O IMPÉRIO BRITÂNICO E O COMÉRCIO INTERNACIONAL -OS ESTADOS UNIDOS

O IMPÉRIO BRITÂNICO E O COMÉRCIO INTERNACIONAL -OS ESTADOS UNIDOS

Dr. Aluísio Telles de Meirelles.

Fonte: Manual do Executivo. 
Novo Brasil editora brasileira. 

ANTECIPANDO-SE em duas gerações ao Continente em suas explorações fabris, a Inglaterra conservou seu predomínio no comércio mundial durante o século XIX, a sua indústria acusando, em todos os seus setores, um pronunciado progresso.

Máquinas recém-inventadas elaboravam as matérias-primas que afluíam de Nova Orleans, de Bombaim e de Alexandria, confeccionando produtos a preços baixos que encontravam facilmente mercados para eles.

Manchester converteu-se em cidade industrial ou fabril de primeira ordem, juntando ainda a indústria do linho, as indústrias de seda, bordados e a fabricação de meias e tapetes.

A enorme riqueza das jazidas carboníferas deram tal amplitude à fabricação de artigos de metal que a Inglaterra tornou-se em pouco tempo a primeira oficina do mundo, seus artigos de cobre, ferro e aço dominando o mercado mundial até o princípio do século XX.

Estimulada pela nova política do governo, já não temendo a concorrência estrangeira, colhendo benéficos resultados da geral abertura dos países ao acesso britânico, a Inglaterra passou-se do sistema protecionalista ao livre câmbio, suprimindo gradativamente os impostos sobre a importação e abrindo os mercados nacionais e coloniais a todas as nações da terra, sob as mesma1, condições.

Assim, aniquilou a agricultura, convertendo-se em Estado puramente industrial. Nessa época, o Império Britânico ocupava quase uma quinta parte da superfície da terra.

Além disso, sua frota de guerra, dotada de uma grande superioridade sobre as demais, dominava os mares, mantendo sob sua direta inspeção as rotas mercantis de maior importância.

Como conseqüência, a língua inglesa impôs-se como língua comercial universal em todos os países da terra, seus cabos telegráficos enlaçando todas as regiões do mundo, a imprensa inglesa e o capital inglês mantendo os espíritos e as riquezas no séquito da Inglaterra.

O começo do século XX trouxe para a hegemonia inglesa mercantil sinais de que sua supremacia começava a decair. Isso se deve ao fato de os países ultramarinos, que antes forneciam matérias-primas às fábricas inglesas começarem a elaborar os produtos em seus respectivos territórios e começar a diminuir a importação européia mediante a confecção de artigos por conta própria.

Por outro lado, as nações do Continente foram eliminando paulatinamente a intermediação mercantil inglesa, estendendo linhas marítimas independentes, podendo assim as mercadorias circular livremente entre o Continente europeu e as outras partes do mundo.

O antigo monopólio de Londres, mantido durante quase dois séculos ficou abalado, embora Londres con-

tinuasse como o primeiro porto do mundo, e a Inglaterra a primeira potência industrial da época.

Ao lado da Grã-Bretanha, entretanto, outros países se elevaram à categoria de Estados industriais de primeira ordem, destacando-se entre eles, de um modo cada vez mais ameaçador, a Alemanha.

* * *

Enquanto isso, na América do Norte realizavam no século XIX os Estados Unidos um avanço que fazia prever até onde poderia chegar essa jovem nação.

Caravanas incessantes de emigrados eram conduzidas pelos grandes transatlânticos para o outro lado (lo mar, dentro dos vastos âmbitos do país, cuja extensão rnorme necessitava mesmo de muita gente.

Graças às excelentes vias fluviais e a uma rede

ferroviária estendida com enorme rapidez, territórios de extraordinária riqueza tornaram-se acessíveis; a agricultura, com seu sistema de plantações, a criação do gado, a produção de tesouros minerais, atividade industrial e o comércio avançaram a passos de gigante, desenvolvendo-se em pouco tempo uma zona econômica de capacidade produtiva ameaçadora para os países da Europa.

Assim, esse país alcançou um nível de independência que o possibilitou sacudir as cadeias que o prendiam econômica e politicamente em relação à Europa.

A agricultura constituiu a base desse grandioso poder, tornando-se a América o país exportador mais importante do mundo. O vale da Califórnia fornecia frutas frescas e secas e azeite, enquanto a criação de ^ado das bacias do Ohio e do Mississipe forneciam carnes e artigos derivados em grande escala para todos os países do mundo.

Também em colossal escala eram expedidas pela novel nação matérias-primas industriais indispensáveis à indústria. Os estados do Texas, Geórgia, Mississipe e outros abrangiam a primeira zona algodoeira do mundo. Suas colheitas eram únicas pela qualidade e pela quantidade e alcançaram quase o monopólio no comércio mundial.

Igualmente na exportação do petróleo conseguiram os norte-americanos uma situação invejável. Finalmente, figuravam também em primeiro lugar na produção mundial de cobre, juntando-se a isso a exportação de ouro e prata da Califórnia, Colorado e Nevada, a produção de ferro e hulha, de fumo e de madeira.

O sistema de importação sofreu uma transformação essencial onde antes predominavam os produtos industriais das grandes potências européias.

Em conseqüência da nova política comercial, operou-se uma contínua regressão no valor das importações para a maior parte dos artigos industriais europeus, sendo pôsto em prática um sistema aduaneiro protecionista até o exagero.

