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Miguel (admin)Mestre
Marise:
“A felicidade é um estado natural nato, portanto é inerente à vontade do ser”…podemos entender a felicidade, ou melhor o desejo de a atingir, como algo “inscrito” na natureza humana simplesmente porque o homem tem necessidade de acordo com o mundo…Contudo…
“Faz parte do “kit corpo-mente””, aí, honestamente, não gosto muito da expressão…faz-me lembrar um conjunto de coisas básicas de baixa qualidade, modo geral, no sentido de satisfazer necessidades imediatas, dá a ideia de que o homem veio “equipado” com um conjunto de funções básicas, entre elas a felicidade…penso que é bem mais complexo.
“A felicidade pode brotar espontaneamente sem a necessidade de estímulos”…há sempre um estímulo, que não tem de ser nada de físico, mas isso são, na minha óptica fugazes momentos de…
“Ela é subjetiva quando provem do sentimento”…claro que sim…por isso a estamos aqui a discutir…
absMiguel (admin)MestreMarcio:
Mantendo a sua terminologia mas procurando explicar de onde retirei essa analogia…o cérebro conterá uma quantidade incalculável de informação que tende, por natureza, a passar para o nível da mente. Algum desse material é causador de angústia e então o “piloto-automático” encarregar-se-á de não deixar passar esse material, censurando-o. Teremos assim a ilusão da felicidade porque esse material será recalcado. No entanto, a partir de certos limites isso poderá conduzir a comportamentos neuróticos que ultrapassam o nosso controle…infelicidade? Sem entrar em pormenores de Freud, só para clarificar…“4. O que é que decide esse momento crucial que, afinal de contas, condiciona implicitamente a minha (in)felicidade?
Uma ilusao. A ilusao de que o ceu azul é mais bonito do que perigoso. A mente é o espaço da ilusao. Essa ilusao torna-se “realidade” para o cerebro atraves do feedback proporcionado pela mente. Uma vez estabelecida essa “realidade” no cerebro, o resto fica implicitamente a cargo do “piloto automatico”. ”Seria, então, a esse nível que o Marcio fala no reajuste das ilusões? Por exemplo, eu terei mais chances de “ser feliz” enviando ao cérebro a ideia de que o céu é azul?Ou, pelo contrário, situando-me num nível inferior-o céu azul é sinónimo de perigo-terei melhores hipóteses de “sobrevivência”?
abs.Miguel (admin)MestreA felicidade é um estado natural nato, portanto é inerente à vontade do ser. Faz parte do “kit corpo-mente”. Esta ligada diretamente aos órgãos do sentido, sujeito às variações e oscilações naturais da vida.
A felicidade pode brotar espontaneamente sem a necessidade de estímulos, por ser uma ação decorrente de uma descarga cerebral (hormonal), que por sua vez pode ou não advir de satisfações prazerosas (comer, dormir, frio, calor, etc).
Ela é subjetiva quando provem do sentimento, pois os sentimento-prazer difere de pessoa para pessoa, de época e intensidade.
Quando falo em “estado provocado”, quero dizer que há motivação ou conforto físico ou espiritual. Ela seria mais monitorizada por fatos ou fatores de busca e estaria suscetível no seu contexto.
Miguel (admin)MestreOlá. Como vao companheiros de caminhada?
Existem pessoas ainda questionando a utilidade de filosofar?
P…….. Penso que isto é como se negássemos que o ser humano é demens. Não somos sapiens apenas, tb demens, como bom, mau, crente, ateu, filosofo, etc…
nao podemos fazer da filosofia uma linha apenas.
Mas, linhas, filosofias, mundos em que vivemos.
Nao dicotomicos, mas holísticamente.
Agradeço que existam pessoas filosofos que acreditam como eu.
É PRECISO FILOSOFAR….
Desculpe do desabafo… Mas, poxa. Ainda não quero pensar que pessoas que estudam filosofia acham a inutil. Como reflexão sobre ela mesma tudo bem, pois nao podemos prender a questionar só o que nos pedem, temos que refletir sobre todas as realidades. Até a própria filosofia. Mas
não colocar opinioes Absurdas… Desculpe a franqueza mas é de quem ama a FILOSOFIA.Miguel (admin)MestreBem, isso já seria entrar num campo minado, no domínio da quase telepatia…então aí estaríamos na presença dos tais factores externos que não poderiamos controlar Marcio. Essa ameaça externa já não seria neutralizável com sugeriu atrás…
Miguel (admin)MestreResposta à parte 2…
Assim, ao contrário do que eu julguei perceber inicialmente, a mente terá um papel fulcral nessas sensações de felicidade ou infelicidade já que tem essa função de feed-back…
Mas, o que é que condiciona esse feed-back? O que é que está no momento decisivo quando eu associo o céu azul à beleza ou, pelo contrário, lhe associo um perigo? O que é que decide esse momento crucial que, afinal de contas, condiciona implicitamente a minha (in)felicidade?Miguel (admin)MestreAh, Marcio, com calma…ainda estou a digerir as suas mensagens anteriores, ainda não li as últimas duas!!!
