MALTUSIANISMO, CONSUMO, PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO, PREÇOS, CRÉDITO

CONSUMO, PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO, PREÇOS, CRÉDITO MALTUSIANISMO
Dr. Aluísio Telles de Meirelles.

Fonte: Manual do Executivo. 
Novo Brasil editora brasileira.
 

QUANDO estudamos a conduta diária de uma pessoa verificamos que ela necessita de coisas essenciais para subsistir, que podemos qualificar como necessidades humanas, tais como alimentação, vestuário, habitação e transportes. Para viver, são necessários os alimentos. A mesma coisa acontece com o corpo que necessita de agasalhos ou de roupas, pois, sem o vestuário não resistiria.

O homem precisa ainda abrigar-se das chuvas, do sol, do tempo e, para tanto, necessita de uma casa ou habitação.

Quando o homem vai para o trabalho, geralmente tem necessidade de locomover-se, necessitando usar condução, seja automóvel, bonde, ônibus, trem, etc.

Para satisfazer tais necessidades, procura alimen-tar-se, vestir-se, morar numa casa e se utilizar de meios de transporte. O uso de alimentos, roupas, casa e meios de transporte constitui o que chamamos “consumo”, através do qual, o homem faz desaparecer as suas necessidades.

Entretanto, passado algum tempo, tais necessidades se renovam, porque depois de algumas horas o corpo humano necessita novamente de alimentos, a roupa vai ficando rôta e imprestável, assim como a habitação que acontece da mesma forma.

Igualmente, a necessidade do transporte é renovada constantemente e novamente o homem precisa satisfazer as suas necessidades com outros alimentos, novas roupas e novos meios de transporte.

Tais coisas, no entanto, não se encontram no mundo de tal forma que possam ser consumidas: os alimentos precisam ser preparados, as roupas costuradas, as casas construídas, os meios de transporte devendo ser conduzidos.

Assim, as coisas que o mundo oferece ao homem são por ele transformadas com o auxílio de instrumentos. Tal ato é o que chamamos “produção”, por meio do qual o homem cria utilidades.

O termo “produção”, bem como os seus derivados

— produzir, produtivo, etc., têm origem na expressão latina “prodúcere”, que significa “fazer aparecer”, expor, oferecer, oferecer à venda, pôr à venda, etc. Produzir significa criar ou aumentar utilidades, pelo aproveitamento da matéria através da transformação, manipulação, modificação, de modo a torná-la própria para a satisfação das necessidades humanas.

Até agora nos referimos aos produtos materiais, mas igualmente existem os produtos imateriais, como os serviços médicos, da advocacia, dos contadores, etc. A prestação desses serviços igualmente constitui produção, donde se conclui que produção pode ser de bens econômicos — alimentos, remédios, máquinas, etc. — e também de serviços — transportes, diversões públicas, serviço médico, etc.

Os bens e os serviços são considerados utilidades econômicas que satisfazem as nossas necessidades. Em ultima análise, produção é o ato de criar ou aumentar utilidades econômicas ou seja riquezas.

Outro fenômeno econômico que deve ser esclarecido é o que se refere ao que comumente chamamos “circulação ”, cuja palavra vem da expressão latina “circun-latio”, que significa levar ou trazer, ou num sentido mais amplo, movimento em qualquer sentido rio mesmo plano.

Assim, concluímos que “circulação” consiste na movimentação dos bens em direção ao consumo, ou o encaminhamento dos bens para o seu consumo.

Geralmente, os bens econômicos, quando entram no campo da circulação recebem o nome de mercadorias, produtos ou artigos.

Todas as mercadorias que consumimos circulam, desde a fonte produtora, isto é, das fábricas, fazendas, etc., até chegarem aos armazéns, às lojas, etc., onde as adquirimos, para satisfação das nossas necessidades.

Existe, no entanto, um outro aspecto da circulação das mercadorias. Referimo-nos à movimentação material, pois não é necessário que os bens se desloquem materialmente para que se dê a circulação.

É o caso da circulação social, quando se verifica a transferência de propriedade, como por exemplo, os imóveis, os terrenos, que, quando vendidos, circulam, economicamente falando, porque são transferidos de um a outro proprietário, sem no entanto, mudarem de lugar.

Por outro lado, a circulação real é feita por meio de transportes, e, neste caso, as mercadorias passam de um lugar para outro. Então, quando a mercadoria passa do produtor para o consumidor, observa-se a realização do ato da troca ou permuta, ato este originado pela impossibilidade do homem produzir tudo o que necessita.

