Miguel Duclós

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  • O ProUni também tem sido muito criticado por não satisfazer os requisitos para uma educação fundamentada, e ser mais um “tapa-buraco” paliativo do governo para tentar regular o “vale-tudo” mercadológico que tornou-se o ensino. Lembrei disso quando vi esta notícia do Terra:http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI3440316-EI8266,00.html"Faculdades do ProUni dominam a lista das piores"Que acham?

    “Sem qualquer defesa aos militares, mas isto está absolutamente correto! Os alunos que não conseguiam acompanhar o ensino público tomavam algumas aulas com professores particulares ou então matriculavam-se nas escolas particulares”Aqui e nos pontos subsequentes sobre o tema eu discordo. O que quis dizer é que foram justamente os militares que sucatearam o ensino público. Toda a a eficiência do Estado vinha da Era Vargas, os militares tornaram o estado gigantesco e ineficiente, além de fonte de corrupção e mamatas. No livro do Côn. Vidigal que é colaborador aqui do Consciência ele fala disso num exemplo prático. Diz que até 1964, quando ele dava aulas de história, havia uma exposição de seminário e depois debate. E o tempo destinado a debates via de regra mostrava-se curto. Dez anos depois (1974) ele contrapõe o mesmo método de ensino, porém ninguém sabia mais apresentar uma questão  e muito menos debater, falava-se um minuto e esgotava-se o assunto. O debate crítico foi banido, filosofia também foi banida pelos militares, através do infame acordo MEC-USAID, que adequou o sistema em prol dos interesses americanos pelo Brasil. Os autores clássicos foram deixados de lado por uma doutrinação pseudo-ideológica, com as aulas de educação e cívica. O prestígio e eficiência do ensino público, repito era fruto das políticas da Era Vargas, contra os quais os militares se insurgiram. Por isso não fica difícil imaginar, como o colega falou, porque o ensino ficou acrítico.Aliás, é impreciso falar que foram os militares, pois estes eram instrumento da elite civil, a ditadura era verdadeiramente civil, e continua no poder até hoje. Sobre esse ponto, recomendo o seguinte artigo:http://outubro.blogspot.com/2008/11/1964-o-golpe-civil.html

    em resposta a: Filosofia antiga – dúvidas muito pertinentes #85948

    Sobre a segunda questão, a associação dos conceitos platônicos / gregos com a religião judaico-cristã é complicada e já deu margem a muitos debates, ainda que a fixação da religião católica no ocidente tenha sido feita a partir do sincretismo com a filosofia grega, primariamente.Para ver o estranhamento que causou na Atenas filosófica, basta ler a própria Bíblia, escrevi sobre isso aliás emhttp://blog.cybershark.net/miguel/2008/12/12/sao-paulo-e-os-epicureus-e-estoicos/Platão é importante na gnose, que eu saiba, que aproveitou bastante a elaboração do demiurgo tal como consta no Timeu. O demiurgo é por vezes associado ao GADU maçônico, ligado à outras tradições, egipcias e orientais - as quais, aliás, Platão deve muito.O demiurgo cria o mundo sensível a partir da contemplação das idéias. A idéia suprema, que coordena todas as outras, é a do Bem. Mas o BEM em si mesmo não é o Deus, ao que me parece. E mesmo o demiurgo é também discutível, já que essa "plasmação" do mundo ocorre a partir de um infinito sem forma e como que incognosível. E você, o que acha?Sobre o ítem 3, depende da fonte. Quais você está consultando? Creio que a primeira assertiva é a correta, a demagogia é a perversão da democracia, isso se não me engano está na Política de Aristóteles. Platão, como crítico da democracia e defensor da aristocracia, também associa um valor negativo.Se houver interesse, podemos ir pesquisar mais sobre estes temas. Obg