Bem, deixe-me organizar as ideias…é assim…em situações-limite, quando as minhas condições de manutenção da vida são postas em causa eu poderei regressar ao ponto zero, regresso esse levado a cabo pela mente em função de uma informação do cérebro nesse sentido. A partir daí, se as condições melhoram isso traduz-se em sensações de felicidade e, se pioram, em sensações de infelicidade, certo? É isso, não é?
Ora bem, assim numa dada siuação “x”, 1ª situação de reajuste, o ponto zero é colocado muito baixo; na situação “y”, o ponto zero é colocado mais acima; na “z”,mais acima e assim sucessivamente ao ponto de, quando se torna necessário “resetar” a minha percepção eu já só consiga colocar o ponto zero num nível tão alto que nada poderá melhorar em relação a essas condições, isto é, a partir de um certo nº de reajustes, eu já não posso esperar sensações de felicidade…sim, porque este processo é, acima de tudo, irreversível, ou não? Acha que é possível entrar no tal loop que inicialmente referiu e regressar ao princípio dos princípios??Outra coisa…a imagem que anexou é, de facto, bastante esclarecedora, no entanto,há um aspecto que julgo não ter compreendido muito bem…o “piloto automático” é uma parte do cérebro que não se “vê”. Ele percebe todos os pensamentos, os mais intensos e os menos intensos. Terá ele o papel de “filtro”, por assim dizer, em relação aos pensamentos que (hipoteticamente) poderão chegar à mente? E se sim, por que os filtraria? Desculpe, se calhar esta pergunta está descontextualizada, mas de repente veio-me à “mente” a estrutura do psiquismo segundo Freud e surgiu a analogia cérebro-inconsciente/piloto-automático-subconsciente/mente-consciente…
As questões da mente são, como disse, muito complexas…penso, no entanto, que essa capacidade de fazer os reajustes é bastante limitada, mesmo treinada. Entendo que existe uma série de variáveis parasita, não contabilizadas, que alteram todo o processo e o fazem até abortar, de forma que, quando julgamos estar a jogar estamos sim, simplesmente, a ser jogados…
Em relação à parte da colocação da Karen que refere, eu também concordo consigo embora ache que quando a Karen se referiu às duas opções “ou estamos ,mais próximos da morte ou (…) estamos vivendo intensamente cada instante”, penso que ela se queria referir ao facto de não devermos viver aprionados com a ideia da morte porque isso impedir-nos-ia de viver realmente. No entanto, julgo que só se pode viver intensamente porque há consciência da morte, senão, por que fazê-lo?
Teoricamente estamos todos à mesma distância da morte excluindo apenas os indivíduos que a procuram. penso que F. Savater traduz muito bem esta ideia ao dizer que a morte pode ser mais ou menos provável, mas ela é sempre possível.Para terminar (já vai longo o texto…) Marcio, queria falar-lhe de um livro que comecei antes de ontem a ler (se calhar conhece)e que certamente lhe interessaria:”Imagens da mente” de Michael I. Posner e Marcus E. Raichle que ganhou o prémio William James da Associação Americana de Psicólogos.
Agora sim ,já posso ir ler as suas duas últimas mensagens!
Abs.Miguel (admin)MestreAlma, alma.
Fico a imaginar onde vcs qerem chegar.
Qual alma vcs falam?
Sim. Pois para um poeta a alma é aquela que está ligada aos sentimentos, a paixão.
Para um ciêntista pode falar que é o ânima do corpo aquilo que é animado.
E tantas outras definiçoes.
E para o filósofo? Qual definiçao?
Será que temos uma ou umas definiçoes?
Platao distingue a alma algo reminiscivel, isto é, cabe a esta uma evoluçao para retornar ao mundo das idéias. Sendo assim perfeita.