Sendo a circulação a sucessão ou conjunto de trocas ou permutas, concluímos que isso significa ou constitui o ponto principal da circulação.

O homem sempre praticou o ato da troca. Nos tempos primitivos, levado pelas necessidades, o homem trabalhava criando certas utilidades. Os grupos humanos produziam certos bens em excesso, faltando-lhes outros.

Assim, começaram a trocar o que tinham em excesso, isto é, trocavam o que tinham em demasia por aquilo de que necessitavam. A troca dos produtos da caça, da pesca e mesmo dos objetos produzidos, fazia-se diretamente.

Era então a troca direta, a permuta, trocas de mercadorias por mercadorias, pois a moeda não havia ainda aparecido.

Chamamos direta, a troca entre dois bens econômicos, sem a interferência da moeda.

Com o aparecimento da moeda e mais tarde do crédito, a troca passou a ser indireta, ou seja, troca-se a moeda pela mercadoria desejada. Quando compramos qualquer mercadoria ou produto, oferecemos em troca as moedas que possuímos, ou então, usamos o crédito que substitui, temporàriamente, a moeda.

O valor das utilidades é medido por meio da moeda, cuja medida recebe o nome de “preço”. A moeda serve para medir o valor das utilidades e, ao mesmo tempo, possui valor, questão que deve ser considerada sob dois aspectos: a moeda como valor legal de acordo com a legislação do país; a moeda como instrumento de troca, ou seja, poder aquisitivo, ou capacidade de trocar moeda por mercadorias ou serviços.

No primeiro caso, se a moeda for fabricada de metal,  como por exemplo, o ouro, é evidente que o seu valor decorre do valor do próprio metal, o que, naturalmente, estará sujeito às leis da oferta e da procura.

No segundo caso, ou seja, instrumento de troca, o valor da moeda decorre do poder que ela nos oferece de comprar ou adquirir as mercadorias ou serviços.

Estabelecemos então uma comparação ou relação entre a moeda e as coisas que podem ser adquiridas com ela. Tal relação é o que dá o valor à moeda.

Os preços das utilidades é que determinam se a moeda vale mais ou vale menos. Se os preços baixam, podemos comprar com determinada quantia maior quantidade de mercadorias. Pelo contrário, se os preços sobem, podemos comprar com a mesma quantia uma quantidade menor de mercadoria.

No primeiro caso, o dinheiro valerá mais, e no se-r.undo, menos. O valor do dinheiro é inversamente proporcional ao nível geral dos preços: cai o valor do dinheiro quando os preços sobem e sobe o valor do dinheiro quando os preços descem.

Concluímos do que foi exposto que o nível geral dos preços depende das variações de certos fatores como a quantidade de dinheiro em circulação em relação às mercadorias e serviços que podem ser adquiridos. Mais dinheiro e menos utilidade quer dizer preços altos. É o que se chama “inflação”. Menos dinheiro e mais utilidades, que significa preços baixos. É o que se chama “deflação”.

Ora, se o poder de compra ou poder aquisitivo está em relação ao nível dos preços e como os termos dessa relação são variáveis, concluímos que o valor da moeda também sofre alterações para mais ou para menos.

Outra instituição social de grande importância no desenvolvimento do comércio é o “crédito”, que funciona como substituto da moeda, permitindo o desenvolvimento da produção.

Graças à existência do crédito, a pessoa pode comprar utilidades que deseje, sem dar, imediatamente, dinheiro, ou então, vender utilidades antes de receber em troca o dinheiro.

A expansão do crédito, a exemplo do que ocorre com o aumento de emissões e, portanto, aumento de disponibilidades monetárias, provoca as mesmas conseqüências inflacionárias. Naturalmente que nos referimos do crédito para o consumo.

O mesmo não se verifica com o crédito para a pro-j dução, o que neste caso seria caminhar para a deflação, pois, com o desenvolvimento da produção, isto redundaria em maiores quantidades de utilidades postas à disposição dos consumidores.

A palavra “crédito” vem do latim “credere” e significa “confiar em que uma pessoa possa restituir, mais ! tarde, um valor igual ao que recebe no momento”.

Quanto ao tempo que é concedido ao crédito, este pode ser a curto e a longo prazo.

O consumo pode ser definido como a compra de quantidades econômicas, tendo em vista a sua utilização; consumidores são aqueles que compram ou adquirem osi produtos, mercadorias ou serviços.

