Miguel Duclós

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  • em resposta a: Pós-metafísica #85563

    Opa, nem vi que eram duas mensagens sobre o mesmo tema. Bem Luciana, além do que disse no outro tópico, é preciso tentar investigar um pouco o que é esta tal “virada linguística”. O Habermas é influenciando pela virada linguística e tem como que uma mudança nos rumos de sua teoria quando ele absorve o legado da virada. Então, ele tem um livro chamado “Verdade e Justificação”, no qual repensa alguns conceitos que vinha trabalhando desde que despontou inicialmente junto à tradição dos frankfurtianos, nos anos 1960. Neste livro ele dialoga com os filósofos da linguagem, especiamente Wittgenstein, mas também outros como Austin. E também com as críticas à metafísica empreendidas por Heidegger. A crítica que Heidegger faz à Nietzsche, de que este não teria conseguido sair da metafísica por causa dos conceitos de eterno retorno e vontade de poder, também são aplicadas a ele próprio por Habermas, que busca mostrar que seu ataque à Ontologia tradicional caiu em algumas aporias.Mas o termo "virada linguística" (linguistic turn em inglês), pretende justamente uma nova elaboração no modo de se pensar a investigação filosófica, não mais nos moldes do Ser e da Verdade, mas em termos de ... linguagem. Dessa forma, tira-se o foco do sujeito epistemológico. O próprio Richard Rorty, um dos nomes desta virada e interlocutor estadunidense de Habermas , pronunciou a morte da epistemologia. O ponto é que com o fim de uma noção de verdade não relativa, a filosofia perderia seu status privilegiado, se aproximando então das outras formas de literatura. A virada linguística está ligada a vários autores, além dos que eu citei, você pode pesquisar sobre o Círculo de Viena, Quine, Ryle, Peirce, Austin etc.Abraços .. e desculpe o texto confuso.

    em resposta a: Pós-metafísica #85562

    Bom, a partir do século XIX foram feitos vários ataques às concepções da tradição metafísica e à filosofia da consciência. O Habermas faz uma análise interessante no que ele chama de tentativas de superação da metafísica. Essas “tentativas” estão envoltas também em outros aspectos que foram surgindo na filosofia, como a crítica à razão e o surgimento da fenomenologia. Por exemplo, a fenomenologia tenta superar a contraposição entre ser e aparecer reduzindo o campo do possível ao fenômeno, eliminando assim a “coisa-em-si” (noumeno). Toda esta problemática está envolta no pós-kantismo, porque Kant dissecou as possibilidades da razão pura em linhas finas, delimitando qual seria o escopo da investigação científica e dando os fundamentos para qualquer investigação futura que se pretendesse metafísica. Daí que começaram as tentativas de superação.Mas, como disse, Habermas considera que estas tentativas não encontraram êxito, caíram na aporia da contradição auto-referente, ou seja, o discurso criticando ele mesmo. Daí ele propõe um outro paradigma, que seria o deslocamento do foco... do sujeito passaria-se para a intersubjetividade, com a ação mediada por um tipo especial de pragmatismo fundamentado pela ação comunicativa.Um livro interessante do Habermas que trata deste tema é o Discurso Filosófico da Modernidade. Este que você citou não li, é bom?Abraços e continue postando....

    em resposta a: Übermensch: Superhomem x Além-do-Homem #80759

    Eu não tenho dúvida alguma sobre isto. Citei o fato dos soldados alemães levarem o Zaratustra pro front, exatamente pra ressaltar a tremenda margem de interpretações que esse filósofo produziu. Por mais complexa que seja qualquer outra obra filosófica, certamente não daria margem para interpretações TÃO DIFERENTES.

    Bom, investiguei mais um pouco e não encontrei nenhuma outra referência sobre esta acusação em sites em inglês, francês e espanhol. As fontes em português mencionadas remontam todas a uma mesma fonte, que diz ser algo citado por este tal Latour, que é jornalista, e não historiador da filosofia, nem especialista em Nietzsche. E não fala em qual obra ou entrevista Latour teria dito isso, de forma que aposto fortemente que isto não é um "fato". Pelo contrário, me parece um belo disparate. Claro que os ideólogos Nazis fariam de tudo para promover o regime, mas o ato da irmã ceder a bengala do filósofo para Hitler é um ato político, do qual Hitler pouco se ocupou, em um dia, e isso antes da guerra. Os nazistas eram o governo na Alemanha e o mundo inteiro tinha relações com a Alemanha, ainda não se sabia o que estava por vir. Zaratustra nunca foi um best-seller na Alemanha. É passado ao largo mesmo por muitos que estudam Nietzsche. Aliás, ele mesmo teve que pagar do próprio bolso as edições da última parte da obra, porque nenhum editor queria nem saber. Foi um fracasso total de público e de crítica, e não vendeu mais do que poucas dezenas de exemplares. Isto está na biografia do Nietzsche. Posteriormente, a coisa ficou mais famosa, mas mesmo assim nunca foi um autor "standard" do nacionalismo alemão, nem de nenhum regime político, como foi um Goethe ou Hegel, por exemplo.  Nietzsche faz parte de uma tradição chamada de "malditos da burguesia" por Habermas, ele parte de Schopenhauer, que foi tão ermitão e incompreendido quanto ele. O grande filósofo oficial em Jena e Berlim era Hegel, que tinha suas leituras lotadas. Schopenhauer o odiava e lecionava no mesmo período, e suas classes eram vazias. Nietzsche lecionou por um período curto e nunca foi sucesso na Academia, pelo contrário, ele optou por ensaios e idéias livres e pouco ortodoxas, o que levou a "comunidade oficial" de filologia a  repudiá-lo, como vemos no opúsculo de Willamowitz.Sobre as interpretações, é claro que existem muitas obras filosóficas que dão margem a um sem-número de interpretações, e muito diferentes! Isso acontece com todo clássico, das mais diversas orientações e pontos de vista... aliás, é por isso que os autores são clássicos. Pois lendo-os, sempre dá-se o que pensar, e sua atualidade dificilmente se esgota. Essa é toda graça na filosofia.Mas você está certo ao notar que esta faceta da filosofia adquire um caráter especial na obra de Nietzsche, e não somente pelo método de exposição. O próprio autor se precavê contra isso, ao afirmar que o que exprime na sua obra ainda não é o reflexo último dos seus sentimentos mais profundos (ouve-se sempre nos escritos de um ermitão, algo também o eco do ermo)."A interpretação é uma atividade que expressa a força criadora de quem interpreta, um movimento que não se conclui, mas se prolonga infinitamente, aonde se pode provar tanto uma coisa quanto o seu contrário, sendo ambas - como o autor coloca mais abaixo - a produção de uma vontade que é doadora de sentidos. "Qualquer coisa pode ser verdade, desde que pronunciada com a entonação certa", poder-se-ia dizer zombeteiramente." ( http://www.consciencia.org/nietzsche3.shtml )Quando você pegar o Zaratustra verá que ele profere o seu discurso para o povo e se queixa que eles não o compreendem, isso está presente em várias passagens:"Pronunciadas estas palavras, Zaratustra tornou a olhar o povo, e calou−se. "Riem−se − disse o seu coração. − Nãome compreendem; a minha boca não é a boca que estes ouvidos necessitam"

    Enquanto uns dizem que o super-homem é a libertação do Homem para uma vida superior sem mesquinharia, outros entendem que ele seria o carrasco dos fracos, subjugando os inferiores “assim como se deve fazer”... São questões conflitantes que geram essas interpretações tão distintas, como por exemplo, aquilo que eu te disse na outra msg : Se a moral nietzschena  consiste na dominação, como entender que o supre-homem é um modelo para a transmutação de TODOS os homens? Quem vai dominar quem? Não me resta qualquer dúvida quanto às concepções do Nietzsche sobre a nobreza. Pra ele o “nobre” é o forte subjugando o fraco! Sem compaixão!E a ética, os deveres morais,  é restrita entre os nobres, como numa máfia.Nestes termos o super-homem seria superior em que? Em dominar e subjugar os fracos. Sem fracos, sem super-homem...

