Globalização

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    JPC
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    Mais um debate encalhado, mais um tema muito interessante para reactivar. Realmente, de que falamos quando falamos de globalização? Pelo que vejo aqui, cada um tem a sua muito pessoal noção do que é a globalização. É um conceito vago, precisamente porque é uma realidade complexa e que não se limita, muito pelo contrário, à economia. Como já aqui alguém sublinhou, é basicamente um processo histórico trasversal a todas as actividades humanas. E como tudo na vida, tem coisas positivas e tem coisas negativas. Na minha humilde opinião, eu, que não tenho nem ideologia nem religião, acho que as opinões ideologicamente “contaminadas” (as que realçam por exemplo o alegado carácter “capitalista” da globalização e que falam da globalização como se fosse uma doutrina maléfica do Grande Capital) partem do pressuposto errado que a globalização é uma espécie de movimento artificial idealizado por alguém há relativamente pouco tempo. Um “fruto do capitalismo”, como disse outro comentador… Nada mais errado e algum conhecimento de história poderá facilmente esclarecer isso. Trata-se, isso sim, de um processo histórico económico, é certo, mas também cultural, social, religioso, linguístico, etc. Como já referi noutro tópico, ser contra a globalização é mais ou menos como ser contra a chuva… Quanto muito, admito que alguém possa ser contra “esta” globalização, ou contra alguns aspectos da globalização. Agora ser liminarmente anti-globalização, parece-me um pouco surrealista.Entre muitas outras coisas é a aproximação de povos, economias e culturas. É óbvio que no tempo dos antigos romanos não havia globalização, já tinha começado, o processo, mas ainda era incipiente, até porque para os romanos (isto é, na perspectiva europeia) o mundo se limitava pouco mais que à bacia do Mediterrâneo, quanto muito estendia-se para as paragens misteriosas asiáticas. Ainda não havia uma noção integral do "Globo, como temos hje e como começámos a ter sobretudo com a expansão marítima portuguesa, espanhola, inglesa, etc.. Aí, sim, o mundo, ou a percepção que temos do mundo, começou a  ficar mais "pequeno". E hoje em dia, com as facilidades dos transportes e das comunicações planetárias em rede quase se cumpriu o conceito de "aldeia global", teorizado por Marshal Mcluhan há umas décadas atrás. Globalização é isso.É óbvio que, como sempre e em todo o lado, continuam a existir desigualdades sociais. Mas também é óbvio para quem conhece história que há muito menos desigualdade do que havia há cem ou duzentos anos atrás, antes do aparecimento em massa de uma coisa chamada "classe média". Mas isso, creio eu, já daria outro tema.O facto é que a globalização, mal entendida como uma dinâmica eminentemente capitalista (que não é, ou pelo menos é muito mais do que isso) serve muitas vezes como bode expiatório de todo o tipo de problemas e desigualdades. Há pobreza? A culpa é globalização! Há exploração? Globalização! Há violência e guerra? Globalização! Aquecimento global? Abaixo a Globalização!!! E por aí adiante... esquecemo-nos que esses e outros problemas sempre acompanharam a história humana e até existem e existiram no seio de sociedades tribais. Não são exclusivos do nosso tempo nem das nossas sociedades urbanizadas e sofisticadas.

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