Ariadne

Respostas no Fórum

Visualizando 15 posts - 61 até 75 (de 93 do total)
  • Autor
    Posts
  • Ariadne
    Membro

    “Bem, penso que o critério deveria ser a observação do número de pessoas que grafam de uma forma e o número de pessoas que grafam de outra forma, devendo permanecer  a forma que é grafada pelo maior número de pessoas. Já que pretendemos igualar, então deveríamos igualar a minoria à maioria e, não o contrário. Este critério deveria então obedecer o padrão adotado pela maioria de pessoas. ” Este é um dos raros casos em que discordo de sua opinião, Brasil. Não acho que a observação do que é feito pelo maior número de pessoas deva ser critério para nada, nem para a definição de regras ortográficas. Fosse assim, em sociedades com baixo nível de desenvolvimento e sem regras institucionais racionalmente estabelecidas, e que, por isso, vivem em conflito permanente, o comportamento primitivo e irracional, que determina boa parte desses conflitos, deveria ser adotado como "regra". Normas ortográficas devem ser estabelecidas com base em critérios relacionados a certas variáveis, a depender dos interesses em jogo, sendo que uma dessas variáveis pode ser a unificação da língua. Mas não com base no "costume", pois isso tenderia a um nivelamento de todos por baixo. A valer esse critério em contextos onde a população tem baixo nível educacional e de escolaridade, a nova "regra" seria estabelecida justamente para se adaptar àqueles que, por desinformação, das duas uma, ou desconheciam as antigas regras ou não possuíam disciplina educacional suficiente para segui-las. Essse seu ponto de vista me parece próximo do que defendem os chamados lingüistas (desculpe, ainda não me adaptei à abolição do trema) em oposição aos gramáticos. Os primeiros tendem a ser favoráveis à aproximação da linguagem escrita à falada. Os gramáticos defendem a prevalência da norma culta na escrita, com o que concordo totalmente, pois o caráter disciplinar é um dos aspectos essenciais ao processo de educação. 

    em resposta a: O que significa "Deus"? #86209
    Ariadne
    Membro

    “Todo discussão é importante, relevante e profunda. No entanto o q torna uma discussão salutar é o respeito q se tem pelas opiniões diferentes, assim como as diferenças.” O que torna uma discussão efetivamente importante, no meu entender, é o nível de conhecimento dos debatedores. O respeito é conseqüência natural. Um debatedor que nada conhece e não respeita seus interlocutores não é digno de atenção. Um debatedor que muito conhece não é obrigado a "respeitar" argumentos ruins ou adotar uma postura paternalista num debate intelectual, o que não significa desrespeitar as pessoas.

    Ariadne
    Membro

    “Achei muito interessante suas colocações acerca do risco em se esperar que aprendamos a ler e escrever corretamente para começarmos a filosofar, pois, isso é querer manter a grande massa da população no mais completo estado de alienação e não o contrário como preconizado pelo caro Brasil. ” Esse comentário me parece confundir ideologia com Filosofia. Do ponto de vista filosófico, são tão  distintas as interpretações para o termo "alienação" que não faz sentido invocar a Filosofia de maneira a compromotê-la com apenas um entre muitos conceitos possíveis. Para filosofar com competência, creio ser preciso no mínimo conhecer bem mais do que a mera noção vulgar de alienação (difundida pelo marxismo e Escola de Frankfurt)  que, de tão banalizada, chega a ser "alienante" e quase inútil à reflexão. Se filosofar é amar o saber, a Filosofia não pode ser refém de uma única ideologia e interpretada como sinônimo desta. Exemplo: para Lévi-Strauss, a alienação é condição universal do homem em sociedade. Outro exemplo: segundo Gadamer, alienação seria a não participação no sistema de valores em que vive o ator social (algo como o chamado estado de anomia em Durkheim, resultante do enfraquecimento ou ausência de leis e normas sociais, sem as quais os indivíduos não sabem como agir e se entregam às paixões, à ganância, ao crime, "marginalizam-se").