    É verdade que Nietzsche não era democrático. Ele é nitidamente a favor do "homem superior". Mas ao mesmo o autor não tem nenhuma proposta política definida, e muito menos econômica. No século XIX os movimentos socialistas estavam eclodindo na Alemanha e na Europa. Nietzsche pouco cita estes movimentos e sequer menciona Marx. Platão tampouco era a favor da democracia. A República de Platão é um livro do governo de homens superiores, claro que o conceito ali é bastante diferente do de Nietzsche. Mas Platão se volta contra o partido democrático ateniense, responsável pela morte de Sócrates, o "melhor dentre os homens". Nietzsche está em volto em um problemática que é majoritariamente filosófica. O conceito de super-homem (ubermensch) não é um programa nem uma proposta prática e metodológica, mas antes uma concepção de mundo. Não é que todos vão virar super-homens de uma hora para outra. Ele identifica tipos de vida e contrapõe um ao outro. Ele vê diferença entre as pessoas. Não são todos iguais. A palavra de Zaratustra e a anunciação do super-homem é para todos, ele pretende ensinar aos homens prisioneiros o sentido da Terra.  Mas ele sabe que não são todos que aceitariam a mensagem. É como no caso do prisioneiro da caverna de Platão. O prisioneiro se liberta e contempla a verdade, assim como Zaratustra escutou a natureza no alto da montanha. Então ele vê a necessidade de voltar para a caverna para alertar seus semelhantes, assim como Zaratustra vê a necessidade de voltar à aldeia para anunciar o super-homem. Mas os prisioneiros da caverna atacam quem lhes quer libertar (e matam Sócrates!) assim como o povo zomba e ataca Zaratustra. Como vemos, embora discorde Platão e de Jesus Cristo em pontos vitais, Nietzsche tem a estrutura de sua fábula bastante influenciadas por eles.Como eu disse, o pacto de mediocridade é sempre a coisa mais poderosa. Veja o que Nietzsche diz"Ai! Aproxima−se o tempo em que o homem já não dará a luz às estrelas; aproxima−se o tempo do maisdesprezível dos homens, do que já se não pode desprezar a si mesmo.(...)Olhai! Eu vos mostro o último homem. Que vem a ser isso de amor, de criação, de ardente desejo, de estrela? − pergunta o último homem, revirando os olhos. A terra tornar−se−á então menor, sobre ela andará aos pulos o último homem, que tudo apouca. A sua raça é indestrutível como a da pulga; o último homem é o que vive mais tempo.

    Pois é, mas isso não deixa de ser uma espécie de nacionalismo, pois, uma vez a Europa unificada, seria uma grande nação. Seria então a sua ideologia, um nacionalismo europeu.

    Aí eu acho que você forçou. Nietzsche era europeu, vivia no entorno social e cultural da Europa, e por isso trata especialmente de questões Européias. Mas eu citei essa referência para dar mais um ponto de distância de Nietzsche em relação ao Nazismo, já que a Segunda Guerra colocou as potências européias umas contra as outras!Além disso Nietzsche, assim como Schopenhauer, é um dos filósofos que mais se afastam do eurocentrismo. Primeiramente ele critica a glorificação da razão, que sempre foi um dos pontos ressaltados da ideologia que separa a Europa dos outros povos. Ele diz que pensa a Europa com um "espírito asiático", ou seja, ele reconhece a importância da Ásia plenamente. Ele ataca duramente o cristianismo, e naquela época cristianismo era sinônomo de Ocidente. Ele faz elogios ao budismo e ao islamismo, enfim... Não tem nada de nacionalismo europeu e tampouco de nacionalismo europeu. São outras questões...

    Michel Foucault é outro pensador esquerdista. Foucault bebe em Nietzsche na primeira água

    Estranho! Se ele era esquerdista eu não vejo porque ele se basear em Nietzsche, uma vez que este sempre combateu qualquer idéia favorável à igualdade. O que será que Nietzsche diria sobre um esquerdista? Bem, na verdade ele disse muitas coisas sobre os esquerdistas e sobre as idéias de igualdade, não é mesmo?

    A influência de Nietzsche em Foucault não é estranha, é trivial e consolidada, é um fato notório que você pode comprovar com qualquer pesquisa. Foucault mesmo afirmou "Eu sou nietzscheano". Mas por que? Primeiro que a definição de Vontade de Potência do Nietzsche não se aplica só ao "projeto" do "super-homem". Ele define a vida como vontade de potência, hoje e desde sempre. Hobbes tem uma passagem interessante no Leviatã que ele usa para justificar a necessidade do contrato social:“Antes de mais nada, reconheço como uma inclinação geral do gênero humano, o desejo perpétuo e incansável de poder e mais poder, inclinação essa que só cessa com a morte”.Nietzsche faz uma crítica desmascarado da razão ao utilizar o método genealógico para descobrir, na origem dos conceitos de bem e mal, justamente essa vontade de saber mascarada de moral. E também nas falas dos padres:

    Em lugar dessa deplorável mentira, a realidade teria isto a dizer: o padre, essa espécie parasitária que existe às custas da toda vida sã, usa o nome de Deus em vão: chama o estado da sociedade humana no qual ele próprio determina o valor de todas as coisas de “o reino de Deus”; chama os meios através dos quais esse estado é alcançado de “vontade de Deus”; com um cinismo glacial, avalia todos povos, todas épocas e todos indivíduos através de seu grau de subserviência ou oposição do poder da ordem sacerdotal. Observemo-lo em serviço: pelas mãos do sacerdócio judaico a grande época de Israel transfigurou-se em uma época de declínio; a Diáspora, com sua longa série de infortúnios, foi transformada em uma punição pela grande época – na qual os padres ainda não significavam nada. Transformaram, de acordo com suas necessidades, os heróis poderosos e absolutamente livres da história de Israel ou em fanáticos miseráveis e hipócritas, ou em homens totalmente “ímpios”. Reduziram todos grandes acontecimentos à estúpida fórmula: “obedientes ou desobedientes a Deus”. – E foram mais adiante: a “vontade de Deus” (em outras palavras, as condições necessárias para a preservação do poder dos padres) tinha de ser determinada – e para tal fim necessitavam de uma “revelação”. Dizendo de modo mais claro, uma enorme fraude literária teve de ser perpetrada, “sagradas escrituras” tiveram de ser forjadas – e então, com grandiosa pompa hierática e dias penitência e muita lamentação pelos longos dias de “pecado” agora terminados, foram devidamente publicadas. A “vontade de Deus”, ao que parece, há muito já havia sido estabelecida; o problema foi que a humanidade negligenciou as “sagradas escrituras”... (O Anticristo)

    Foucault se aproveita especialmente deste método genealógico aplicado à história e das concepções Nietzscheanas de poder e liberdade. O que é para se discutir é se Foucault é "esquerdista" de acordo com as diferentes definições. Se esquerdismo for somente igual a comunismo, é pouco provável. Mas Foucault certamente está ligado a vários movimentos de vanguarda, e é uma das figuras do maio de 1968 francês. O artigo da wikipédia em inglês fornece mais pistas para começar a entender esta trajetória.Mas nem toda idéia de igualdade é esquerdista. Bataille faz um estudo no pós guerra sobre o homogêneo e heterogêneo para tentar dissecar as pulsões que levaram os fascistas e nazistas por esta febre de homogeneidade, por exemplo. A razão constrói o conceito, e o conceito enxerga a unidade na diversidade. Nietzsche critica a razão e valoriza o instinto, ou seja, ataca  a idéia de igualdade. Só que é como eu disse, o perspectivismo não é igual à dominação dos fracos, nem ser senhor de si é ser senhor dos outros. É preciso entender que para Nietzsche OS FRACOS É QUEM DOMINAM, ao perverter toda a vida sadia e construir os conceitos morais para sufocar o instinto, prendendo o homem num esquema abstrato, num sistema de valores  que nega a vida material e corpórea na terra para subjugá-lo, oferecendo a falsa esperança de uma recompensa não-terrena.Movimentos sociais de vanguarda sempre advogam o quê? O reconhecimento das diferenças, ou seja... a não-igualdade! O que fazem o movimento negro, o movimento GLS e outros? ELes não querem planificar, mas sim afirmar as diferenças culturais e de caráter entre os povos, lhes incluindo. Nancy Fraser é uma filósofa da terceira geração da Teoria Crítica que trata disso, e sugere a diferenciação entre as demandas por distribuição e as demandas por reconhecimento.

