Resumo do
livro A Revolução Copernicana, de Thomas
Kuhn
Elaborado por Graziela Vitorino (UFPR)
Thomas Kuhn
denomina de “Revolução Copernicana” as
modificações no pensamento cosmológico e
astronômico operadas por meio do livro “De Revolutionibus
Orbitum Caelestium” de Copérnico, publicado em 1543 (ano
de morte de Copérnico). Este livro permitiu aos contemporâneos
e posteriores uma abordagem nova a respeito da astronomia e
cosmologia, em aspectos que nem o próprio Copérnico
poderia prever. Segundo Kuhn, “A Revolução
Copernicana foi uma revolução de ideias, uma
transformação do conceito que o homem tinha do universo
e da sua própria relação com ele”.
Vigia ainda na época de
Copérnico o esquema cosmológico elaborado inicialmente
por Aristóteles (384/322 a.C.), que tinha sido complementado
por Ptolomeu (150 a.C. – epiciclos). Em tal esquema a Terra ocupava
um centro fixo, a partir do qual os astrônomos podiam calcular
os movimentos das estrelas e dos planetas.
O esquema de Aristóteles era assim
composto de duas esferas: a Terra constituía uma pequena
esfera, suspensa de um modo estacionário
no centro (a Terra não se move, porque
ao mover-se arrastaria consigo o ar, as nuvens e todo o resto) de uma
esfera maior, que constituía o suporte das estrelas. Esta
esfera maior era o limite do próprio universo, pois além
dela não existia nada. O universo consistia em uma esfera
grande que no seu interior continha tudo (limites eram delimitados
pelas estrelas) e no seu exterior não existia absolutamente
nada. O interior dessa esfera era dividido em duas regiões: 1)
um mundo perfeito e eterno, que compunha a região celeste,
feita de uma matéria sólida e cristalina, imutável,
denominada éter, que constituía todos os corpos
celestes (mundo puro/imutável = esfera das estrelas, que
constituem o limite exterior do universo). Era nesta região
que se moviam o Sol e os planetas; 2)
a outra região era composta dos quatro elementos, sendo que a
Terra, por ser o elemento mais pesado ocupava o centro da esfera
(centro do universo) e a Água, por também ser um
elemento pesado, estaria contida numa armação
periférica em volta da região central da Terra. O Fogo,
considerado um elemento leve, apareceria espontanemante e formava uma
armação imediatamente abaixo da esfera da Lua e o Ar
completaria o conjunto, preenchendo o espaço existente entre a
armação do Fogo e a da Terra. Este modelo/esquema não
admitia vácuo, pois esta teoria comporta um universo completo
e finito, onde não pode haver espaço sem matéria.
No modelo de Copérnico, o modelo de
duas esferas é mantido (universo finito), mas a posição
do Sol e da Terra é alterada: o Sol substituía a Terra
como o centro do universo e dos movimentos dos planetas, sendo que a
Terra passava a ser considerada mais um entre os outros planetas
móveis (girando ao redor do Sol).
Copérnico, na sua concepção, propõe um
modelo mais simples, mais harmônico que o
aristotélico/ptolomaico, mas na verdade não é: é
tão bom quanto o anterior e igualmente eficaz. Há de se
considerar que no meio de convivência de Copérnico
transitam pessoas com crenças filosóficas e estéticas
aguçadas e não puramente científicas (isso
explica a linguagem pouco científica do texto de Copérnico).
Paralaxe: desnível que o modelo copernicano
previa entre o deslocamento das estrelas (limite do universo) e o da
Terra. Para sanar tal problema, Copérnico aumenta
exageradamente o tamanho do universo, a ponto da distância
entre as estrelas (fixas em sua órbita e equidistantes do Sol
no modelo copernicano: movimento circular uniforme) e o Sol ficar
gigante e o desnível provocado pelo movimento das estrelas se
tornar ínfimo.
A tecnicidade (cálculos) da obra de Copérnico
fê-la praticamente ilegível para todos aqueles que não
eram matemáticos ou astrônomos e possibilitou sua
infiltração pouco a pouco entre os estudiosos, sem a
oposição imeditada da Igreja em virtude da retirada da
Terra do centro do universo. O sucesso da teoria de Copérnico
entre os estudiosos cresceu na mesma medida da desaprovação
da opinião pública, influenciada pela Igreja.
Tycho Brahe (1546-1601), opositor do copernicanismo
(Terra móvel e girando ao redor do Sol), cria um modelo
alternativo: a partir de um centro onde se encontra a Terra, movem-se
a Lua e o Sol em movimentos circulares, mas todos os outros planetas
encontram-se fixos em epiciclos que têm como centro o Sol (mix
entre o modelo aristotélico/ptolomaico e o copernicano).
No modelo de Johannes Kepler (1571-1630) as órbitas
são elípticas (um avanço!), com variação
constante das velocidades dos planetas ao longo dessa elipse. O Sol
ocupava um dos focos da órbita
Galileu Galilei (1564-1642) iventou a luneta (primeiro
telescópio) e com ela observou que o universo constituía
uma multiplicidade de sitemas. Com efeito, Galileu descobriu 4 das 16
luas de Júpiter e o fato de que elas não orbitavam ao
redor do Sol, mas sim em torno de Júpiter (mais um evidência
do copernicanismo). Agora não tem mais volta!! Afinal, Galileu
derrubou a crença na “perfeição” do
universo: a Lua não era mais perfeita ou divinal que a Terra
(tinha montanhas!) e o Sol tinha manchas.
Issac Newton (1642-1727 – FIM DA REVOLUÇÃO
COPERNICANA) descobre o princípio atrativo: os planetas não
se movem em torno do Sol em uma elíptica pura, porque as
massas de uns planetas influenciam o movimento dos demais. Esse
modelo era tão eficaz, que permitia a previsão de
existência de corpos (planetas) que não se sabia que
existiam (a partir do deslocamento dos demais). Quando os cientistas,
por exemplo, analisam a velocidade de Saturno, previram a existência,
a partir dessa teoria, de um planeta atrás dele (a partir das
variações), o que possibilitou a descoberta de outros
planetas. O modelo de Newton permite calcular tanto a forma, como a
velocidade das trajetórias com precisão.
Periélio de Mercúrio: Mercúrio
sofre um desvio visível na sua trajetória, que
pressupunha um outro planeta mais perto do Sol, que não foi
encontrado. Einsten tenta desvendar isso com a Teoria da Relatividade
Geral: gravitação explica o comportamento dos planetas,
inclusive o anômalo de Mercúrio. Segundo o professor
Rafael, Einsten ria o objeto da história do universo (começo,
meio e fim) e este tem movimento (expansão) e fim no tempo e
no espaço.
Thomas Kuhn é adepto do descontinuismo a nível
do progresso em ciência: uma teoria não constitui a
evolução da anterior, mas seu próprio rompimento
por meio de uma nova teoria (momentos de ruptura que separam uma fase
da outra e por vezes são antagônicos). Para ele dá-se
o início do paradigma e após sua maturidade, mas o
início das incompatibilidades fomenta o início de um
novo paradigma:
paradigma 1
período de sucesso
maturidade do paradigma
anomalias e incongruências
período de crise
paradigma 2