    Ariadne
    Membro

    Hesito, mas não resisto[:D], em transcrever, no contexto deste tópico, um pequeno trecho de um livro de reflexões autobiográficas de Eric Voegelin que estou lendo: "Uma das virtudes que ele [Max Weber] considerava indispensáveis em um homem de ciência era a "intellektuelle Rechtschaffenheit", que podemos traduzir por honestidade intelectual. Não consigo ver nenhuma razão para a escolha das ciências sociais -- ou das ciências humanas em geral -- como área de atuação se não existe a intenção honesta de examinar a estrutura da realidade. As ideologias constroem edifícios intelectualmente insustentáveis. Isto nos leva a indagar por que pessoas que são de resto inteligentes, além de honestas em seus afazeres diários, cedem à desonestidade intelectual tão logo entrem em jogo questões científicas. De que a ideologia é uma manifestação de desonestidade intelectual não resta a menor dúvida; todas as várias ideologias, afinal, já foram submetidas a rigoroso exame crítico[...] No plano mais imediato que se impunha, isto me levou à oposição a toda e qualquer ideologia -- marxismo, fascismo, nacional-socialismo, seja qual for; todas se mostraram igualmente incompatíveis com a ciência, entendida no sentido racional de análise crítica. Remeto ainda a Max Weber, o grande pensador que trouxe esse problema à minha atenção. Até hoje sustento que não se pode, em hipótese alguma, ser ao mesmo tempo um ideólogo e um cientista social competente."

    Ariadne
    Membro

    “Concepção segundo a qual o conhecimento do real é impossível à razão humana. Portanto, o homem deve renunciar à certeza, suspender seu juízo sobre as coisas e submeter toda afirmação a uma duvída constante.” Antes de mais nada, registro que não estou defendendo a existência de uma verdade absoluta, embora eu defenda a possibilidade de identificação de verdades e mentiras, em graus variados. Dito isso, observo, sobre as frases acima, que o fato de o conhecimento do real ser, hipoteticamente, impossível à razão humana não significa que o real, ou a verdade, inexista.

    Ariadne
    Membro

    “Sinto-me feliz em ver vosso interesse no assunto.Primeiramente responderei a Ariadne, que a resposta é menor.A única filosofia, pelo meu parco conhecimento, que defende que "não há verdade" é a cética. A verdade é que, na verdade, há várias verdades (!). " [blue]O ceticismo não é a postura de negação da verdade e sim de questionamento constante. A noção de que existem muitas verdades possíveis não é nova, já foi abordada inclusive pelos antigos gregos de forma competente. No contexto do chamado pós-modernismo, contudo, transformou-se num vício a embotar o próprio discernimento.[/blue]  "Talvez você veja esse "perspectivismo" porque, na sua região, se estude muito Nietzsche... " [blue]Eu não estava entrando no mérito do currículo escolar, pois não disponho de dados a respeito. Estava simplesmente fazendo uma distinção entre disciplinas que considero básicas e disciplinas a meu ver complementares, caso da Filosofia, que por esse motivo a meu ver não devem ser introduzidas no ensino básico, quando o aluno ainda carece de base em disciplinas fundamentais sem as quais o ensino de Filosofia é inútil ou mesmo prejudicial ao desenvolvimento e disciplina intelectual. E, quanto à Nietzsche, não refiro-me à minha região e sim à influência deste em âmbito global no chamado pensamento filosófico pós-moderno, o que é uma lástima...

    Ariadne
    Membro

    “A respeito da influência de Nietzsche, discordo totalmente. Talvez você esta se referindo a um certo “relativismo” que permeia o estudo da filosofia. Mas isto respeita justamente ao seu método. Ela admite que não há verdade definitiva. Eis que seu ensino não é dogmático, como é o de algumas disciplinas. ” Afirmar que não existe verdade pode ser tão dogmático quanto dizer o contrário. Tão pouco fazer esse tipo de proclamação é "filosofar". Pelo contrário, o largo uso dessa idéia tem promovido a estagnação e preguiça mental, não o aprofundamento da reflexão...