    em resposta a: Platão e a Loucura #85951

    Olá DanielTem uma coisa interessante sobre esse tópico que é o seguinte: o pensamento de Platão sobre a loucura é citado pelo filósofo Michel de Montaigne no Ensaio VIII do livro 3. Este trecho era da predileção do poeta francês Rimbaud, que nele encontrou insumo para a elaboração de seu projeto e missão poética. Existem vários estudos sobre a influência de Montaigne em Rimbaud, e até mesmo algumas teses, infelizmente de difícil acesso para nós. Segue abaixo o trecho em questão._____________"Ou vais perder-te2 4 7?" Isso já se acha algo fora do meu assunto; perco-me, mas antes por licença do que por inadvertência. Minhas idéias ligam-se umas às outras, mas às vezes de longe; não se perdem de vista, embora seja por vezes necessário que virem a cabeça para percebê-lo. Tenho diante de mim um diálogo de Platão construído em duas partes absolutamente diferentes; a primeira é consagrada ao amor, ao passo que a outra somente trata de retórica, Há autores que não receiam passar assim de um assunto a outro sem relação com o precedente é fazem-no com muita graça, ao sabor da fantasia. Os títulos de meus capítulos nem sempre estão de acordo com a matéria; não raro a relação se manifesta apenas através de algumas palavras, como na "Andriana", no "Eunuco" ou em Sila, Cícero, Torquato. Gosto de andar dando cabriolas, à maneira dos poetas, que é ligeira, alada, demoníaca, como diz Platão. Plutarco em certas obras esquece o tema, o qual só por momentos se encontra e sob matéria estranha. Vede como procede em seu "Demônio de Sócrates". Como são belas suas escapadas, como suas variações são elegantes, e tanto mais quanto mais se afiguram ter saído da pena por acaso. O leitor distraído é que perde de vista meu tema; eu não. Sempre, em algum lugar, umas poucas palavras hão de mostrar que o tenho em mente. Passo de um assunto a outro sem regra nem transição; meu estilo e meu espírito vaga-bundeiam juntos. Um pouco de loucura previ-ne um excesso de tolice, segundo afirmam nossos mestres por palavras e exemplos. Muitos poetas arrastam-se e descambam para o prosaísmo, mas a melhor prosa antiga esplende com vigor e arrebatamento poético e tem algo da paixão que a anima. A essa prosa cabe sem dúvida a preeminência na expressão do pensamento; diz Platão que o poeta, sentado no tripé das Musas, deixa que derrame o que lhe vem à idéia, como a água jorra da fonte, sem meditar nem ponderar; e jorra de tudo, coisas contraditórias, de todas as cores, sem seqüência. O próprio Platão arniúde entrega-se à inspiração poética. A teologia antiga, dizem os sábios, é toda poesia e, na opinião dos filósofos, esta foi a princípio a linguagem dos deuses. Penso que o assunto se realça por si. Ele bem mostra, sozinho, onde começa, onde muda, onde termina, sem que haja necessidade de se introduzirem ligações, tão-somente úteis aos ouvidos fracos ou indolentes; não quero comentar a mim mesmo. Quem não prefere não ser lido a sê-lo por quem cochile ou tenha pressa? "Nada existe, mesmo útil, que seja útil a quem passa correndo248". Se bastasse pegar um livro para aprendê-lo, olhá-lo para penetrá-lo profundamente, percorrê-lo para dominá-lo, não poderia alegar essa ignorância que proclamo. Não podendo reter a atenção do leitor pelo interesse do que digo, contento-me com interessá-lo em minha mixórdia. Bem, dirão, mas lamentá-lo-á depois. Sem dúvida, porém já se terá distraído. Demais há espíritos que desdenham o que compreendem; hão de apreciar-me tanto mais e ante a minha obscuridade concluirão pela profundidade de meu pensamento, o que detesto e evitaria se pudesse. Aristóteles vangloria-se, algures, de se esforçar por essa obscuridade; é um erro._________(MONTAIGNE, Ensaios, trad. de Sérgio Millet, in Os Pensadores)