    Então vc admite que esse super-homem não seria uma transmutação da humanidade  e sim de alguns poucos?

    Acredito que a princípio seriam poucos, até que todos conseguissem "passar a ponte" e a terra pertencesse ao super-homem. Mas a questão não é uma proposta concreta e palpável, aliás, discordo da palavra programa. Tentar pensar o super-homem sem considerar o impensável não faz sentido. Sem considerar o assombro, a revelação, a saída da rotina, a expansão da consciência etc etc.Não é preciso também avançarmos para o futuro para nos aproximarmos do conceito. Nietzsche bebe diretamente da Antiguidade. Ele gostava por exemplo da Grécia Clássica, já via ali um modelo de sociedade que valoriza o homem em sua plenitude, em toda sua potencialidade. Só que identifica primeiramente Sócrates e Platão e mais tarde o Cristianismo como agentes deturpadores, envenenadores, que desviaram os homens de sua saúde, e isso falando mesmo fisiologicamente, já que sobrepunham a alma ao corpo. E não somente os gregos, mas também romanos e outros povos. Veja, essa é toda a questão do livro do Anticristo que você estava lendo:

    O que hoje reconquistamos com uma inexprimível vitória sobre nós mesmos – pois certos maus instintos, certos instintos cristãos ainda habitam nossos corpos –, ou seja, o olhar afiado ante a realidade, a mão prudente, a paciência e a seriedade nas menores coisas, toda a integridade no conhecimento – tudo isso já existia há mais de dois mil anos! E mais, havia também bom gosto, um excelente e refinado tato! Não como um adestramento de cérebros! Não como a cultura “alemã”, com seus modos grosseiros! Mas como corpo, como gesto, como instinto – em suma, como realidade... Tudo em vão! Do dia para a noite tornou-se memória! – Os gregos! Os romanos! A nobreza do instinto, o gosto, a investigação metódica, o gênio para a organização e administração, a fé e a vontade para assegurar futuro do homem, um grandioso sim a todas as coisas, visível sob a forma de imperium romanum e palpável a todos os sentidos, um grande estilo que não era simplesmente arte, mas que havia se transformado em realidade, verdade, vida... – Tudo destruído de um dia para outro, e não por uma convulsão da natureza! Não pisoteado até a morte por teutônicos e outros búfalos! Mas vencido por vampiros velhacos, furtivos, invisíveis e anêmicos! Não conquistado – apenas consumido!...  A vingança oculta, a inveja mesquinha, agora dominam! Tudo que é miserável, intrinsecamente doente, tomado por maus sentimentos, todo o mundo de gueto da alma estava subitamente no topo!

    fonte: http://www.culturabrasil.pro.br/oanticristo.htmlSe você considerar que tudo isso JÁ foi feito e que o homem a um certo momento de seu percurso foi um ser completo, mas foi desviado disso por forças estranhas, você consegue vislumbrar melhor o super-homem, vendo que  na verdade ele é sim possível. O que ele traz de novidade em relação aos antigos é outra questão, que não se liga diretamente à sua plausibilidade.Depois espero escrever mais sobre o assunto, abordando outros pontos que você levantou.Até mais.