    Ariadne
    Membro

    “Ademais, julgar necessário o conhecimento científico para entender filosofia é incorreto. As duas esferas são complementares, mas possuem autonomia. Certamente, quem conhece melhor uma pode conhecer melhor a outra. Mas aí estamos falando de excelência do conhecimento, o que já seira outro assunto.” Em primeiro lugar, obrigada pelas boas-vindas. Em segundo, voltei apenas para discordar um pouquinho do que disse. Concordo que a filosofia e a ciência sejam complementares (como são a zetética e a dogmática). Contudo, continuo achando que a ciência deve anteceder a filosofia no contexto contemporâneo em que vivemos, por uma simples razão: porque a filosofia está muito contaminada com o perspectivismo nietzscheano (que tornou-se hegemônico), gerando uma atitude niilista em relação ao conhecimento científico, empírico, dogmático, metodico, metodológico e disciplinado (que, assim, é comodamente negligenciado a priori), sem o qual todo o "conhecimento" é inevitavelmente superficial, capenga e, sobretudo, inútil (não chega a nenhum lugar)...

    Ariadne
    Membro

    Não estou entrando no mérito de sugerir haver motivos além dos alegados. Estou simplesmente partindo do princípio de que os motivos alegados não justificam a iniciativa, frente a seus custos e imensas desvantagens, sendo que exemplifiquei uma entre muitas delas…

    Ariadne
    Membro

    “Se o dinheiro não corroesse os homens, até o capitalismo seria bom.” O dinheiro é só um meio de troca. O que corrói os homens são os valores que atribui ao dinheiro, ou melhor, ao bens que podem ser obtidos por este meio de troca ou não.

    Ariadne
    Membro

    “azendo, como é de praxe na filosofia, indagações a respeito das raízes dos problemas, se chegará a estudar história da filosofia. Mas, se esse interesse surgir no aluno, então a maior parte do trabalho já terá sido feita.” Vou me imiscuir na discussão dos dois para discordar desse aspecto. Considero uma temeridade o questionamento sem base. Logo, penso que, antes de enveredar pela investigação filosófica de qualquer assunto, o aluno tem de atender a um requisito básico, ser bem informado e formado nas disciplinas básicas.

    em resposta a: Qual o sentido da vida? #73036
    Ariadne
    Membro

    “Qualquer resposta é subjetiva, é pessoal, é “conceito”… ” Essa afirmação é "conceito" também, não custa lembrar. No mundo não há lugar apenas para a zetética, pois esta inexistiria sem a dogmática. 

    em resposta a: Qual o sentido da vida? #73035
    Ariadne
    Membro

    Fazer a vida ter algum sentido, inspirando-se no “belo” e no “bom”. Dar aquilo que estiver ao próprio alcance por um mundinho um pouco melhor.

    Ariadne
    Membro

    Fora as dificuldades inerentes à administração pública, sobre as quais o Brasil discorreu com muita lucidez, eu acho que a questão da deterioração do ensino público no Brasil é colocada de maneira enviesada. Não dá para comparar o ensino público do passado e do presente, pelo seguinte motivo: porque até a gestão de FHC os índices de evasão escolar eram elavadíssimos. Quando o país assumiu naquela adminstração o compromisso com a chamada universalização do ensino básico, reduzino o nível de analfabetismo até então escandaloso do país, passou a enfrentar, no âmbito educacional, desafios até então inexistentes, quando o ensino público era destinado a uma minoria, a uma elite de classe média apenas. Com a universalização do ensino público básico, o desafio na área de educação passou a envolver até questões ligadas a segurança pública, como o tráfico de drogas e violência nas escolas...

    Ariadne
    Membro

    Eu acho que esse argumento não tem o menor sentido. Por duas razões. A primeira é que não acredito na possibilidade de aproximação por regras ortográficas, uma vez que a distância entre o português de Portugal e do Brasil são muito maiores na linguagem falada que na escrita. Na escrita, até outros idiomas latinos, como o espanhol, são compreensíveis para pessoas alfabetizads em língua portuguesa. Além disso, o inglês americano e britânico divergem muito em ortografia, mas nem por isso deixam de ser um mesmo idioma. Simplesmente, não consigo ver um só aspecto positivo na imposição das novas regras. Já defeitos...

Visualizando 15 posts - 61 até 75 (de 93 do total)