Graças a isso, o mercado interior ficou assegurado contra o perigo de uma invasão econômica, ficando estabelecidas as premissas para um magnífico progresso da indústria,

Mas a política americana não se limitou então a proteger o mercado nacional contra a inundação de produtos estrangeiros. Fez mais ainda. Procurou, por sua parte, penetrar no mercado mundial, disputando aos países europeus seus antigos mercados.

Assim, conseguiram um autêntico monopólio mercantil sobre o resto da América, conseguindo através de uma inteligente orientação, grande receptividade para os seus produtos.

* * *

O século XX foi, para a Europa, a época da luta pela existência, travada entre regiões político-mercantis. A guerra de 1914-1918 caracterizou-se como uma guerra entre potências que aspiravam à hegemonia comercial.

Depois do tratado de paz iniciou-se um novo ressurgimento do tráfico mundial, porque a tremenda necessidade sentida pelos povos requeria, a todo custo, um amplo intercâmbio de produtos.

Passada, entretanto, essa angustiosa fase, a crise financeira de muitos países deixou enfraquecer de novo o tráfico que se tinha reanimado parcialmente.

A depreciação da moeda alemã trouxe como conseqüência, a paralisação do poder aquisitivo dessa nação e de sua indústria.

Mas, também nos países de moeda firme, o comércio e a indústria acusaram sensível declínio, desde que não era possível encontrar compradores para os seus produtos, principalmente para as matérias-primas armazenadas em grande quantidade,

O Tratado de Paz trouxe desagradáveis conseqüências para vencedores e vencidos. A frota mercante mundial acusou por essa época um profundo deslocamento na sua distribuição. Apesar das suas consideráveis perdas na guerra mundial, os ingleses, pela entrega dos navios mercantes alemães e austríacos, e pelas construções dos seus arsenais, conservaram sua posição dominante com muitos milhões de toneladas de registro.

Os Estados Unidos igualmente aumentaram consideravelmente sua frota mercantil, quase igualando aos ingleses. Também o Japão realizou progressos consideráveis nesse setor, ocupando o terceiro lugar com a sua frota mercante.

Em quarto lugar veio a França, que conseguiu um considerável aumento de sua frota mercante pela entrega dos navios alemães.

A Alemanha, que antes da guerra figurava em segundo lugar só aparece após a Suécia, Espanha, Dinamarca e Grécia.

* * *

Depois de Napoleão, o século XIX gozou de um período de relativa paz, em todo o mundo civilizado manifestando-se uma febril atividade, como conseqüência da luta pela existência, entre as nações.

Motivou tal dinamismo a aplicação de notáveis inventos realizados por homens como Fulton, Stephenson e outros, que puseram a fôrça do vapor ao serviço do trabalho.

Era a vitória da máquina sôbre a mão do homem e, à medida que o tempo avançava, as atividades domésticas do pequeno artesão diminuíam diante da força crescente das fábricas, pois o trabalho à máquina permitia produzir artigos em quantidade ilimitada, trazendo como conseqüência, devido ao custo mais reduzido no sistema de grande indústria, preços mais baixos, sem quebra da qualidade dos produtos no mercado.

Também a química contribuiu por sua parte, para aperfeiçoar e baratear os artigos manufaturados, permitindo aos industriais de pequenos recursos fabricar pro-dutos anteriormente muito custosos. Como conseqüência

elevou-se consideràvelmente a atividade comercial.

O crescimento da produção industrial exerceu, por sua vez, uma profunda influência sobre a atividade comercial.

O fabuloso aumento das quantidades de mercadorias exigia uma progressiva ampliação e melhoria dos meios de transporte. Transportar grandes quantidades tornou-se a missão principal do tráfico moderno e como o homem e o vapor se puseram ao seu serviço, todas as dificuldades foram superadas.

Desde que Fulton com seu vapor de madeira, acionado por meio de rodas, atravessou o oceano Atlântico em trinta e cinco dias, com grande admiração dos seus contemporâneos, a construção naval realizou progressos extraordinários.

Logo, os grandes armadores, cientes da sua missão, forçaram as antigas sociedades de construção naval a dar um maior rendimento e aplicaram o ferro na construção dos grandes vapores.

À medida que o vapor de carga e de passageiros ia tomando conta do tráfico transoceânico, maior era a concorrência que fazia à navegação à vela.

Enèrgicamente sentiu o homem a necessidade da eliminação de todos os obstáculos que se opunham ao tráfico e, através de novas vias aquáticas artificiais, conseguiu abreviar as rotas da economia mundial.

O canal de Suez satisfez plenamente as aspirações dos séculos anteriores, devolvendo ao mar Mediterrâneo sua antiga influência comercial e trazendo grandes facilidades ao tráfico. A abertura do canal do Panamá trouxe igual influência sobre a navegação do antigo e do Novo Mundo.

O século XX trouxe ainda consigo, além da abertura de vias aquáticas artificiais, a construção de grandes vias terrestres. Desde a primeira ligação ferroviária entre Manchester e Liverpool em 1830, a estrada de ferro realizou enorme progresso, adquirindo vital importância para a ligação entre os centros produtores de matérias–primas e os de elaboração industrial das mesmas e para a compensação entre as zonas de abundância e as de escassez.

O extraordinário desenvolvimento dos Estados Unidos, a separação do Brasil da metrópole portuguesa, a emancipação das colônias espanholas da América, o florescimento das cidades sul-africanas, a descoberta das jazidas auríferas da Califórnia, a abertura dos portos, antes inacessíveis, do Extremo Oriente, tudo isso estimulou um movimento migratório de população sem paralelo na História.

As vias férreas, estendidas por tôdas as regiões da terra, criaram antes do aparecimento do avião, novos instrumentos para o comércio mundial.

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