    em resposta a: Übermensch: Superhomem x Além-do-Homem #80755

    Meu caro, vamos lá. Sei que você não associa Nietzsche com nazismo, esse é um assunto controverso e que dá margem a muita polêmica, mas faço questão de comentar um a um os trechos que você colou:" A figura de Nietzsche foi promovida na Alemanha Nacional Socialista e muitos nacional-socialistas o louvavam. A obra de Nietszche Also Sprach Zarathustra (Assim falou Zaratrusta) era entregue aos soldados alemães na frente de batalha com o intuito de motivar o exército enquanto a propaganda nazista colocava-os na posição desse super-homem. 25 A apropriação das idéias de Nietzsche pelo Nacional Socialismo não se limitou a teoria do super homem. O desprezo de Nietzsche pela democracia e pelo parlamento bem sua oposição ao  socialismo, ao  igualitarismo e  a emancipação feminina26 também fizeram parte anos mais tarde da ideologia nacional-socialista. É preciso ressaltar, no entanto, que ao contrário de muitos pensadores que tiveram suas idéias apropriadas pelo Nacional Socialismo, Nietzsche condenava o anti-semitismo prussiano chegando a romper com sua irmã e Wagner por ver neles o que combatia – o rigor germânico, o anti-semitismo e o espírito aprisionado.http://216.239.59.104/search?q=cache:bAAfoywuCD0J:www.estacio.br/graduacao/relacoes_internacionais/monografias/Monografia%2520Vivian%2520Fernandes%"Veja que a autora da monografia não sai muito com o que discutimos, veja as ressalvas, Nietzsche diz que foi APROPRIADO e que condenava o anti-semitismo, ponto CENTRAL da ideologia nazista. A nota 25 que fala dos livros de Nietzsche para os "soldados alemães" tem como referência a Wikipédia. A Wikipédia, por sua vez tem como fonte um tal "Peter Scholl-Latour". Aliás, TODOS os sites que passaram tem como fonte este autor, que publicou esta barbaridade e a coisa se propagou na Internet. Vamos adiante ->"Para os nazistas, uma leitura praticamente obrigatória era "Assim falou Zarathustra", sonhando com a materialização, na sua Alemanha, do Super-Homem vislumbrado por aquele filósofo que, arrasado pela sífilis, falecera a 25 de agosto de 1900. Nas mochilas de uma boa parte dos soldados alemães que avançaram no sonho do mundo ariano, essa obra era um dos componentes básicos, a reforçar o seu norte ideológico.http://216.239.59.104/search?q=cache:0_Rwk9duVp0J:www.sapereaudare.com/historia/texto03.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR&ct=clnk&cd"Este segundo artigo tem uma bibliografia um pouco mais séria, mas não cita a fonte. Ele tem lá nas suas fontes um livro chamado "Porque não somos nietzscheanos", que é um livro DIFAMATÓRIO, escrito por leigos com intuitos ideológicos, e contestados em inúmeros estudos acadêmicos. ->"figura de Nietzsche foi particularmente promovida na Alemanha Nazi, tendo a sua irmã, simpatizante do regime hitleriano, fomentado esta associação. Em Mein Kampf, Hitler descreve-se como a encarnação do sobre-homem (Übermensch). A propaganda nazi colocava os soldados alemães na posição desse sobre-homem e segundo Peter Scholl-Latour o livro "Assim Falou Zaratustra" era dado a ler aos soldados na frente de batalha, para motivar o exército. Isto também já acontecera na Primeira Guerra Mundial. Como dizia Heidegger, “na Alemanha se era contra ou a favor de Nietzsche”.http://216.239.59.104/search?q=cache:hqaEUsOaXCgJ:atuleirus.weblog.com.pt/arquivo/2005/10/nietzsche.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl=pt-BR"De novo, aparece a MESMA "fonte" que é este Peter Scholl-Latour , que pelo que pude verificar, é um autor polêmico e contestado, trazendo inúmeros dados controversos em seus artigos. Além disso, não é historiador da filosofia nem filósofo, e sim correspondente jornalístico, e tem problemas particulares com o nazismo na sua biografia. E neste terceiro artigo, é intessante colar o trecho imediatamente posterior, que diz o seguinte:"Mas era explicitamente contra o movimento anti-semita promovido por Hitler e seus partidários. A este respeito pode-se ler a posição de Nietzsche por ele mesmo:“Antes direi no ouvido dos psicólogos, supondo que desejem algum dia estudar de perto o ressentimento: hoje esta planta floresce do modo mais esplêndido entre os anarquistas e anti-semitas, aliás onde sempre floresceu, na sombra, como a violeta, embora com outro cheiro.” (Genealogia da Moral, p. 76-77, Trad. Paulo Cesar Souza)“... tampouco me agradam esses novos especuladores em idealismo, os anti-semitas, que hoje reviram os olhos de modo cristão-ariano-homem-de-bem, e, através do abuso exasperante do mais barato meio de agitação, a afetação moral, buscam incitar o gado de chifres que há no povo...” (Genealogia da Moral, p. 179-180, Trad. Paulo Cesar Souza)Sem dúvida, a obra de Nietzsche sobreviveu muito além da apropriação feita pelo regime nazista. Ainda hoje é um dos filósofos mais estudados e fecundos."E então, neste também já está feita a ressalva -> "Alguns afirmam que o livro ‘Assim falou Zaratustra’ teria sido distribuído para os soldados alemães na guerra, resta saber se os soldados alemães (naquela época) teriam capacidade para entender NIETZSCHE, he he he... Na excelente coleção OS PENSADORES, lemos num encarte muito bem feito, Capítulo 46, referente especificamente a NIETZSCHE:http://216.239.59.104/search?q=cache:nZMHMgqEe0IJ:www.terraespiritual.locaweb.com.br/espiritismo/artigo2322.html+soldados+alem%C3%A3es+zaratustra&hl="Neste quarto está ainda mais explícita a dissociação de Nietzsche com o nazismo. O artigo é apenas pessoal, mas o autor tem o bom sendo de ironizar este dado controverso que tem sido divulgado, por isso que ele fala "se os soldados alemães (naquela época) teriam capacidade para entender NIETZSCHE, he he he"É claro que NÂO teriam. Como eu disse, Zaratustra é uma leitura refletida e pausada, não tem nada a ver com o front. Seria de se rir sair de uma batalha sangrenta e então calmamente começar a ler uma das obras mais difíceis da filosofia alemã, que exige conhecimento de filosofia - que poucos tem - estudo detido. Se houve alguma apropriação da filosofia de Nietzshche por parte dos nazistas, foram de ideológos, da elite intelectual, e não do povo armado em forma de soldados. Se teve algum soldado leitor de Nietzsche, foi uma minoria, e não era uma regra nem o livro fazia parte do "kit-soldado." o Autor do artigo que você citou continua desacreditando na ligação mais adiante, no trecho seguinte, citando uma obra de referência, que é a Coleção Os Pensadores: “Uma filosofia confiscada.            Apoiado na crítica nietzschiana aos valores da moral cristã, em sua teoria  da ‘Vontade de Potência’ e no seu elogio do super-homem, desenvolveu-se um pensamento nacionalista e racista, de tal forma que se passou a ver no autor de Assim Falou Zaratustra um precursor do nazismo (...)” (OS PENSADORES. Cap. 46. NIETZSCHE. Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo, 1974, p. 641).            Na realidade, a filosofia de Nietzsche foi confiscada por sua irmã, esta sim, pertencente ideologicamente ao nacional-socialismo, ao nazismo de HITLER. Vamos ao texto de OS PENSADORES que explica essa deformação:            “(...) A principal responsável por essa distorção foi sua irmã Elisabeth, que, ao assegurar a difusão do seu pensamento, organizando o Nietzsche-Archiv., em Weimar, tentou colocá-lo a serviço do nacional-socialismo”.Aí está: ELISABETH, irmã de NIETZSCHE, aproveitou-se da posse dos Arquivos dos trabalhos do irmão (em 1895, a mãe de Nietzsche teria assinado um original que rendia todas os direitos do trabalho de Nietzsche, abrindo mão para Elisabeth Nietzsche). Nietzsche desencarnou em 1900, e ela utilizou-se  de fragmentos do pensamento dele, “tentando” colocá-los a serviço do nacional-socialismo, que teria sido utilizado por ADOLPH HITLER ... Ela ocultou até 1908 o livro ‘Ecce homo’, no qual NIETZSCHE explica muito do seu próprio pensamento.Não há nenhum elemento de prova demonstrativo de que as idéias de grandeza de HITLER tenham sido inspiradas na filosofia de NIETZSCHE nem de que este tenha sido anti-semita. Em contrapartida, há afirmações de NIETZSCHE, que demonstram, cristalinamente, o contrário; inclusive, afastou-se do seu amigo, famoso músico  RICHARD WAGNER, porque este se unira ao nacional-socialismo"ou seja, Nada mais do que já temos falado aqui! A leitura TODA deste artigo que VOCÊ mesmo passou DESMONTA completamente, citando fontes e referências, o processo pelo qual se deu esta MÁ-interpretação e apropriação da filosofia de Nietzsche. ->O artigo seguinte faz a associação mais diretamente, mas na forma de sugestão. Também não cita fonte nem a problemática. Ele aceita simplesmente o que a irmã fez, ignorando todo o esforço teórico que tem sido feito para dissociar Nietzsche dos esforços da irmã. Essa sim, já era anti semita com Nietzsche em vida, era casada com um anti-semita e foi amiga de Mussolini;"A enorme polémica que envolve até hoje a real importância do pensamento de Nietzsche para o surgimento do nazismo, ou pelo menos fornecendo-lhe o vocabulário estridente e várias expressões ideológicas, nos obriga a arrolar a evidente similitude do pensamento nietzscheano com o que veio a acontecer depois na Alemanha de 1933. Afinal, a irmã dele, Elizabeth Võster-Nietzsche deu a bengala do filósofo para Hitler, quando ele visitou-a em Weimar em 1932. Para ela aquele presente foi um símbolo que representou a transmissão de uma missão! Do teórico ao prático. Do filósofo que passara os seus últimos anos de vida alienado e entrevado ao homem de ação."É o que temos falado, este presente da bengala passou como símbolo. Mas não há nenhuma evidência que Hitler tenha estudado Nietzsche mais a fundo ou conhecesse verdadeiramente a sua filosofia. Foi apenas um ato de ativismo político por parte da irmã, que procurava associar o renome do irmão, sua clareza e fineza, com seus propósitos obscuros. COISA COM A QUAL Nietzsche se revoltou ainda em vida, como mostramos. Se Hitler soube de Nietzsche, certamente não leu "O Anticristo", como mostram as fotos que mostram sua ligação estreita com a igreja católica. Aliás, o papa Pio XII (http://pt.wikipedia.org/wiki/Papa_Pio_XII) notoriamente colaborou estritamente com Hitler e Mussolini, e ao contrário da "ligação" de Nietzsche, isso é histórico e palpável, devidamente documentado.->O trecho seguinte que você forneceu faz parte de um blog sobre IDEOLOGIA SKINHEAD, não é possível estudá-lo no mesmo tom com os outros. Mas, mesmo assim, veja o que ele mesmo diz:"Embora não haja uma estreita ligação entre Nietzsche e o Nazismo, é fácil revermos alguns princípios ideológicos defendidos na sua obra que. posteriormente, foram aplicados ao movimento nacionalista."Diz que NÃO há ligação, e ver princípios ideológicos nada mais é do que interpretar erroneamente, tomando trechos esparsos e ignorando outros. Num autor que escreve sobre todo tipo de assunto, usando uma linguagem não-linear, isso não é muito difícil. Mas é, claramente, inconsistente. É o que vemos na análise que ele faz logo adiante.Bem, está aí a resposta para estes trechos. Fico de pesquisar mais sobre este controverso autor que deu o dado do "Zaratustra" nas mochilas nazistas, algo que nunca tinha ouvido falar. Veja como a Wikipédia colocou este dado e aí se propagou rapidamente por outros sites da internet, e até trabalhos acadêmicos! Quanto aos outros pontos da sua carta, respondo depois, pois agora estou cansado ;).Inté

    em resposta a: Übermensch: Superhomem x Além-do-Homem #80753

    Bem, a mim,  a impossibilidade de uma interpretação concreta e objetiva do que pregava Nietzsche, é latente. Sabemos que o uso de suas idéias e pensamentos  serviram para fins funestos e isso não se deve só à adulteração em seus escritos feitas pela sua irmã; os soldados alemães levavam o Zaratustra para os campos de batalha entre seus materiais de campanha.  O Zaratustara não foi adulterado, pelo que eu saiba.  Como vc ressaltou, no capítulo “As 3 transmutações do espírito”,  no livro Zaratustra, podemos ter essa interpretação de uma maneira mais clara, já em outras passagens, a interpretação dessa “liberdade para todos”, é muito afastada, dando margem  maior a outra interpretação.