    Bom, eu sempre ouço falar que até a ditadura, no Brasil, a escola boa era a escola pública, de uma maneira geral. A escola particular era usada por quem não conseguia acompanhar o ritmo da pública, exceção feita à alguns colégios particulares tradicionais e o ensino religioso.Depois, a situação se inverteu, a escola pública passou a ser muito ruim e a educação, como tudo, virou um grande negócio, sendo os colégios particulares os que melhor preparavam.Mas está tudo preso num esquema de imbecilização do povo, a escola forma apenas para o mercado, com pouca ênfase no pensamento crítico e na cidadania ampla. Na escola pública, temos aprovação continuada, sacanagem feita para melhorar as estatísticas, de forma que o aluno passa de ano sem ter aprendido a matéria, e estão surgindo legiões de analfabetos funcionais.Isso pode ocorrer também em particulares picaretas do estilo "pagou, passou". Uma conhecida minha, professora de filosofia num colégio técnico, foi demitida sem justa causa, apenas porque se recusou a passar de ano uma aluna inepta. O pai, figura importante na cidade, pressionou a direção, mas ela não cedeu. A direção demitiu esta professora, no estilo "o cliente sempre tem razão".No caso do ensino superior, as federais e estaduais funcionam como uma espécie de "compensação" para a classe média que pagou o ensino fundamental e médio, já que a maior parte da produção científica vêm do ensino superior público.

    em resposta a: Teoria VS. Prática #85971

    Na questão Teoria X Prática, caberia recapitular um pouco a importância que ela tem nas doutrinas marxistas. Foram escritos vários textos sobre isso, a práxis é crucial para a proposta transformadora da sociedade. Parece que um dos motes principais desta preocupação está na Ideologia Alemã, na 11ª tese sobre Feuerbach, em que Marx afirma:

    "Até agora os filósofos se limitaram a interpretar o mundo. Cabe-lhes agora transformá-lo. "

    em resposta a: Teoria VS. Prática #85962

    Aí entra também uma outra questão que acho pertinente. “Ter uma idéia” virou sinônimo de um mérito próprio e de uma novidade.Mas se você considerar a idéia como uma unidade que você aplica na diversidade do mundo, retoma a noção do conceito platônica, ou seja, quer dizer que você conseguiu abstrair algo do fluxo e pôde expressar o pensamento através da linguagem.As idéias então seriam "perenes" e "imutáveis", você ter uma idéia é você "chegar" numa idéia que já existia, independente de você, numa perspectiva de realismo das idéias. Nesse sentido vemos como pode a ideologia agir, passando imagens tendenciosas para as massas, que passam a repetir aquilo como se fosse próprio e natural.Sobre o tópico, ao mesmo tempo que você tem uma constante mediana (Eis que era tudo vaidade, nada há de novo debaixo do sol) também temos um afã esgotante pelo modus, pela novidade, por romper com tradições e comportamentos para fazer bailar o tempo. Isso tudo é agitado hoje midiaticamente, já que, como diz Deleuze, o marketing está fazendo o papel da filosofia no tocante às idéias, e o esforço profundo e compenetrado está reduzido a poucas pessoas, com um alcance menor.

    em resposta a: Teoria VS. Prática #85961

    Me parece que não somente é possível, como necessário e frequente. O que mais temos na história são exemplos disso. Aliás, tem uma frase do Will Durant, creio, que afirma exatamente isso, que o motor da história são as idéias.

    Esse livro tá em catálogo, você encontra nas livrarias, é um que vale a pena comprar. Eu li somente o início e fiquei fascinado com o texto do professor. Nada contra ebooks, porém.

    em resposta a: Racismo contra negros: Direitos ou atrasos #83881

    Aliás, as cores da bandeira de SP, preto, branco e vermelho também foram selecionadas em homenagem às três raças que formaram o povo brasileiro.Abs