O ser humano não possui a faculdade de criar as coisas materiais, mas apenas consegue transformar o que a natureza lhe oferece, não podendo ainda destruir a substância da matéria pelo seu consumo, mas apenas utilizá-la, através do consumo pessoal e consumo técnico-produtivo.

O consumo pessoal se refere ao consumo para a satisfação das necessidades pessoais ou necessidades individuais — alimentos, roupas, etc., e pode ser classificado como consumo normal, subconsumo e ainda superconsumo.

Por consumo normal entendemos ser aquele que atende perfeitamente às necessidades humanas de acordo com o desenvolvimento da sociedade. Subconsumo c aquele que está abaixo do padrão mínimo, não atendendo, portanto, às necessidades humanas, dando como resultado o pauperismo, com todos os males decorrentes da insuficiência de alimentação, abrigo, vestuário, etc.

Superconsumo é o que fica acima da linha da normalidade e, quando exercido exageradamente, como por exemplo o luxo, o vício, etc., cria uma série de inconveniências sociais.

Quanto ao consumo técnico-produtivo, este significa, não a utilização direta dos bens, mas o consumo das ma-lérias-primas pelas emprêsas para a produção de mercadorias próprias para o consumo imediato.

O problema da população e do consumo sempre interessou aos estudiosos da história do comércio no mundo. O estudo da população constitui mesmo objeto de uma disciplina especial e foi focalizado pelo grande economista inglês Roberto Malthus, nascido a 13 de fevereiro de 1766 em Dorking, na Inglaterra.

Focalizaremos a seguir encerrando a primeira parte desta obra, a figura de Malthus. Em 1798, contando trinta e dois anos de idade, publicou Malthus anonimamente, um pequeno livro chamado “Um Ensaio sobre o Princípio do Povoamento e sua influência no melhoramento futuro da Sociedade”.

O pequeno livro despertou logo apaixonado interesse no mundo intelectual, celebrizando-se da noite para o dia, sendo logo apontado como obra de alta significação.

Ninguém ficou mais surpreendido do que o próprio Malthus com a tempestade que se fez em tomo da sua teoria. A ruidosa recepção que teve suas idéias, deu-lho uma consciência mais nítida da sua importância.

O grande mérito de Malthus esteve em considerar o homem objetivamente como parte da natureza, como uma criatura caracterizada por determinado comportamento, I a que se seguem determinadas conseqüências.

Numa época em que se comentava e se acreditava que a força de uma nação e sua prosperidade econômica j dependessem inteiramente do número dos seus habitantes, foi que surgiu Malthus para expor o êrro de tais ensinamentos.

Graças à sua análise, Malthus acabou com a doutrina I de que, em quaisquer circunstâncias um aumento de população é um bem público. E assim tornou-se o homem mais comentado da Inglaterra.

O que torna memorável a teoria de Malthus não é apenas a novidade dos fatos, mas a importância enorme que ele lhe deu. Incutir nos cérebros da humanidade os verdadeiros princípios que regem o povoamento da terra, tal foi o resultado imenso que ele soube tirar dos fatos.

Malthus unia a lógica à intuição num vasto saber social-econômico com uma exposição clara. Relatando o modo de como foi escrito o seu “Ensaio”, dizia ele:

“Foi escrito sob o estímulo do momento e com escassos materiais de que podia dispor um cura de aldeia.

Os únicos autores que me deram elementos para a dedução

do princípio que forma o argumento principal do  “Ensaio” foram Hume, Wallace, Adam Smith e o Dr.  Price”.

Onde os seus predecessores haviam conseguido magros resultados, Malthus, com a pesquisa de relações entre os fatos, criou uma teoria, na qual sustenta que o crescimento da população, não encontrando impedimento, dá-se em razão geométrica, enquanto os meios de subsistência só crescem em razão aritmética.

Sustentava Malthus o seguinte:    Marcando-se    uma cifra qualquer para a população do mundo, um bilhão, por exemplo, a espécie humana se multiplicaria na razão do um, dois, quatro,oito, 16 32, 64, etc., e os meios da «ubsistência na razão de um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, etc.

Em dois séculos e um quarto, a população estaria para os meios de subsistência como 512 está para 10;; em três séculos como 4.096 para 13; e em dois mil anos a  diferença seria quase incalculável, posto que o abastecimento haveria subido a cifras imensas.

Em síntese, essa é a teoria da população criada por Malthus.

 

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