    Nenhum filósofo clássico tem essa facilidade de interpretação que você está dizendo. Interpretar um clássico é uma arte, mas se você fosse tão fácil assim - passar os olhos e saber exatamente tudo que foi implicado - a filosofia não seria tão rica. Literalmente, existem bibliotecas inteiras escritas sobre os curtos diálogos de Platão. Um livro como a Ética de Espinosa, que é relativamente curto, gera ensaios de milhares de páginas. E o que dizer da Bíblia? Quer mais exegese do que toda discussão que envolve a interpretação do Gênesis? Até hoje não se sabe ao certo o que foi dito. Então essa não é uma crítica oportuna a Nietzsche. O que acontece é que seu modo de exposição é, em grande parte dos escritos, anti-sistemático, aforismático e poético. Isso sem dúvida é um ponto que pode levar a uma multiplicidade de interpretações, e se a pessoa estiver mal-intencionada, a má-interpretações. É esse o caso dos que interpretaram erroneamente na associação com nazismo. Já mostrei no outro thread como ele brigou com a irmã porque o marido associou Zaratustra ao anti-semitismo. O fato é que isso é indicativo de que os movimentos que eclodiram no nazismo já estavam presentes em diversos grupos da Alemanha na época, e Nietzsche reagiu como pode, em vida, ao ver seu nome associado a eles. A irmã não apenas adulterou, ela contribuiu para propagandear uma visão errônea dos escritos, mesmo eles não tendo sido alterados.Esse dado dos soldados é novo, você pode citar a fonte? Existe um esforço para querer associar coisas alemãs com nazismo, até mesmo o nome de Beethoven é tocado em vão. Mesmo o Spielberg fez os alemães tocarem Beethoven antes de uma batalha, em seus filmes. Isso é querer desmerecer o que a Alemanha fez de grande, não tem nada a ver uma coisa com a outra. Se um soldado brasileiro levar o Machado de Assis para uma batalha, você vai culpar o escritor? Zaratustra é um livro díficil e que exige cultura, paciência e dedicação para ser lido, não tem nada a ver com batalha e com soldados, pouco interessados em filosofia, no geral.Sugiro que leia: http://en.wikipedia.org/wiki/Philosophy_of_Friedrich_Nietzsche#Nietzsche.27s_criticisms_of_anti-Semitism_and_nationalismNietzsche brigou contra Wagner em parte por causa do anti-semitismo,  do pan-germanismo e do nacionalismo. O anti-semitismo já está bem demonstrado que é repudiado por Nietzsche, mas ele também ataca o nacionalismo alemão, é a favor da unificação da Europa, se define como um bom europeu etc. Enfim, o nazismo é obediência social (moralidade), hegemonia, identidade. Todos aqueles soldados perfilados iguaizinhos, sem vontade própria, obedecendo a outros. Não tem nada a ver com o que Nietzsche falava, que era ser responsável por si mesmo, criar seus próprios valores, destruir a fixação da moralidade centrada etc.A influência de Nietzsche se deu muito mais em pensadores críticos. Adorno, por exemplo, foi um dos grandes críticos dos resultados da Segunda Guerra Mundial. Na dialética do esclarecimento, junto com Horkheimer, ele desenvolve uma análise do desenvolvimento da racionalidade instrumental, como nefasta, até que tenha sido capaz de gerar máquinas de guerra efetivamente capazes de aniquilar a humanidade e a vida na Terra. Uma das influências declaradas dele é a de Nietzsche com sua crítica à racionalidade. Os frankfurtianos surgem numa mistura de marxismo, nietzscheanismo e psicanálise.Nietzsche começou a adquirir maior ressonância filosófica com a recepção por parte de pensadores franceses. (A frança que lutou contra a Alemanha na Guerra). Georges Bataille, por exemplo, é o rei da anti-moralidade, um pensador vanguardista, de esquerda, contra toda espécie de tirania. Fez um ensaio sobre o fascismo, no qual analisa as causas da pulsão de massa. Isso está bem resumido em vários sites na internet e mesmo por Habermas no Discurso Filosófico da Modernidade. Bataille é nietzscheano em primeira instância e lutou contra a má-interpretação:

    Georges Bataille was one of the first to denounce the deliberate misinterpretation of Nietzsche carried out by Nazis, among whom Alfred Baeumler. He dedicated in January 1937 an issue of Acéphale, titled "Reparations to Nietzsche," to the theme "Nietzsche and the Fascists. [3]." There, he called Elisabeth Förster-Nietzsche "Elisabeth Judas-Förster," recalling Nietzsche's declaration: "To never frequent anyone whom is involved in this bare-faced fraud concerning races." 

    Wiki-enMichel Foucault é outro pensador esquerdista. Foucault bebe em Nietzsche na primeira água, usa o método genealógico para traçar considerações sobre a história da violência, chegando no conceito revolucionário de "microfísica do poder". Foucault é o nome-bandeira de todos que lutam contra os aparatos opressores do estado e da ideologia, aliás, até mesmo é caricaturizado no "Tropa de Elite". Assim como Jacques Derrida, que critica o fonocentrismo e Gilles Deleuze, outro nome ligado à contra-cultura, à não-violência etc.Esses são influenciados verdadeiramente por Nietzsche, e não Hitler e seus seguidores da direita alemã, sinto muito.

    Não  existe esse “nobre” nietzscheano, sem riqueza! O “nobre” dele consiste na subjugação do seu semelhante enquanto espécie.  Como entender que o super-homem seria algo possível como um todo, ou seja; que TODOS transmutariam, uma vez que, não há nobre se não houver populacha? O nobre nietzscheano só é nobre enquanto domina e subjuga.  O nobre do fraco é a piedade e a compaixão, o nobre nietzscheano é a força,  o domínio.  Domínio sobre o que? Não é sobre outrem?

    O übermensch não tem nada a ver com riqueza econômica. Veja o caso do próprio Nietzsche. O coitado viveu pobre, com uma bolsa minguada que ganhava da universidade, andando para lá e para cá na Europa com sua mala de 100 quilos, morando em pensões junto ao povo, pessoas simples, sem nenhuma espécie de luxo e riqueza. Zaratustra no livro vive no alto da montanha, como um ermitão. O cara deveria estar passando fome e escreveu aquela frase sobre os banqueiros como uma tirada, e agora você está usando como cavalo de batalha. O que existe, sim é uma crítica contra o ascetismo, os pretensos valores espirituais. O que temos é uma revalorização do corpo. No legado platônico e também judaico-cristão, a alma é valorizada em detrimento do corpo, morada transitória de uma alma imortal que transmigraria em além-mundos. Nietzsche inverte esse sentido, ao afirmar essa vida, essa terra e esse corpo como definitivos e maravilhosos. Isso não é tão novo, veja por exemplo Rabelais no Renascimento já havia feito isso com seu gigante Gargantua.O übermensch não pretende dominar os semelhantes, mas sim ser senhor de si. É por isso mesmo que não é para todos, porque não existe nada mais poderoso do que o pacto dos medíocres. O übermensch é sempre um antípoda, porque consegue sair da moralidade estabelecida milenarmente. Quem domina e subjuga o homem é a moral, na visão de Nietzsche. Os reis por exemplo, usavam o direito divino para tiranizar as pessoas. Veja a armadilha, como todo poder vem de Deus, quem exerce o poder está se aproximando dele. O que ele procura é o combate, com outros espíritos livres, e não subjugar ninguém. O que está em jogo é sair do niilismo negativo, que "ceifa" as potencialidades humanas, transferindo a responsabilidade para os outros, para poder realizar a sua vontade, todas as potencialidades do homem enquanto ser total.Sugiro que leia:http://en.wikipedia.org/wiki/%C3%9Cbermensch