    em resposta a: Que livro você está lendo agora? #82535

    Bom, encontrei isso que talvez ajuda a elucidar os motivos"Enquanto a esquerda petroglífica se deslumbrava com arroubos revolucionários, Vargas tinha lido Zola e o relato tremendo do grande escritor sobre a anarquia que tomou Paris em 1848, quando malfeitores davam as cartas em todas as esquinas, cobrando pedágio da população desarmada . Sabia que aquilo não era bom para o país. Por isso implantou um poderoso parque industrial, que tomou fôlego com o fruto de longa e penosa negociação com os americanos, ao trocar o apoio aos Aliados pela siderúrgica de Volta Redonda."http://outubro.blogspot.com/2005/08/dirio-da-fonte-curva-de-agosto-no-se.html"Embora tenha se tornado um discípulo fiel do castilhismo, o ideário positivista interessou-lhe menos que o pensamento de Saint-Simon, Herbert Spencer ou CharlesDarwin e sua humanização deu-se através da admiração pela literatura de Émile Zola,para quem escreveu um artigo apaixonado, na revista estudantil Panthum, exultandoa sua posição frente ao caso Dreyfus e suas tendências progressistas.6""Na obra de Zola, não foi o estilista propriamente que acenou para ojovem estudante. Getúlio Vargas, na leitura do autor naturalista, deixou-sepenetrar pelo sentido social e humano da obra. O seu melhor, mais vigoroso elúcido ensaio de crítica, escreveu-o sob o influxo de uma emoção que lherevelava as secretas tendências do espírito. O drama das massas trabalhadoras,relegadas à escravidão de um sistema econômico e social impermeável àsreivindicações humanitárias ou às lágrimas do sofrimento coletivo; as privações materiais, o desconforto moral, o abandono físico, o pauperismo das classesdeserdadas da sorte; a exacerbação do antagonismo entre o capital e o trabalho,resultante da cegueira das camadas dirigentes e do egoísmo do regimecapitalista, baseado na avidez do lucro e na livre concorrência; a revolta dosoprimidos e a miséria da infância desamparada, todo esse painel real que oescritor pinta nos seus volumes, com a palpitação da sua arte realista, haviaecoado na consciência do estudante brasileiro, produzindo-lhe a reação de umlargo, arejado, compreensivo ardente e profético estudo crítico."http://www.al.rs.gov.br/biblioteca/pdf/getulio_vargas.pdfabs

    vídeo do villas boas [html][/html]

    em resposta a: Cinema Inteligente! #83739

    Vi ontem “Linha de passe” do Walter Salles e Daniela Thomas e achei extremamente bom, é quase um documentário sobre a São Paulona, real, da periferia pesada. As atuações estão magníficas (A atriz ganhou Cannes) e tudo soa extremamente real, com exceção de poucas falhas de roteiro. Recomendo a todos… e se alguém quiser comentar, poste aqui.Abs

    em resposta a: Que livro você está lendo agora? #82533

    Excelentes autores, Torre. Desses teus últimos, li Crime e Castigo do Dostoievski. Eu não fecho com o Dostoievski, achei que o livro é moralista e também folhetinesco: ele encheu muita lingüiça porque publicou por capítulos num jornal. Mas é bem escrito e um livro importantíssimo, mostra a amplitude da mensagem de salvação dos cristãos.O Germinal faz horas que quero ler. Aliás, era também um dos livros preferidos do Getúlio Vargas, sabia dessa?Abs

    em resposta a: Cinema Inteligente! #83747

    Bueno, eu vi este filme e achei sim bastante mediano, tanto em termos de polêmica quanto de cinema e filmagem mesmo. Pelo que vi a crítica internacional também não foi muito receptiva. Aliás, eu nem tinha reconhecido a São Paulo do filme, só vi depois. Parece ser que nem naquele do argentino babenco, colocam lá uma porção Brasil do filme para arrecadar bastante com a anvisa. O Meirelles é mais um que aceitou se internacionalizar depois do sucesso de cidade de deus, retratando a miséria. No Jardineiro Fiel ele mandou bem, mas esse achei que errou o tom…De uma forma talvez ingênua, pois não fui atrás da problemática do filme por me encontrar demasiadamente distanciado dela,  gostaria de perguntar a você: não acha que a abordagem da cegueira é um tanto preconceituosa? Não só por colocar os cegos como incapazes, mas também por julgar que sem a capacidade da visão ficariam quase todos brutalizados, animalizados, indo para um estágio pré-civilizatório que o autor do plot parece temer...O José Saramago nunca me convenceu. O pouco que tentei ler dele, não gostei.Abs

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