada.

    O fundamento último é epistemicamente neutro: as nossas formas de vida, base sobre a qual repousam os nossos jogos de linguagem, não são nem verdadeiras nem falsas; elas são neutras epistemicamente.

    Portanto, tanto o ceticismo filosófico quanto a tentativa de estabelecer verdades indubitáveis é sem sentido.

    []´s

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75650

    Oi Marcio,

    acho que vou fazer cooper no campo minado…

    Interessante o texto por vc citado, da revista Galileu. Contudo, mesmo esse texto nao esgota o assunto sobre um tema tao polemico qt procurar a plena compreensao da experiencia existencial de outra pessoa – aqui no caso, Einstein. Mas, uma vez que palavras sao limitadas para expressar uma experiencia religiosa, interpretar o sentido mais profundo do dito por Einstein é partir para as mais diversas conjecturas. Por outro lado, se nao quisermos ficar simplesmente no silencio sobre o assunto, só nos resta mesmo voltar para as palavras dele. Que seja:

    Sobre o “Deus de Spinoza”, parece indicar a crença num “deus-causa-última” que explica e dá consistência a um sistema fechado de pensamento. A “liberdade” espinosiana não é o reconhecimento da necessidade? É livre quem age movido pela razao. Deus é base do sistema. A natureza é Deus.

    Os dados parecem apontar mais uma vez para aquele “Deus” conhecido pelo termo cunhado por Pascal qd criticava a razao iluminista: o chamado “Deus dos filosofos”. De fato, essa distinção já antiga na filosofia: a diferença entre (1) o “Deus dos filósofos”, criado aos moldes da razao para justificar ou explicar um sistema de pensamento – coisa bastante anterior a Spinosa, noutra forma já aparecia no motor imóvel de Aristóteles, por exemplo -; e (2) o Deus de Abraão, Isaac e Jacó recordado por Pascal.
    Mas, partir daí para falar em ateísmo é dar um salto e tanto (compreensivel, já que Spinoza foi acusado de ateismo diversas vezes), esse tipo de afirmação não é completamente correta, mais certo seria falar de um tipo de panteísmo filosófico.

    Alias, nao surpreende que Einsten veja com bons olhos o Deus de Spinosa, basta recordar a dificuldade que tinha com o pensamento de Bohr, no sentido de nao conseguir aceitar algo que ferisse o necessitarismo mecanicista derivado da corrente de pensamento herdada desde Newton. Era uma metafísica pobre, e a experiência de certo modo mostrou que Bohr tinha razão, a impossibilidade de prever a posição de um elétron coloca o determinismo numa sinuca.

    Falar de “deus dos ateus” nao ajuda muito, acho. Melhor evitar coisas do gênero
    A questão de Deus é tema pra lá de complexo, e, especialmente, contemporaneamente tornou a ser campo dos mais ferteis.

    De certa forma, assunto que tem a ver é que a razao vem sendo constantemente colocada contra a parede e nao tem conseguido responder satisfatoriamente aos questionamentos que lhe são colocados. A fé, em outros tempos, foi colocada no banco dos réus; mas logo depois foi a vez da razao. Ao criticar a razão, alguem poderia perguntar: mas, “de que razao vc está falando?”. Ora, isso, por si só, já é exemplo do problema: quando alguem começa a perguntar “que razao?”, é sinal de que ela não está tão bem como antes.

    Acho engraçado (ou triste) qd alguém afirma: “sou ateu, não tenho fé”. Parece puro contra-senso.

    Também qd alguém diz: “não acredito em Deus, pq existe o mal”. Ora, em que tipo de “deus” se pensa num caso assim? Dá a entender que a procura é por algo do tipo de um “Deus da lousa”… algo ou alguém que explique o que não consigo entender.

    Outro – para complicar – poderia afirmar justamente o contrario: se Deus tivesse sido descoberto seria a maior prova de que Ele não existe. O Deus transcendente não existe para explicar nada, não poderia ser alcançado por esforço, mas somente recebido como dom, e explicar é problema nosso.

    E já que chegamos até aqui:
    O conhecimento de Deus não é da ordem do saber, é existencial.
    Deus não só não explica tudo como ainda é espaço para o mistério.
    E a razão corre atrás do próprio rabo.

    Mesmo correndo o risco de parecer dogmatico ou contraditorio, estou usando a razao para mostrar que a razao nao funciona (sempre). Ops! Pareceu isso? Ruim com ela, pior sem. Como no caso da liberdade, encontrada por alguns no reconhecimento da necessidade, o ápice da razao talvez esteja justamente no reconhecimento da sua limitaçao.

    Ainda tenho as duas pernas?

    []´s

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75648

    Olá Márcio!!!

    Bem…complicado…essa sua pergunta está “minada”…

    De facto, a filosofia do romantismo alemão pensou Espinosa como judeu e ateu e a sua filosofia como uma filosofia da natureza (Deus é Natureza, Deus é o Mundo)…assim, fará todo o sentido o texto que apresentou..

    abs.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75645

    Olá Thelma…

    Julgo que não há outra forma de “pensar” em Deus que não seja humanizando-o..repare, em todas as religiões (ou quase todas) há a necessidade de dar “forma” à divindade por que isso é uma forma de a aproximar do homem, julgo…

    Penso que a existência de Deus é em si questionável, como quase tudo Thelma…

    abs.

    em resposta a: Em que consiste a verdade? #74645

    Sim..não há, com certeza, verdade absoluta embora nós tenhamos o desejo de atingir um nível de verdade absoluto que garanta segurança…sim…aliás, se analisarmos um pouco a clássica concepção de verdade já tão em “desuso” mas ainda defendida por tantos somos confrontados com um sem número de interrogações..experimente perguntar ao mais comum dos mortais o que é a verdade e ele dir-lhe-á, mais ou menos, que a verdade é o que é, que a verdade é o que as coisas são, a realidade…e aí é atirado para a pergunta das perguntas, sem a qual nunca poderá pensar a questão da verdade e que é: o que é a realidade??? Sim, como disse e, muito bem,”A verdade para existir depende de uma circunstância”, a verdade é sempre por relação a um contexto…isso relativiza-a..por outro lado, só poderemos falar de verdade em relação ao que conhecemos, a uma dada circunstância?? Então, é verdade que a Terra gira à volta do Sol, sempre foi verdade…(?),mas durante séculos não era verdade (desconhecia-se) e, no entanto, a Terra já girava à volta do Sol…haverá uma verdade universal que simplesmente negamos por que desconhecemos??? Tudo aquilo em que acreditamos pode ser uma mentira que tomamos como verdade por desconhecermos outra?…Como construir algo de sólido??…

    abs.

    em resposta a: Por que "deus deve ser bom"? #75644

    O que é questionável é a existência desse Deus humanizado, ou seja, uma entidade que satisfaz os desejos, nos defende contra nossos “inimigos”( mas que incoerência não, se todos somos Seus filhos. Talvez esse Deus que pensamos seja o impulso para a vida, a força que faz uma planta brotar na brecha do asfalto…

    em resposta a: COMO E QUANDO FINDARá O IMPéRIO AMERICANO? #75852

    Tem um livro muito bom que tem a ver com esse tema.
    A invasão cultural norte americana
    Julia Falivene Alves
    1989

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