    Veja, o cristianismo não chegou a diversos cantos deste mundo e nem por isso podemos dizer que esses cantos são os lugares mais evoluídos ou melhores do mundo. Não entra a compaixão e coisas do gênero, entra a necessidade de haver miseráveis para que haja “nobres”. Sem uns os outros não existiriam e vice e versa. Como o super-homem seria super-homem sem miseráveis para lhe fazer nobre, super?Abs :)

    A Igreja Católica foi bem lembrada. É, com essa teoria de paixão e piedade que praticou-se o genocídio inominável, desnecessário e cruel das diversas populações indígenas, por exemplo. Em nome de Cristo se fizeram as Cruzadas, que foram campanhas militares destinadas a retomar a Europa e saquer a riqueza árabe. Sem falar na inquisição. Índios e negros eram considerados sem alma pelos católicos. Ontem mesmo vi uma cena no Poderoso Chefão que um dos chefes da máfia fala que não sente remorso ao vender a droga para negros, pois "eles não tem alma". Veja o filme Apocalypto, do Mel Gibson, é o mesmo recado que quem desconhece a palavra de Cristo não faz parte da civilização, devendo morrer por causa disso. Essa imposição da compaixão e liberdade se assemelha ao que os EUA fizeram no Iraque e Afeganistão ..."vamos ensinar o que é democracia para esses árabes sujos", usando para tal o poder do coturno, do fuzil. do tanque e do bombardeio.A propósito, os nazistas tinham ligações estreitas com os católicos, principalmente antes da Guerra eclodir estas ligações eram bem estritas. Como prova de tal atestam inúmeras fotos. Veja por exemplo o sitehttp://www.nobeliefs.com/nazis.htmHitler-with-Muller.jpghitler_cardinal4.jpgHitler%26Church.jpgBrownArmyChurch.jpgSobre a compaixão Nietzscheana, contra-cito um trecho de Ecce Homo, ao se referir ao seu "non plus ultra" Zaratustra: "Entre minhas obras ocupa o meu Zaratustra um lugar à parte. Com ele fiz à humanidade o maior presente que até agora lhe foi feito. Esse livro, com uma voz de atravessar milênios, é não apenas o livro mais elevado que existe, autêntico livro do ar das alturas [...] é também o mais profundo, o nascido da mais oculta riqueza da verdade, poço inesgotável onde balde nenhum desce sem que não volte repleto de ouro e bondade" (NIETZSCHE, Ecce Homo).

    Com todo o respeito que o Miguel me merece, mas este comentário é no mínimo um pouco absurdo, para não dizer um perfeito disparate...Do princípio: Sou português e sei, como todos os meus compatriotas, que as diferenças, hoje, entre Espanha e Portugal em termos de desenvolvimento devem-se desde logo, e entre outros, a factores tão prosaicos e reais como a mediocridade dos políticos e empresários do meu país, que, por exemplo, ao contrário dos espanhóis, desperdiçaram completamente os milhões em subsídios de integração que chegaram a partir dos anos 80 da União Europeia. Para usar uma caricatura simplista mas esclarecedora: Os espanhóis aplicaram os Fundos Comunitários em educação, em cultura, em coesão social e em verdadeiro progresso económico (em factores estruturantes de desenvolvimento); e nós, portugueses, preferimos comprar jipes topo de gama, vivendas ajardinadas e iates...

    Muito obrigado por  trazer mais dados para o debate, contribuindo para a ampliação da visão, mas acho que não é uma boa postura desqualificar dessa maneira, logo de início a proposta de tema.

    Enfim, tivémos, no fundo a mesma atitude que os nossos líderes lusitanos tiveram na época dos Descobrimentos, no séc. XVI, que fizeram de nós uma potência com pés de barro e um dos países mais pobres e atrasados da Europa. Isto é, nem o colonialismo soubemos aproveitar... A questão é um pouco mais complexa mas esta é uma das principais razões do crescimento económico espanhol (na Irlanda passou-se mais ou menos o mesmo, já agora). Depois disso, sim, a Espanha teve condições para internacionalizar o seu crescimento empresarial e, OBVIAMENTE, desde logo pelo factor linguístico, apostou forte na América Latina! Tal como Portugal, mais timidamente, mediante a sua mais diminuta capacidade, aposta. Aí e em África, que também precisa de investimento estrangeiro como de pão para a boca.O facto é que o colonialismo acabou (felizmente!) e hoje em dia as dinâmicas sociais e económicas globais são bem diferentes.

    O colonialismo acabou, mas transformou-se em neocolonialismo e adquiriu novas facetas, de forma que a exploração que sempre existiu continua existindo, e não somente de um país para outro, mas também internamente e em vários níveis sociais. O Brasil é bem diferente da África, um país rico, uma potência econômica, com uma população gigantesca, e não precisa tanto de "investimento" estrangeiro assim; o fato é que o país empobrece com a remessa de lucros para o exterior, e isso acontece desde sempre, com a conivência da elite local, algo que não se mexe na nossa política. Getúlio Vargas foi o presidente brasileiro que mais tomou medidas contra isso. Aliás, morreu por causa disso.

    Chamar "máfias" aos investidores espanhóis na América latina revela um tremendo preconceito esquerdista e irracional. O que é que você chama então às empresas brasileiras ou argentinas ou mexicanas que investem no exterior? Em Espanha, por exemplo? São o quê? São a cosa nostra sul americana? Por favor, um mínimo de honestidade intelectual... Que é coisa, já agora, que falta em abundância ao populista e demagogo Chávez... E quem o mandou calar (e muito bem!), não foi ninguém ligado ao governo espanhol, foi apenas o Rei, que representa um órgão de soberania distinto.

    O populismo é uma acusação ideológica que inventaram para alguns líderes da América Latina e precisa ser melhor discutido. Aqui no Brasil, por exemplo, a tese de populismo varguista foi confeccionada minuciosamente por intelectuais na academica, interessados em enterrar  o legado do trabalhismo. E que mais tarde se tornaram entreguistas, como é o caso do Francisco Weffort, que escreveu vários livros sobre o assunto. Quem era populista eram os líderes de direita, como Adhemar de Barros e Jânio Quadros.O adjetivo de máfia está entre aspas, como você deveria ter notado. Talvez você desconheça a realidade da atuação das empresas espanholas no Brasil. A Telefonica, que comanda as telecomunicações de São Paulo, por exemplo, é há anos a campeã de reclamações no orgão de defesa do consumidor, o PROCON. Isso é apenas um indicativo da postura de descaso com o cliente e busca de lucro desmedido, cobrando muito caro e oferecendo um serviço completamente problemático. Um adsl relativamente lento custa 100 reais, o que dá mais ou menos uns 40 euros. Se você pesquisar o serviço adsl de outros países, verá que existe uma completa disparidade. E mesmo esse serviço vem com inúmeros problemas, como por exemplo no atendimento, no planejamento destinado a diversas classes sociais, no objetivo de raspar os minguados da população empobrecida. Além disso, outro exemplo, é a chamada "venda casada" de dois serviços, o provedor (inútil)  Terra e o acesso adsl, que durou anos e recentemente foi vetado por uma ação pública movida por um juiz de Baurú.Não há nenhum espírito público nas empresas, nenhum direito-cidadão, somente a ambição desmedida e o afã por lucros cada vez maiores, como se vê nos sites de notícia que mostrei. O lucro é problemático quando não corresponde a um aumento da qualidade do serviço. O Serviço de telefonia é praticamente imposto na forma de monopólio, pois ninguém pode deixar de usar o telefone, então existe mercado garantido e pouquíssimo espaço para concorrência. Por exemplo, no envio de mensagens torpedo de telefones celulares, cobram mais no Brasil porque se envia pouco, e não porque corresponde a um aumento de público. Diversas notícias relatam isso:"A explicação mais plausível para essa diferença é o preço do serviço. Enquanto pagamos, por volta de, R$ 0,35 (ou 18 centavos de dólar) por mensagem, os argentinos pagam seis vezes menos. Na maioria dos nossos países vizinhos, segundo um levantamento realizado pela operadora Claro, o valor não passa de US$ 0,08."( http://www.clicabrasilia.com.br/impresso/noticia.php?IdNoticia=309924 )