Olha, Aristoteles até na contemporaneidade ainda é uma discuçao que devemos apurar com mais precisao…
Mas, vale a pena deixa eu ir almoçar, com alma ou sem… heheheMiguel (admin)MestreÉ, essa questão do livre arbítrio é o argumento que os teístas apresentam para justificar a existência do mal. É sempre possível argumentar pois se deus fosse sumamente bom teria criado os humanos como seres livres e seria capaz de garantir que todas as suas escolhas fossem livres e boas…para os teístas, o livre arbítrio implicaria a existência do mal moral (daquele causado pelo homem…)…dar um livre arbítrio e garantir que ele fosse sempre bem usado seria, na óptica do teísmo, um contrasenso. Lá vamos, novamente, cair na contestação da omnipotência divina…
Repare, Carlos, não me estou a posicionar de nenhum dos lados, sou muito céptica e procuro avaliar os dois lados da questão. Penso que não podemos inferir peremptoriamnete que deus não existe, do mesmo modo que não podemos fazê-lo quanto à sua existência. Agora, uma coisa é certa: é muito mais difícil sustentar a sua existência do que o contrário. O mundo que nos rodeia traz-nos mais evidência da sua ausência do que da sua presença. Penso que é um dos problemas mais interessantes que cumpre reflectir. Tomadas de posição muito radicais impedem-nos, muitas vezes de como diz o Alex “ver a trave em nossos olhos”…Só uma nota: para o teísmo a omnisciência não significa que deus saiba tudo em relação ao futuro, isto é, ele não pode saber o que se vai passar com um indivíduo porque simplesmente lhe deu livre arbítrio e, ao fazê-lo, limitou a sua própria omnisciência. Contraditório, não?? Um deus que tem a sua omnisciência, a sua omnipotência e a sua liberdade limitadas!…
Miguel (admin)MestreMceus disse:
“Creio que com tantas limitaçõs, pelos sentidos,
pela linguagem, a realidade para nós, não passa daquilo que queremos ver ou que podemos ver, a alma pode ser tudo o que não é real! Até que se torne real, mas aí novamente vem o perigo de ser apenas aparentemente real, limitada novamente por conceitos, talvez a alma seja tudo que não for real ao homem, como tantas outras coisas…. ”Muito bem colocado a meu ver…talvez a alma não seja mais do que a projecção da nossa incapacidade ou relutância em aceitar a finitude. Talvez alma não seja mais do que a recusa de coincidirmos connosco, a necessidade imperiosa de sempre ser mais do que, de não se esgotar, de não se diluir…”eu tenho uma alma!!” gritamos…e enchemo-nos de esperanças vãs, rodopiando alegremente num vazio redutor que acabamos de mascarar como tantas outras coisas…
abs.Miguel (admin)MestrePara o teísmo, Deus possui três predicados que englobam depois vários outros:suma bondade, omnipotência e omnipresença.A questão da bondade divina apresenta algumas fracturas que, penso eu, deveriam ser objecto da nossa reflexão.Qualquer um destes predicados acaba por chocar, inevitavelmente, com o problema do mal.A suma bondade de deus resulta da sua liberdade e omnisciência,portanto, quer isto dizer que deus conhece o que é o bem e age de acordo com ele. Então como é que deus cria um mundo onde existe o mal? Não deveria ter criado deus o melhor dos mundos? Se deus é sumamnete bom por que não criou o ser humano perfeito e justo? Longe do mal? Não deveremos questionar a perfeita bondade de um deus que permite o mal? Então, das duas uma: ou ele é bom e não é omnipotente ou então é omnipotente e não é bom…podendo tudo, sabendo tudo, sendo livre e sumamente bom, como poderia permitir o mal??…
Miguel (admin)MestreJá estranhava a sua ausência no fórum Márcio
…fico à espera da parte 2 sobre o “piloto automático”…
abs.Miguel (admin)MestreKaren:
“talvez a felicidade implique em se submeter de forma incondicional à vida, de forma plena e humana e como tal com tudo o que isso implica.”
Nesse registo a felicidade seria sujeição/resignação?!….Anuir, aceitar, consentir, silenciar?
“Da mesma forma que a dor se faz suportar por ter um sentido subjetivo, a felicidade se logra vivenciando de forma incondicional e livre”…
Como é possível viver de forma incondicional e livre se, como referiu a felicidade implica “se submeter”?…
Vivo sempre no presente. O futuro, não o conheço. O passado já não o tenho. Pesa-me um como a possibilidade de tudo, o outro como a realidade de nada
F. PessoaNunca encontrar Deus, nunca saber, sequer, se Deus existe! Passar de mundo para mundo, de encarnação para encarnação, sempre na ilusão que acarinha, sempre no erro que afaga.
A verdade nunca, a paragem nunca! A união com deus nunca! Nunca inteiramente em paz mas sempre um pouco dela, sempre o desejo dela!F. Pessoa
Miguel (admin)MestreCarlos, quando eu mencionei que existem cientistas religiosos eu não quis dizer que deus existe por este fato, o que seria um absurdo, pois existem cientistas ateus, e se o fato de um cientista acreditar numa coisa ela ser verdade, teriamos uma contradição, pois chegariamos que deus existe e não existe, o que eu quis dizer é que a idéia da existência de deus deve ser encarada com seriedade, e é por algumas pessoas.
Concordo que muita gente adora distorcer fatos para se convencer e convencer a outras pessoas, o que é fácil de ser detectado já que as vezes as distorções beiram ao ridículo, com relação a experiência subjetiva, creio que para alguns ela é suficiente para que se chegue a certeza da existência de deus, mas como eu já disse é uma conclusão solitária, e não poderá convencer a muita gente com ela.Com relação a veracidade dessas experiências interiores, creio que a nossa psicologia ainda esta longe de conhecer completamente como funciona a mente humana a ponto de se dizer apta a tudo explicar.Miguel (admin)MestreSe possível enviar dados a respeito de Emmanuel Levinas, intersubjetividade e alteridade.
Atenciosamente,
Jamar
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