    É provável que haja alguns desmandos nesses investimentos espanhóis, não sei, não conheço em pormenor (pelo menos não tão bem como conheço os investimentos portugueses no Brasil, por exemplo, nas áreas petrolíferas, das telecomunicações ou do retalho). Mas o meu amigo pura e simplesmente se "esquece" do reverso da medalha: Investimento gera emprego! gera riqueza! Ou acha que é por acaso ou por força das "máfias"(?!) que os governos sul-americanos, aliás, todos os governos do mundo!, acolhem o investimento estrangeiro de braços abertos? Meu amigo: quem me dera que um empresário brasileiro abrisse uma fábrica na minha terra! Seria maravilhoso!Abra os olhos Miguel! O lucro não é peste, o dinheiro não tem pátria e o mundo hoje em dia não tem fronteiras, muito menos para a economia, para o comércio e para o investimento! Globalização, já ouviu falar? Pois, é isso.Por outro lado, só uma achega: os imigrantes são sempre "malditos" por muita gente (gente estúpida e preconceituosa, obviamente, que há em todo o lado) seja de onde vierem e seja onde chegarem. E, já agora, o que você acha dos investimentos chineses na América Latina? E os russos? E os norte-americanos? E os portugueses? E os Alemães? E os franceses? E os árabes? São todos "mafiosos"?E o que você acha dos investimentos brasileiros em Portugal? Sim, também têm comprado cá empresas. São mafiosos, estes seus compatriotas? E dos investimentos peruanos na China? E dos investimentos canadianos na Índia ou vice-versa?...Poderia continuar, mas acho que já chega. Reflicta e informe-se melhor antes de escrever seja o que for, caro Miguel. Paz e Saúde!

    Ora, os defensores das privatizações certamente tem que lidar com esse problema. Porque o que vemos são estatais lucrativas, com estrutura construídas por dezenas de anos de dinheiro público, serem vendidas a preço de banana para "investidores" estrangeiros, que lucram em pouquíssimo tempo mais do que o triplo do que investiram. Mas as estatais européias e norte-americanas, estranhamente não vemos empresas brasileiras comprando. Recentemente a Vale do Rio Doce, que manda em grande escala, aos borbotões, a riqueza do solo brasileiro para o exterior, comprou uma minerarado minúscula canadense, não sem antes passar por muitos trâmites legais e todo o impedimento possível, pagando um preço bem maior do que o que ela própria foi vendida.As empresas geram empregos? É verdade, mas seria melhor dizer que geram sub-emprego. Conheço bem o funcionamento interno. Contraram muitos atendentes e funcionários pagando pouco mais do que um salário mínimo, para trabalhar em condições pesadas... É uma verdadeira exploração. Ao passo que os cargos de chefia, com exceção da elite conivente, são ocupados por estrangeiros. Aliás, quando a Telefonica se instalou no Brasil trouxe centenas de funcionários espanhóis junto, deste técnicos e até mesmo faxineiros. Então esse é um argumento recorrente que não se sustenta em nada. O pouco que os salários da patuléia movimentam não são nada comparados com o lucro bilionáerio que é oferecido aos donos da empresa, no exterior. "Abra os olhos Miguel! O lucro não é peste, o dinheiro não tem pátria e o mundo hoje em dia não tem fronteiras, muito menos para a economia, para o comércio e para o investimento! Globalização, já ouviu falar? Pois, é isso."Obrigado pelo conselho, mas dos meus olhos cuido eu. A globalização da economia não deve ser confundida com a perda da soberania, pois essa foi conquistada a duras penas pelo esforço inteiro de muitas gerações. No fim, o que temos são pessoas apegadas a terra. Pessoas que passam a vida inteira nas suas localidades de origem ou no seu próprio país. Viajar no Brasil custa muito caro. Não existe trens, o projeto ferroviário foi abandonado, os aeroportos estão no caos, não se aproveita o potencial de transporte naval e também o sistema rodoviário é sobrecarregado e deficiente. A gasolina custa um absurdo, é um imposto a mais a ser pago, e além disso agora estão entupindo as estradas de pedágio, acabando com o direito de ir e vir.E é claro que "já ouvi falar" de globalização, proposta que aliás já se mostrou fracassada, já é um termo anacrônico, principalmente no pós-Iraque. Esse tópico é um subtópico do tópico "Globalização". não reparaste? Então como eu poderia não ter ouvido falar?Até mais.

    em resposta a: Übermensch: Superhomem x Além-do-Homem #80751

    Não consigo imaginar um novo Homem mais evoluído, mais inteligente e que explora outros,  subjuga nações, empreende sua vontade de poder alheio ao sofrimento dos outros “fracos”, “baixos”, “ cabeças pequenas” e “serviçais”.Um novo Homem que parte do pressuposto que deve haver duas classes de pessoas; comandantes e comandados, nobres e plebeus, não muda muita coisa, não é realmente novo.

    Ué, mas o Übermensch é aquele que cria seus próprios valores, não aceitando a imposição de outros, não carregando o pesado fardo da moral e da carga histórica, como vemos na capítulo "As 3 transmutações do espírito" do Zaratustra. Daí a aproximação com a leveza da criança, que constrói inúmeros castelos de tarde para de noite esquecer tudo e no dia seguinte construir outros.Se cria seus valores, é livre, e não subjugado e dominado. Mas se se admite que nem todos podem atingir isso, está-se admitindo que sempre vai haver dominação e subjugação. É o que Nietzsche denuncia, por exemplo, ao criticar a moral,  a religião e a política. Por exemplo, a noção religiosa de que somos "servos" ou "escravos" de Deus (Platão diz...dos deuses), de que somos um rebanho e com a madre santa igreja tomando conta dele e punindo as ovelhas desgarradas.

    em resposta a: Übermensch: Superhomem x Além-do-Homem #80749

    Também acho que não há uma ligação proposital, ou seja, o Superman, foi criado para trabalhar a fantasia na cabeça das pessoas, a princípio unicamente como uma fonte de lucros cinematográficos e editoriais, depois ganhou popularidade e passou a representar essas coisas todas que vc citou. Já o Übermensch não tem nada de ficção, não foi criado para propagandear nada, é um modelo totalmente possível levado muito a sério pelo autor e por seus admiradores. O Superman é propagandista, popularesco, fictício, “mágico”, tem super-poderes ... O  Übermensch é um modelo real, e inclusive existe, ele próprio (Nietzsche) era um. Um modelo de homem cuja opção de sê-lo é reservada a poucos, ou seja, não é um modelo pra qualquer um SONHAR em sê-lo. É um modelo para os bem sucedidos, para os dominantes, isto é; atende aos desejos e anseios dos dominantes, pois, é difícil pra mim imaginar alguém de vida simples, alguém que vive de seu trabalho, condenar a igualdade de direitos entre os homens, de maneira tão explícita. Não consigo imaginar uma pessoa que viva de seu próprio trabalho, dizendo sinceramente que o Trabalho é e deve ser unicamente pra cabeças pequenas...

    Aí que está, o ponto todo é que o Super-Homem dos Comics não é tão irreal, ilusório e fictício assim, já que é símbolo, representação, do poderio bélico norte-americano no pós-guerra e da realização de seu povo enquanto ideologia vencedora. Por isso que as cores do uniforme são as mesmas da bandeira. A visão de raio-X é uma artimanha militar, assim como o poder de voar representa a aeronáutica etc etc.No caso do Nietzsche, ele coloca seu alter-ego literário, o Zaratustra, como o "profeta" do ubermensch, então ele mesmo Nietzsche não era um übermensch, nem um modelo tão palpável assim. É uma noção criada, talvez um modelo antípoda, que Nietzsche bolou. Nietzsche era estudioso de Spencer e de Darwin. Embora discordasse deles, estava atento às questões científicas da época. Então não é um grande passo sabendo que o "homo sapiens" destronou os homíneos anteriores, como o "homem de Cro-magnon", também o "homo sapiens" segundo a lógica toda também um dia vai ter que se modificar e virar uma outra coisa... Mas claro, essa associação do evolucionismo com o XIX com Nietzsche é um pouco apressada, seria melhor nos determos mais nas fontes para ver se há alguma ligação.

    em resposta a: Mitologia Grega AJUDA #85464

    Olá BrasilEste site sim, é excelente, em vários aspectos, técnico, design e conteúdo, é tudo primoroso. Sou fã. Porém no caso de Atlântida eles não fornecem muita coisa para nós.http://greciantiga.org/his/pt/t-his04-2a-2.asp

    em resposta a: Mitologia Grega AJUDA #85462

    Esse site apresenta um resuminho sem-vergonha sob a ótica de resumo esotérico, Acho mais interessante uma abordagem acadêmica do assunto e ler o diálogo do Platão é imprescíindivel.

    em resposta a: Atendimento ao Público nos aeroportos #85493

    Eles estão sucateando o serviço aéreo para tomar controle dos lucrativos aeroportos, privatizando a Infraero e tirando do controle da Força Aérea Brasilêra. Só que o culpado não é somente o governo. A Varig faliu por incompetência privada e ganância dos “empresários”, mesmo com o governo injetando bilhões.

    em resposta a: Para Que serve a filosofia??? #85396

    Vabuni, você observou muito bem uma das aplicações da filosofia. Ela pode perfeitamente ser usada em outras áreas do saber, oferecendo uma base sólida para a precisão conceitual e o rigor de raciocínio… Quem se ocupa de uma pesquisa certamente passará por alguns princípios e procedimentos estabelecidos pela filosofia, e ela pode também tornear o corpo de pesquisa de outros campos ao fornecer um histórico do tratamento dado às questões e unificar o corpo do conhecimento em um projeto universal de conhecimento.Bjs [;)]

    em resposta a: Para Que Filosofar? #84983

    Acho interessante que você salientou esse aspecto da “busca” pelo saber. Quer dizer a filosofia não é o saber em si mesmo, não é a sabedoria, mas sim o anseio por ela, a busca, o exame. Diante de uma situação posta, de uma situação que não é virtuosa, o filósofo se põe contra e problematiza, aponta questões, incongruências, indica caminhos etc…

    em resposta a: Übermensch: Superhomem x Além-do-Homem #80747

    Comentário  ao excelente texto do filósofo José Pablo FeinmannO Superman é totalmente fictício, fez a cabeça da “plebe” através do sonho e da fantasia, sua ideologia pode-se dizer que era ou é alicerçada em valores cristãos, como vc bem notou. Também é um alienígena, ou seja; é um “modelo” fantasioso do qual jamais alguém em sã consciência sonharia em espelhar-se.

    Não sei, não ficou clara para mim a ligação do super-homem dos Quadrinhos com o Nietzsche. Talvez mostrar a força do Estado Americano e de seu poderio militar, tecnológico e ideológico como uma resposta às pretensões imperiais do governo nazista.

    Já o Übermensch, que poderia também ser traduzido como "extra-homem", é real, é possível, é demasiado simples e perigoso. Na minha opinião, serviu de modelo ideológico aos piores interesses, como vc também notou. Um modelo para poucos, para “raros”; adjetivo usado por Nietzsche para denominar os “aspirantes” à condição de Übermensch. Um modelo pregado como ideal, pelo autor, de maneira brilhante, com uma força lingüística e poética arrebatadora.

    Outra tradução que tem me interessado para o termo é o de extra-homem.

    Uma filosofia para raros, uma filosofia que diz claramente que os direitos das pessoas não podem ser iguais, diz que o homem deve empreender sua vontade do poder excluindo completamente qualquer sentimento de compaixão e piedade, diz que uma casta muito pequena; os “bem sucedidos”, devem governar protegendo-se dos malogrados vermes rastejantes que é o POVÃO.  Sim, não se popularizou, é óbvio...

    Não é bem assim, Zaratustra desce da Montanha onde deu asas ao espírito durante 10 anos, em companhia de animais rapinaces, por amor à humanidade. A Vontade de poder é um conceito delicado que tem que ser bem entendido. É como eu tentei explicar no outro thread. Toda vida é vontade de poder, porque toda pretensão de afirmação, todo gesto, é minisculo comparado à totalidade dos fatos e das coisas na noite eterna do tempo. Como uma velha montanha que existe há milhões de anos, ela observou os seres crescerem e florescerem ao seu redor, cidades surgindo, reis vindo e caindo no afã da glória, pessoas tentando ser iguais, crianças brincando etc. Mas ela mesma pareceu impassível. Então o que foi tudo aquilo? Foram "vontades de potências", pequenas centelhas que se acenderam, brilharam por um segundo e se apagaram novamente. O que Nietzsche quer é que as realizações que tiveram durante a vida deixem de ter aspirações universalistas e absolutas. O auto-centrismo e antropocentrismo do cristianismo é criticado, o homem como o centro da criação de Deus e o mundo para ser usado a seu bel/prazer.Mas existe uma outra abertura para um "egoísmo positivo". O nada que somos pode tornar-se tudo porque a virtude aparece, de fora para dentro quando, de dentro para fora, cumpre sua razão de ser. Quer dizer, Nietzsche afirma que a verdade é uma mulher, e ela pode amar somente um "guerreiro", e por isso os filósofos, com suas maneiras delicadas, não teriam conseguido chegar perto do seu objeto de desejo.O übermensch pode ser o tipo ideal Brasileiro, e por que não? Se tomarmos a definição de homem cordial, do Sérgio Buarque, por exemplo que afirma:

    A imagem de nosso país que vive como projeto e aspiração na consciência coletiva dos brasileirosnão pôde, até hoje, desligar-se muito do espírito do Brasil imperial; a concepção de Estado figurada nesseideal não somente é válida para a vida interna da nacionalidade como ainda não nos é possível conceber emsentido muito diverso nossa projeção maior na vida internacional. Ostensivamente ou não, a idéia que depreferência formamos para nosso prestígio no estrangeiro é a de um gigante cheio de bonomia superior paracom todas as nações do mundo. Aqui, principalmente, o segundo reinado antecipou, tanto quanto lhe foipossível, tal idéia, e sua política entre os países platinos dirigiu-se insistentemente nesse rumo. Queriaimpor-se apenas pela grandeza da imagem que criara de si, e só recorreu à guerra para se fazer respeitar, nãopor ambição de conquista. (Raízes do Brasil)

    não poderíamos afirmar que o Brasileiro, com seu espírito alegre e jovial, sua "bonomia superior" advinda da generosidade da terra, consegue afastar de si toda o ódio e ressentimento dos fracassos anteriores, como o übermensch nietzscheano? "Não acreditaria num deus que não soubesse dançar" diz o filósofo, assim como o homem sofrido do povo vira imperador no Carnaval. Também Raul Seixas pensa em suas letras conceitos aproximados ao übermensch nietzscheano. Veja a letra de "Eu sou egoísta" por exemplo, não é uma recusa à escravidão, às amarras sociais, sem no entanto ser perigosa para o seu semelhante?:

    Se você acha que tem pouca sorteSe lhe preocupa a doença ou a morteSe você sente receio do infernoDo fogo eterno, de Deus, do malEu sou estrela no abismo do espaçoO que eu quero é o que eu penso e o que eu façoOnde eu tô não há bicho papão não, nãoEu vou sempre avante no nada infinitoFlamejando meu rock, o meu gritoMinha espada é a guitarra na mãoSe o que você quer em sua vida é só pazMuitas doçuras, seu nome em cartazE fica arretado se o açúcar demoraE você chora, você reza, você pede, você implora...Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinhoEu quero é ter tentação no caminhoPois o homem é o exercício que fazEu sei. Sei que o mais puro gosto do melÉ apenas defeito do félE que a guerra é produto da pazO que eu como a prato plenoBem pode ser o seu venenoMas como vai você saberSem provar?Se você acha o que eu digo fascistaMista, simplista ou anti-socialistaEu admito, você tá na pistaEu sou ista, eu sou egoEu sou ista, eu sou egoEu sou egoísta

    :)

    em resposta a: CONTRAPOSIÇÃO JUSFILOSOFICA #85500

    Bom, também é interessante observar que em 1974 estava em plena ditadura militar, e em 1987 já é pós anistia e tinha um presidente civil…

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